Teologia

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

A MORTE COMO UM SONO NA TEOLOGIA ADVENTISTA E NAS ESCRITURAS

Wilson Paroschi

O que as Escrituras querem dizer quando se referem à morte como um sono? Como esse conceito se desenvolveu na história teológica adventista? Quais as implicações dessa metáfora, tanto na pregação quanto na formulação das doutrinas do estado do homem na morte e da ressurreição? Wilson Paroschi, professor de Teologia no Brasil, responde a essas perguntas.

As Escrituras Sagradas utilizam a metáfora da morte como um sono e a da ressurreição como o despertar de um sono (cf. João 11:11-14; 1 Coríntios 15). Embora tais analogias possam ter um grande significado, ao afirmarem a certeza da ressurreição, também podem conduzir a conclusões equivocadas, se tomadas literalmente ou se forem utilizadas para defender a ideia de que a morte consiste num sono, como se representasse um estado intermediário no qual a pessoa permanece inativa na sepultura até a ressurreição. Este artigo busca reafirmar a perspectiva bíblica com relação à morte e ao estado dos mortos, ao mesmo tempo em que avalia o significado das metáforas do sono e do despertar do sono.

As primeiras percepções adventistas

Com respeito à crença na imortalidade condicional, a Igreja Adventista do Sétimo Dia foi fortemente influenciada por George Storrs, um dos líderes mais influentes do movimento milerita na segunda metade de 1844.1 Por volta de 1840, Storrs, ainda um pregador metodista, convenceu-se de que os seres humanos não são imortais, mas recebem a imortalidade por ocasião da ressurreição, sob a condição da fé em Cristo Jesus. Como consequência, ele também acreditava que os ímpios que morrem em seus pecados serão punidos por meio do fogo, sendo completamente exterminados, em vez de viverem em sofrimento para sempre.

Ao enfatizar que a morte é a ausência total de vida, Storrs procurava refutar a crença tradicional no inferno como lugar de tormento eterno. Quando falava sobre os justos, ele buscava equilibrar suas declarações com base na promessa da ressurreição, e o fazia por meio do conceito do sono. “Quando os homens morrem”, dizia, “eles ‘dormem no pó da terra’ (Daniel 12:2). E não despertarão até que Cristo retorne do Céu; ou até a última trombeta.”2

Já em 1842, as ideias condicionalistas de Storrs foram aceitas por Calvin French, ministro batista que também se uniu aos mileritas. French desenvolveu ainda mais o argumento da morte como um estado inconsciente, ao apelar extensivamente para as metáforas bíblicas do sono e do repouso, argumentando que “tanto os justos como os ímpios repousam na sepultura, num estado inconsciente, até ouvirem a voz do Filho do Homem e ressurgirem para a vida ou para a destruição”, e que “aqueles que dormem em Jesus ressurgirão na primeira ressurreição”, ao passo que “os mortos restantes despertarão na segunda ressurreição e comparecerão perante Cristo no juízo.”3

Essa foi uma das primeiras ocorrências da expressão “dormir em Jesus”, que surgiu entre os mileritas na década de 1840, expressão essa que mais tarde se tornaria bastante popular entre os adventistas do sétimo dia, especialmente em notas obituárias.4 Nessa mesma linha, o registro biográfico de Storrs, publicado como introdução à edição de 1855 da série Six Sermons [Seis Sermões], assim se referia à morte súbita de Carlos Fitch, em outubro de 1844: “Ele dormiu em Jesus, na gloriosa esperança de em breve ser despertado pela voz do Filho de Deus.”5 Essa referência a Fitch, importante líder milerita, é bastante oportuna, visto que ele foi o primeiro ministro convertido por Storrs para a doutrina da imortalidade condicional, dentro das fileiras adventistas; outros líderes do movimento se opunham fortemente a essa doutrina.

Entretanto, com a fragmentação do movimento milerita, após 22 de outubro de 1844, vários grupos adventistas continuaram a crer no condicionalismo. Esse foi o caso dos adventistas sabatistas,6 para quem o conceito do sono começou a exercer um papel central quanto à compreensão da morte e da ressurreição.

Em sua primeira publicação, em 1847, Tiago White se refere duas vezes aos “santos que dormem”, os quais serão ressuscitados pelo próprio Jesus, por ocasião de Sua segunda vinda.7 Ellen G. White também haveria de usar essa expressão pelo menos quinze vezes em seus próprios escritos. Na verdade, nos anos seguintes, ela faria extenso uso do conceito da morte como um sono em suas várias formas.

Além de falar dos “santos que dormem”, os quais serão “mantidos em segurança” até a manhã da ressurreição, quando haverão de ser “despertados” pela voz do Filho de Deus e “chamados para fora” de suas sepulturas, Ellen White se refere dezenas de vezes àqueles que estão agora silentemente, e por pouco tempo, dormindo/repousando em suas sepulturas. Ela chega inclusive a usar a expressão para si mesma, conforme registrou em seu diário pessoal de 26 de dezembro de 1904: “Minha oração é que o Senhor poupe minha vida para que possa fazer Seu trabalho antes que eu repouse na sepultura.”8 Dois anos mais tarde, ela voltou a escrever numa carta: “Estou aguardando o chamado para concluir o meu trabalho e repousar na sepultura.”9

Em um artigo biográfico publicado em 1876, entretanto, a Sra. White fez duas declarações surpreendentes. Depois de relatar uma conversa entre sua mãe e outra senhora a respeito de um sermão que tinham ouvido sobre a natureza da morte, ela se aproximou de sua mãe e, profundamente impactada pelos comentários, começou a lhe fazer algumas perguntas. Em dado momento, ela perguntou: “Mas, mãe... você realmente crê que a alma repousa na sepultura até a ressurreição?” Poucos parágrafos depois, ao descrever o impacto que essa nova doutrina teve sobre si, ela declara: “Essa nova e maravilhosa fé me ensinou por que os escritores inspirados tanto se referem à ressurreição do corpo; é porque o ser todo permanece repousando na sepultura.”10 Embora esse episódio tenha ocorrido mais de trinta anos antes, quando Ellen White (ainda Ellen Harmon) tinha apenas dezesseis anos de idade, ela parece apenas reproduzir a mesma linguagem que tinha usado na ocasião. Em nenhum outro lugar ela fala da alma repousando ou dormindo na sepultura. Mesmo assim, quem repousa na sepultura é “o ser todo” e não uma parte dele apenas.

Na verdade, Ellen White parece ter evitado falar em almas mortas. O mais próximo que chega a isso é quando fala figurativamente dos pecadores que ainda não aceitaram Jesus como Salvador. “Uma alma sem Cristo”, ela diz, “é como um corpo sem sangue; está morto. Pode parecer vivo espiritualmente; pode participar de algumas cerimônias religiosas mecanicamente, mas não tem, de fato, vida espiritual.”11

Além dos próprios escritos de Ellen White, outras obras de pioneiros adventistas também usam a linguagem bíblica para descrever o estado da morte como um sono.12 No entanto, para aqueles que não estavam familiarizados com a compreensão adventista da antropologia bíblica, segundo a qual o “ser humano é uma unidade – que alma e corpo não são entidades separadas”, como R. F. Cottrell declarou em 1865,13 o conceito da morte como um sono podia facilmente ser mal compreendido. “Nós não ensinamos”, ele explicou, “que a alma repousa com o corpo na sepultura.”14

Tal explicação era necessária porque o conceito do sono da alma ainda podia ser compreendido dualisticamente, em conexão com a imortalidade da alma. Em toda a história cristã, houve muitos defensores da imortalidade que acreditavam exatamente assim. Tal foi o caso, por exemplo, de alguns antigos escritores sírios (como Efraim), Wyclif, Tyndale e Lutero. Parece que muitos anabatistas e socinianos também defen- diam essa crença que foi igualmente bastante popular na Inglaterra, nos séculos dezesseis e dezessete.15

A morte como um sono nas Escrituras

Nas Escrituras, o sono é utilizado de forma tanto literal quanto metafórica. Quando utilizado literalmente, apenas denota o ato físico do sono (Gênesis 28:11; Jó 33:15; Daniel 10:9; Lucas 9:32). Quando utilizado metaforicamente, o sono pode denotar letargia espiritual, indolência, falta de vigilância. Em Provérbios, preguiça, indolência e sono são usados de forma quase moral para descrever a pessoa negligente, que se recusa a reconhecer as necessidades básicas da vida humana (6:9-11; 19:15; 20:13; 24:33, 34). Em Isaías (29:9), e com frequência no Novo Testamento (Marcos 13:35, 36; Romanos 13:11; Efésios 5:14; 1 Tessalonicenses 5:6-9), o sono descreve a apatia espiritual que deve ser colocada de lado para que se possa permanecer desperto neste mundo mau. Quando usado dessa forma, o contexto, com frequência, é escatológico, advertindo-nos a estar atentos aos sinais dos tempos.

O sono (assim como o repouso) também é utilizado como uma metáfora para a morte. Isso é comum no Antigo Testamento (1 Reis 1:21; Jó 7:21; 14:12; Salmo 13:3; Jeremias 51:39, 57; Daniel 12:2). A expressão “descansou [ou repousou] com seus pais” é uma fórmula fixa em referência à morte dos reis de Israel e Judá; é utilizada 36 vezes nos livros de 1 e 2 Reis e 2 Crônicas. A metáfora também é encontrada no Novo Testamento. Quando Jesus ressuscitou dentre os mortos, é-nos dito que “muitos corpos de santos, que dormiam, ressuscitaram” (Mateus 27:52). Após ser apedrejado, lemos que Estevão ajoelhou-se, disse suas últimas palavras e “adormeceu” (Atos 7:60). Por ocasião de sua terceira viagem missionária, Paulo declarou que alguns dos “mais de quinhentos irmãos” que haviam visto o Cristo ressurreto já repousavam (1 Coríntios 15:6). Ele também se referiu depois àqueles que “dormiram em Cristo” (v. 18, 20) e à sua esperança de que nem todos haveriam de dormir antes da segunda vinda de Jesus (v. 51). Em 1 Tessalonicenses, ao mencionar a situação dos irmãos e irmãs já falecidos, Paulo se refere a eles por três vezes como aqueles “que dormem” (4:13-15).

Jesus também usou essa metáfora em duas diferentes ocasiões. A primeira foi com relação à filha de Jairo, que havia recém-sucumbido à sua enfermidade e falecido (Marcos 5:35). Ao chegar à casa de Jairo, Jesus viu a comoção, as pessoas chorando e pranteando (v. 38) e então perguntou: “Por que estais em alvoroço e chorais? A criança não está morta, mas dorme” (v. 39). Os que ali estavam responderam cinicamente e O ridicularizaram (v. 40). Eles interpretaram as palavras de Jesus como se a menina estivesse literalmente dormindo, quando sabiam que ela estava morta (v. 35; cf. Lucas 8:53).

A outra ocasião foi com relação a Lázaro. Ao ser informado de que Seu amigo Lázaro estava enfermo, Jesus não respondeu de imediato (João 11:3). Quando, finalmente, decidiu ir a Betânia, Ele disse: “Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo” (v. 11). Isso confundiu os discípulos, que tomaram Suas palavras literalmente, concluindo que o sono faria bem a Lázaro (v. 12) e que Jesus não deveria arriscar a vida indo à Judeia (cf. v. 7-8). Como no caso da filha de Jairo, Jesus não estava falando do sono em seu sentido natural; falou em sentido figurado, como uma referência à morte (v. 13). Foi necessário dizer-lhes claramente: “Lázaro morreu” (v. 14).

Em ambas as histórias, portanto, Jesus recorreu à metáfora do sono para Se referir à morte, e em ambas as vezes Ele foi mal compreendido. A confusão, porém, não foi porque a metáfora era uma novidade que Ele tinha acabado de introduzir, e sim porque Ele a utilizou de uma forma não convencional: não apenas para descrever a morte, propriamente dita, mas para negar seu caráter irrevogável.

A visão bíblica da morte

A descrição bíblica da morte é a de terminação (Jó 7:21; 14:12). Quando alguém morre, nada permanece, visto que o fôlego da vida retorna a Deus e o corpo se decompõe nos elementos básicos dos quais é formado (Salmo 146:4; Eclesiastes 12:7; cf. Gênesis 2:7; Jó 33:4; Eclesiastes 9:5, 6, 10). Como Haynes esclarece, “a união de duas coisas, terra e fôlego, serviu para criar uma terceira coisa, a alma. A existência contínua da alma depende inteiramente da contínua união do fôlego e do corpo. Quando essa união é quebrada e o fôlego se separa do corpo, como ocorre na morte, a alma deixa de existir.”16

Samuel Bacchiocchi assim expressa essa ideia: a morte é apresentada nas Escrituras “como um retorno aos elementos dos quais o homem foi originalmente formado. [... A morte] é a terminação da vida, que resulta em deterioração e decomposição do corpo. [... Ela significa] a privação ou cessação da vida.”17 Nesse sentido, isso não pode ser literalmente equiparado ao sono, em que a pessoa continua viva. A metáfora, entretanto, retém a sua importância na compreensão adventista da morte.

Não há dúvida de que haverá uma ressurreição, como no caso da filha de Jairo, de Lázaro e de vários outros, além do próprio Cristo. Alguns vão ressuscitar “para a vida eterna” e alguns “para a vergonha e horror eterno” (Daniel 12:2; cf. João 5:28-29). E a ressurreição para a vida eterna será possível precisamente por causa da ressurreição de Cristo (1 Coríntios 15:17-18; 1 Tessalonicenses 4:14). É assim que a expressão “o primogênito de entre os mortos” (Colossenses 1:18; Apocalipse 1:5), ou “as primícias dos que dormem” (1 Coríntios 15:20, 23), tem sido tradicionalmente interpretada.18 Para usar uma declaração clássica, “a ressurreição de Cristo é o penhor e a prova da ressurreição de Seu povo.”19

Assim, o ensino bíblico é de que, embora a morte signifique terminação, ela não é final ou definitiva, exceto com relação ao que a Bíblia chama de “segunda morte”, que se refere à destruição final dos ímpios (Apocalipse 20:11-15; 21:8). Para aqueles que creem, a morte não tem a última palavra (1 Coríntios 15:26, 54-55; cf. Apocalipse 2:11; 20:4, 6).

Se a morte significa terminação, então a ressurreição é muito mais que um despertamento. Ela é, de fato, uma recriação. Se nada restou, não há nada para ser fisicamente despertado ou para sair da sepultura. Todos os aspectos da vida presente chegam ao fim na morte. Algumas vezes, nem os próprios ossos permanecem. Não obstante, eles viverão outra vez (João 5:25, 28; 11:25; Apocalipse 20:6), pois a lembrança da personalidade e do caráter dos falecidos permanece na mente de Deus.20

Para que haja ressurreição, portanto, tem de haver uma nova criação, dessa vez, não do pó da terra, mas do Céu (cf. 1 Coríntios 15:47-50). Assim, não há nenhum elo físico entre esta vida e a nova vida após a ressurreição. “Apesar de não mais existirem, pelo poder de Deus, eles podem ser recriados para viver outra vez”21 – uma recriação do nada, uma vida inteiramente nova. Logo, a metáfora do despertamento do sono, frequentemente usada na Bíblia, é apenas a contraparte, o equivalente lógico da metáfora do sono. Como o sono não representa totalmente a natureza da morte, assim também o despertamento não expressa, em sua plenitude, o caráter da ressurreição.

Conclusão

Em resumo, há dois pontos-chave para serem lembrados: Primeiro, o sono é uma metáfora para a morte, não uma descrição completa dela. O estado do sono não expressa plenamente a condição dos seres humanos na morte, porque morte significa completa cessação da vida, com tudo o que ela inclui. Como metáfora, porém, ela transmite algumas ideias importantes. Nos lábios de Jesus, por exemplo, ela serve para destacar a realidade e a certeza da ressurreição (cf. João 11:23-25).

Segundo, não há base bíblica para o conceito do sono da alma. A morte não é um sono literal. Embora o sono possa ilustrar a morte, eles são de fato duas coisas diferentes. Isso significa que não é apropriado usar o sono para compreender a natureza da morte ou, por extensão, o estado da morte. A visão bíblica é de que, na morte, a alma cessa de existir (cf. Gênesis 2:7; Jó 33:4; Eclesiastes 9:5-6, 10).

Consequentemente, deveríamos ser cuidadosos no uso da metáfora do sono para assim evitar que a gravidade da morte ou a importância da ressurreição sejam diminuídas.

Wilson Paroschi, PhD pela Universidade Andrews, é professor de Interpretação do Novo Testamento na Faculdade de Teologia do Unasp, em Engenheiro Coelho, São Paulo, Brasil. Email: wilson.paroschi@unasp.edu.br

REFERÊNCIAS

1. Veja George R. Knight, Millennial Fever and the End of the World: A Study of Millerite- Adventism (Boise, Idaho: Pacific Press, 1993), p. 113.

2. George Storrs, Six Sermons on the Inquiry Is There Immortality in Sin and Suffering? Also, A Sermon on Christ the Lifegiver: or, the Faith of the Gospel (Bible Examiner, 1855), 1:8.

3. Calvin French, Immortality, the Gift of God through Jesus Christ to be Given to Those Only Who Have Part in the First Resurrection(Boston, 1842), iii.

4. Na verdade, em seu livreto de 54 páginas, French se refere à morte como um sono 35 vezes, quatorze das quais no contexto daqueles que “dormem em/com Jesus/Cristo.” Uma vez ele se refere explicitamente ao “sono da morte” e sete vezes usa a expressão “dormir no pó.”

5. Storrs, p. 5.

6. De acordo com Knight, condicionalismo e aniquilacionismo eram, na verdade, os prin- cipais pontos de controvérsia entre aqueles que ficaram conhecidos como “adventistas de Albany” (p. 283–293).

7. James White, A Word to the “Little Flock” (1847), p. 4, 24; cf. 20 (onde é usado por Ellen G. White). A expressão “santos que dor- mem” parece ser extraída de Mateus 27:52.

8. Ellen G. White, Manuscript Releases, 21o v. (Hagerstown, Maryland: Review & Herald, 1981–1993), p. 14 [Núm. 1081–1135]: p. 223.

9. Ibid., p. 262 (Carta 112, 1906).

10. Ellen G. White, “Mrs. Ellen G. White: Her Life, Christian Experience, and Labors,” The Signs of the Times (de agora em diante abreviado como ST), 9/3/1876; também em Testemunhos para a Igreja, 9o v. (Mountain View, California: Pacific Press, 1948), 1:39, p. 40.

11. Ellen G. White, “Connection with Christ,” The Advent Review and Sabbath Herald (de agora em diante abreviado como RH), 23/11/1897.

12. D. M. Canright, A History of the Doctrine of the Soul 2d ed. (Battle Creek, Michigan: SDA Pub. Assoc., 1882); J. N. Andrews, Thoughts for the Candid (Oakland, California: Pacific, 1889), p. 2; E. J. Waggoner, “Spirits in Prison,” ST, 11/2/1889; Uriah Smith, Here and Hereafter (Washington, DC: Review and Herald, 1897), p. 326; A. T. Jones, “Historical Necessity of the Third’s Angel Message, No. 4,” ST, 23/3/1888; Canright, “A Plain Talk to the Murmurers,” RH, 12/4/1877; “To Those in Doubting Castle, No. 1,” RH, 10/2/1885.

13. R.F. Cottrell, “A Very Materialistic Christianity,” RH, 7/11/1865.

14. Ibid.

15. Mesmo hoje, o “sono da alma” é definido como “um tipo de suspensão temporária da animação da alma entre o momento da morte da pessoa e o tempo em que os corpos serão ressuscitados.” Veja R. C. Sproul, Essential Truths of the Christian Faith (Wheaton, Illinois: Tyndale, 1992), p. 215.

16. Carlyle B. Haynes, Life, Death, and Immortality (Nashville, Tennessee: Southern, 1952), p. 54.

17. Samuele Bacchiocchi, Immortality or Resurrection? A Biblical Study on Human Nature and Destiny (Berrien Springs, Michigan: Biblical Perspectives, 1997), p. 138

18. Veja James D.G. Dunn, The Epistles to the Colossians and to Philemon: A Commentary on the Greek Text (New International Greek Testament Commentary; Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1996), pp. 97, 98.

19. Cf. Leon Morris, The Cross in the New Testament (Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1965), pp. 258, 134.

20. Niels-Erik Andreasen, “Death: Origin, Nature, and Final Eradication,” in Handbook of Seventh-day Adventist Theology, ed. Raoul Dederen (Hagerstown, Maryland: Review and Herald, 2000), p. 317, 318. Cf. Ellen G. White: “Nossa identidade pessoal é preser- vada na ressurreição, embora não as mesmas partículas de matéria ou substância material que foi para a sepultura. [...] O espírito, o caráter do homem, volta para Deus a fim de ser preservado. Na ressurreição, cada ser humano terá de volta seu próprio caráter. [...] A mesma forma aparecerá. [...] Ele volta à vida apresentando as mesmas características individuais. [...] Não há nenhuma lei de Deus na natureza que indique que Deus restitui as mesmas partículas de matéria de que se com- punha o corpo antes da morte. Deus dará aos justos falecidos um corpo que Lhe apraz.” – The SDA Bible Commentary v. 7; rev. ed.; ed. Francis D. Nichol (Hagerstown, Maryland: Review and Herald, 1980), 6:1093.

21. Bruce Reichenbach, Is Man the Phoenix? A Study of Immortality (Grand Rapids, Michigan: Christian University Press, 1978), p. 185.



domingo, 17 de dezembro de 2017

O QUE FOI A ESTRELA QUE GUIOU OS MAGOS DO ORIENTE ATÉ BELÉM?

Ricardo André

De acordo com o evangelista Mateus, uma estrela muito brilhante, inteiramente incomum cruzou os céus do Oriente, espalhando a notícia do nascimento do Menino Jesus. E foi justamente esse brilho intenso que guiou os três magos até o local de seu nascimento, em Belém (Mt 12:1-12). A Bíblia não dá maiores informações quanto a estes homens, segundo a tradição eram três porque trouxeram três presentes para o Senhor, mas a verdade é que a Palavra não fala nada sobre isso. Segundo o Comentário Bíblico Adventista, “esses “magos” não eram magos no sentido como hoje se entende essa palavra. Eles eram nobres de nascimento, educados, ricos e influentes. Eram os filósofos, os conselheiros do reino, instruídos em toda sabedoria do antigo Oriente. Os “sábios” que foram em busca do Cristo recém-nascido não eram idólatras; eram homens retos e íntegros (...). Eles estudavam as Escrituras hebraicas e ali encontraram uma clara exposição da verdade. Em particular, as profecias messiânicas do AT chamaram sua atenção e, entre elas, as palavras de Balaão: “uma estrela procederá de Jacó” (Nm 24:17). É provável que também conhecessem e entendessem a profecia de tempo de Daniel (Dn 9:25, 26), e chegaram à conclusão de que a vinda do Messias estava próxima (...).  Na noite do nascimento de Cristo, uma luz misteriosa apareceu no céu e se tornou uma estrela brilhante que persistia no céu ocidental (...). Impressionados com seu brilho, os magos consultaram outra vez os rolos sagrados. Ao buscarem compreender o significado dos escritos sagrados, foram instruídos em sonho a partir em busca do Messias” (Comentário Bíblico Adventista, v. 5, p. 293). Mas o que era aquela estrela? Seria a estrela resultado de um fenômeno natural ou da providência divina?

Resposta da Ciência

Ao longo dos séculos muitas hipóteses foram levantadas a respeito da natureza da misteriosa estrela que guiou os magos. Alguns eruditos sugerem fenômenos celestes naturais. Por exemplo, no século 3 da era cristã, aventava-se que o astro seria um cometa. A versão ganhou apelo popular a partir de 1 301, quando o cometa Halley passou junto à terra e foi incorporado a telas e afrescos. Estudos posteriores mostram que a passagem do Halley mais próxima do nascimento de Jesus ocorrera em 12 a.C., pondo a carta fora do baralho.

A hipótese de que o brilho do nascimento de Jesus fosse uma supernova tomou força em 1572, quando o astrônomo dinamarquês Tycho Brahe descobriu que o fenômeno ocorrera em 7 a.C. A nova é um astro que fica até 100 mil vezes mais brilhante que o normal durante semanas e depois quase desaparece do firmamento. No século 17, o astrônomo Johannes Kepler calculou que uma conjunção planetária entre Júpiter e Saturno teria ocorrido também em 7 a.C (data provável do nascimento de Jesus). – com a aproximação dos planetas, seus brilhos se somam no céu. Outras duas conjunções envolvendo Júpiter teriam ocorrido entre 3 a.C. e 2 a.C.: uma tripla conjunção com Régulus, a estrela mais brilhante da constelação de Leão, e uma aproximação com Vênus, o primeiro astro que surge no firmamento. Contudo, nenhum desses fenômenos poderia percorrer um caminho no céu de modo a guiar aqueles homens até uma cidade específica e então se posicionar sobre uma casa específica.

O que era a estrela?

De acordo com a Biblioteca Bíblica, “todas as tentativas de se explicar a estrela como um fenômeno natural são inadequadas dada a razão dela conduzir os magos de Jerusalém até Belém e então permanecer sobre a casa. Antes, foi uma manifestação especial dada por Deus, primeiro quando apareceu indicando o fato do nascimento de Cristo, e depois quando reapareceu sobre Jerusalém e guiou os magos ao lugar certo. Considerando que foi registrada uma revelação direta para os magos (v. 12), nada há de improvável em aceitar uma revelação direta desde o começo para emprestar significado à estrela” (https://bibliotecabiblica.blogspot.com/2015/11/interpretacao-de-mateus-2.html)

A escritora cristã Ellen G. White afirma que aquela misteriosa luz brilhante “não era uma estrela fixa, nem um planeta, e o fenômeno despertou o mais vivo interesse. Aquela estrela era um longínquo grupo de anjos resplandecentes, mas isso os sábios ignoravam. Tiveram, todavia, a impressão de que aquela estrela tinha para eles significado especial. Consultaram sacerdotes e filósofos, e examinaram os rolos dos antigos registros. A profecia de Balaão declarara: "Uma Estrela procederá de Jacó e um cetro subirá de Israel." Núm. 24:17. Teria acaso sido enviada essa singular estrela como precursora do Prometido? Os magos acolheram com agrado a luz da verdade enviada pelo Céu; agora era sobre eles derramada em mais luminosos raios. Foram instruídos em sonhos a ir em busca do recém-nascido Príncipe” (O Desejado de Todas as Nações, p. 60).

O momento culminante do Natal, experimentado pelos magos, foi descrito pelo evangelista Mateus: “Ao entrarem na casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram. Então abriram os seus tesouros e lhe deram presentes: ouro, incenso e mirra” (Mateus 2:11, NVI). Para os magos do oriente, o Natal representou alegria pela vinda do Salvador prometido e aceitação dEle. Esse é o verdadeiro espírito do Natal. Muitos hoje, se esquecem de Cristo, o centro do Natal, substituem-no pelo consumismo e o secularismo, permitindo que a presença de intrigas, violências, indiferença, egoísmo, orgulho e ódio. Mas o Natal, segundo a experiência dos magos e dos pastores ainda existe e pode ser vivido. Depende de nós mesmos. Esse Natal deve acontecer todos os dias, pois é uma experiência de aceitação de Cristo e uma entrega completa da vida a Ele. É uma ocasião de testemunho das Suas maravilhas. É o começo de uma vida nova para a glória de Deus, o Pai.

Brilhando ainda está

Parou de brilhar a estrela que anunciava o nascimento do Messias? O Evangelho nos diz: “Depois de ouvirem o rei, eles seguiram o seu caminho, e a estrela que tinham visto no Oriente foi adiante deles, até que finalmente parou sobre o lugar onde estava o menino” (Mt 2:9, NVI). No entanto, quando saíram Do local onde encontrava-se a manjedoura não foi a estrela que lhes indicou o caminho para que se desviassem de Herodes, mas sim foram avisados em sonho. Provavelmente, aquele “grupo de anjos” que brilhavam como estrela já cumprira sua missão e deixara de brilhar naquele dia.

Entretanto, a estrela do Salvador não desapareceu e nunca desaparecerá da História da humanidade. Seu brilho, porém, continua brilhando, e, é na época mais sombria que o Pai das Luzes envia a mais rutilante das estrelas. Ela brilha na vida dos filhos de Deus. De Seu povo, diz Cristo: "Vós sois a luz do mundo" (Mat. 5:14). O anjo Gabriel afirmou que “aqueles que são sábios reluzirão como o brilho do céu, e aqueles que conduzem muitos à justiça serão como as estrelas, para todo o sempre” (Dn 12:3). Portanto, todo cristão é uma luz que ajuda outros a encontrarem a salvação em Jesus. “Todo o que recebeu divina iluminação, deve lançar luz sobre o caminho dos que não conhecem a Luz da vida” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 152).Todo cristão é um missionário para falar a outros a respeito do amor de Deus e de Seu perdão em Jesus.

Um antigo hino do Hinário Adventista, n° 46, diz que essa estrela brilhando inda está:



ESTRELA DE LUZ

1. Estrela de luz um dia brilhou,
    Com raro fulgor, e os magos guiou
    Ao pobre curral da humilde Belém,
    Ao meigo Jesus, a fonte do bem.

Coro:
    Brilhando inda está, brilhando inda está,
    A estrela de luz, de raro fulgor
    Brilhando inda está, brilhando inda está,
    A estrela a indicar o Deus Salvador

2. Já por Balaão, da estrela porvir,
    Ouviram falar, em terra oriental;
    E logo que a veem, a estão a seguir,
    E vão encontrar Jesus, afinal.

3. A fim de encontrar e ter salvação,
    Havemos também de a estrela seguir;
    E achando a Jesus, felizes, então,
    Do amor e da paz iremos fruir.

Cara amigo leitor, experimentando essa realidade em nossa vida, estaremos vivendo o verdadeiro espírito do Natal, hoje e todos os dias.






sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

O ECUMENISMO E A MÚSICA GOSPEL

Prof. Sikberto Marks

Em 1885, Ellen White predisse: “Quando o protestantismo estender os braços através do abismo, a fim de dar uma das mãos ao poder romano e a outra, ao espiritismo; quando, por influência dessa tríplice aliança, os Estados Unidos forem induzidos a repudiar todos os princípios de sua Constituição, que fizeram deles um governo protestante e republicano, e adotar medidas para a propagação dos erros e falsidades do papado, podemos saber que é chegado o tempo das operações maravilhosas de Satanás e que o fim está próximo” (Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 451).

Isso foi escrito num tempo em que tal unidade era inconcebível. Nenhum analista político e eclesiástico arriscaria supor tal tendência. Mas a profecia foi dada e os adventistas creram nela, e pregaram. Hoje é uma realidade em plena consolidação.

Aproveitamos para ressaltar uma das estratégias para a união das igrejas: cooperar no que já é comum entre as igrejas, isto é dito como “o que nos une” e dialogar, sem pressa, no que há divergência isto é dito “o que nos separa”. Essa é uma estratégia que deixa em situação muito difícil aquelas igrejas que decidem não participar do ecumenismo e do diálogo inter-religioso. São vistas como não querendo cooperar para a solução dos grandes problemas do planeta. O ecumenismo é o movimento para unir todos os cristãos, e o diálogo inter-religioso para unir todas as demais religiões com os cristãos. O objetivo amplamente divulgado desses dois movimentos é salvar o planeta de seus grandes problemas, sociais, políticos, econômicos e naturais. Ou se faz isso, ou o planeta não tem futuro. Mas não se diz que no fundo, o objetivo mesmo é criar condições para que só satanás, o dragão, seja adorado, e que se inviabilize a adoração a DEUS. Enquanto babilônia tenta unir os cacos resultantes da confusão de línguas mediante cooperação no que é comum, o povo de DEUS propõe ao mundo a solução bíblica da entrega a CRISTO diante da iminente segunda vinda Sua para salvar a todos quantos O aceitarem.

A estratégia ecumênica coloca no centro da solução do problema a santificação do domingo. Esse dia será então para unir a todas as famílias num único lugar, a missa e a eucaristia. Assim todas as famílias do mundo receberão uma instrução para se tornarem cidadãos de bem, via os ensinamentos dos religiosos.

Agora veja bem, há sempre muito mais pontos em comum do que divergentes. Por exemplo, somos contra as drogas, contra a violência, contra a criminalidade, contra a bebida alcoólica, etc. Somos a favor dos cuidados preventivos da saúde, de uma vida cheia de felicidade, de princípios saudáveis de convivência, da honestidade, do amor ao próximo, e muito mais. Ora, tais coisas as outras igrejas também possuem. Então a grande pergunta que o ecumenismo e o diálogo inter-religioso fazem é: por quê não nos unirmos com as demais igrejas, formar logo uma grande e ampla frente comum em busca da melhoria das condições de vida no planeta? E aqueles pontos de divergência discutimos sem pressa, ao longo do tempo.

Que pontos seriam esses, no nosso caso? Os Dez Mandamentos da Bíblia e não do catecismo, a santificação do sábado e não do domingo, a mortalidade da alma como um ser completo, por causa do pecado, e mais algumas coisas, não são muitas. As igrejas protestantes, evangélicas, pentecostais, etc., com algumas exceções, estão apoiando essa estratégia e inclusive patrocinando a elaboração de um código de ética entre as igrejas mediante o qual se regulamentará a pregação do evangelho, ou seja, a única igreja que poderá fazê-lo será a católica, que alega ter toda a verdade. Portanto, ela sim, pode pregar, as outras não, pois essas pregando, geram violência. E da violência é que o ecumenismo quer livrar o mundo.

Isso que relatamos acima, já são fatos. Não são especulações. Isso se notícia nos jornais. E quase não pregamos sobre esses fatos, não é mesmo? Poucos de nós estamos atentos às profecias para saber o que se passa ao nosso redor. Porém, está tudo previsto, e hoje se torna realidade. Profetas e profecias não são muito bem vistos, exceto se forem falsas.

E há ainda outro ponto em comum, esse realmente muito sutil. É a música gospel, que se tornou a música do ecumenismo e do diálogo inter-religioso. Muita atenção: é um ponto em comum entre os protestantes, entre os pagãos e entre os mundanos. É um ponto comum entre todas as tendências religiosas, está em todas elas, e está também no mundo. É uma música que toca tanto nas igrejas quanto nas reuniões de dança, está em todos os lugares, torna o planeta um lugar comum para um plano poderoso de afastar seus habitantes de DEUS.

É o ponto comum do mundo todo. O ritmo dessa música é utilizado tanto por cantores religiosos como por grupos de rock, e todos os demais tipos e tendências de ritmos musicais. Pega-se um ritmo qualquer, dá-se a ele uma letra religiosa e pronto, já é gospel, isto é, evangélica. Veio para facilitar a unificação das igrejas, e facilitar a entrada até de ateus nas igrejas, pois lhes satisfaz o gosto, e não leva a CRISTO. Ela está em todos os lugares, é comum a todos os lugares e torna todos os lugares igualmente atraentes à mente humana. Ela une o mundo em uma única tendência de adoração, e essa adoração, pode crer, não é a DEUS.

É o ponto estratégico comum mais poderoso, pois ele afeta não a razão, mas sim, os sentimentos, o gosto e as reações e paixões físicas do corpo. Essa música tem por função preparar membros de todas as igrejas para que, habituando-se a ela, tornem-se suscetíveis a entrar em outras igrejas que não seja a sua, e ali adorar, não a DEUS, mas ao senhor dessa música ecumênica, e facilmente afastar-se do verdadeiro DEUS. É uma forma de massificar a cultura ecumênica pela paz e segurança, tornando o mundo e o mundanismo como parecendo algo sagrado. É o ponto em comum mais poderoso da estratégia do ecumenismo, pois exerce sua influência sobre os sentimentos e o gosto das pessoas.

O grande conflito iniciou no Céu por meio de um músico. E ele conseguiu enganar um em cada três anjos. A batalha final terminará com muitos músicos exercendo impressionante poder sobre as mentes de todas as pessoas do mundo. Muitos deles se tornarão os piores inimigos da verdadeira adoração quando chegarem os dias de decidir que sinal receber, se a marca do domingo, se o selo do sábado.

Preste atenção daqui por diante: satanás está trabalhando para tornar impossível, sem fé, suportar a pressão da não participação nos pontos comuns para unir o mundo sob seu comando. Fará a todos pensarem que é para resolver os grandes problemas do planeta, mas no secamento do rio Eufrates descobrirão o engano, perceberão que adoraram o demônio.

Assim, ele tentará impedir a proclamação da mensagem final sobre todas as nações, tribos e línguas do planeta, e tentará inviabilizar a segunda vida de CRISTO. Mas a sacudidura, e é só ela que poderá resolver o problema da música gospel ecumênica em nosso meio, reverterá a tendência, e preparará a igreja de CRISTO para o grande e poderoso alto clamor. Isso é um fato iminente, está bem próximo.

Esse comentário... foi o mais difícil de ser escrito. De todos até agora escritos, esse foi o mais realista, e que necessitou de muita coragem. A realidade desses dias requer que isso seja dito de forma clara e direta. Os fatos se sucedem e o tempo é curto, não dá mais para simplesmente fazer de conta que não é problema meu, ou coisa assim. A sacudidura está se acentuando, e pessoas estão sendo colocadas em situações para que tomem a decisão de sua vida para a eternidade, sempre mortos, ou sempre vivos. Quero agradecer pelos e-mails que todos os dias recebo, eles dão coragem para escrever o que nos tempos passados deixava por isso mesmo.




sábado, 9 de dezembro de 2017

DEUS ORDENOU A MORTE DE PESSOAS INOCENTES?

O livro de 2 Samuel 21 traz uma história muito estranha.  Os israelitas fizeram uma aliança com os gibeonitas quatro séculos antes da época de Davi de poupá-los. Não creio que Saul tenha se esquecido dessa aliança. Com toda probabilidade ele deve ter se convencido de que ela tão “antiga” que já não estava mais em vigor. Como ele estava enganado! Ele matou vários gibeonitas. Sua atitude em relação aos gibeonitas provocou a fome em Israel tempos depois da sua morte. Sobrou para Davi lidar com o problema criado por ele e endireitar as coisas. 

“O rei então mandou chamar os gibeonitas e falou com eles. (Os gibeonitas não eram de origem israelita, mas remanescentes dos amorreus. Os israelitas tinham feito com eles um acordo sob juramento; mas Saul, em seu zelo por Israel e Judá, havia tentado exterminá-los). Davi perguntou aos gibeonitas: "Que posso fazer por vocês? Como posso reparar o que foi feito, para que abençoem a herança do Senhor? " Os gibeonitas responderam: "Não exigimos de Saul ou de sua família prata ou ouro, nem queremos matar ninguém em Israel". Davi perguntou: "O que querem que eu faça por vocês? ", e eles responderam: "Quanto ao homem que quase nos exterminou e que pretendia destruir-nos, para que não tivéssemos lugar em Israel, que sete descendentes dele sejam executados perante o Senhor, em Gibeá de Saul, no monte do Senhor". "Eu os entregarei a vocês", disse o rei. O rei poupou Mefibosete, filho de Jônatas e neto de Saul, por causa do juramento feito perante o Senhor entre Davi e Jônatas, filho de Saul. Mas o rei mandou buscar Armoni e Mefibosete, dois filhos de Rispa, filha de Aiá, que ela teve com Saul, e os cinco filhos de Merabe, filha de Saul, que ela teve com Adriel, filho de Barzilai, de Meolá. Ele os entregou aos gibeonitas, que os executaram no monte, perante o Senhor. Os sete foram mortos ao mesmo tempo, nos primeiros dias da colheita de cevada” (2 Samuel 21:2-9, NVI).

Depois desse episódio, diz a Bíblia que “Deus se tornou favorável para com a terra” (v. 14). Para os ocidentais de mente pós-moderna é muito difícil entender tal relato. Ficamos nos perguntando como e por que é necessário matar sete descendentes de Saul por um erro cometido por ele no passado? Deus autorizou a morte desses sete descendentes inocentes de Saul? Os filhos são castigados pelos erros dos seus pais? Como entender esse relato bíblico?

Transcrevemos abaixo uma resposta do Pastor Dr. Ozeas C. Moura:

“Para início de conversa, deve-se deixar claro que nem tudo o que a Bíblia relata deve ser visto como certo ou ordenado por Deus. Esse parece ser o caso da intrigante história da morte por enforcamento de sete pessoas, todas descendentes do rei Saul, nos dias do reinado de Davi.

“O que motivou a execução dessas pessoas foi a tentativa de reverter uma seca de três anos consecutivos que assolava Israel. Essa estiagem havia sido permitida por Deus porque os israelitas não haviam cumprido o acordo de paz com os gibeonitas nos dias do rei Saul (2 Sm 21:1). Vale lembrar que, nos tempos da conquista de Canaã, Josué e seus comandados haviam jurado aos moradores da cidade de Gibeão que eles não seriam mortos pelo engano praticado, mas que seriam poupados para viver na condição de servos do povo de Deus (Js 9). Poré, o rei Saul, em seu zelo nacionalista por Israel, perseguiu e procurou exterminar os gibeonitas, quebrando assim o acordo (2Sm 21:2).

“Quando ouviu a queixa dos sobreviventes gibeonitas contra o crime do rei Saul (que já havia morrido), Davi procurou fazer reparação desse dano, perguntando-lhes como poderia ser paga essa dívida (2Sm 21:2-4). Os gibeonitas pediram que familiares do rei Saul fossem enforcados (21:5, 6). Davi então entregou-lhe sete descendentes do falecido rei: dois filhos de uma concubina de saul e cinco netos, filhos de Merabe, uma das filhas de Saul (21:8). Essas sete pessoas foram enforcadas pelos gibeonitas, por causa do erro do seu antepassado, como reparação pelo dano sofrido (21:9).

“O ponto é que não há nenhum texto bíblico indicando que davi tenha consultado a Deus sobre como resolver aquela situação injusta. Visto que Deus não aprova sacrifícios humanos (Lv 20:1-5; 2Cr 28:3; 33:6) nem a morte de inocente em lugar de culpados (Ez 18:20), se Davi houvesse perguntado a Deus como agir naquela situação, com certeza Ele haveria indicado outra maneira de se fazer justiça aos gibeonitas.

“Essa história mostra que Davi contrariou orientações divinas estabelecidas e que nem o pedido dos gibeonitas nem a atitude de Davi resultaram de uma consulta a Deus. Ou seja, Ele não foi o responsável pela morte dos sete descendentes de Saul. Em vez de ter perguntado para os gibeonitas (2Sm 21:3), Davi deveria ter recorrido a Deus para saber como reparar aquele erro de Saul (Comentário Bíblico Adventista, v. 2, p. 762).

“essa história termina de maneira ainda mais surpreendente: depois que Davi sepultou os ossos dos sete enforcados, além dos de Saul e de Jônatas, “Deus De mostrou favorável para com a terra” (v. 14), mandando chuva novamente (v. 10). Então, teria Ele aprovado o pedido dos gibeonitas e a atitude de Davi? A resposta é não. Deus abençoou seu povo com chuva não por causa de um ato contrário às Suas orientações, mas em razão do interesse de Davi de fazer justiça aos gibeonitas. ‘Talvez Deus avalie um ato pela sinceridade do coração que o originou, embora condene o ato em si’ (Comentário Bíblico Adventista, v. 2, p. 764).

“A grande lição dessa estranha história é: em qualquer circunstância, deve-se perguntar a Deus, por meio do estudo da Bíblia e da oração, o que Ele deseja que façamos. Agir de modo diferente pode acarretar sofrimento, até mesmo para pessoas inocentes”


FONTE: Revista Adventista, novembro de 2017, p. 22.

domingo, 3 de dezembro de 2017

A IGREJA ADVENTISTA CENTRAL DE LAGARTO SE DESPEDE DO PASTOR DAVID NERY


Ricardo André

A Igreja Adventista do Sétimo Dia Central de Lagarto, se despediu de seu Pastor, David Nery, e de sua esposa, Anne Monteiro, no último sábado (02/12/2017). Após quase dois anos de trabalho prestado à Igreja em Lagarto, o pastor David recebeu a presença maciça de todo a liderança da igreja local, jovens, crianças e adultos. Diversas homenagens especiais foram feitas para ele e sua esposa pelos seus esforços, ao longo de toda a Programação da Escola Sabatina e do Culto Divino. Alguns dos líderes e outros membros da igreja agradeceram com tanto fervor ao casal pelo compromisso e por tamanha dedicação, que emocionaram-nos. Foi, deveras, um culto marcado pelo misto de emoções e sentimentos de alegria, tristeza e saudade adiantada.

No seu sermão de despedida, baseado em João 13:34, destacou a importância do amor uns pelos outros. Afirmou categoricamente que a Igreja Central é uma igreja que ama seu Pastor, que cura qualquer Pastor ferido que chega.

A despedida não poderia ser melhor, pois teve o que todo pastor mais gosta de fazer: "Batismo". Foram batizados os juvenis Luiz Henrique e Ane Gabrielle (filha do Ancião Patrício Darvisson).

A cada quatro anos aproximadamente muitas igrejas precisam enfrentar a realidade de ter que se despedir do seu pastor. O líder espiritual que participou de momentos marcantes das famílias e influenciou muitas vidas precisa partir para uma nova missão. No caso do Pr. David Nery, por conta de um chamado para trabalhar na cidade de São Luiz/MA, ficou apenas dois anos. Mas por que acontece essa rotatividade na IASD?

A Igreja Adventista do Sétimo Dia, em todos os níveis da organização, se preocupa com o desenvolvimento integral das congregações e entende que cada ministro tem características próprias. O objetivo das mudanças é garantir às igrejas locais os benefícios de um ponto de vista renovado, abordagens diferentes, novos métodos e soluções. No livro Testemunhos Para a Igreja, v. 6, página 334, a escritora Ellen G.White diz que “a igreja é como um jardim em que há uma variedade de flores, cada uma com suas próprias peculiaridades. Embora em muitos aspectos todas possam diferir, cada uma tem um valor particular”.

Como uma das flores do “jardim” de Deus, o Pastor David foi requisitado pelo Espírito Santo para fazer exalar “cheiro suave” de uma flor, por meio de sua obra em outro local. Temos a certeza absoluta de que ele vai se dedicar e trabalhar com a mesma energia e determinação com a qual ele trabalhou aqui na nossa igreja.

Mesmo sabendo que essa é a vontade do nosso compassivo Deus, mesmo sabendo que isso também faz parte do trabalho dele, não dá para controlar, nós já estamos com muitas saudades do nosso líder espiritual, orientador e, com mais saudade ainda, do nosso irmão, do nosso amigo, e também do amor e do carinho, com os quais ele sempre tratou todas as pessoas da nossa congregação.

Por isso, mesmo com o coração envolvido pela adiantada saudade, nós encontramos algo para nos alegrar. Sim, nós podemos nos alegrar por aqueles que futuramente conviverão com ele, que são os irmãos do Maranhão. Essas pessoas abençoadas vão ter a grande oportunidade de trabalhar ao lado de um homem trabalhador, realmente é comprometido com a obra de Deus.

Vamos em frente. A nossa existência é assim. Existe um tempo para tudo nessa vida (Ecl. 3:1). Tempo de chegar e de partir. Tempo de sorrir e de chorar e tempo de mudar e de se adaptar.

Felicidades e muita saúde a este homem de Deus. Que ele persevere sempre na obra e que Deus derrame sobre ele e sobre toda sua família muito mais do Espírito Santo dEle para que ele seja cada dia mais abençoado.