Aceitei
Jesus Cristo como meu Salvador e Senhor da minha vida por volta dos meus nove
ou dez anos. O evangelho exerceu um profundo impacto sobre mim. E seu poder me
libertou dos pecados e dos meus medos e apreensões. Alegrei-me com a força do
evangelho. A experiência do perdão foi tão real que não hesitei em compartilhar
Jesus com os amigos. Observava o domingo fielmente, ia a igreja de manhã para
participar da escola bíblica dominical, e na hora do louvor à noite. Ainda que
os sermões do pastor e dos presbíteros, pregados de um alto púlpito num
estrondoso tom de voz, fossem geralmente enfadonhos e por vezes assustadores,
dificilmente perdia um culto nas manhãs de domingo. Posso dizer que eu era um
fiel guardador do domingo.
Então,
em um verão, um senhor evangelista, de saudosa memória, começou uma série
evangelística em minha cidade, Cabo de Santo Agostinho/PE, e pregou verdades
que até aquele momento desconhecidas, como o breve retorno de Jesus, a
mortalidade da alma, o dízimo e o sábado. Depois outros foram me ensinando
sobre as profecias de Daniel e Apocalipse. Cada verdade saltava da Bíblia, e
nada que foi ensinado ficou sem o respaldo e apoio das Sagradas Escrituras. Assim,
foi que escolhi me unir ao primeiro guardador do sétimo dia, o sábado: Deus. Eu
O conhecia antes, mas agora parece que O conheço mais profundamente. Logo,
tornei-me algo de gracinhas, críticas e escárnios de alguns amigos e familiares
assembleianos.
Quase
três décadas depois, digo com confiança e entusiasmo que minha comunhão com
Deus aumentou, não diminuiu porque escolhi seguir a Ele, a Seu Filho (Lucas
4:16) e a Seus apóstolos (Atos 13:14, 42; 17:2; 18:1-4) ao observar o sábado do
sétimo dia. A alegria do evangelho tem aumentado com a descoberta do sábado.
Digo
isso por duas razões bíblicas:
1)
O SÁBADO ME DIZ QUEM EU SOU. Gênesis 2:1-3 apresenta a conclusão da obra
criativa de Deus. Para celebrar e recordar esse evento, Deus estabeleceu o
sábado. Os seres humanos também costumam construir monumentos para recordar
grandes feitos e acontecimentos. Um monumento é um memorial comemorativo no
espaço. O sábado é um memorial no tempo. Não é o simples marco de uma
construção qualquer; é o memorial da origem da vida, o monumento indestrutível
comemorativo da criação (Êxodo 20:8-11). O sábado do sétimo dia mostra que Deus
é o meu Criador. O Senhor quer lembrar-nos, cada semana, que estamos aqui não
por acaso, mas porque Ele nos criou com um propósito. Portanto, se guardarmos o
sábado da maneira que Deus quer, nunca estaremos em perigo de esquecer nossas
raízes.
O
sábado não é um dia de labuta, mais um dia de prazer, uma experiência de
alegria suprema que só pode acontecer quando alguém comunga de coração a
coração com o próprio Criador. A relação entre o sábado e a alegria, a
obediência a Deus e o deleite da alma, em lugar algum foi declarado de maneira
mais eloquente do que em Isaías 58: 13 e 14: "Se você vigiar seus pés para
não profanar o sábado e para não fazer o que bem quiser em meu santo dia; se
você chamar delícia o sábado e honroso o santo dia do Senhor, e se honrá-lo,
deixando de seguir seu próprio caminho, de fazer o que bem quiser e de falar
futilidades, então você terá no Senhor a sua alegria, e eu farei com que você
cavalgue nos altos da terra e se banqueteie com a herança de Jacó, seu pai. É o
Senhor quem fala”. (http://www.bibliaon.com/versiculo/isaias_58_13-14/)
2)
O SÁBADO ME LEMBRA QUE JESUS MORREU PELOS MEUS PECADOS. O sábado não só me dá
identidade, mas também me faz lembrar que sou parte da redimida família de
Deus. Ao repetir os termos da lei divina ao povo, Moisés ressaltou que o
sábado, indicado no original da lei dada no Sinai, tendo o caráter de memorial
da Criação (Êxodo 20:8-11), era também memorial da Redenção. Lembrava ao povo o
livramento da escravidão do Egito, onde não tinham o privilégio de dedicar tal
dia ao Senhor (Deu. 5:15). Se o Êxodo determina a Criação como razão para a
observância do sábado, Deuteronômio oferece uma razão complementar: “Porque te
lembrarás que foste servo na terra do Egito, e que o SENHOR teu Deus te tirou
dali com mão forte e braço estendido; por isso o SENHOR teu Deus te ordenou que
guardasses o dia de sábado” (Deuteronômio 5:15). Assim, o sábado é tanto
memorial da Criação quanto da Redenção. Simboliza perfeitamente que aqueles que
foram livrados do Egito do pecado agora têm também o privilégio de observar o
sábado para dedicá-lo ao Senhor e obter descanso físico, mental e refrigério
espiritual, algo que não praticavam quando prisioneiros do pecado, definido nas
Escrituras como “transgressão da lei” (1 João 3:4).
“O
que vemos ali é o sábado apontando duas ideias: criação e redenção, dois
conceitos muito fortemente ligados na Bíblia. Deus não é somente nosso Criador,
mas também nosso redentor. Essas duas importantes verdades espirituais se tornam
claras a cada semana, a cada sétimo dia, quando descansamos no sábado, ‘segundo
o mandamento’ (Lucas 23:56), assim como fizeram ‘as mulheres que tinham vindo
da Galileia com Jesus’ (Lucas 23:55)”. Lição da Escola Sabatina, 4º Trimestre,
2012, p. 125.
A
observância do sábado é um constante e claro lembrete de que não pertencemos a
nós mesmos. Somos de Deus. Sem Ele. Nada somos. Ele nos criou. Ele nos
sustenta. E então, estamos num Egito por nossa conta – opressão do pecado,
solidão, desespero, tédio. Servidão e morte. Por causa desse Egito, não podemos
por nós mesmo marchar para a liberdade. Precisamos da “mão poderosa” e de “um
braço estendido” de Deus. Daí a Cruz: “...O sangue de Jesus Cristo, seu Filho,
nos purifica de todo o pecado. (1 João 1:7). O sopro de Deus nos criou, o
sangue de Jesus nos redimiu. Esses poderosos feitos são para serem lembrados
pela guarda do sábado. Cada semana, celebramos o sábado em reconhecimento de
que “o Poder que criou todas as coisas é o que torna a restaurar a alma à Sua
própria semelhança” (Ellen G. White, Testemunhos Seletos, vol. 3, p. 17). Por
esta razão, temos o clamor de Ezequiel: “E também lhes dei os meus sábados,
para que servissem de sinal entre mim e eles; para que soubessem que eu sou o
SENHOR que os santifica” (Ezequiel 20:12).
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