Teologia

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

HÁ ESPERANÇA ALÉM DO TÚMULO?

Ricardo André

A grande certeza da vida, desde que nascemos, é que um dia morreremos. Desde nosso primeiro instante de vida, entramos em uma contagem regressiva que marcará nossos dias de vida terrestre. A cada instante estamos mais próximos deste momento tão “misterioso” e temido por muitos. Neste exato momento, muitos estão dando seu último suspiro. Indubitavelmente, a morte é uma triste experiência pela qual a humanidade passa. As Sagradas Escrituras revelam que fomos criados para viver eternamente, mas ela entrou no mundo como consequência do pecado cometido pelo homem. É o salário do pecado (Gn 2:17; Rm 6:23) e conflita com o desejo humano de permanência. Como afirmou S. Júlio Schwantes: “A transitoriedade das glórias terrestres e a vã esperança de permanência acalentada em todo coração, constituem melancólico contraste. A inevitabilidade da morte lança um véu sombrio sobre os sonhos mais dourados” (O Despontar de uma Nova Era, p. 269).

Ellen Dias, uma jovem senhora cristã, sempre foi bastante dedicada a sua família e a sua igreja. Por sua ética cristã fora sempre respeitada pelos seus familiares, amigos e irmãos de fé. Certo dia, ela recebeu a triste notícia de que seu filho Leonardo Pimentel havia sofrido um grave acidente automobilístico e falecido. Iniciava-se longo período de tristeza e dor para aquela mãe! 28 dias após o falecimento do seu filho, seu marido sofre um infarto fulminante, causando-lhe a morte, aumentando ainda mais a sua dor e frustração.

Pela primeira vez, ela enfrentava muita dor, tristeza e vazio causadas pela morte de dois entes que lhe eram tão queridos. Provavelmente, ela não estava pronta (como a maioria de nós) para ver arrancado de sua vida duas pessoas que amava. Na cerimônia fúnebre de ambos, algumas perguntas vieram-lhe à mente: Por que meu filho e meu marido morreram? Por que temos de morrer? Quando isso terá fim? Enquanto isso, o oficiante procurava confortar os enlutados com a esperança da manhã da ressurreição.

A história de Ellen reflete o drama de milhões de seres humanos. Paulo diz: “Irmãos, não queremos, que vocês sejam ignorantes quanto aos que dormem, para que não se entristeçam como os outros, que não têm esperança” (1Ts 4:13, NVI).

Desde o dia em que nossos primeiros pais ouviram a sentença: “até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás” (Gn 3:19), a humanidade tem convivido com esse drama cuja contagem regressiva começa no instante em que o ser humano nasce. O apóstolo Paulo afirmou: “Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5:12).

Ellen G. White comenta: “Daquele tempo em diante, o gênero humano seria afligido pelas tentações de Satanás. Uma vida de contínua labuta e ansiedade foi designada a Adão, em lugar do alegre e feliz labor que tivera até então. Estariam sujeitos ao desapontamento, pesares, dor, e finalmente à morte. Foram feitos do pó da terra, e ao pó deviam voltar” (História da Redenção, p. 40).

O que é a Morte?

Se foi Deus Quem criou o ser humano, ninguém melhor do que Ele para nos explicar o mistério da morte. Voltemos nossos olhos à Bíblia e deixemos que ela projete luz sobre o assunto. Para entendermos o ensino bíblico concernente à morte, seria de grande utilidade examinarmos primeiramente o relato da criação. Vejamos o que dizem as Escrituras.

“Formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gn 2:7). Nesse verso, a expressão hebraica empregada para alma vivente é nephesh hayyâh, que também é aplicada aos demais seres viventes (Gn 1:20, 24; 2:19; 9:10, 12, 15).

Nephesh provém da raiz naphash, verbo que ocorre apenas três vezes no Antigo Testamento (Êxodo 23:12; 31:12; 2Sm 16:14)., todas as vezes significando “reviver” ou “refrigerar-se”. O verbo parece remontar ao sentido básico de respirar. (...) O relato declara que, quando Deus deu vida ao corpo que formara, o homem literalmente ‘passou a ser alma vivente’. A “alma” não existia previamente, mas veio à existência ao ser criado Adão. Vem à existência uma nova alma toda vez que nasce uma criança. Cada nascimento representa nova unidade de vida, singularmente diversa e separada de unidades similares. (...) Essa ideia básica de ser “alma” o indivíduo, e não uma parte constituinte do indivíduo, parece ser a base das várias ocorrências de nephesh. É, portanto, mais exato dizer que determinada pessoa é uma alma do que dizer que ela tem uma alma. É o que está claramente expresso em Gênesis 2:7: ‘O homem passou a ser alma vivente’” (Questões sobre Doutrinas, p. 352, 353). Basicamente, nephesh significa um ser vivente.

Em se tratando do homem, o termo se aplica a toda a sua personalidade, com suas características e atribuições (Lv 17:10; 20:6; 22:6; 23:29; 24:17; Ez 18:4).  “A palavra hebraica traduzida por “alma” significa vida ou pessoa, não uma entidade eterna separada. Nas Escrituras, as pessoas não têm almas, elas são almas/seres/pessoas” (Bíblia de Estudos Andrews, p. 8). Quando Deus disse: “no dia em dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2:17), Ele falou para o homem como um todo, e não para duas entidades separadas.

A partir de então, a concepção bíblica de homem corresponde a uma unidade indivisível. A isso chamamos de concepção holística do homem. Ela aponta para um ser ou alma que respira e que, portanto, tem vida. Assim, não há meio termo: ou o indivíduo está vivo ou está morto. Samuele Bacchiocchi afirma: “O ponto de vista holístico da natureza humana tornou possível aos autores bíblicos ver o corpo e a alma como expressões do mesmo organismo” (Imortalidade ou Ressurreição?, p. 74).

Na criação, o homem se tornou alma ou ser vivente no momento em que Deus lhe soprou nas narinas o fôlego de vida. Quando a Bíblia descreve a morte, ela o faz mencionando o processo inverso, ou seja, o fôlego de vida se ausenta do corpo (Gn 3:19; Jó 34:14, 15; Sl 104:29; 146:4; Ec 12:7). Antes de receber o fôlego de vida, Adão era apenas um corpo inerte, destituído de significado. O corpo dele, inconsciente, já pressupõe o estado do homem na morte. Sem o fôlego de vida, o homem simplesmente inexiste.

Ao romper-se a harmoniosa ligação entre o corpo e o espírito, os pensamentos cessam e o indivíduo entra num estado de inconsciência. Bastante esclarecedoras são as palavras de Salomão a esse respeito: "Para o que está entre os vivos há esperança; porque mais vale um cão vivo do que um leão morto. Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tão pouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol." "Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma." Eclesiastes 9:4-6 e 10. Relevantes também se mostram as palavras do Salmo 146:4: "Sai-lhes o espírito e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia perecem todos os seus desígnios".

“A Bíblia é coerente em sua discussão sobre a vida e a morte. Se a vida surgiu quando Deus formou os seres humanos dos elementos da terra e infundiu vida neles, a morte é descrita como o exato oposto (Ec 12:7). A morte acaba com a associação entre o fôlego de Deus e os elementos da terra, e a pessoa, ou ser vivo, deixa de existir (Sobre a natureza da MORTE, ver Sl 115:17; 146:4; Dn 12:2; Jo 11:11-14; ITs 4:13,14)” (Bíblia de Estudos Andrews, p. 8). Portanto, quando uma pessoa morre não vai imediatamente para o Céu a fim de estar com Deus, ou para o inferno, no caso dos ímpios, ou para qualquer outra dimensão espiritual, tampouco passa por processos de reencarnações, mas vai para a sepultura. E lá fica dormindo e "não despertará" até o fim do mundo. Falando figuradamente da morte de Lázaro, Jesus declarou: "Nosso amigo adormeceu, mas vou para despertá-lo" (João 11:11). Quando Jesus percebeu que não tinha sido compreendido, disse-lhes claramente "Lázaro morreu" (João 11:14). A seguir, Jesus apressou-se a reassegurar a Marta: "Teu irmão há de ressurgir" (João 11:23).

Este episódio é significativo, primeiro de tudo porque Jesus claramente descreve a morte como um "sono" do qual os mortos despertarão ao som de Sua voz. A condição de Lázaro na morte foi semelhante a um sono do qual alguém desperta.

Cristo disse: "Vou despertá-lo do sono" (João 11:11). O Senhor levou a efeito Sua promessa indo até a sepultura para despertar a Lázaro chamando: "Lázaro, vem para fora. Saiu aquele que estivera morto tendo os pés e as mãos ligados com ataduras e o rosto envolto num lençol" (João 11:43-44). Diz o profeta Daniel (12:2): "Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eternos". Note-se que nesta passagem tanto os ímpios quanto os santos estão no pó da terra e ambos os grupos serão ressuscitados no final (Jo 5:28, 29).

Na morte o corpo, feito do pó, se desfaz e retorna à terra: "Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; porquanto és pó, e ao pó tornarás." Gênesis 3:19. O espírito, que nada mais é senão o sopro vital, volta para Deus; "E o pó volte para a terra como o era, e o espírito volte a Deus que o deu." Eclesiastes 12:7. Nesse momento a alma morre. Como diz Ezequiel 18:4 e 20: "A alma que pecar, essa morrerá." Portanto, embora muitos digam o contrário, biblicamente é inegável: a alma é mortal.

Origem histórica da crença na Imortalidade da alma

Da perspectiva histórica, os fundamentos da doutrina da imortalidade da alma foram lançados e, mediante a astúcia de Satanás, no Éden. Em Gênesis 3:4 e 5, lemos: “Disse a serpente à mulher: Certamente não morrerão. Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês, como Deus, serão conhecedores do bem e do mal” (NVI). Ellen G. White comenta: “O tentador insinuou que a advertência divina não devia ser efetivamente cumprida; destinava-se simplesmente a intimidá-los. Como seria possível morrerem eles? Não haviam comido da árvore da vida?” (Patriarcas e Profetas, p. 54).

No antigo Egito, a vida religiosa permeava diversos conceitos éticos, mas a maior parte de sua literatura era voltada principalmente para a vida após a morte. Práticas funerárias e monumentos dedicados aos mortos são evidências da crença e preocupação dos egípcios com a vida após a morte. (Ver Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p. 376.)

Os gregos também desenvolveram sua concepção a respeito da vida e da morte. No 5º século a.C., quando a filosofia estava florescendo, o tema da imortalidade da alma já era de expressão pública, por meio de Sócrates (470-399 a.C.) e de Platão (428-347 a.C.), principalmente no Fédon, obra filosófica escrita por Platão, na qual se relatam os últimos ensinamentos de Sócrates, antes de ele tomar cicuta por ter sido condenado à morte pelo Estado. Sócrates chegou a dizer que, por ocasião da morte, a alma é liberta do corpo impuro para viver de maneira independente, desobstruída” (ver Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p. 378). De fato, como escreveu Maria Lúcia A. Aranha, “a dicotomia corpo-consciência já aparece no pensamento grego no século 5 a.C., com Platão. Esse filósofo parte do pressuposto de que a alma, antes de se encarnar, teria vivido a contemplação do mundo das ideias” (Filosofando, Introdução à Filosofia, p. 311).

 As ideias greco-filosóficas influenciam o cristianismo

Em Éfeso, Paulo advertiu a igreja com relação às heresias que certamente haveriam de conspirar contra a fé cristã (At 20:29, 30; Cl 2:8). Filosofias e conceitos equivocados permearam o Cristianismo já nos seus primórdios.

Alguns teólogos conhecidos como pais da igreja buscaram na filosofia grega conceitos que passaram a exercer significativa influência na teologia cristã. Por exemplo: com base nesses mesmos conceitos filosóficos, Orígenes (c. 200 d.C.), Agostinho, conhecido como o bispo de Hipona (354-430 d.C.), Tertuliano (160-240 d.C.) e outros contribuíram acentuadamente para a formação do que posteriormente se tornou conhecido como a doutrina do purgatório. O Dr. Siegfried Júlio Schwantes afirma: “A noção popular e indefinida da imortalidade da alma foi guindada por Platão, em seus Diálogos, ao nível de uma verdade eterna. Dos ensinos neoplatônicos de Plotino, essa noção se infiltrou na teologia cristã medieval e ainda colore o pensamento de muitos” (O Despontar de uma Nova Era, p. 250).

A culminação desse processo ocorre com Tomás de Aquino (1225-1274 d.C.), teólogo, filósofo e monge dominicano. Ele advogava a ideia de que a filosofia e a religião andavam juntas. “Para Tomás de Aquino, a continuidade da existência da alma após a morte era uma necessidade por causa da justiça na experiência humana, justiça que consiste em recompensa ou punição – o destino inevitável de cada alma incorpórea (Suma Teológica, 3 Suppl. 75. 1, 2). O componente que ainda restava ser desenvolvido para compor o quadro medieval da morte estava relacionado com a purificação da alma pela penitência. Desse modo, a Igreja Católica Romana impôs sobre os pecadores contritos uma obrigação ou penitência para purificá-los na preparação para receber a derradeira recompensa de Deus na ressurreição. As obras de penitências inacabadas nesta vida seriam concluídas depois da morte: “O castigo do purgatório tem a intenção de complementar a satisfação [da justiça divina] que não foi inteiramente concluída no corpo” (Tratado de Teologia Adventista do Sétimo Dia, p. 380, 381). Citando E. Petavel em O Problema da Imortalidade, Ellen G. White acrescenta: “A teoria da imortalidade da alma foi uma das falsidades que Roma tomou emprestada do paganismo, incorporando-a à religião da cristandade. Martinho Lutero classificou-a entre as ‘monstruosas fábulas que fazem parte do monturo romano dos decretos’” (O Grande Conflito, p. 549).

A esperança adventista

Os adventistas do sétimo dia, creem que o estado do homem na morte é de plena inconsciência (Ec 9:5). A morte é comparada ao sono (Jo 11:11-14).

O homem não mais retorna à sua casa para contato com familiares (Jó 7:9, 10). Contudo, o fato de que na morte a alma deixa de existir e cessa a consciência, não significa que não há esperança para os que morrem. As Sagradas Escrituras falam da esperança da ressurreição. A ressurreição de Cristo é o penhor da ressurreição dos justos de todos os tempos e lugares (1Ts 4:14, 16). O próprio Jesus prometeu: "Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a Sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo." João 5:28 e 29. Na ressurreição, o corpo é reconstituído pelo poder de Deus e revitalizado pelo Seu sopro. Corpo (pó) e espírito (fôlego) novamente se unem e a vida consciente ressurge. A alma ressuscita. Os pensamentos recomeçam do ponto em que foram interrompidos por ocasião da morte. Para o indivíduo, a sensação será de que sua passagem pela sepultura não demorou mais do que um piscar de olhos, mesmo que lá tenha estado por séculos!

Quando se dará esse tão maravilhoso acontecimento? Por ocasião do regresso de Jesus, pois assim se expressou o apóstolo inspirado: "Porquanto o Senhor mesmo, dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor." I Tessalonicenses 4:16 e 17. (Ver também 2Tm 4:7, 8; Ap 22:12). Quando Jesus voltar, todo aquele que aceitou o maravilhoso plano da salvação e procurou harmonizar sua vida com a vontade divina, segundo a melhor luz que possuía, será trasladado para as mansões celestiais. Os mortos ressuscitarão e nós reencontraremos nossos entes queridos que partiram e poderemos tê-los em nossa companhia por todo o sempre. É por ocasião da volta de Jesus que os salvos de todos os tempos receberão a tão almejada imortalidade (I Co 15:22, 23; 51-54). Todos eles ressuscitarão em corpos glorificados. Não vão ficar doentes, não vão envelhecer nem ter problemas de saúde. Os salvos serão glorificados física e espiritualmente. Terão vida eterna. Até lá dormem em um descanso pacífico.

Ao longo do tempo, o luto tem alcançado milhares dos filhos de Deus neste mundo. Familiares veem seus queridos descerem à sepultura. Para os filhos de Deus açoitados pela dor do luto, um novo amanhecer irá despontar. Estamos nos aproximando do grande dia em que os fiéis serão revestidos da imortalidade (1Co 15:52-54).

“Que manhã gloriosa será a da ressurreição! Que cena maravilhosa se abrirá quando Cristo vier, para Se fazer admirado em todos os que creem! Todos os que passaram pela humilhação e pelos sofrimentos de Cristo serão participantes de Sua glória. Pela ressurreição de Cristo, todo santo crente que adormece em Jesus sairá, triunfante, de seu cárcere. Os santos ressurgidos proclamarão: ‘Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?’ (1Co 15:55, RC). […] Jesus Cristo triunfou sobre a morte e rompeu os grilhões do túmulo, e todos os que no túmulo dormem participarão da vitória; sairão das sepulturas, como fez o Vencedor” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 271, 272).

Naquele dia, Ellen Dias e seu querido filho e esposo se reecontrarão. Como disse Paulo: “Consolem-se uns aos outros com essas palavras” (1Ts 4:18, NVI). Poderemos também abraçar familiares e amigos que nós pensávamos nunca mais rever. Essa é a maravilhosa esperança da ressurreição. Nossa esperança não se baseia numa vida logo após a morte, nem em processos de reencarnação, mas na ressurreição dos mortos.

Caro amigo leitor, não quer você se preparar para aquele inesquecível e glorioso dia? Você pode hoje mesmo tomar a sua decisão por Jesus. Que Deus o abençoe e que nos conceda a graça de estarmos juntos, em breve, nas mansões eternas! Amém!














quinta-feira, 18 de agosto de 2016

SERÁ QUE DEUS DESTRÓI?



Por William McCall

Foram os terremotos recentes no Haiti e Chile juízos de Deus? E o tsunami no Oceano Índico em 2004? E o furacão Katrina em 2005? Parece que toda vez que ocorre uma catástrofe de grandes proporções, algum perito religioso dá a Deus o crédito da culpa.

Deus é rápido para infligir desastres? Ele não se importa quando pessoas inocentes sofrem? Deus é um terrorista que atinge tanto as pessoas boas quanto as pessoas más, sem aviso?

Este tipo de opinar, depois do fato, aparece como autojustificativa, e pinta Deus como um tirano. Isso leva muitas pessoas a rejeitarem o Deus da Bíblia, tendo-o como injusto, vingativo, e pronto para destruir a vida humana em qualquer momento. É fácil, basta ler a Bíblia, para ficar com a ideia de que Deus está constantemente infligindo desastre sobre os seres humanos. Mas é importante ter em mente que o Antigo Testamento abrange milhares de anos, assim os juízos sobre os ímpios são raros. No entanto, existem histórias na Bíblia sobre Deus infligindo desastres naturais na Terra, por isso é importante que nós examinemos algumas dessas lições para ver o que elas podem nos ensinar, enquanto contemplamos as catástrofes que atingem o nosso planeta hoje.

O Dilúvio de Noé

O primeiro registro bíblico de um julgamento de Deus é a história do Dilúvio. E a primeira pergunta que surge em nossa mente é: Por que um Deus amoroso destruiu toda uma população global de seres humanos a quem ele mesmo havia criado? A Bíblia dá a resposta. Descrevendo o mundo antes do dilúvio, ele diz: “A terra estava corrompida à vista de Deus e cheia de violência. Viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque todo ser vivente havia corrompido o seu caminho na terra. Então, disse Deus a Noé: Resolvi dar cabo de toda carne, porque a terra está cheia da violência dos homens; eis que os farei perecer juntamente com a terra” (Gênesis 6:11-13). Em nosso mundo moderno, nós encarceramos as pessoas violentas como uma proteção para a sociedade. Mas o que acontece quando toda a ordem social torna-se violenta? Esse aparentemente foi o caso antes do Dilúvio. Quando Deus olhou para baixo na terra, Ele viu que os seres humanos tornaram-se tão perversos que Ele se arrependeu mesmo de tê-los criado! E a solução era destruir o mundo.

Mas primeiro ele mandou o seu servo Noé construir um grande barco, chamado de “arca”, em que qualquer pessoa que desejasse poderia ser salva. Então, Ele deu a Noé 120 anos para dizer ao povo o que estava por vir. Infelizmente, no final, apenas Noé e sua família escolheram entrar na arca.

Desta história podemos aprender duas lições importantes sobre as catástrofes naturais que Deus provoca. Primeiro, ele adverte as pessoas sobre o desastre à frente do tempo, com antecedência e, segundo, ele fornece uma maneira de escapar.

Sodoma e Gomorra

Nós vemos estas mesmas lições da história em Sodoma e Gomorra, duas cidades muito ímpias no tempo de Abraão. De acordo com a história da Bíblia, Deus enviou dois anjos a Sodoma para avisar as pessoas do seu plano de destruir a cidade, mas em vez de aceitarem o aviso, os cidadãos tentaram atacar os anjos. Ló os protegeu, e eles passaram a noite com ele e sua família. Na manhã seguinte, eles apressaram Ló e sua família para fora da cidade antes que ela fosse destruída. Novamente, vemos que Deus deu um aviso e forneceu uma maneira de escapar, mas as pessoas se recusaram a aceitá-la. Devido à relação de Ló e Abraão, os anjos levarem ele e sua família para fora da cidade, quase contra a vontade deles.

Há uma outra lição da história de Sodoma e Gomorra. Vou começar por dar-lhe um teste simples de seu conhecimento da Bíblia. Verdadeiro ou falso: Abraão orou para a destruição de Sodoma. A resposta, evidentemente, é falso. Abraão orou para que Deus poupasse Sodoma. A Bíblia diz que Abraão, se aproximou de Deus e disse: “Destruirás o justo com o ímpio? Se houver, porventura, cinquenta justos na cidade, destruirás ainda assim e não pouparás o lugar por amor dos cinquenta justos que nela se encontram? Longe de ti o fazeres tal coisa, matares o justo com o ímpio, como se o justo fosse igual ao ímpio; longe de ti. Não fará justiça o Juiz de toda a terra? Então, disse o SENHOR: Se eu achar em Sodoma cinquenta justos dentro da cidade, pouparei a cidade toda por amor deles” (Gênesis 18:23-26).

A partir disso aprendemos que  havendo algumas pessoas boas em uma população, uma população inteira pode ser poupada da destruição.

A história de Jó

Os dois primeiros capítulos na história bíblica de Jó nos ajuda a compreender algo mais sobre a relação de Deus para com o desastre, embora neste caso o desastre foi a um único indivíduo e sua família. A história começa com uma conversa entre Deus e Satanás. Deus considera Jó como um dos seus servos mais fiéis, mas Satanás desafia-o sobre isso. Claro, Jó lhe serve! Satanás diz com vigor. Veja como Você o abençoou! Ele tem 7.000 ovelhas, 3.000 camelos, 1.000 bois e 500 jumentos! Jó é um homem rico! Em seguida, vem o desafio de Satanás, Tire tudo o que possui, e Jó vai te amaldiçoar na tua face.

Então, Deus diz a Satanás, Vá em frente. Leve tudo para longe dele. Só não toque o seu corpo.

Em 24 horas, a riqueza de Jó foi exterminada. Porém, através de toda esta perda da riqueza, Jó manteve sua fidelidade a Deus.

Então, Satanás volta para Deus e diz: OK, Jó foi fiel a você mesmo perdendo toda a sua riqueza, mas deixe-me tocar em seu corpo, e ele te amaldiçoará na tua face!

Então, Deus disse: Vá em frente. Prejudique-o fisicamente. Apenas poupe sua vida.

Logo Jó irrompe com furúnculos por todo o corpo. A dor é tão insuportável que a esposa diz: “Por que você não amaldiçoa a Deus e morre?” Durante a maior parte do resto do livro, quatro amigos de Jó (se é que podemos chamá-los assim) continuam insistindo que o seu sofrimento é uma punição de Deus por seus pecados. Mas Jó mantém a sua fidelidade a Deus.

Para o nosso propósito neste artigo, o ponto da história é que o sofrimento de Jó foi causado por Satanás, e não por Deus. Este é um ponto extremamente importante para observarmos como nós consideramos as causas das catástrofes naturais que atingem o nosso planeta.

A História de Jonas

Jonas dá-nos a história de um julgamento de Deus que não aconteceu. Esta história revela mais sobre o coração de Deus do que todas as outras histórias sobre os seus juízos, na Bíblia. Jonas é um profeta israelita, e Deus lhe diz para ir a Nínive e avisar os seus habitantes que a cidade seria destruída em 40 dias. Nínive era a capital da antiga nação assíria e uma cidade muito ímpia. Os assírios eram um povo cruel, que foram responsáveis pela captura, deportação e escravização das tribos do norte de Israel.
Jonas teve medo de ir a Nínive e realmente tomou um barco no Mediterrâneo na direção oposta! Você sem dúvida sabe o resto da história: Deus faz com que uma grande tempestade apareça, os marinheiros jogam Jonas no mar, ele é engolido por um peixe grande (a Bíblia não o chama de baleia), e o peixe o cospe para fora em terra seca. Novamente, Deus manda Jonas para advertir o povo de Nínive que sua cidade estava prestes a ser destruída, e desta vez Jonas coopera. E o povo responde. Eles se arrependem, e a cidade é poupada.

Jonas ficou zangado com Deus quando a cidade não foi destruída, mas Deus disse, “Nínive tem mais de cento e vinte mil pessoas que não sabem nem distinguir a mão direita da esquerda, além de muitos rebanhos. Não deveria eu ter pena dessa grande cidade?” (Jonas 4:11). Aparentemente, Deus não somente teve compaixão do povo, mas do seu gado também!

Contrariamente à percepção de algumas pessoas do Deus do Antigo Testamento, Ezequiel cita Deus dizendo: “Tão certo como eu vivo. . . Não tenho prazer na morte do ímpio, mas sim que se converta dos seus caminhos, e viva'” (Ezequiel 33:11).

O que nós aprendemos

Aprendemos várias lições dessas histórias bíblicas sobre catástrofes naturais. Em primeiro lugar, a partir da história de Jó, nós aprendemos que Satanás e não Deus é muitas vezes a causa das catástrofes. No entanto, quando os seres humanos chegam a um certo ponto em seus maus caminhos, Deus pode resolver o problema, provocando um desastre natural que destrói. Mas, se o desastre é verdadeiramente de Deus, Ele vai avisar o povo antes do tempo. Se se arrependerem e mudarem seus maus caminhos, Ele pode mudar seu propósito e se recusar a trazer o desastre. Se o povo como um todo não se arrepender, ele irá fornecer uma maneira para que aqueles que são leais a ele escapem.

Mas talvez a lição mais importante que podemos aprender com essas histórias da Bíblia é que não é de nossa alçada fazer juízos de valor sobre as vítimas de um desastre. Eles têm bastante sofrimento para lidar logo em seguida. Eles não precisam de nós culpando-os pelo desastre. Como cristãos, ao invés de condená-los, devemos fazer tudo que pudermos para ajudá-los.

A Bíblia adverte que nos últimos dias, o mal na história da Terra vai se tornar novamente desenfreado. O pior terremoto de todos os tempos – um terremoto que irá abalar todo o planeta – situa-se bem diante de nós. Este terremoto será tão terrível que as montanhas do mundo irão achatar-se e as ilhas do mar irão desaparecer (Apocalipse 6:14; 16:18-20). No entanto, Deus já está alertando o mundo desta terrível calamidade que se aproxima. Ele está chamando as pessoas em toda parte para  “adorar aquele que fez os céus e a terra, o mar e as fontes das águas” (Apocalipse 14:7).

A questão-chave, como com todos os desastres que Deus faz é como vamos reagir. Seu convite continua de pé. Qual é a sua resposta?

Artigo escrito por William McCall, para a edição de Maio/2010 da Revista Signs of The Times. Traduzido pelo Blog http://www.setimodia.wordpress.com

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

A MÚSICA QUE AGRADA A DEUS



Dr. Hélio dos Santos Pothin

A música foi instituída por Deus, no Céu, a fim de ser executada pelos seres criados como um ato de adoração ao Criador. Adorar é a expressão de amor e gratidão por quem Deus é e pelo que fez e faz por nós. Quando adoramos a Deus, estamos oferecendo todo o nosso ser a Ele. Assim, adorar é agradar a Deus e é ação contínua entre os seres celestiais (1o Seminário de Enriquecimento Espiritual: Comunhão e Santidade, D.S.A. da IASD, p. 89 e 90). Ela está centralizada unicamente em Deus e não no gosto do adorador.

A música é um meio tão intenso e importante de contato dos seres criados com seu Criador que Deus doou a Lúcifer capacidade inigualável para executar e dirigir a música celestial. Assim ficou instituída, desde o Céu, a Música Sacra, separada para um propósito santo - agradar a Deus.

Com a decisão de Lúcifer de não mais adorar a Deus e sim de ser adorado, foi destituído de suas funções e privilégios e expulso do Céu. Não perdeu porem, a capacidade musical que recebeu. Aqui em nosso planeta usa sua esplêndida capacidade para fazer também da música um ato para sua adoração e desvirtuar, assim, a adoração a Deus. Em vista disso, através da música os seres humanos podem adorar ao Criador ou a Satanás.

No decorrer deste artigo veremos as características da verdadeira adoração e da música perfeita do Céu; as mudanças que a música sofreu após a influência de Satanás e quais os efeitos que os principais elementos da música exercem em nosso corpo; como a música profana se misturou com a música sacra e com a adoração, e por fim, qual o tipo de música que agrada a Deus e que será usada para Sua adoração pela eternidade.

Adoração

A adoração é o tema do conflito entre Cristo e Satanás porque ambos desejam nossa adoração. Muitas pessoas hoje tendem a ver a adoração como uma atividade que visa trazer benefícios para elas mesmas. Elas querem tocar, sentir, receber. Contudo, o objetivo principal da adoração é render honra e tributo ao Criador, sentindo Sua presença e conectando-se à fonte da vida. Não é suficiente ir à casa de Deus, adorar a Deus e prestar-Lhe culto; é necessário que essa adoração e culto sejam oferecidos a Deus e sejam aceitos por Ele assim como a oferta de Abel, e não rejeitados como a de Caim.

Além disso, "a adoração deve ser espiritual e verdadeira. Isso quer dizer que ela precisa ser centralizada em Deus; ser mediada por Cristo; ser orientada pela Palavra de Deus; envolver todo o ser; ser voltada para o passado, o presente e o futuro e expressar exteriormente o que está no interior. Na adoração, o crente tem uma nova visão de Deus e de si mesmo. Ele reconhece sua condição de pecado, busca a graça, e então se sente perdoado, purificado e transformado. Aceita a missão de Deus para sua vida e leva a adoração para o espaço secular, vivenciando o sagrado no dia-a-dia." (Marco de Benedicto, Território Sagrado, Revista Sinais dos Tempos, Maio-Junho, 2003, pp.07-10).

"A queda do homem afetou todos os aspectos da sua vida e do seu ser, e decadência e degeneração foram o resultado natural (...) O diabo usou a ferramenta do engano, com o propósito expresso de desacreditar o Criador. No conflito entre o bem e o mal que se seguiu, o qual já estava firmemente estabelecido e que continuou através dos tempos, houve evolução deste engano básico. Para cada boa coisa provida por Deus, Satanás tem uma contrafação. Sábado pelo Domingo ou outros dias; Casamento - da monogamia para a bigamia, para a poligamia, ou casamentos em série; Adoração a uma única divindade, o verdadeiro Deus, para a idolatria." Em razão disso, "os nossos sentidos não devem ser a única base de julgamento, uma vez que o pecado é, normalmente, agradável (o inverso não é, necessariamente, verdadeiro - fazer o que é certo é desagradável.) e a determinação do que é certo ou errado não está baseada em um voto da maioria" (Vernon E. Andrews, Considerações para a Avaliação da Música na Igreja: Uma Abordagem Bíblica, agosto, 1988).

Na Bíblia o apóstolo relata que verdadeiros adoradores adorarão a Deus em espírito e em verdade, porque são estes que o Pai procura para seus adoradores (João 4: 23). Paulo diz para orar e cantar com o espírito e com a mente(I Coríntios 14:15).A profetiza do Senhor também esclarece a cantar com espírito e entendimento (Ellen G. White. Mensagens Escolhidas, C. P. B. Tatuí, SP, 2ª ed. 1986, Vol. III, p. 335). Podemos entender, assim, que a adoração deve ser um evento intelectual e emotivo e realizada de maneira a utilizar tanto o espírito = sentimento e emoções, quanto a mente = razão, raciocínio, vontade, discernimento, verdade. Além disso, as emoções devem estar sob o controle da mente (I Coríntios 14:32). A palavra de Deus explica porque a adoração deve ser desse modo (João 4: 24), pois Deus é espírito, ou seja, não possui corpo físico ou de matéria, por isso devemos oferecer uma adoração intelectual e com emoção.
Quando adoramos a Deus em espírito (emoções) e em verdade (mente), entramos numa conexão tal com Ele que experimentamos transformação pessoal. Portanto, a adoração não é algo centrado em nós, mas em Deus.

“Deus sempre deixou claros os princípios que regem a verdadeira adoração. A fim de remover toda dúvida quanto ao que lhe é aceitável, Deus poderia facilmente ter revelado Sua vontade em relação à música e à adoração num único capítulo ou livro da Bíblia, como Ele fez com os Dez Mandamentos, mas Ele escolheu não fazê-lo. Em vez disso, Ele deu princípios infalíveis em sua palavra que governam e transcendem as questões de cunho cronológico, étnico, cultural e gosto individual” (Eurydice V. Osterman, O Que Deus diz sobre a Música, Unaspress, Eng. Coelho, SP, 4ª ed. 2004, pp. 1-2).

Ele tem realizado isto desde o Céu, depois no Éden, durante a instituição da nação de Israel, na igreja cristã primitiva e, ultimamente, pelas palavras escritas nos livros do Espírito de Profecia.

Enquanto a música executada para adoração a Deus seguir estes princípios continuará sendo Sacra. Por outro lado, devido à influência de Satanás no mundo, surgiu música diferente a qual não é apropriada para a adoração a Deus, não agrada a Ele, ou seja, é música profana, comum. Diz-se profano em oposição ao sacro, aquilo que não é próprio para as funções do culto (Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa Caldas Aulete, Editora Delta, Rio de Janeiro, 5aed. 1964).

“Uma vez que a música é a única arte que será levada desta terra para o Céu, Deus não nos deixou em ignorância sobre isto. Ele nos deu Sua palavra, o Santo Espírito e o Espírito de Profecia para nos guiar ao tomarmos nossa decisão que terá impacto sobre nosso destino eterno” (Eurydice V. Osterman. O Que Deus diz sobre a Música, Unaspress, Eng. Coelho, SP, 4ª ed., 2004, p. XV).

Música do Céu

Como a verdadeira música de adoração a Deus é aquela executada no Céu, precisamos analisar as características da música celestial a fim de também O agradarmos em nossa adoração. Eis os relatos feitos pelo Espírito de Profecia com relação à música sacra celestial:

1) ...“Acordes musicais perfeitos, suaves e melodiosos. O cântico dos anjos não irrita os ouvidos. É macio, melodioso e sem esforço físico” (Ellen G. White. Mensagens Escolhidas, C. P. B. Tatuí, SP, 1ª ed., 1987, Vol. 3, p. 333).

2) “As notas longamente puxadas e os sons peculiares, comuns no canto de óperas, não agradam aos anjos. Eles se deleitam em ouvir os simples cantos de louvor entoados em tom natural. Os cânticos em que cada palavra é pronunciada claramente em tom harmonioso, são os que os anjos se unem a nós para cantar. Eles tomam o estribilho entoado de coração com o espírito e o entendimento.” (Ellen G. White. Evangelismo, C. P. B. Tatuí, SP, pp. 510-511).

3) “Entre os anjos não há exibições musicais tais como: movimentação física, voz áspera e estridente, uso de todo o poder e volume de voz que é possível. Isso não traz nenhuma melodia para aqueles que a ouvem na terra ou no céu. Essa maneira não é aceitável a Deus“ (Ellen G. White. Mensagens Escolhidas, C. P. B. Tatuí, SP, 1ª ed. 1987, Vol. 3, p. 333).

4) “O coro dos anjos não apresenta notas estridentes e gesticulações” (Ellen G. White. Manuscrito 5, 1874).

5) “Deus não se agrada de algaravia [confusão de vozes; algo difícil de compreender] e dissonância“ (E. G. White. Conselhos Sobre a Música, IAE, SP, 1989, p. 23).

6) Quando os salvos se reunirão no céu: “Os anjos dirigentes desferirão o tom, e então todas as vozes se alçarão em louvor grato e feliz, e todas as mãos deslizarão habilmente sobre as cordas da harpa, originando uma música melodiosa, com acordes ricos e perfeitos” (Ellen G. White. Primeiros Escritos, C. P. B. Tatuí, SP, pp. 288-289). “Seus dedos não corriam pelas cordas descuidosamente, mas faziam vibrar diferentes cordas para produzir diferentes acordes... majestosa e perfeita música do Céu” (Ellen G. White. Visões do Céu, C. P. B. Tatuí, SP, 1ª ed. 2004, p.182).

7) “Depois dos anjos dirigentes, todas as mãos deslizam com maestria sobre as cordas da harpa, tirando-lhes uma música suave em ricos e melodiosos acordes. Diante da multidão está a cidade santa. Jesus abre as portas e a angélica multidão entra por elas, enquanto a música prorrompe em arrebatadora melodia” (Ellen G. White. O Grande Conflito, C. P. B. Tatuí, SP, 27ª ed. 1981, p. 651); “Todo o Céu estava esperando para saudar o Salvador à Sua chegada às cortes celestiais. Ao ascender, abriu Ele o caminho, e a multidão de cativos libertos à Sua ressurreição O seguiu. A hoste celestial, com brados de alegria e aclamações de louvor e cântico celestial, tomava parte na jubilosa comitiva.” (Ellen G. White. O Desejado de Todas as Nações, C. P. B. Tatuí, SP, p. 833).

8) “Por entre o agitar dos ramos de palmeiras, os redimidos derramam um cântico de louvor, claro, suave e melodioso; todas as vozes apreendem a harmonia até que reboa pelas abóbadas do Céu...” (Ellen G. White. Visões do Céu, C. P. B. Tatuí, SP, 1ª ed. 2004, p. 180).

Examinando o que foi relatado nos livros do Espírito de Profecia, podemos notar que a música de adoração executada no Céu, considerada perfeita, distingue e enfatiza apenas dois dentre os elementos que a música possui: a harmonia e a melodia. Ela é entoada com o espírito (emoções) e entendimento (mente). Além disso, não há exibições musicais tais como: movimentação física, dissonância, voz áspera e estridente ou uso de todo o poder e volume de voz que é possível.

"Para a alma crente e humilde, a casa de Deus na Terra é como que a porta do Céu. Os cânticos de louvor, a oração, a palavra ministrada pelos embaixadores do Senhor, são os meios que Deus proveu para preparar um povo para a assembleia lá do alto, para aquela reunião sublime à qual coisa nenhuma que contamine poderá ser admitida” (E. G. White. Testemunhos Seletos, C. P. B. Santo André, SP, 5 ª ed. 1985, vol. 2, pág. 193).

Em nossos dias, "temos acesso a informações científicas, conselhos inspirados e experiências da vida que nos proporcionam um meio adequado para compreender a natureza e objetivos básicos [da música]. Para os adventistas do sétimo dia que leem e aceitam os escritos de Ellen G. White, o objetivo da música é claro: louvar e glorificar a Deus e edificar o homem. Ela é um meio pelo qual Deus pode comunicar-se conosco e revelar alguns aspectos de sua natureza divina. Como tal, pode ser usada para promover a saúde física, emocional e mental do indivíduo. Visto que a música pode ter acesso ao cérebro e ser desfrutada sem que seja avaliado o seu conteúdo moral, é fácil de ver como Satanás pode obter acesso à mente. Deste modo ele é capaz de embotar as percepções espirituais, bem como suscitar ou estimular certos estados emocionais" (H. Lloyd Leno, Música – Seus Efeitos Sobre o Homem (Parte III), Revista Adventista, abril de 1977, pp. 40 a 43).

"O poder da música possui uma dinâmica maior do que é normalmente compreendido. Ela pode divertir, controlar o humor, levar às lágrimas, incitar à ação ou movimento, etc. A experiência de Saul e Davi aponta para o poder da música. A referência aqui é, essencialmente, à música sem palavras. Quando existe a combinação da letra com a música o impacto pode ser ainda mais revelador. E. G. White faz o comentário, 'É um dos meios mais eficazes para impressionar o coração com as verdades espirituais.' (Educação, C.P.B. Santo André, SP. 5 ª ed. 1977, p. 167)" (Vernon E. Andrews, Considerações para a Avaliação da Música na Igreja: Uma Abordagem Bíblica, agosto, 1988). Precisamos nos lembrar que a música não é apenas um veículo para as palavras, mas tem uma mensagem em si mesma. Ela tem poder para expandir a mensagem das palavras que acompanha ou para corrompê-la. A música pode enobrecer o impacto das palavras ou diminuí-lo.

As emoções estimuladas pela música devem estar adequadas às palavras. As palavras acerca do amor de Jesus apresentada com uma música que estimula ira, violência e agressão produzem "uma comunicação confusa da verdade, a qual é moralmente repreensível e não apenas uma questão de gosto" (W. H. M. Stefani.Música e Moralidade: O Cristão e a Música Rock. p. 354).

"O que causa as diferenças na resposta à música, já que toda música utiliza um meio comum - o Som? Sinteticamente, a resposta é esta: Embora o meio seja o mesmo, a mistura dos elementos é diferente e isto é crucial" (Vernon E. Andrews, Considerações para a Avaliação da Música na Igreja: Uma Abordagem Bíblica, agosto, 1988). Os principais elementos de uma composição musical são: melodia, harmonia, ritmo, timbre e andamento. O que define o tipo de música é a disposição e a relação entre seus elementos e os efeitos que eles produzem no organismo dos ouvintes.

Como a Música é Percebida e Afeta o Corpo

Música é a arte de combinar os sons de um modo agradável ao ouvido. O som é uma forma de energia que se propaga através de ondas de compressão e descompressão do ar. Quando essas ondas chegam aos nossos ouvidos as células ciliadas do interior da cóclea as transformam em impulsos elétricos. Esses impulsos são conduzidos pelos nervos, por isso também são chamados impulsos nervosos.

As ondas produzidas por uma fonte sonora podem ter ou não comprimento definido (frequência determinada). A maioria dos sons é formada por um conjunto de ondas com comprimentos variados. Quando ondas sonoras com comprimento definido são transformadas, no ouvido, em impulsos nervosos, serão traduzidas pelo córtex (camada cinzenta mais externa do cérebro) auditivo como um tom. Os tons agradam nossos ouvidos de uma maneira como não conseguem fazer os sons. A música exige tons que tenham altura e duração fixas. Estas proporcionam ao Cérebro condições de descobrir relações e proporções entre si e, assim, ir compondo um edifício musical (Robert Jourdain, Música, Cérebro e Êxtase, Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 1998, p. 94).

Quando uma fonte sonora envia ondas sem comprimento definido (freqüência indeterminada) nosso cérebro, indistintamente, traduz essa informação como ruído (barulho). Este tipo de som é compreendido como uma agressão e, por isso, nosso organismo se prepara para enfrentá-la na forma de uma reação de estresse (1). Os mecanismos utilizados para isso são tão potentes que, fisiologicamente, são utilizados durante uns poucos minutos apenas, caso contrário se tornam mais prejudiciais do que benéficos ao nosso corpo.

Semelhantemente a qualquer situação de estresse, ocorre um aumento marcante na liberação dos hormônios Cortisol e Adrenalina a fim de preparar nosso corpo para a fuga ou para enfrentar à agressão (luta). Esses hormônios liberam glicose dos locais de armazenamento, diminuem a utilização de glicose nos tecidos fazendo com seu nível sanguíneo aumente; proporcionam maior fluxo de sangue para os músculos; aumentam a pressão arterial, e deprimem o sistema imunológico (diminuem a capacidade de combater doenças) (Música Research Notes, vol. IV, edição 2, Outono de 1997: Norman M. Weinberger. The Musical Hormone, (http://www.musica.uci.edu/mrn/V4I2F97.html); R. A. Rhoades e G. A. Tanner, Fisiologia Médica, Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2aed. 2005). O estresse é produto do hemisfério esquerdo do cérebro. Se esse lado for predominante e se não soubermos vivenciar as situações de tensão, poderemos ficar mais vulneráveis a problemas graves, como infarto ou derrame (Adriana Toledo. Saúde é Vital, ed. Abril, SP, julho 2008, p. 80).

Portanto, para nosso sistema nervoso interpretar a melodia e a harmonia da música as ondas sonoras que chegam ao sistema auditivo devem ser tons, ou seja, ter comprimento definido (frequência determinada). Existem vários instrumentos que produzem tons: piano, flauta, violino, trompete, clarinete, etc., mas outros instrumentos, porém, não produzem tons e sim ruído: sinos, castanholas, chocalhos, pratos, vários tipos de tambores (caixa, bumbo, pandeiros, bateria, etc.) (2). Por isso, o que a maioria dos tambores fazem é exatamente uma explosão de barulho (Robert Jourdain, Música, Cérebro e Êxtase, Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 1998, p. 65).
Assim, instrumentos musicais que não produzem tons, mas ruídos, aumentam os níveis dos hormônios do estresse nos ouvintes e, na relação entre os três elementos musicais analisados, somente podem ser usados para acentuar o ritmo, pois não produzem harmonia nem melodia (3).

O volume ou intensidade do som igual ou acima de 90 decibéis gera ondas sonoras fortes, produzindo vibrações que são sentidas através de todo nosso corpo, na forma de impactos vibratórios e não apenas pelos ouvidos, na forma de sons.As freqüências mais graves têm uma influência poderosa no corpo e nas emoções (entrevista na Revista VeckoRevyn, No. 41, 1979, p.12). Quanto mais grave o som, maior o comprimento e menor a freqüência da onda sonora e mais intensa é essa influência. Portanto, sons nesta intensidade além de serem ouvidos são literalmente "sentidos" pelo organismo. Estas vibrações afetam o funcionamento dos órgãos internos e também estimulam a liberação dos hormônios do estresse (MuSICA Research Notes, vol. IV, edição 2, Outono de 1997: Norman M. Weinberger. The Musical Hormone, (http://www.musica.uci.edu/mrn/V4I2F97.html).

Pesquisas revelam que dentre os elementos da música, a Harmonia é percebida (torna-se consciente), predominantemente, no Córtex Auditivo do hemisfério direito do cérebro. A Harmonia é a ciência de combinar sons tocados simultaneamente de uma forma que soem bem, pois assim nosso sistema nervoso os traduz como algo agradável. Aos sons que se combinam chamamos de consonantes, os restantes são dissonantes, pois falta ordem e relação entre eles; assim, se forem percebidos pelo sistema nervoso como dissonantes (barulho ou ruído), provocam desconforto e ansiedade (agonia) nos ouvintes (R. Jourdain, Música, Cérebro e Êxtase, editora Objetiva, Rio de Janeiro, 1998, p. 139 e 153) (4).

Estudos revelam que há um caráter inato na consonância clássica, onde a estruturação harmônica é conseguida quando os sobretons têm freqüências múltiplas do tom fundamental. Tanto é assim que bebês com poucos meses de vida, assim como, cobaias de laboratório, demonstram preferir os intervalos consonantes (harmoniosos) em relação aos muito dissonantes (intervalos de semitom paralelos) (Norman M. Weinberger. Revista Mente e Cérebro, Edição Especial: Segredos dos Sentidos, Ediouro, SP, pp. 47-53).

Na membrana basilar da cóclea a freqüência do som é determinada pela posição da vibração e os impulsos nervosos são enviados com um padrão de periodicidade e simetria. A interpretação fisiológica psicoacústica é de que o sistema nervoso elabora o conjunto dos sinais mais facilmente quanto menor a sua complexidade. Para isso usa uma rede neural mais simples e esta circunstância gratificante é que dá origem à consonância. Os sinais de consonância clássica são preferidos (intervalo que vai da quinta perfeita à terça maior, incluindo quarta perfeita e sexta maior), pois são mais fáceis de iniciar e decifrar e, além disso, são mais próximos dos sons complexos naturais, mais familiares ao cérebro. Gradualmente, porem, ao longo dos anos, a dissonância se tornou parte integrante do discurso musical e assumiu o papel de ressaltar as consonâncias. Ao ouvido educado desta maneira, a diferença entre dissonância e consonância tende a perder-se: as duas se integram num tecido mais heterogêneo e espesso.

O gosto musical evolui da preferência nítida pela consonância clássica no momento do nascimento, já que esta consonância comporta reminiscências dos sons da natureza, para a exigência de estruturas mais complexas e desviantes na idade madura, quando o gosto se refina e se desenvolve (Andréa Frova. Revista Viver, Mente e Cérebro - Edição Especial No 3: Percepção – Como o cérebro organiza e traduz a realidade captada pelos sentidos. Artigo Bases da Harmonia na Música, págs. 71-77).

A Harmonia reside em todo tipo de música, menos na puramente percussiva e ela é inerentemente intelectual (R. Jourdain. Música, Cérebro e Êxtase, editora Objetiva, Rio de Janeiro, 1998, pp. 139 e 153). Ao mesmo tempo em que o Tálamo (núcleo do sistema nervoso central que recebe, processa e encaminha as informações vindas do ambiente) direciona estes impulsos nervosos, gerados pela harmonia, para o local de percepção auditiva, também os envia para serem processados no Córtex Pré-Frontal – camada cerebral mais externa no Lobo Frontal. O Lobo Frontal é a região do sistema nervoso central responsável pela razão, pelo raciocínio, pelo entendimento, por elaborar os pensamentos (mente), as decisões, ou seja, é a região intelectual do cérebro onde podemos analisar os conceitos adquiridos e decidir entre o certo e o errado. Essencial para a consciência – onde age o Espírito Santo.

Outro elemento da música, a Melodia, também é percebida, predominantemente, no Córtex Auditivo do hemisfério direito do cérebro. O hemisfério direito é particularmente importante na vida emocional (R. Jourdain. Música, Cérebro e Êxtase, editora Objetiva, Rio de Janeiro, 1998, p. 200). Os impulsos elétricos gerados no ouvido interno pela melodia da música são enviados pelos nervos e, através do tálamo, simultaneamente para o córtex cerebral e para o Sistema Límbico. As estruturas nervosas dessa última região são responsáveis por elaborar e desencadear os sentimentos e reações emocionais (emoções) como: alegria, tristeza, ira, reverência, saudade, romantismo, sensualidade, excitação, paz, ansiedade, medo, etc. Em virtude de sua natureza cíclica, essas emoções não são intercambiáveis nem podem ser expressas simultaneamente. Por exemplo:Quando os padrões cíclicos de impulsos nervosos chegam ao cérebro em intervalos de 9,8 segundos provocam emoção de reverência; 8,2 segundos, amargura; 7,4 segundos, amor; 5,2 segundos, alegria; 4,9 segundos, impulso sexual e 4,2 segundos, raiva. Por isso, as emoções de alegria e raiva ou reverência e alegria não podem ser expressas simultaneamente, pois seus ciclos não coincidem (Eurydice V. Osterman. O Que Deus diz sobre a Música, Unaspress, Eng. Coelho, SP, 4ª ed. 2004, p. 89) (5). Pesquisa publicada na revista Current Biology revela que a capacidade de reconhecer emoções básicas na música, como alegria, tristeza e medo, é universal e independe de influências culturais (I. Mocaiber, E. Volchan, L. Oliveira e M. G. Pereira. Música emoção universal? Revista Ciência Hoje, No259, maio de 2009 (http://cienciahoje.uol.com.br/145138).

Um terceiro elemento da música, o Ritmo, diferentemente dos outros elementos musicais, é percebido, predominantemente, no córtex auditivo do hemisfério cerebral esquerdo. O ritmo da música tem a capacidade de influenciar os ritmos do corpo, por isso, é o elemento da música que exerce influência nos mais variados locais do nosso organismo. Entre tantos podemos citar os efeitos sobre: a liberação dos hormônios nas glândulas, a liberação de neurotransmissores nos núcleos do sistema nervoso central, a pressão arterial, as ondas cerebrais e os movimentos corporais {Laurence O’Donnell. Music and the Brain (http://www.cerebromente.org.br/n15/mente/musica.html)}.Toda música executada com ritmo repetitivo, independente do instrumento que o produz, estoca energia nos músculos, fazendo com que eles se contraiam e relaxem ritmicamente a fim de liberar a energia armazenada, ou seja, produz movimentos físicos. Assim, pode ser útil para regular o passo, o tempo e a cadência dos movimentos (Revista Isto É. No2046 p. 68, 28/01/2009).

Toda música possui ritmo, o qual pode ser classificado em dois diferentes tipos. O primeiro a ser considerado é aquele conhecido como padrões de batidas acentuadas que podem ser modificados pela sincopação e outros dispositivos a fim de torná-los mais interessantes. Apresenta uma sucessão regular e altamente previsível de notas enfatizadas. Este é o ritmo predominante na maior parte da música popular no mundo inteiro. Sua marca registrada é o incessante bater de tambores. Musicólogos classificam esse tipo de ritmo como metro ou instrumental. A segunda concepção de ritmo é completamente diferente, pois varia constantemente e não tem as acentuações repetitivas e compassadas do metro. Denominado fraseado ou vocal ele é construído por uma sucessão de formas sônicas irregulares, que se combinam de várias maneiras. Este é o ritmo compatível ou concordante com o ritmo do movimento biológico natural (respiração, batimentos cardíacos, liberação pulsátil dos hormônios, ondas cerebrais, gestos) e que surge naturalmente da fala e da canção. Na música o metro dá ordem ao tempo e o fraseado confere uma espécie de narrativa. Quando um tipo de ritmo é enfatizado, ele tende a obscurecer o outro (Robert Jourdain, Música, Cérebro e Êxtase. Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 1998, pp. 167, 170-175).

Quando o som da música com ritmo repetitivo e acentuado (marcado), metro enfatizado, alcança nosso sistema auditivo é transformado em impulsos nervosos os quais são enviados a várias partes do organismo. Assim como o som musical, os movimentos do corpo desdobram-se através do tempo e então as sensações musculares são um meio apropriado para representar padrões rítmicos. Além de estimular os músculos a produzir movimentos físicos, as descargas de impulsos nervosos produzidas por ritmos que marcam ou acentuam os tempos fracos e os contratempos (sincopado) estimulam, também, vários centros nervosos no Tronco Cerebral como o Lócus Cerúleus, responsável pela liberação do neurotransmissor Noradrenalina e os Núcleos da Rafe, que liberam Serotonina. O Lócus Cerúleus também é fortemente ativado por estímulos sensoriais novos e inesperados (Robert Lent. Cem Bilhões de Neurônios, ed. Atheneu, São Paulo, SP, 2004). Os neurotransmissores, e/ou metabólitos gerados a partir deles, quando liberados em altos níveis ou durante um tempo maior que o normal, pelos núcleos do tronco cerebral, possuem ações as quais são imitadas pelas drogas psicoativas (cocaína, nicotina, anfetaminas, etc.) no sistema nervoso central (Córtex Pré-frontal, Sistema Límbico, Cerebelo e Medula Espinhal) e podem produzir euforia, convulsões, transe, hipnose, tolerância e vício (Roger Liebi, Rock Music! The Expression of Youth in a Dying Era, Zurich, 1989; Vanderlei Dorneles. Cristãos em Busca do Êxtase, Unaspress, Eng. Coelho, SP, 3ª ed. 2006, p. 25).

A liberação aumentada de neurotransmissores como a Noradrenalina e a Dopamina produz efeitos em todas as partes do sistema límbico e do córtex cerebral. Um dos efeitos, no sistema límbico, é a estimulação do centro de recompensa (área tegmentar ventral, núcleos septais e núcleo accumbens) o que produz prazer. Tudo que produz prazer tende a ser repetido. Outro efeito ocorre na modulação da excitabilidade do Córtex Cerebral, pois, níveis aumentados de Noradrenalina e Adrenalina inibem as funções do córtex pré-frontal (razão, discernimento) (Robert Lent. Cem Bilhões de Neurônios, ed. Atheneu, São Paulo, 2004). Além disso, a Adrenalina estimula os corpos amigdalóides cerebrais, supostamente o centro do comando emocional (MuSICA Research Notes, vol. IV, edição 2, Outono de 1997: Norman M. Weinberger. The Musical Hormone,(http://www.musica.uci.edu/mrn/V4I2F97.html)). Isso pode levar à predominância das emoções sobre a razão. Quando isso ocorre, a mente não consegue mais utilizar os conceitos do que é certo ou errado, ou mesmo utilizar o comando voluntário para controlar suas ações (Vanderlei Dorneles. Cristãos em Busca do Êxtase, Unaspress, Eng. Coelho, SP, 3ª ed. 2006, p. 161).

O ritmo repetitivo sincopado e marcado, semelhantemente às drogas psicoativas, aumenta os níveis de Neurotransmissores (Noradrenalina, Serotonina e Dopamina) e de Adrenalina no Sistema Nervoso Central e, por isso, acentua o prazer produzido pelo estímulo cerebral sobre o Centro de Recompensa. Esta sensação de prazer tende a ser repetida e, se não for repetida, o sistema nervoso central sente necessidade dela gerando, assim, a dependência. Além disso, à medida que esta sensação de prazer é repetida, um nível cada vez maior de estímulo é requerido para produzir o mesmo efeito anterior levando à tolerância (H. P. Range e col., Farmacologia, 5aed. Elsevier, RJ, 2004). A tolerância reforça a dependência e, superando o controle voluntário do córtex pré-frontal, geram o vício. Portanto, a música ativa alguns dos mesmos sistemas de recompensa estimulados por comida, sexo e drogas (Norman M. Weinberger. Revista Mente e Cérebro, Edição Especial: Segredos dos Sentidos, Ediouro, SP, pág. 53).

Verle Bell relata: Uma das mais poderosas liberações de adrenalina, na reação de fuga ou luta, acontece na música com volume forte, ritmo e acordes discordantes. Os músicos descobriram que a música que não segue as regras matemáticas exatas da harmonia e do ritmo corporal (fraseado), faz com que o ouvinte experimente um clímax viciante. Assim como as anfetaminas causam dependência, os músicos utilizam o ritmo discordante ou sincopado para causar dependência e tolerância e assim vender bem. A mesma música que no passado criava uma sensação agradável de excitação, agora não satisfaz mais. Ela precisa se tornar mais estridente, mais intensa e mais discordante (Verle Bell. “How the Rock Beat creates an addiction” em How to conquer the Addiction to Rock Music, Oakbrook, IL, 1993).

Mistura do Sagrado com o Profano na Música

Vimos que a música de adoração a Deus no Céu é executada através da melodia e harmonia com ritmo natural utilizando a melodia e harmonia, pois esses são os elementos da música que influenciam as emoções e a mente, respectivamente. Após a queda de Lúcifer e o pecado entrarem no mundo, a música antes usada unicamente para adorar a Deus, mudou. Ele instituiu a música com ênfase no ritmo repetitivo e marcado por instrumentos (metro) que produzem ruído a fim de afastar os homens da influência do Espírito Santo e de Deus. Essa música ao longo do tempo foi usada pelos povos pagãos para adoração aos seus deuses, estimular orgias e para induzir transe e possessão demoníaca (Vanderlei Dorneles. Cristãos em Busca do Êxtase, Unaspress, Eng. Coelho, SP, 3ª ed. 2006; W. H. M. Stefani. Música Sacra, Cultura e Adoração, Unaspress, Eng. Coelho, SP, 2aed. 2002). Devido a seus usos e efeitos, esta música foi designada profana. Música profana é aquela oposta à música sacra. Aquela que não é própria para as funções do culto (Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa Caldas Aulete, editora Delta, Rio de Janeiro, 5aed. 1964).

Hoje nos deparamos com música profana com palavras sagradas. Essa música é tocada e escutada nos lares, nas rádios, nos automóveis, nos lugares de shows populares e religiosos e, desinformadamente, na igreja como adoração.

A história revela que o uso de ritmos sincopados, com sua capacidade de alterar o estado de consciência, descende do antigo Egito. Nos templos os sacerdotes utilizavam intencionalmente síncopes complexas para induzir transes, êxtases, alucinações, convulsões e estados de inconsciência. Foi levada, depois, para a África central, Congo, onde se transformou no centro da religião Vodu (adoração ao demônio).

Através do comércio de escravos essa música e religião foram estabelecidas, no Haiti e República Dominicana (Caribe) onde ainda são praticadas, e também chegou aos USA onde se estabeleceu em New Orleans. Nesta mesma época europeus chegaram à América trazendo sua música religiosa composta de harmonia e melodia. Com o passar do tempo, escravos e não escravos começaram a misturar a pulsação rítmica tradicional da música africana com a melodia e harmonia da música cristã européia (Louis R. Torres, Adventists Affirm. Vol 13, No1, Primavera de 1999, pp. 17-20; Dario P. Araújo. Música, Adventismo e Eternidade, ed. Líder, Londrina, PR, 4ª ed. 2007, pp. 13-21).

Esta música com palavras sagradas misturada com o ritmo repetitivo, sincopado e acentuado, principalmente por bateria, tomou sua forma própria e passou a ser conhecida como música religiosa, evangélica (gospel), pop-religiosa ou comercial. No Dicionário Caldas Aulete, a Música Religiosa é definida como composição de caráter religioso, mas não enquadrada na música sacra formal (Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa Caldas Aulete, editora Delta, Rio de Janeiro, 5aed. 1964). Ora, podemos concluir que se não é considerada música sacra, então é profana (comum). Importante salientar, ainda, que as palavras cristãs não atenuam os efeitos físicos que os elementos da música gospel produzem e, por isso, não a tornam apropriada para adoração a Deus. Podemos presumir, assim, que esse ritmo repetitivo e acentuado por instrumentos de percussão que produzem ruído, característico da música popular secular, é o elemento profano na música e, por isso, Deus não aceita que seja misturado com o que é sacro ou sagrado (Levítico 10:10-11 e 18:30; II Coríntios 6:14-17; I João 2:15-17; I Coríntios 10:20-22 e Tiago 4:4; Ellen G. White. Mensagens Escolhidas, C. P. B. Tatuí, SP, 2ª ed. 1986, vol. 2 pp. 36 e 37).

No passado o povo de Deus sofreu influência de música profana na adoração no templo de Israel: – Jezabel, rainha de Israel, trouxe música e dança da Fenícia. Não tardou para que o gosto por este tipo de música se desenvolvesse a ponto de misturarem a música do templo com esta música profana. Quando Deus ouviu no seu próprio culto os sagrados e solenes salmos misturados com a música sensual Fenícia, como moldura para sacrifícios, mandou o profeta Amós sacudir Israel com a mensagem: “Acabem com esse barulho (alarido, ruído) das suas canções, eles são um barulho que incomoda meus ouvidos. Não ouvirei suas músicas, por mais belas que sejam” (Amós 5:23, Bíblia Viva). Em adição, o Espírito de Profecia diz que as forças das instrumentalidades satânicas misturam-se como alarido e barulho (Ellen G. White. Mensagens Escolhidas, C. P. B. Tatuí, SP, 2ª ed. 1986, Vol. 2, p. 36).

"Deus pronunciou uma maldição sobre aqueles que se afastam de Seus mandamentos e não fazem diferença entre as coisas comuns (profanas) e as coisas santas. Ele não aceita obediência parcial. É seu propósito ensinar ao povo que devem aproximar-se com reverência e temor e da maneira indicada por Ele. Deus requer hoje de Seu povo uma distinção tão grande do mundo, nos costumes, hábitos e princípios, como exigia de Israel antigamente." (Ellen G. White. Patriarcas e Profetas, C. P. B. Tatuí, SP, 7ª ed. 1985, p. 373, 484).

Função da Bateria na Música

Assim como para descrever a música do Céu utilizei o relato da profetiza de Deus que escutou e viu a adoração celestial, usarei a experiência vivenciada e relatada por Karl Tsatalbasidis, um ex-baterista de banda Jazz que estudou com os maiores músicos do Canadá e hoje é cristão adventista, para descrever o uso da bateria na música. Eis as conclusões do autor:

- Pessoas sinceras confundem tambores e instrumentos de percussão com bateria e este erro leva a conclusão falsa de que, como a Bíblia menciona alguns instrumentos de percussão e tambores, então a bateria seria aceitável na adoração.

- A Bíblia relata que tambores foram usados apenas em ocasiões festivas populares e não em cultos ou adoração. Eles foram sistematicamente excluídos do Templo e não fazem parte da música celestial descrita no Apocalipse. É errado pensar que os instrumentos de percussão citados na adoração bíblica poderiam ser tocados da mesma maneira que a bateria é tocada hoje.
- Existe uma grande diferença no modo em que os tambores (bumbo, tarol, tímpano) são tocados numa orquestra e como a bateria (coleção de tambores e acessórios de percussão incluindo pratos) é tocada numa banda rock.

- A bateria foi inventada para o único propósito de fortalecer a música jazz, blues, rhythm and blues e todas as variedades de rock-in-roll. Por isso, não pode ser separada da origem da música rock e jazz.

- Nenhuma música pode incorporar a bateria sem, automaticamente, transformar-se em rock, jazz ou seus híbridos (6).

- A música designada para a bateria acompanhar não fora inventada até muito recentemente. Isto significa que a bateria era desconhecida pelos escritores bíblicos. Além disso, nunca deveria ser confundida com outros tambores normalmente tocados numa orquestra.

- O rock e o jazz estão associados a sexo, drogas, ocultismo e rebelião, por isso são formas de música inadequadas para a adoração, então a bateria está automaticamente incluída como inadequada também, pois foi inventada e usada exclusivamente para ser a força motriz destes tipos de música.

- Não podemos “Cristianizar” a bateria, assim como não podemos tornar o Domingo o novo dia de Sábado.

- A música rock e a bateria comunicam o pensamento do Relativismo e do Pós-modernismo: não existe verdade absoluta - não há padrão para julgar se algo é certo ou errado, depende da cultura de cada povo.

- As palavras poderiam comunicar as mais sublimes verdades, mas a música tocada com bateria prega outro evangelho. Essa música diz que a verdade de Deus é uma mentira.

- A música rock foi projetada para ser “sentida” antes que ouvida. Os ritmos gerados pela bateria são parte importante nesta experiência. Simplesmente colocar palavras religiosas nesta música não anula seus efeitos nem a torna cristã. Como podem os cristãos reivindicar uma benção com uma música que prega espiritualismo e o falso evangelho pós-moderno?

- Acredito fortemente que Satanás tem usado a bateria como conduto para seus demônios e eles irão onde estes instrumentos são tocados, provocando destruição na igreja e na vida dos crentes.

- Muitos acreditam que a única maneira efetiva de alcançar a nova geração é incorporar a música rock e a bateria no serviço de adoração. Sei por experiência que tal pensamento é errado.

- Na filosofia bíblica de música a melodia e a harmonia têm prevalência sobre o ritmo, portanto todos os instrumentos de percussão foram excluídos da adoração. A bateria não produz melodia nem harmonia, apenas ritmo e, além disso, não tem habilidade para acompanhar a voz humana sem sufocá-la. Uma completa contradição aos princípios bíblicos de adoração repetidamente vistos no Velho e Novo Testamentos. Conclui-se facilmente, que não existe lugar para a bateria no serviço de adoração atual.

- Como cristãos que querem adorar a Deus no céu e trazer glória a Jesus poderiam tentar harmonizar as origens pagãs da bateria, do rock e do jazz em nossos cultos de adoração?

Depois de ler o que Ellen White escreveu no livro Mensagens Escolhidas vol. 2, pp. 36-38 o autor ficou convencido de que deveria deixar de usar a bateria para acompanhar o grupo vocal que participava nos cultos de adoração. Não iria mais ser usado pelo demônio para trazer confusão e decepção para a igreja de Deus. Decidiu, então, nunca mais usar a bateria na igreja novamente (Karl Tsatalbasidis. Drums, Rock and Worship – Modern Music in Today’s Church, Amazing Facts, Roseville, CA, USA, 2003).

Conclusão

A partir da descrição tanto da música executada pelos anjos na adoração no Céu, quanto daquela executada no Templo de Israel (I Crônicas 15:16; II Crônicas 5:12-14 e 7:6), podemos concluir que a música de adoração, música sacra, que agrada a Deus é para ser executada com a mente e as emoções, ou seja, através da harmonia, melodia, ritmo natural (ênfase no fraseado) e sem dissonância e movimentação física. Em contrapartida, o ritmo marcado, repetitivo e/ou sincopado tocado por instrumentos que produzem ruído, onde a bateria é o principal, é característico da música pagã ou profana, hoje representada pela música popular em suas várias divisões, incluindo a música gospel.

A música de adoração no Templo de Israel foi executada com instrumentos escolhidos por Deus e relatados a Davi. No livro de Crônicas estes instrumentos escolhidos foram designados como sendo instrumentos do Senhor (II Crônicas 29:25). Embora os tambores fossem instrumentos muito utilizados pelos povos da época, inclusive os Israelitas, Deus não os escolheu para executar música para Sua adoração. Os tambores não foram permitidos nem para algum efeito sonoro, tampouco se fossem bem tocados ou de forma discreta. Entendo que a música para adoração deve se aproximar ao máximo da música do céu, perfeita, onde não existe música com ruído (ondas sonoras com comprimento indefinido) ou com quaisquer instrumentos que acentuam o elemento físico, enfraquecendo a influência da mente.

Pode-se concluir, também, que instrumentos que não produzem harmonia nem melodia, mas apenas ruídos (bateria, chocalhos, pratos, triângulos, etc.), servem unicamente para acentuar o ritmo (ênfase no metro), causando um desequilíbrio nos elementos que compõe a música. Este desequilíbrio em favor do ritmo ocorre em detrimento da melodia e da harmonia, introduzido assim um elemento profano na música, visto que acentua os efeitos físicos e atenua os elementos que apelam à mente. Portanto, são próprios para a música profana e não para a música sacra, seja o som produzido pelos instrumentos tradicionais acústicos, instrumentos elétricos, eletrônicos ou por gravações (play-backs).

Se fomos criados com preferência pela consonância clássica e, quando E. White teve as visões onde escreveu que “Deus não se agrada de dissonância”, este mesmo tipo de consonância preponderava nas músicas da época (E. G. White. Conselhos sobre a Música, IAE, 1989, pp. 23 e 37), e, além disso, como a maioria dos ouvintes na igreja tem ouvido menos refinado para as variações harmônicas, então a consonância clássica seria a referência para a ordem e relação de combinação de sons que seriam considerados mais agradáveis pelas pessoas do meio cristão.

Os efeitos produzidos no corpo pela música com ritmo repetitivo, marcado e sincopado, como: estresse, ansiedade, movimentação física (dança, marcha, exercícios, etc.), euforia, êxtase, transe, hipnose e vício não são compatíveis com a mensagem do evangelho de Cristo nem com os frutos do Espírito Santo e, muito menos, com a verdadeira adoração a Deus.

O vício provocado pelo ritmo da música profana, da qual a música gospel faz parte, aumenta a necessidade de prazer e a busca por outros vícios.

Quanto melhor tocada ou mais bem tocada for a bateria, mais a música gospel se transforma em rock, uma vez que a bateria foi formada para fortalecer o tempo fraco e o contratempo nos ritmos sincopados do Jazz e do Rock. Quando a usamos bem tocada, é para utilizá-la o mais próximo do ritmo para o qual ela foi criada, por isso, influenciamos qualquer música a ter ritmo sincopado e marcado semelhante ao Jazz e Rock. Mesmo que o som desse instrumento seja pouco audível, o que é difícil de ocorrer, ainda provoca os efeitos físicos que não são compatíveis com a verdadeira adoração a Deus. Além disso, está bem elucidado que o ritmo repetitivo e marcado por tambores, como a bateria, tem origem na religião do demônio (vodu) e tem como objetivo a perda da influência da razão com intuito de levar as pessoas ao estado de transe ou à possessão demoníaca.

A bateria não deve ser comparada aos poucos instrumentos de percussão mencionados na Bíblia, que foram usados na música para louvar a Deus nos momentos quando o povo de Israel ainda não tinha pleno conhecimento da verdadeira adoração. Além disso, ela existe preponderantemente para executar música rock e seus ritmos derivados e híbridos. Como não existe rock sacro, ou rock cristão, pois são conceitos opostos (oxímoro) (Eurydice V. Osterman. O Que Deus diz sobre a Música, Unaspress, Eng. Coelho, SP, 4ª ed. 2004, p. 99), ela não deve ser usada com palavras sagradas e nem na adoração a Deus.

O nome de Deus é profanado quando usado na música com ritmo profano, como na música gospel ou comercial, seja esta música cantada através do rádio, em casa, na igreja ou qualquer outro ambiente.

As palavras sagradas não anulam nem sequer amenizam os efeitos indesejáveis para adoração provocados no organismo pelo ritmo da música híbrida gospel. Quando esta música é tocada e/ou cantada, a igreja se divide em dois grupos: um grupo de ouvintes sente desconforto, irritação, ansiedade e estresse enquanto outro grupo sentirá prazer. O que ocorre é que o primeiro grupo tem seu paladar auditivo aguçado e livre de influências populares, mas o segundo grupo já está dependente (viciado) e desejará ouvir e executar música com ritmos mais sincopados, mais discordantes e num volume mais alto.

Volume do som igual ou superior a 90 dB produz vibrações no corpo, aumentando os hormônios do estresse e de adrenalina, contribuindo para diminuir a influência da mente sobre as emoções. O uso de tons graves e fortes, como no contrabaixo elétrico e teclados eletrônicos, intensifica estes efeitos.

A música para adoração, música sacra, não é aquela que eu quero, ou aquela que os jovens querem, ou ainda aquela para vender discos, ou mesmo aquela que agrada ao fulano ou ao beltrano, mas é aquela que agrada a Deus.

Deus não aceita a adoração com música onde a letra sagrada está misturada com o ritmo profano, mesmo que a melodia e a harmonia sejam consideradas belas. Essa música é uma ofensa a Deus e podemos afirmar, com base no princípio de separação entre o santo e o profano, encontrados nos textos abaixo, que Ele se recusa aceitá-la.

"não somente para fazer separação entre o santo e o profano, e entre o imundo e o limpo, mas também para ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos que o Senhor lhes tem dado por intermédio de Moisés." (Levítico 10:10-11)

"E sereis para mim santos; porque eu, o Senhor, sou santo, e vos separei dos povos, para serdes meus." (Levítico 20:26)

"Não profanareis o meu santo nome, e serei santificado no meio dos filhos de Israel. Eu sou o Senhor que vos santifico" (Levítico 22:32)

"Porque és povo santo ao Senhor teu Deus, e o Senhor te escolheu para lhe seres o seu próprio povo, acima de todos os povos que há sobre a face da terra." (Deuteronômio 14:2)

"Agora, pois, temei ao Senhor, e servi-o com sinceridade e com verdade; (...) e servi ao Senhor. Mas, se vos parece mal o servirdes ao Senhor, escolhei hoje a quem haveis de servir; (...) Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor." (Josué 24:14-15)

"(...) Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; mas se Baal, segui-o. (...)" (I Reis 18:21)

"Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. (...)" (Mateus 6:24)

"Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo." (Mateus 7:16-19)

"Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos; pois que sociedade tem a justiça com a injustiça? ou que comunhão tem a luz com as trevas? Que harmonia há entre Cristo e Belial? ou que parte tem o crente com o incrédulo? E que consenso tem o santuário de Deus com ídolos? Pois nós somos santuário de Deus vivo, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Pelo que, saí vós do meio deles e separai-vos, diz o Senhor; e não toqueis coisa imunda, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso. Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo." (II Coríntios 6:14-20)

"ensinando-nos, para que, renunciando à impiedade e às paixões mundanas, vivamos no presente mundo sóbria, e justa, e piamente" (Tito 2:12)

"Porque se voluntariamente continuarmos no pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados," (Hebreus 10:26)

"A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: (...) guardar-se isento da corrupção do mundo." (Tiago 1:27)

"Porventura a fonte deita da mesma abertura água doce e água amargosa? Meus irmãos, pode acaso uma figueira produzir azeitonas, ou uma videira figos? Nem tampouco pode uma fonte de água salgada dar água doce." (Tiago 3:11-12)

"Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus." (Tiago 4:4)

"Como filhos obedientes, não vos conformeis às concupiscências que antes tínheis na vossa ignorância; mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo o vosso procedimento; porquanto está escrito: Sereis santos, porque eu sou santo." (I Pedro 1:14-16)

"Filhinhos, vós sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo. Eles são do mundo, por isso falam como quem é do mundo, e o mundo os ouve. Nós somos de Deus; quem conhece a Deus nos ouve; quem não é de Deus não nos ouve. assim é que conhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro." (I João 4:4-6)

"Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não vem do Pai, mas sim do mundo. Ora, o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus, permanece para sempre." (I João 2:15-17)

Se Deus procura adoradores verdadeiros (João 4:23) é porque ainda existem falsos adoradores. Se os verdadeiros O adoram com a mente e as emoções, então aqueles que o fazem através da música misturada com elemento profano - ritmo repetitivo, marcado e/ou sincopado – que estimula principalmente o elemento físico, ainda não fazem parte dos verdadeiros adoradores.
Como a música de adoração no Céu, a música sacra, com as características já bem definidas é considerada música perfeita, então não precisa nem deve ser modificada, muito menos necessita ser melhorada. Esta é a música mais moderna e a música do futuro, pois será cantada por toda a eternidade pelos santos no Céu e na Nova Terra.

Relata a profetiza do Senhor que após a trasladação dos salvos, quando entrarem no Céu, "os remidos lançam suas coroas aos pés de Jesus. Em seguida, o coro angélico emite uma nota de vitória e os anjos nas duas colunas tomam o cântico, e a multidão dos remidos participam como se houvessem entoado o cântico na Terra, e o haviam feito na realidade". Isto significa que "precisamos aprender a entoar aqui o cântico do Céu, de modo que quando terminar a nossa luta possamos participar do cântico dos anjos celestiais na cidade de Deus. Qual é esse cântico? É louvor e honra e glória Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, para todo o sempre" (Ellen G. White. Visões do Céu, C. P. B. Tatuí, SP, 1ª ed. 2004, p. 183).

"Caso estejamos realmente jornadeando para lá, o espírito do Céu habitará em nosso coração aqui. Mas, se não encontrarmos prazer agora na contemplação das coisas celestiais; se não temos qualquer interesse em buscar o conhecimento de Deus, deleite algum em deter os olhos no caráter de Cristo; se a santidade não exerce a menor atração sobre nós – podemos estar certos de que é vã nossa esperança do Céu" (Ellen G. White. Visões do Céu, C. P. B. Tatuí, SP, 1ª ed. 2004, p. 64).

“Ao guiar-nos nosso Redentor ao limiar do Infinito, resplandecente com a glória de Deus, podemos apreender o assunto dos louvores e ações de graças do coro celestial em redor do trono; e despertando-se o eco do cântico dos anjos em nossos lares terrestres, os corações serão levados para mais perto dos cantores celestiais. A comunhão do Céu começa na Terra. Aqui aprendemos a nota tônica de seu louvor” (Ellen G. White, Educação, C. P. B. Tatuí, SP, págs. 161-168).


Observação: As palavras destacadas nas citações foram enfatizadas pelo autor.

O Dr. Hélio dos Santos Pothin ( heliopothin@gmail.com ) é cristão Adventista do 7° Dia, trompetista e regente de Coro, Doutorado em Fisiologia Humana pela UFRGS e Professor de Fisiologia Humana na Universidade Federal de Santa Maria, RS.


Notas Explicativas:
As presentes notas visam explicar e ampliar alguns dos conceitos apresentados no texto acima:

(1) - A reação de estresse, organizada pelo organismo, é desencadeada sempre que um (qualquer) estímulo externo ou interno seja compreendido como agressivo, ou seja, capaz de modificar o estado de constância do meio interno do organismo (Homeostase) ou de lesar as células. Um som, mesmo com freqüência determinada, mas com intensidade suficiente para lesar as células ciliadas da cóclea, também será compreendido como agressivo e desencadeará uma resposta de estresse. Um ruído faz com que a membrana basilar da cóclea seja estimulada de forma desigual e desproporcional. Isto não é considerado normal nem benéfico para o meio interno do organismo, por isso desencadeará uma reação de estresse. A auto-preservação envolve vários sistemas (nervoso, endócrino). O mecanismo mais rápido acionado é a reação ou resposta de estresse. A resposta de alerta (faz parte da reação de estresse) visa à auto-preservação e pode ser desencadeada por sons, pela visão, olfato e mesmo tato, desde que o estímulo aplicado esteja gravado na memória como algo perigoso ou que pode lesar células ou, ainda, provoque agressão a qualquer célula do corpo. Um estímulo diferente do habitual que pode ser associado com algo nocivo também desencadeia uma reação de alerta.

(2) - Embora existam sinos e tambores fabricados de maneira que seu som tenha ondas com comprimento que pode ser considerado definido, a maioria dos sinos comuns e tambores não produzem ondas sonoras com comprimentos definidos. A Física considera que estes instrumentos produzem ondas sonoras não tão definidas quantos outros instrumentos. Seria um som ainda “sujo” e, portanto, não considerado junto com instrumentos capazes de, na maioria das vezes, produzir sons bem definidos.

(3) Embora os instrumentos de percussão também possam ser usados para criar efeitos sonoros, ao invés de ritmos, estamos analisando e comparando, no contexto, os três elementos da música: harmonia, melodia e ritmo. Assim, ruído estaria relacionado somente ao ritmo e não à melodia ou harmonia. Além disso, mesmo efeitos sonoros, quando produzidos com ruídos, aumentam os níveis de estresse.

(4) - Depois de analisar estes relatos e associar com a frase relatada anteriormente: “Deus não se agrada de dissonância” (E. G. White. Conselhos Sobre Música, IAE, 1989, p. 23), presumo que: se fomos criados com preferência pela consonância clássica e que quando E. White teve as visões e escreveu a respeito da dissonância este mesmo tipo de consonância preponderava nas músicas da época e, além disso, a maioria dos ouvintes na igreja tem ouvido menos educado ou menos refinado para as variações harmônicas, então a consonância clássica seria a referência para a ordem e relação de combinação de sons que seriam considerados mais agradáveis pelas pessoas do meio cristão.

Em sua obra "Música, Cérebro e Êxtase", o autor R. Jourdain sugere que a música dá prazer quando toda a previsão que ela insinua é satisfeita e desejos satisfeitos se tornam intensamente agradáveis. Este é o prazer proporcionado quando o organismo volta ao equilíbrio biológico percebido e influenciado pelo córtex frontal (harmonia, consonância e concordância com nossos ritmos naturais). Por outro lado, o prazer da música proporcionado por dissonâncias, sincopações, torceduras no contorno melódico, repentinos estrondos e silêncio (Música, Cérebro e Êxtase, capitulo 10, Êxtase, pág. 401), é devido ao estimulo direto no centro de recompensa (ou de prazer) do sistema límbico, sem a influência da mente (Córtex frontal), efeito este mediado pelos neurotransmissores e hormônios que favorecem o predomínio das emoções sobre a razão, ou seja, êxtase. Como expliquei no texto acima, este efeito não é condizente com a música de adoração que agrada a Deus.

(5) - Os padrões cíclicos na melodia e sua implicações para a expressão de emoções, foram identificados pelo Neurofisiologista, pesquisador e músico Manfred Clynes, que os denominou de “formas sênticas”. Maiores detalhes podem ser obtidos no livro online “O Cristão e a Música Rock”, organizado pelo Dr. Samuelle Bacchiocchi. O capítulo 13, Música e Moralidade, p. 353, escrito por Wolfgang H. M. Stefani, explica que “a manipulação do tom e da intensidade do som na linha melódica de forma a estimular de forma previsível a expressão de uma emoção”, seria a forma sêntica. Quando uma forma sêntica é bem expressa, uma melodia tem acesso direto para estimular a qualidade emocional no ouvinte sem a necessidade de simbolismo auxiliar. Assim ela pode tocar o coração de forma tão direta quanto um toque físico.

Entendo, assim, que a maneira com que são dispostos os elementos da melodia pode estimular diferentes tipos de comportamento emocional.

Agora uma explicação sobre como os sons são traduzidos em impulsos nervosos:

Para nosso sistema nervoso perceber os estímulos externos, estes tem de ser transformados em impulsos elétricos (nervosos). Assim, toda e qualquer informação que chega ao ouvido deve ser transformada em impulsos elétricos, ou nas células nervosas, ou antes de chegar aos nervos. Na cóclea as células ciliadas são os receptores auditivos responsáveis por transformar os movimentos do líquido do ouvido interno, gerado pelas ondas sonoras vindas do exterior, em variação elétrica chamada Potencial receptor. A amplitude do potencial receptor vai determinar maior ou menor liberação de neurotransmissor o qual vai alterar a eletricidade da membrana dos neurônios que compõem o nervo auditivo. Esta variação elétrica nos neurônios é denominada potencial de ação ou impulso elétrico ou impulso nervoso. (veja "Constituição do Sistema Auditivo Humano")

Estímulos sonoros mais fortes produzem potencial receptor maior. Estímulos mais duradouros provocam potencial receptor mais duradouro no tempo. Existem vários neurônios fazendo sinapse em cada célula ciliada e várias células em cada região da membrana basilar da cóclea. As células ciliadas onde houver maior estimulação produzirão maior número de estímulos elétricos e as células vizinhas produzirão número variado de estímulos elétricos. Portanto, quanto maior o potencial receptor maior o número de estímulos enviados num espaço de tempo (maior a frequência de estímulos) e o sistema nervoso recebe, assim, um mapa codificado em potenciais de ação.

No receptor (célula ciliada) ocorrem ondas ascendentes de despolarização e descendentes de hiperpolarização, conforme a onda sonora aumenta e diminui, provocando salvas (várias seqüências) de potenciais de ação (impulsos elétricos) e períodos sem potenciais de ação. O volume do som determina a amplitude maior ou menor do potencial receptor. Quanto maior o volume maior a amplitude do potencial receptor e maior o número de impulsos elétricos formados nos neurônios e mais neurônios serão estimulados. Os tons são determinados pela frequência das ondas sonoras. As salvas de potencias de ação iniciam na fase ascendente da despolariazação do potencial receptor e cessarão na fase repolarizante. Haverá, então, uma salva de potenciais de ação em cada ciclo da onda sonora, ou a cada dois, três ou mais ciclos, dependendo do tempo que a membrana do neurônio precisa para repolarizar completamente e gerar novas salvas de potenciais de ação. A relação entre a periodicidade dos ciclos de salvas de potenciais de ação e a frequência da onda sonora representa um código para os diferentes tons. (veja "O Ouvido Humano")

Cada parte da membrana basilar na cóclea vibra com maior amplitude em resposta a uma determinada frequência. Essa distribuição (relacionada a cada parte da membrana) é mantida até o córtex auditivo. À medida que a via auditiva (neurônios) ascende no tronco cerebral, as propriedades de respostas das células nervosas tornam-se mais diversificadas e complexas, ou seja, os impulsos nervosos sofrem influência de outros núcleos do sistema nervoso e podem aumentar ou diminuir o número, espaçar ou acelerar e agrupar os impulsos nervosos. Assim, um, Lá de 440 Hz produzirá potenciais receptores apenas nas células ciliadas nessa frequência. Após isso, poderá sofrer modificações conforme descrito acima.

Portanto, a cóclea transmite a informação ao longo de fibras separadas no nervo auditivo, como sequências de descargas nervosas formando um padrão ou ciclo padronizado. Esse ciclo padronizado alcança o Córtex cerebral, Sistema Límbico e outros centros nervosos.

Entendo, assim, que as formas sênticas, ou, a forma de manipular o tom e a intensidade do som, são enviadas da forma descrita acima ao sistema nervoso central, através de padrões cíclicos de impulsos nervosos.

(6) - Sei que é possível que alguns contra argumentem que um baterista experiente saberia perfeitamente executar um samba, por exemplo, o qual não tem qualquer relação com os ritmos citados, ou que também seria possível utilizar a bateria de forma a criar apenas efeitos, ou ênfases, sem acentuar o ritmo.
Esta frase foi elaborada por Karl Tsatalbasidis, um baterista de Jazz experiente que estudou com músicos preeminentes no Canadá, e foi publicada conforme a citação bibliográfica indicada. Conforme seu relato,a bateria foi inventada com único objetivo de enfatizar os ritmos sincopados da música Jazz, Rock e seus híbridos, e que se esse instrumento for utilizado na música, naturalmente o objetivo é ressaltar os ritmos para qual esse instrumento foi inventado. Resta-nos acreditar na sua experiência como músico e honestidade como cristão e usar a frase, ou então, desacreditá-lo totalmente. Não posso deixar de citar esta referência, pois, depois de tudo que li e relatei, considero ser confiável e pertinente.

Na minha óptica, quando vimos alguém com uma ferramenta como a chave de fenda na mão, concluímos que usará para afrouxar ou apertar parafusos. Poderá ser utilizada, improvisadamente, para furar ou para outra coisa, porem foi criada para usar em parafusos. Uma faca não foi elaborada para afrouxar parafusos, porem podemos improvisar para isso, mas quando alguém for visto com uma faca supõe-se que vai cortar algo com ela.

Assim como para tocar samba os instrumentos apropriados são cavaquinho, cuíca, tambor e pandeiro, para a capoeira é o berimbau, para tocar rock e jazz é a bateria. Estes instrumentos podem executar outros ritmos, porém, foram elaborados para acentuar um estilo rítmico específico e por isso são associados a ele. Quando os músicos querem executar um samba irão utilizar, preponderantemente, esses instrumentos. Eles não necessitam de outros instrumentos para executar samba. Isso não quer dizer que outros instrumentos não podem também serem utilizados para isso, porem quando estes instrumentos são utilizados juntos é com objetivo principal de executar samba. A bateria ou outro instrumento qualquer, como teclado, podem ser utilizados para ajudar a executar outros ritmos, como samba, porem não foram inventados com esse objetivo, ou seja, seria uma improvisação, pois não são apropriados ou característicos deste tipo de ritmo. Quando o instrumento berimbau for utilizado é para executar o ritmo da capoeira. Para isso foi criado. Pode ser utilizado para executar outros ritmos, porém está intimamente associado à capoeira. Quando vemos esse instrumento sendo tocado concluímos que está sendo usado para capoeira e, dificilmente, para outro tipo de atividade.

Muitos poderiam ainda observar que a bateria poderia ser utilizada para acentuação discreta em música sacra (música de adoração), mas esta linha de pensamento destoa totalmente do que tenho relatado, explicado e concluído neste artigo por causa da origem, associação, influência, ruído e efeitos físicos desse instrumento.

FONTE: Site Música Sacra e Adoração