Prof.
Ricardo André
As Sagradas Escrituras
revelam que ao final da criação em seis dias, Deus separou o sétimo dia, como o
sábado do Senhor e colocou nele uma tríplice distinção para que fosse um indestrutível
monumento comemorativo: “E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque
nele descansou de toda a Sua obra, que Deus criara e fizera” (Gn 2:1-3). Gênesis
deixa nítido que o próprio Deus colocou no sábado, o sétimo dia, três grandes
distinções: 1) Ele descansou; 2) Ele santificou; 3) Ele descansou.
Descansou, não porque
estivera cansado, pois a Bíblia afirma que Deus não se cansa (Is 28:10).
Descansou para comemorar a criação e dar exemplo ao homem de que, todo aquele
dia deveria ser de descanso e adoração ao Criador. Santificou ou tornou santo,
separado entre os demais dias da semana, para der dedicado exclusivamente a
Deus. Abençoou-o, tornando-o bendito e feliz. “A bênção sobre o sétimo dia
subentendia que, dessa forma, ele era declarado objeto especial do favor divino
e um dia que traria bênçãos a Suas criaturas” (Comentário Bíblico Adventista,
vol. 1, p. 203). Assim o sábado deve ser para nós um dia alegre, de feliz
comunhão com Deus, agradável e cheio de amor.
Uma das verdades mais
profundamente arraigadas da Bíblia é que no jardim do Éden, em um mundo
perfeito, criado por um Deus perfeito, o sétimo dia foi separado do restante da
semana e santificado. É maravilhoso saber que o próprio deus “descansou” no
sétimo dia. Isso mostra a seriedade com que esse dia deve ser considerado,
porque o próprio Deus descansou nele!
A pesar do extenso
testemunho das Sagradas Escrituras que revelam claramente o sábado como o dia
que Deus escolheu para ser o dia de descanso, muitos cristãos que não amam o
sábado dizem: “Certo, acho que devemos obedecer ao quarto mandamento. Mas eu
tiro os domingos como meu dia de descanso. Faço isso por que é o melhor dia
para mim. Para Deus, não importa o dia da semana, mas que eu guarde um dia em
sete”. Esses cristãos (muitos são devotos e sinceros) que guardam o primeiro
dia da semana ou dia nenhum referem-se
ao texto de Romanos 14:5 e 6 para sustentar sua ideia. Tal raciocínio não se sustenta,
pelas seguintes razões:
1) Deus não escolheu o
terceiro dia da semana nem o primeiro, nem qualquer outro dia para santificar. Ele escolheu o sétimo dia para o dia de descanso. Ele diz: “Lembra-te do
dia de SÁBADO, para o santificar”,
não qualquer outro dia. Ele ainda afirma: “Mas o SÉTIMO DIA É O SÁBADO DO SENHOR, teu Deus”. (Êx 20:8-11).
2) O mundo cristão crê
que nosso Senhor Jesus esteve no sepulcro no sétimo dia da semana. E como
descreve o evangelista Lucas aquele dia? “O sábado, segundo o mandamento” (Lu
23:56). Esta única declaração inspirada é suficiente em si mesma para resolver
a questão quanto ao que significa o mandamento quando diz que “o sétimo dia é o
sábado”. Significa o sétimo dia da semana.
3) “Afirmar que o
sábado significa ‘um dia em sete’ é estabelecer a anarquia divina, com se Deus
subordinasse ao critério de Suas criaturas frágeis e pecadoras, indignas e
mortais, guardarem o seu dia, o dia que melhor atendesse ás suas conveniências.
Ora, isto é monstruoso, sem sentido, sem objetivo. Qual seria o sentido de um
filho de deus guardar uma terça-feira por exemplo? A teoria beócia da guarda de
um dia em sete só tem um objetivo: justificar a guarda do “dia do Sol” dos
pagãos, que a cristandade recebeu do paganismo que se infiltrava na igreja, nos
primeiros séculos da nossa era”. (Sutilezas do Erro, p. 139).
4) “A semana
originou-se na criação. Pois bem, naquela primeira semana do mundo, o sábado
era apenas um dia em sete ou era o específico “sétimo dia”? Era o sétimo dia, a
partir do primeiro, na ordem natural dos eventos da criação. Por que razão ele
se tornaria menos específico e deixaria de ser o sétimo, na exata ordem, na
sucessão das semanas, dos anos e dos séculos? Por que não o seria hoje?”
(Sutilezas do Erro, p. 139).
5) A própria expressão
“o sétimo dia” não deixa dúvida trata-se de um dia específico, não meramente um
dia em sete. “O artigo definido “o” não deixa margem a dúvida. Se dissermos a
um amigo que moramos na sétima casa do quarteirão, que diríamos se ele nos
procurasse na primeira casa?” (Idem, p. 140).
6) “O tríplice milagre
da queda do maná, no deserto ilustra bem o caráter ordinal e não cardinal do
sábado. Quando os israelitas foram colhê-lo no sétimo dia da semana, foram
repreendidos, porque não se tratava de um dia em sete. Quando um homem
transgrediu o mandamento, e foi colher lenha no sétimo dia, foi apedrejado e
morto. Nm 15:32-36. Sê-lo-ia se o fizesse em qualquer dia em sete? Não, porque
o mandamento é específico, e não genérico. Quando alguns ex-cativos de
Babilônia profanavam o sábado, trazendo cargas para dentro de Jerusalém, foram
denunciados e amaldiçoados e
repreendidos energicamente por Neemias (Ne 13). Sê-lo-iam, se tivesse
transgredido um dia em sete? Por certo que não. Haveria toda a tolerância, pois
o “espírito” do preceito teria sido aceito com a guarda de um dia em sete. Era
o glorioso “sétimo dia” que estava em vigor e movia o zelo dos profetas Estes
somente podiam apontar o quarto mandamento para basear as suas ardentes e
ríspidas advertências para ser santificado o sétimo dia da semana. Sim, estes
homens inspirados por Deus ENTENDERAM o “sétimo dia do mandamento como sendo específico, ordinal, certo inconfundível. (Idem,
p. 140)
Observância
de dias
Agora uma explicação a
respeito do texto de Romanos 14:5 e 6. O texto reza: “Um faz diferença entre
dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente convicto
em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. E quem
come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come, para o
Senhor não come, e dá graças a Deus”. De que dias o apóstolo Paulo estava
falando? É importante entender o que Paulo estava dizendo e que ele não estava
dizendo. Também é importante entender qual era o problema, e o que não era o problema.
No início da igreja
cristã, havia alguma controvérsia sobre a observância de certos dias. Temos uma
sugestão dessa controvérsia em Gálatas 4:9,10, onde Paulo repreende os cristãos
gálatas por observar “dias, e meses, e tempos, e anos”. Alguns na igreja haviam
persuadido os gálatas de que os cristãos deveriam ser circuncidados e guardar
outros preceitos da lei de Moisés, Paulo temia que essas ideias causassem dano
também à igreja romana. Mas, talvez, em Roma, fossem particularmente os
cristãos judeus que tinham dificuldades de
se convencer de que não mais precisavam observar os festivais judeus,
ligados a sua história nacional, a exemplo da Páscoa, pentecostes, Dia da Expiação,
entre outros. Paulo aqui está dizendo: Façam como quiserem nessa questão; o
mais importante é não julgar aqueles que veem o assunto de maneira diferente de
vocês. Aparentemente, alguns cristãos, a fim de se colocar no lado seguro,
haviam decidido observar um ou mais dos festivais judeus. O conselho de Paulo
é: Deixe que eles façam isso, se estiverem persuadidos a tanto.
“Uma coisa nisso tudo,
porém, é certa: Paulo não está se referindo ao que é claramente enunciado na
Lei de Deus quanto à observância do dia bíblico de repouso. Mesmo aos
observadores do domingo repugna a ideia de que em Romanos 14 Paulo esteja
deixando a critério das conveniências dos crentes o observar este ou aquele dia
como memorial da ressurreição de Cristo (o que, para dizer o mínimo, seria
totalmente ilógico) ou simplesmente não guardar dia nenhum, fazendo isso especificamente
“para o Senhor” (Ver Rm 14:6)”. (Consultoria Doutrinária, pp. 142, 143)
Aplicar Romanos 14:5,6
ao sábado, como querem alguns, é injustificado. Pode-se imaginar Paulo tomando
uma atitude tão descuidada em relação ao quarto mandamento? Paulo punha forte
ênfase na obediência à lei e, portanto, ele certamente não trataria com desdém
a Lei (Rm 3;31; 7:7, 12). Por mais que as pessoas usem esses textos como
exemplo para mostrar que o sábado não é mais obrigatório, esses versos não
dizem nada disso. Quando o usam dessa forma, dão um excelente exemplo do que
Pedro advertiu que as pessoas faziam com os escritos de Paulo: “Suas cartas
contém algumas coisas difíceis de entender, as quais os ignorantes e instáveis
torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição
deles” (2Pe 3:16).
Perfeito!
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