Teologia

quinta-feira, 21 de maio de 2015

ONDE ESTÁ DEUS QUANDO SOFREMOS?



Pr. Mark Finley

Quando seis milhões de homens, mulheres e crianças judeus pereceram nos campos de extermínio nazista entre 1933 e 1945, deixaram atrás de si um enorme vazio no mundo. Era como se uma civilização inteira tivesse sido perdida. Muitas das pessoas mais brilhantes e talentosas da Europa desapareceram em fornos e câmaras de gás e fogueiras. Tantas famílias dizimadas. Tantas esperanças e sonhos interrompidos. Tantas promessas que nunca se cumpririam. Nada poderia preencher este enorme vazio.

Milhões de sobreviventes olhavam para o holocausto e viam uma mãe, um pai, uma criança, uma tia, um avô que lhes fora tirado. Entes queridos insubstituíveis haviam sido consumidos. E este enorme vácuo também fez surgir uma pergunta, uma indagação inevitável: Onde estava Deus quando os nazistas estavam fazendo isto? Onde estava Deus o Pai? Ele não sabia o que estava sendo feito a Seus filhos?

Os nazistas mostraram onde a maldade e a crueldade humana podem chegar e isto destruiu a fé de muitos. O vazio era grande demais. Não parecia haver forma de preenche-lo. O que podemos fazer em face de uma calamidade tão grande? Os arquivos centrais do Memorial Yad Vashem, documentam as atrocidades dos nazistas em detalhes aterradores. As fotografias exibidas no memorial têm um poderoso impacto emocional sobre os visitantes. Há uma, em particular, que eu nunca vou esquecer. Mostra só um soldado da SS, apontando um longo rifle para a cabeça de uma mulher a alguns passos de distância. Ele está prestes a atirar. A mulher está levemente inclinada, como se esperando o golpe. Ela está inclinada sobre uma criancinha agarrada ao seu peito. Só um soldado. Uma mãe. Uma criança. Mas o horror e o sangue frio daquele momento, o ultraje que representa aquela fotografia, fala muito sobre a tragédia do holocausto.

O que você faz em face de tão grande calamidade? Onde está Deus no meio de tanto sofrimento? Por que Ele permitiu? Por que aquelas pessoas tiveram que morrer? Por que aquela mãe? Por que aquela criança? O próprio Jesus certa vez fez estas perguntas. As pessoas lhe mostraram o sofrimento humano e perguntaram, por quê? Um incidente está registrado em Lucas, capítulo 13. Alguém veio a Jesus e lhe contou sobre uma tragédia. O governador romano, Pilatos, havia assassinado um grupo de judeus galileus que estavam oferecendo sacrifícios a Deus. Como se poderia explicar tal coisa? Jesus, antes de tudo, queria deixar claro uma coisa. Veja qual foi sua resposta em Lucas 13:2 e 3: “Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido estas coisas? Não eram, eu vo-lo afirmo; se porém não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.” A sabedoria comum dizia que as coisas ruins aconteciam às pessoas ruins. Mas será que é sempre verdade que as coisas ruins acontecem sempre a pessoas ruins?

Quando ocorre uma calamidade, é por que alguém pecou? Jesus disse: “Não, não é bem assim.” Não podemos dizer que as pessoas que sofrem tragédias as merecem. Não podemos supor que essas pessoas são mais pecadoras que as outras não atingidas pelos infortúnios. Todos nós somos pecadores. Todos nós necessitamos de redenção.

Em outra ocasião, Jesus passou por um homem que nascera cego. Seus discípulos lhe perguntaram: “Mestre, quem pecou, este homem ou seus pais?” Eles achavam que devia haver uma razão para aquela tragédia, uma razão para aquele pobre homem nunca ter visto a luz do dia. Mas Jesus respondeu com estas palavras de João 9:3: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus.” Jesus estava dizendo que não se pode responder o “porquê” do sofrimento humano tão facilmente. As tragédias que acontecem a uma pessoa não resultam de um pecado específico. Há pessoas que perguntam continuamente: “Por que, Senhor, por que isto aconteceu? Por que meu filho nasceu com um defeito? Por que meu marido me abandonou? Por que meu filho morreu num acidente de carro? Por que meu vizinho morreu de câncer? Por que, por que, por que? A Bíblia não responde a pergunta “por que,” mas nos diz “quem”. O mundo inteiro está sofrendo a tragédia da separação de Deus. O mundo inteiro está devastado pelo pecado. Sim, às vezes trazemos sobre nós mesmos certas tragédias. Mas nunca podemos apontar o dedo a outros e dizer que coisas ruins acontecem só a pessoas ruins. Nunca podemos apontar o dedo às vítimas do holocausto e dizer que, de alguma forma, eles eram piores que nós. Mas o que podemos dizer? Como podemos reagir ao sofrimento humano, a este enorme vazio que há no mundo?

Bem, Jesus concentrou a atenção naquilo que Deus pode fazer como resultado da tragédia. Olhando para o cego, Ele disse que Deus poderia fazer alguma coisa; Ele poderia mostrar Suas obras; Ele poderia tirar algo de bom daquilo que era ruim. Jesus não nos dá respostas a perguntas específicas sobre o sofrimento. Não sabemos porque a casa daquela família incendiou-se. Não sabemos porque aquela amorosa mãe tem câncer. Não sabemos porque aquelas crianças morreram num acidente de carro. Não temos razões específicas. Acho que ninguém é capaz de responder estas perguntas por enquanto. Mas Jesus nos dá uma resposta à pergunta: “Onde está Deus quando sofremos?” Sabemos que Alguém se importa com o nosso sofrimento.

No Memorial Yad Vashem, na Colina da Lembrança, foram erigidas várias estátuas. São expressões muito fortes da tristeza e angústia humanas. O que as pessoas que esculpiram aquelas figuras estavam tentando dizer? Acho que estavam dizendo algo muito importante: “Sinto muito. Sinto pela tragédia que você sofreu.” As vítimas do holocausto sentiram-se muito isoladas naqueles campos de concentração. A experiência foi tão horrível, que era mais do que um ser humano poderia compreender. Será que alguém seria capaz de entender o que eles sofreram? O Yad Vashem é um gesto que diz: “Sim, sim, nós entendemos um pouco a sua dor. Queremos compreender. Não queremos que sintam-se sozinhos.” Agora quero que você pense sobre um memorial diferente, um símbolo diferente. A cruz de Cristo. O que isto lhe diz? O que isto diz sobre o sofrimento? Leia o que diz Isaías 53:4 e 5: “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si… Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.”

Na cruz, Cristo tomou sobre Si nossas tristezas e piores aflições. Ele tomou o sofrimento humano. Ele carregou em Seu corpo as consequências dos pecados do mundo. É por isto que Ele pode nos salvar. Mas também é por isto que Ele pode nos compreender completamente. Jesus nos oferece mais que simpatia na dor. Ele está lá, sofrendo conosco. Ele sente tudo que sentimos. Quando Ele diz: “Você não está sozinho.” É porque Ele já passou por isso. Assim, a resposta à pergunta: “Onde está Deus quando sofremos?” é esta: Deus está conosco, sofrendo conosco. Não está olhando à distância. Ele está aqui, do nosso lado. Cristo sofreu. Ele sofreu mais que qualquer ser humano jamais sofrerá. E este fato dá um significado especial a uma promessa como esta que está em Salmos 139:8 e 10: “Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também… ainda lá me haverá de guiar tua mão, e a tua destra me susterá.” Onde está Deus quando sofremos? Ele está aqui conosco, mesmo no meio das mais profundas trevas. Mas há mais, muito mais que Deus faz por nós em meio à calamidade. O Memorial Yad Vashem tem uma forma muito especial de homenagear aqueles que morreram nas mãos dos nazistas. Yad Vashem significa “um monumento e um nome.” Refere-se a algo que Deus disse através do profeta Isaías. Ele estava falando a um grupo de indivíduos que estavam com medo de serem separados do povo de Deus, dos escolhidos. Isto é o que lemos em Isaías 56:4 e 5: “Porque assim diz o Senhor: … darei na minha casa e dentro dos meus muros, um memorial e um nome melhor que filhos e filhas; um nome eterno darei a cada um deles, que nunca se apagará.” Yad Vashem cria um lugar e um nome. A colina na qual foi construído chama-se Colina da Lembrança. É uma forma de lembrar.

É isto que as pessoas têm feito ali para superar esta ultrajante crueldade humana. Eles juraram preservar os nomes das vítimas. Isto acontece especificamente no Pátio dos Nomes. A identidade de mais de dois milhões de judeus assassinados estão gravadas neste lugar. Detalhes vêm dos parentes dos mortos. Tragicamente, muitas famílias inteiras desapareceram. Não sobrou ninguém para lançar seus nomes nos registros. Não sobrou ninguém para lembrar deles. Mas o Yad Vashem tenta preservar quantos nomes for possível. É uma tentativa de acender algumas velas no meio da vasta escuridão do holocausto. É uma tentativa de levar conforto àqueles que perderam tanto. Este memorial é um reflexo de algo que Deus faz em resposta ao nosso sofrimento. Deus diz: “Nunca esquecerei o que você passou. Vou lembrar sempre. E preservarei sua identidade.” Isaías, no capítulo 49, descreve um momento em que o povo de Israel tinha passado por calamidades e temiam que Deus os tivesse esquecido e os abandonado. Esta foi a resposta de Deus, dada através do profeta Isaías, no capítulo 49, versos 15 e 16. “Acaso pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti. Eis que nas palmas das minhas mãos te gravei…” O que esta linda passagem sugere? Que, de certa forma o nome dos seguidores de Deus estão escritos nas palmas de Suas mãos. Ele nunca os esquecerá.

No livro de Apocalipse, Deus promete a Seus fiéis que nunca apagará seus nomes do Livro da Vida, e que reconhecerá seus nomes diante do Pai. (Apocalipse 3:5) É assim que Deus nos conforta em nosso sofrimento. Ele diz, “Nunca o esquecerei. Preservarei sua identidade através dos problemas. Seu nome está escrito na palma da Minha mão.” É por isto que Ele é chamado o Deus que nos consola. É por isto que Ele pode nos apoiar mesmo nas maiores calamidades. Uma cristã russa de 24 anos, chamada Luba, precisava muito de consolo em 1983. Ela fora condenada a trabalhos forçados no temido Gulag Soviético. Era um mundo duro e brutal, tão diferente da vida idealista que esta jovem bonita tinha antes. Ela chegara ao limite do sofrimento humano. Então Luba pediu a Deus para lhe fazer companhia. Ela pediu-Lhe especificamente para ajuda-la a encontrar outro cristão no campo de concentração. Alguns dias mais tarde foi apresentada a Maria, uma mulher mais velha que tinha o mesmo amor por Jesus. Logo, elas estavam reunindo-se no pátio da prisão, compartilhando partes da Bíblia, orando juntas e, às vezes, cantando bem baixinho. Elas até conseguiram realizar cultos secretos no campo. Sempre que uma delas recebia uma carta, liam-na juntas, regozijando-se em cada notícia enviada por entes queridos. Luba e Maria amavam a comunhão que tinham no Gulag, era como se fosse um pedacinho do céu naquele lugar horrível. Mas chegou o dia em que Maria foi libertada. A jovem Luba ficou sozinha. No início sentiu muito a ausência da amiga. Mas, depois, começou a conversar com Deus sozinha, no pátio da prisão, quando ia e voltava do trabalho. Ela sentiu Sua presença mais intensamente do que antes. Ele estava lá ao seu lado. Luba, depois de três anos na prisão, explicou esta experiência da seguinte forma: “Eu falava com Deus, em meu coração, o tempo todo e pensava, ‘Que bom é poder estar com Deus, e sentir-me tranqüila e livre, mesmo aqui no campo!’ Não há palavras para descrever o que experimentei. O Senhor chega tão perto de nós nestas situações.”

Sim, amigo, Deus estava bem perto de Luba naquele campo de concentração. Onde está Deus quando sofremos? Ele está perto, dando-nos conforto. Ele está do nosso lado para ajudar-nos a superar os problemas. Quando Jesus esteve nesta terra, passou a maior parte do tempo aliviando o sofrimento humano, curando os doentes, os aleijados, os que tinham distúrbios emocionais. Ele ainda faz isto hoje.

No pátio do Yad Vashem, onde as cerimônias do Dia da Memória são realizadas em homenagem aos mortos, há o relevo chamado “A Rebelião do Gueto, a Última Marcha.” Nesse local, cada árvore de alfarroba plantada tem o nome de alguém que arriscou a própria vida para ajudar os judeus durante o regime nazista. Israel deu a esses indivíduos um título honroso muito especial. Cada um deles é: “Um dos Justos.” O pesadelo nazista não apenas mostrou o pior que seres humanos podem fazer uns contra os outros, mas também inspirou extraordinários atos de heroísmo e altruísmo. Essas árvores representam algumas histórias notáveis. Uma delas ocorreu na pequena vila francesa de Le Chambon. Num sábado à noite do verão de 1942, motos de policiais chegaram à praça central fazendo muito barulho. Os Vichi finalmente tinham chegado. Era a polícia francesa atuando sob as ordens dos nazistas. Tinham vindo buscar os judeus que acreditavam estar escondidos lá. O chefe da polícia interrogou um pastor chamado Andre Trocme. Ele exigiu que o pastor lhe desse nomes e endereços de judeus na vizinhança. O pastor disse que não sabia estes nomes. E realmente estava dizendo a verdade. As pessoas que ele estava escondendo tinham todas documentos de identidade falsos. O pastor disse que não era seu papel como pastor trair suas ovelhas. O chefe de polícia gritou ameaças, disse ao pastor que a resistência era inútil, e afastou-se. Imediatamente, o pastor foi para casa e começou a ligar para os jovens líderes de classes bíblicas que ele organizara. Estes jovens eram a chave de sua rede secreta. Ele os enviou para as fazendas onde os judeus estavam se escondendo para avisá-los que fugissem para as florestas durante a noite, pois os Vichi estariam fazendo uma busca. No dia seguinte, um domingo, a igreja do pastor Trocme estava lotada com os cidadãos de Le Chambon. A atmosfera era tensa, o povo estava nervoso, estavam preocupados e ansiosos. Eles se perguntavam o que os Vichi poderiam fazer contra eles por esconderem e protegerem judeus. Vieram ao culto para receber forças de Deus. Cantaram hinos e, enquanto o faziam, a polícia conduzia buscas de casa em casa. Então o pastor levantou-se para pregar. Ele disse ao rebanho que era mais importante obedecer a Deus. Ele lhes disse que a autoridade humana, quando desafiava a lei de Deus, não tinha jurisdição sobre eles. Lembrou-lhes, também, das palavras de Pedro em Atos 5: “Mais importa obedecer a Deus que aos homens.” Ele lembrou-lhes dos discípulos que desafiaram a autoridade de César. E finalmente lembrou o povo de que sua vila se tornara “uma cidade de refúgio”. O pastor Trocme tinha lido sobre esta ideia no livro de Deuteronômio. Deus ordenou que certas cidades de refúgio fossem estabelecidas em Israel. Se alguém fosse condenado à morte, por exemplo, mas nada fosse provado, poderiam se proteger nestas cidades de refúgio. Estes eram lugares onde um indivíduo acusado de um crime poderia estar seguro. Eram lugares onde os que buscavam vingança não podiam entrar. Os inocentes eram protegidos. Deus separou tais cidades, disse o pastor, para que “menos sangue seja derramado em tua terra.”

O pastor Trocme acreditava que Le Chambon se tornaria um lugar assim em meio à perseguição nazista. E as pessoas sentadas naqueles bancos, fazendeiros, comerciantes e artesãos aceitaram o desafio. Recusaram-se a entregar os judeus às autoridades. Nos dias que se seguiram, os Vichi fizeram cada vez mais pressão. Queriam nomes. Queriam descobrir os esconderijos. A Gestapo também tentava retirar os judeus dali. Queriam encontra-los de qualquer maneira. Mas o povo de Le Chambon não os entregava. Nunca os entregaram. Durante toda a duração da guerra, Le Chambon permaneceu o lugar mais seguro para os judeus entre todas as cidades ocupadas da França. Tornou-se realmente uma cidade refúgio. Os cidadãos de Le Chambon nunca haviam se destacado em nada. Eram pessoas comuns, apenas ganhando a vida. Nenhum deles jamais pensou em fazer algo heróico. Mas na época de grandes trevas, eles foram inspirados a criar algo bom e bonito. Foram tocados de forma a imitar o Deus que criou as cidades refúgio para aqueles que corriam perigo; e fizeram isto com risco de suas vidas.

Amigos, Deus está ativo no resgate de pessoas. Sim, a crueldade humana joga uma profunda sombra. Às vezes chega quase a destruir nossa fé em Deus. Mas Deus está sempre alerta, criando coisas boas a partir do mal, criando bênçãos a partir de tragédias, transformando o sofrimento em alegria. Na verdade, temos Sua promessa a este respeito. Paulo nos assegura em Romanos 8, verso 28: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” Todas as coisas contribuem para o bem. Mas nem todas as coisas são o bem. Às vezes, coisas terríveis acontecem a gente boa, coisas malignas, horríveis tragédias, calamidades sobrevêm ao povo de Deus. Nunca podemos apontar o dedo a alguém e dizer que aqueles que sofrem mais são piores, mais pecadores do que aqueles que sofrem menos. Vivemos num mundo desfigurado pelo pecado. Podemos, entretanto, saber que Deus está trabalhando, que Ele pode mudar qualquer circunstância e torna-la positiva, algo bom, para aqueles que O amam.

Onde está Deus quando sofremos? Está bem aqui, transformando o mal em bem. Lembro-me da primeira vez que estive em Auchwitz, na Alemanha. Ali eu me perguntei: “Deus, onde estavas quando seis milhões de judeus morreram?” E lembro-me de ter entrado na cela 1412, e ali, esculpida na parede, estava uma cruz com um desenho de Cristo morrendo. Algum prisioneiro solitário a havia desenhado ali, e sob a cruz escrevera: “Deus esteve aqui.” E esteve mesmo, pois Deus está presente no sofrimento. Neste mundo, porém, não temos todas as respostas para os “por quês” do sofrimento humano. Mas podemos falar sobre uma pessoa que está ao nosso lado. Podemos ter certeza de que Deus sente nossa dor. Podemos saber que Deus nos dá consolo. Podemos saber que Deus alivia o sofrimento e transforma o mal em bênçãos. Sim, podemos Ter esta certeza pelo que Cristo fez por nós. Por quê? Porque Cristo sofreu. Porque Cristo aliviou o sofrimento. Porque Cristo deu sentido ao sofrimento. Ele o fez na cruz. Ele o fez através de Seu ministério nesta Terra. Ele o faz agora, amigo.

Você já sentiu o toque deste compassivo Cristo em meio a seus sofrimentos? Você já experimentou Seu consolo? Ou parece que você está sozinho no escuro? Talvez você tenha perdido um filho e parece não haver consolo ou um fim para sua tristeza. Talvez você esteja lutando contra uma doença que não quer sarar. Talvez sua família tenha se desintegrado. As pessoas tentam consolar, tentam anima-lo. Mas suas palavras não têm efeito. Eles não compreendem a situação. Você está certo. Há só uma pessoa que entende completamente. Existe só uma pessoa que realmente sente tudo que você sente: Jesus Cristo. Ele é o Único que pode lhe ajudar a superar os momentos de trevas. Ele é o Único que pode lhe trazer a luz de novo. Você pode começar este caminho agora, enquanto oramos. Entregue-Lhe sua tristeza. Entregue-Lhe sua dor. Entregue-Lhe sua mágoa. Entregue-Lhe as tragédias de sua vida. Abra seu coração agora mesmo, e receba Sua cura enquanto oramos.

ORAÇÃO: Querido Pai, queremos entregar-Te nossa vida agora, e contemplar a Jesus Cristo, Aquele que tomou sobre Si as nossas feridas, todas as nossas enfermidades na cruz. Tu sabes o que temos passado. Sabes quão difícil é superar a dor. Mas precisamos de Teu toque de cura. Precisamos de Tua mão que consola. Então nos entregamos completamente. Tome-nos em Tuas mãos. Faça Tua obra em nós. Cria algo bom a partir desta tragédia. Tu és o Salvador. Só Tu pode nos resgatar deste mundo. Nós te pedimos isto em nome de Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.




sábado, 16 de maio de 2015

JESUS CRISTO: MITO OU HISTÓRIA?



Nancy Vyhmeister

O Jesus da fé é o mesmo que o Jesus da história? Ou Jesus é apenas uma invenção da fé? Se a resposta for sim, deveríamos rejeitar o Jesus histórico como um mito criado pelos cristãos contemporâneos?

Nos primeiros séculos da era cristã, enquanto a ressurreição e a autoridade de Jesus eram discutidas, houve pouca dúvida sobre sua historicidade. No início do quinto século, Agostinho escreveu sua Harmonia dos Evangelhos a fim de proteger suos autores contra acusações de “inverdades absolutas”, admitindo ao mesmo tempo que a ordem de eventos e os discursos poderiam ter sido reconstruídos. Porém, o Jesus da fé e o Jesus histórico eram basicamente os mesmos.1

A então chamada “busca” pelo Jesus histórico iniciou-se com Hermann Reimarus (1694-1768), que se propôs encontrar o Jesus que havia existido antes que a igreja O tivesse ocultado no dogma. Reimarus foi tão longe que chegou a acusar os discípulos de inventar histórias miraculosas e fabricar o conto da ressurreição, para evitar seu retorno ao ofício de pescadores.2 Sua obra causou consternação entre os cristãos e curiosidade entre os estudiosos.

No século 19, F. J. Baur (1792-1860), usando o criticismo histórico como método, concluiu que “a visão que temos da ressurreição é de menor importância para a história”. O que realmente importa é que os apóstolos creram que isso ocorreu.3

Em 1910, a obra de Albert Schweitzer, A Busca do Jesus Histórico, criticou os trabalhos de estudiosos que haviam transformado Jesus numa “figura desenhada pelo racionalismo, dotada de vida pelo liberalismo e vestida pela teologia moderna com trajes históricos”. Ao mesmo tempo, ele concluiu que o fundamento histórico do cristianismo não mais existia e que, depois de tudo isso, não era “o Jesus historicamente conhecido, mas o Jesus espiritualmente nascido dentro dos homens” que era fundamentalmente decisivo.4

No século 20, o conhecimento sobre Jesus foi dominado por Rudolf Bultmann (1884-1976). Educado no liberalismo e no ceticismo, Bultmann afirmou que “quase nada podemos saber a respeito da vida e personalidade de Jesus, uma vez que as fontes cristãs primitivas não revelam interesse sobre tais questões, ou seja, são em sua maioria fragmentadas e freqüentemente lendárias”. Os milagres de Cristo foram “lendas”; seus dizeres mais “simbólicos” do que autênticos. A igreja deu sentido à Sua morte; Jesus não.5

Seguindo o pensamento de Bultmann, o “Seminário sobre Jesus”, um grupo de 74 eruditos, a maior parte de universidades americanas, encontrou-se no final da década de 1980 e início de 1990, a fim de preparar uma versão acadêmica dos quatro Evangelhos canônicos e do evangelho apócrifo de Tomé. Eles estudaram 1.500 declarações de Jesus, votando na percepção autêntica de cada um. Seu veredicto foi que “oitenta e dois por cento das palavras atribuídas a Jesus nos evangelhos não foram ditas por ele”. Sobre a questão dos milagres, sua posição era semelhante à de Bultmann: “O Cristo do credo e do dogma... não pode mais controlar a aceitação daqueles que têm visto os céus pelo telescópio de Galileu”.6

O co-fundador do seminário, John Dominic Crossan, afirmou que Jesus “não curou nem poderia curar” enfermidades, e que ninguém pode trazer pessoas da morte para a vida.7 A própria ressurreição de Cristo dizia-se ter envolvimentos com “transes e visões”, ao invés de ser uma representação da realidade. Crossan observou que a história da ressurreição aponta mais para a origem da autoridade cristã do que para a origem da fé cristã.8 Para Marcus Borg, membro do seminário, a narrativa do Jesus histórico se encerra com sua morte numa sexta-feira, em 30 A.D. Entretanto, o Senhor apareceu aos Seus seguidores “em nova forma, começando num domingo de páscoa e a partir de então eles O experimentaram como uma viva realidade”.9

A “busca pelo Jesus histórico” foi até certo ponto baseada no racionalismo, no naturalismo e criticismo. Suas suposições – de que milagres não aconteceram – levaram seus pesquisadores a concluir que muito daquilo que está escrito nos evangelhos é fictício. Aqueles que acreditam na exatidão essencial das Escrituras não podem aceitar os resultados dessa espécie de conhecimento. Eles também ressaltam muitas evidências para a historicidade de Jesus.

Referências a Jesus em escritos não-cristãos

Fontes judaicas

Josefo (37 - 100 a.D.), historiador e general judeu, faz clara menção de Jesus em duas passagens de sua obra Antiguidades Judaicas. A primeira diz respeito à representação das atividades do sumo sacerdote Ananias, ao redor do ano 62 a.D: “Ele [Ananias] reuniu o sinédrio dos juízes e trouxe perante eles o irmão de Jesus, o Cristo, cujo nome era Tiago, e alguns outros. E após haver levantado uma acusação contra os transgressores da lei, ele os entregou para que fossem apedrejados”.10

O ponto de vista não-cristão é sugerido pela afirmação de que Jesus “era chamado” Cristo. Além disso, a forma cristã de considerar Tiago era “irmão do Senhor”.

No Livro 18 dessa mesma obra, Antiguidades, Josefo refere-se a Jesus num tratado bem conhecido e debatido, o “Testemonium Flavianum” (O Livro 18 é apenas comprovado em três manuscritos gregos, o mais antigo datando do décimo século). Tudo indica que o texto não foi escrito por um judeu: “Nestes dias houve um homem sábio por nome Jesus, se é permitido chamá-lo homem; pois ele foi fazedor de boas e maravilhosas obras, um mestre de homens que recebiam a verdade com prazer. Ele atraiu a si muitos judeus e gentios. Ele foi (o) Cristo. E quando Pilatos, a conselho dos principais homens entre nós, O condenou à crucifixão, aqueles que O amavam a princípio não O abandonaram; pois Ele apareceu vivo entre eles no terceiro dia; como os divinos profetas haviam predito essas e outras dez mil coisas maravilhosas concernentes a ele”.11

Em 1971, uma versão árabe do “Testemonium Flavianum” foi publicada em Israel. Ela difere significativamente da versão grega: “Nestes dias, houve um homem sábio chamado Jesus. Sua conduta era boa e [Ele] era conhecido por ser virtuoso. E muitas pessoas entre os judeus e outras nações se tornaram seus discípulos. Pilatos O condenou a ser crucificado e morto. Mas aqueles que se tornaram seus seguidores não abandonaram seu discipulado. Eles afirmaram que Jesus lhes aparecera três dias após sua crucifixão, e que Ele estava vivo; sendo assim, Ele talvez fosse o Messias que fora predito pelos relatos maravilhosos dos profetas”.12

As diferenças entre essas duas versões sugerem que a versão grega inclui os detalhes cristãos. Entretanto, há pouca dúvida de que Josefo não tenha mencionado a crucifixão de Jesus.

O Talmude judeu produziu, em suas formas babilônicas e palestinas durante o século 5 a.D., uma grande quantidade de tradições orais que eram passadas de rabino para rabino. Conquanto Jesus seja mencionado de forma pejorativa em várias passagens, uma delas é de particular interesse: “Na noite da Páscoa, Jesus foi pendurado. Durante quarenta dias antes de sua execução, um arauto saiu a anunciar: ‘Ele será apedrejado por praticar feitiçaria e por conduzir Israel à apostasia. Qualquer que puder dizer algo em seu favor, deixe-o pleitear sua causa’. Mas, desde que ninguém o fez, ele foi crucificado na tarde da Páscoa”.13

Embora a passagem afirme que Jesus foi executado na tarde do dia de Páscoa, o relato dos quarenta dias é estranho aos Evangelhos. É interessante notar que Jesus seria apedrejado por conduzir “Israel à apostasia”, segundo o costume judaico. Assim Ele foi crucificado segundo as ordens romanas. De qualquer maneira, Jesus foi um personagem histórico que exerceu impacto periférico na história judaica.

Fontes pagãs

A fonte pagã mais antiga que faz menção de Jesus é uma carta escrita por Mara bar Sarapion, um sírio-estóico, que escreve de uma prisão romana para encorajar seu filho a obter sabedoria. Ele menciona Sócrates, Pitágoras e um “sábio rei” morto pelos judeus. Nenhum desses homens foi realmente morto, pois cada um deixou um legado de sabedoria. Sendo assim, o rei sábio viveu, “por causa da lei que deixou”.14 A despeito do nome não ser mencionado, há pouca dúvida de que Mara esteja se referindo a Jesus.

Quando Plínio se tornou governador da Bitínia e do Ponto, no início do segundo século, ele escreveu a Roma pedindo ajuda. Um dos tópicos era sobre como lidar com os cristãos. Suas cartas mencionavam Christus duas vezes. Ele permitia que qualquer pessoa que fosse acusada de ser cristã pudesse refutar as acusações oferecendo incenso aos deuses e ao imperador, e blasfemando a Christus. Ele também descreve o culto cristão como tendo lugar antes do amanhecer e incluindo recitação “por turnos [de] uma forma de palavras a Christus como deus.” Conquanto essa carta tenha sido escrita cerca de 112 a.D. e acrescente pouco ao conhecimento das crenças e práticas cristãs, ela corrobora a existência de cristãos cuja fé estava firmada na pessoa de Cristo.

O historiador romano Tácito (55 a.D. – 117 a.D.) escreveu trinta livros sobre os eventos ocorridos entre os anos 14 a.D. e 96 a.D. Infelizmente, os livros que cobrem o período compreendido entre os anos 29 e 32 a.D. estão perdidos. Mas os relatos sobre o grande incêndio de Roma (64 a.D.), pelo qual Nero culpou os cristãos, contêm referências aos cristãos e a Cristo: “Conseqüentemente, para se livrar deste relato, Nero imputou-lhes a culpa e determinou as mais atrozes torturas àquela classe odiada por suas abominações, a qual era chamada de cristãos pelo povo”. “Christus, raiz que originou o nome Cristo, sofreu a penalidade extrema durante o reinado de Tibério, nas mãos de um de nossos procuradores, Pôncio Pilatos.”15

Tácito continua chamando o cristianismo de uma “superstição perniciosa” que invadiu a Judéia e Roma. Sua fala impede a possibilidade de uma interpolação cristã. Tácito considerava Jesus como uma figura histórica.

Luciano de Samosata, um escritor satírico do segundo século, zomba dos cristãos e de seu fundador: “Os cristãos, vocês sabem, adoram um homem hodierno – um personagem célebre que introduziu novos ritos e que foi crucificado por tal motivo.” Além disso, “adoram o sábio crucificado e vivem de acordo com suas leis”.16

Esta breve pesquisa mostra que os autores não-cristãos dos primeiros séculos, tanto judeus como pagãos, consideravam Jesus como um personagem histórico. Eles não criam nEle, mas aceitaram o fato de que Ele viveu e fundou um movimento religioso.

A confiabilidade das fontes bíblicas

Ao admitir meu ponto de vista como crente, encontro razões para considerar as fontes bíblicas como sendo testemunhas confiáveis da historicidade de Jesus.

A autoridade do Novo Testamento em relação aos eventos registrados

Há pouca discordância quanto ao fato de que todo o Novo Testamento foi escrito no final do primeiro século a.D. Tradições mais antigas atestam que Mateus, Marcos, Lucas e João foram os autores dos Evangelhos. Mateus e João foram discípulos de Jesus. Marcos e Lucas estavam a apenas um passo de distância. Papias de Hierápolis (no início do segundo século) escreveu que Marcos era “o intérprete de Pedro”, o qual escreveu a versão histórica de Pedro sobre a vida de Jesus, não na ordem cronológica dos eventos, mas com grande precisão.17 Por volta do ano 185 a.D., Irineu escreveu que Lucas, amigo do apóstolo Paulo, tinha escrito um Evangelho o qual fornecia detalhes da história de Jesus que não foram apresentados nos três Evangelhos.18 Além disso, as epístolas narram a vida, morte e ressurreição de Jesus como fatos reais. Paulo também aponta as testemunhas que presenciaram os eventos da vida de Jesus (I Coríntios 15:5-8).

As referências às datas e governantes no evangelho de Lucas, mesmo que não estejam livres das dificuldades de interpretação, provêem evidências da proximidade do autor em relação aos eventos. Lucas usa claramente (Luc. 3:1-3) um estilo greco-romano, para mostrar sua intenção de ressaltar a historicidade do seu Evangelho.

Autores cristãos escreveram sobre Jesus logo após os eventos. Por contraste, a biografia de Alexandre, o Grande, escrita por Plutarco e tida como confiável pelos historiadores, foi preparada mais de quatro séculos após a morte do conquistador macedônio.

Evidências dos manuscritos

O papiro de John Rylands (P52), encontrado no Egito, contém fragmentos de João 18. É datado do início do segundo século e confirma dessa maneira a composição do Evangelho no final do primeiro século. O papiro Bodmer II (P66), datado do segundo século, preserva grande porção do evangelho de João em forma de livro. Outros papiros, datados do final do segundo e início do terceiro séculos, apresentam evidências da existência dos evangelhos, como os conhecemos hoje, de datas ainda mais antigas.19

Em seguida à descoberta dos papiros de Chester Beatty, em 1930, Frederic Kenyon escreveu: “O resultado exato desta descoberta...é, de fato, reduzir o espaço entre os primeiros manuscritos e as datas tradicionais dos livros do Novo Testamento, de modo a tornar insignificante qualquer discussão quanto à sua autenticidade. Nenhum outro livro antigo tem algo semelhante com relação à quantidade de evidências para validar seu texto, e nenhum estudioso imparcial negaria que o texto existente nas Escrituras não seja substancialmente válido”.20

Nenhum outro escrito antigo tem manuscritos tão próximos às datas de sua origem. Por exemplo, o mais antigo manuscrito ainda existente dos primeiros seis livros dos Anais de Tácito, escritos no início do segundo século, data de 1100 a.D. O mais antigo manuscrito da Ilíada de Homero surge somente 400 anos após a composição desse épico. Os manuscritos mais recentes das Guerras Gaulesas, de Júlio César, foram copiados ao redor de 900 A.D., centenas de anos após sua escrita.

Arqueologia

Se bem que as descobertas arqueológicas, com possíveis exceções ao ossuário de Tiago, publicadas ao final de 200221, não se refiram especificamente a Jesus, elas corroboram as histórias dos Evangelhos. Construções como a sinagoga de Cafarnaum22 e o tanque de Betesda, em Jerusalém23, têm sido escavadas e identificadas. As moedas mencionadas nos Evangelhos têm sido encontradas e estudadas. Os ossos de Yehohanan, encontrados num ossuário em Jerusalém, mostram os efeitos da crucifixão; um prego de sete polegadas ainda cravado nos ossos do tornozelo.24 A arqueologia tem comprovado Pôncio Pilatos como o procurador romano em Jerusalém nos tempos de Cristo. Além disso, moedas datadas entre 29 e 31 a.D. exibem-lhe o nome em conjunto com símbolos religiosos romanos, apontando sua má-vontade para com os judeus.25
Efeitos da história do Evangelho

A data do nascimento de Cristo é incerta, entretanto ela dividiu a história em a.C. e a.D. Caso não existissem fundamentos históricos para a vida de Jesus, tal divisão jamais seria possível.

Os seguidores de Jesus foram transformados: Pedro, um traidor covarde, tornou-se um apóstolo fiel; João, o amado, escreveu com convicção: “Aquele que isto viu testificou, sendo verdadeiro seu testemunho” (João 19:35). Com o passar dos séculos, mártires foram mortos por causa de suas convicções.

A igreja, a despeito de suas faltas, tem alicerçado sua mensagem e missão na realidade histórica de Jesus. O Jesus da fé surge do Jesus histórico, sem o qual a fé seria apenas um pensamento ilusório.

Nancy Vyhmeister (doctorat de l’université Andrews), retraitée, était professeur de missiologie au séminaire adventiste de héologie de Berrien Springs, au Michigan. Elle est l’auteur de nombreux articles spécialisés. Une version plus ancienne de cet essai a été publiée dans The Essential Jesus, édité par Bryan Ball et William Johnsson (Pacific Press, 2002).

REFERÊNCIAS

1. Agostinho, The Harmony of the Gospels 1.7, 2.12.

2. Hermann Reimarus, On the Goal of Jesus and His Disciples (Leiden: Brill, 1970), p. 41.

3. F. C. Baur, The Church History of the First Three Centuries (London: Williams and Norgate, 1878), Vol. 1, pp. 42, 43.

4. Albert Schweitzer, The Quest of the Historical Jesus (New York: Macmillan, 1959), pp. 398, 401.

5. Rudolf Bultmann, Jesus and the Word (New York: Scribners, 1958), pp. 8, 107, 108.

6. Robert W. Funk, Roy W. Hoover, e o Seminário de Jesus, The Five Gospels: The Search for the Authentic Words of Jesus (New York: Macmillan, 1993), p. 5.

7. John Dominic Crossan, Jesus: A Revolutionary Biography (São Francisco: Harper San Francisco, 1994), pp. 82, 95.

8. Idem., p. 190.

9. Marcus J. Borg, Jesus: A New Vision: Spirit, Culture, and the Life of Discipleship (San Francisco: Harper Collins, 1987), pp. 184, 185.

10. Josephus, Jewish Antiquities 20.9.1.

11. Josephus, Jewish Antiquities 18.3.3.

12. Shlomo Pines, An Arabic Version of the Testimonium Flavianum and Its Implications (Jerusalem: Israel Academy of Sciences and Humanities, 1971); texto extraído de James Charlesworth, Jesus within Judaism: New Light from Exciting Archaeological Discoveries (New York: Doubleday, 1988), p. 95.

13. The Babylonian Talmud (London: Soncino, 1935), 27:281.

14. John P. Meier, A Marginal Jew (New York: Doubleday, 1991), 1:76-78.

15. Tacitus, Annals 15.44.

16. Lucian, The Death of Peregrine 11-13.

17. Citado em Eusebius, Church History 3.39.

18. Irenaeus, Against Heresies 3.14.1-3.

19. Kurt Aland e Barbara Aland, The Text of the New Testament (Grand Rapids: Eerdmans, 1989), pp. 83-102.

20. Frederic Kenyon, The Bible and Modern Scholarship (London: John Murray, 1948), p. 20.

21. O ossuário diz: “Tiago, filho de José, irmão de Jesus.” Ver Biblical Archaeology Review 28 (Novembro-Dezembro 2002): 24-37; e 29 (Janeiro-Fevereiro de 2003): 20-25.

22. James E. Strange e Hershel Shanks, “Synagogue Where Jesus Preached Found at Capernaum,” Biblical Archaeology Review 9 (Novembro-Dezembro 1983): 24-31.

23. Gonzalo Báez-Camargo, Archaeological Commentary on the Bible (New York: Doubleday, 1984), p. 218.

24. New International Dictionary of Biblical Archaeology, s.v. “Crucifixion.”

25. D. H. Wheaton, “Pilate,” The Illustrated Bible Dictionary (Wheaton, IL: Tyndale, 1980), pp. 187, 188.


domingo, 10 de maio de 2015

MUITO ALÉM DO SOL ESTÁ O MEU LAR



Ricardo André

Quando me tornei Adventista do Sétimo Dia, na década de 1984, uma das primeiras músicas que aprendi foi o hino nº 551 do Hinário Adventista, “Muito Além do Sol”, cujo coro diz: “Muito além do Sol, muito além do Sol está o meu lar, um belo lugar, muito além do Sol. Lembro-me com emoção dos dias que cantava nos cultos da IASD do Cabo de Santo Agostinho/PE.

Quando o ministério terrestre de Jesus chegou ao fim, os discípulos ficaram desanimados ao perceberem que o reino que Ele viera estabelecer não seria uma estrutura política terrestre. Embora eles ainda não houvessem compreendido bem o que aconteceria com Jesus, seus planos desmoronaram de vez quando Ele lhes anunciou que se retiraria da presença deles, voltaria ao Pai. Eles ficaram profundamente tristes. Então Cristo procurou confortá-los, elevando os pensamentos deles para aquele mundo melhor, o encantador mundo do amanhã, localizado “muito além do Sol” e que será a habitação eterna dos remidos, fazendo a maior e mais importante promessa: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também. (João 14:1-3).

Jesus sabia que os discípulos levariam uma vida de peregrinação, viajando de um país para outro para pregar o evangelho. E, para homens em constante mudança de lugar, o que mais precisavam era a promessa de um verdadeiro lugar de descanso.

Ao afirmar que “Na casa de meu Pai há muitas moradas”, Jesus podia ter em mente uma casa espaçosa e ampla, com acomodações para todos os seus moradores. Os discípulos, portanto, não precisariam se preocupar com a falta de lugares. Mas Jesus não está agora administrando a construção de moradas para nós, no Céu, como eu pensava no início da minha carreira cristã, pois Ele mesmo disse que o reino dos Céus já está preparado para nós “desde a fundação do mundo” (Mt 25:34).

No simbolismo de Suas palavras sobre o preparo de um lugar para o povo de Deus podemos compreender a Sua obra intercessória no Santuário Celestial, pois, como nosso “Precursor” (Hb 6:20), Ele penetrou no Lugar Santíssimo. Foi  à nossa frente, preparando esse lugar para que nós possamos estar ali também.

Assim como a Terra está pronta para receber os seres humanos quando foi criada, o Céu também estará pronto quando lá chegarmos. Não haverá improvisação, pois Deus é um Deus de ordem, e planeja tudo com antecedência.

Em breve Jesus voltará para nos levar a Casa do pai, muito além do Sol. Ele prometeu voltar e vai cumprir. Teremos uma casa, um belo lugar. Entretanto, só estarão lá os que crerem e aceitarem a Jesus como seu Salvador (Jo 14:6). Isto haverá de ser uma experiência magnífica. Mas só participarão dessa experiência os que se prepararem condignamente. A escritora cristã, Ellen G. White, escreveu o seguinte:

“Poderiam aqueles cuja vida foi empregada em rebelião contra Deus, ser subitamente transportados para o Céu, e testemunhar o estado elevado e santo de perfeição que ali existe, estando toda alma cheia de amor, todo rosto irradiando alegria, ecoando em honra de Deus e do Cordeiro uma arrebatadora música em acordes melodiosos, e fluindo da face dAquele que Se assenta sobre o trono uma incessante torrente de luz sobre os remidos; sim, poderiam aqueles cujo coração está repleto de ódio a Deus, à verdade e santidade, unir-se à multidão celestial e participar de seus cânticos de louvor? Poderiam suportar a glória de Deus e do Cordeiro? Não, absolutamente; anos de graça lhes foram concedidos, afim de que pudessem formar caráter para o Céu; eles, porém, nunca exercitaram a mente no amor à pureza, nunca aprenderam a linguagem do Céu, e agora é demasiado tarde. Uma vida de rebeldia contra Deus incapacitou-os para o Céu. A pureza, santidade e paz dali lhes seriam uma tortura; a glória de Deus seria um fogo consumidor. Almejariam fugir daquele santo lugar” (Eventos Finais, p. 279).

Aqui é o lugar e agora é a hora de nos prepararmos para o Céu. Busquemos receber e praticar o amor de Jesus. Exercitemos a bondade, a pureza nos atos e nas palavras. Vamos desde agora, na companhia e na força de Jesus, nos acostumar a viver aqui a vida que viveremos lá no Céu.

Caro amigo leitor, a promessa de Jesus está prestes a se cumprir. Você está pronto para encontrar-se com Ele. Ele foi preparar-nos um lugar no Céu. Logo, há um lugar a espera de cada um de nós. Preparemo-nos para morar lá.