Teologia

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

DEUS ACEITA QUE GUARDEMOS QUALQUER DIA DA SEMANA?



Prof. Ricardo André

As Sagradas Escrituras revelam que ao final da criação em seis dias, Deus separou o sétimo dia, como o sábado do Senhor e colocou nele uma tríplice distinção para que fosse um indestrutível monumento comemorativo: “E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a Sua obra, que Deus criara e fizera” (Gn 2:1-3). Gênesis deixa nítido que o próprio Deus colocou no sábado, o sétimo dia, três grandes distinções: 1) Ele descansou; 2) Ele santificou; 3) Ele descansou.

Descansou, não porque estivera cansado, pois a Bíblia afirma que Deus não se cansa (Is 28:10). Descansou para comemorar a criação e dar exemplo ao homem de que, todo aquele dia deveria ser de descanso e adoração ao Criador. Santificou ou tornou santo, separado entre os demais dias da semana, para der dedicado exclusivamente a Deus. Abençoou-o, tornando-o bendito e feliz. “A bênção sobre o sétimo dia subentendia que, dessa forma, ele era declarado objeto especial do favor divino e um dia que traria bênçãos a Suas criaturas” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 1, p. 203). Assim o sábado deve ser para nós um dia alegre, de feliz comunhão com Deus, agradável e cheio de amor.

Uma das verdades mais profundamente arraigadas da Bíblia é que no jardim do Éden, em um mundo perfeito, criado por um Deus perfeito, o sétimo dia foi separado do restante da semana e santificado. É maravilhoso saber que o próprio deus “descansou” no sétimo dia. Isso mostra a seriedade com que esse dia deve ser considerado, porque o próprio Deus descansou nele!

A pesar do extenso testemunho das Sagradas Escrituras que revelam claramente o sábado como o dia que Deus escolheu para ser o dia de descanso, muitos cristãos que não amam o sábado dizem: “Certo, acho que devemos obedecer ao quarto mandamento. Mas eu tiro os domingos como meu dia de descanso. Faço isso por que é o melhor dia para mim. Para Deus, não importa o dia da semana, mas que eu guarde um dia em sete”. Esses cristãos (muitos são devotos e sinceros) que guardam o primeiro dia da semana ou dia nenhum referem-se  ao texto de Romanos 14:5 e 6 para sustentar  sua ideia. Tal raciocínio não se sustenta, pelas seguintes razões: 

1) Deus não escolheu o terceiro dia da semana nem o primeiro, nem qualquer outro dia  para santificar. Ele escolheu o sétimo dia  para o dia de descanso. Ele diz: “Lembra-te do dia de SÁBADO, para o santificar”, não qualquer outro dia. Ele ainda afirma: “Mas o SÉTIMO DIA É O SÁBADO DO SENHOR, teu Deus”. (Êx 20:8-11).

2) O mundo cristão crê que nosso Senhor Jesus esteve no sepulcro no sétimo dia da semana. E como descreve o evangelista Lucas aquele dia? “O sábado, segundo o mandamento” (Lu 23:56). Esta única declaração inspirada é suficiente em si mesma para resolver a questão quanto ao que significa o mandamento quando diz que “o sétimo dia é o sábado”. Significa o sétimo dia da semana.

3) “Afirmar que o sábado significa ‘um dia em sete’ é estabelecer a anarquia divina, com se Deus subordinasse ao critério de Suas criaturas frágeis e pecadoras, indignas e mortais, guardarem o seu dia, o dia que melhor atendesse ás suas conveniências. Ora, isto é monstruoso, sem sentido, sem objetivo. Qual seria o sentido de um filho de deus guardar uma terça-feira por exemplo? A teoria beócia da guarda de um dia em sete só tem um objetivo: justificar a guarda do “dia do Sol” dos pagãos, que a cristandade recebeu do paganismo que se infiltrava na igreja, nos primeiros séculos da nossa era”. (Sutilezas do Erro, p. 139).

4) “A semana originou-se na criação. Pois bem, naquela primeira semana do mundo, o sábado era apenas um dia em sete ou era o específico “sétimo dia”? Era o sétimo dia, a partir do primeiro, na ordem natural dos eventos da criação. Por que razão ele se tornaria menos específico e deixaria de ser o sétimo, na exata ordem, na sucessão das semanas, dos anos e dos séculos? Por que não o seria hoje?” (Sutilezas do Erro, p. 139).

5) A própria expressão “o sétimo dia” não deixa dúvida trata-se de um dia específico, não meramente um dia em sete. “O artigo definido “o” não deixa margem a dúvida. Se dissermos a um amigo que moramos na sétima casa do quarteirão, que diríamos se ele nos procurasse na primeira casa?” (Idem, p. 140).

6) “O tríplice milagre da queda do maná, no deserto ilustra bem o caráter ordinal e não cardinal do sábado. Quando os israelitas foram colhê-lo no sétimo dia da semana, foram repreendidos, porque não se tratava de um dia em sete. Quando um homem transgrediu o mandamento, e foi colher lenha no sétimo dia, foi apedrejado e morto. Nm 15:32-36. Sê-lo-ia se o fizesse em qualquer dia em sete? Não, porque o mandamento é específico, e não genérico. Quando alguns ex-cativos de Babilônia profanavam o sábado, trazendo cargas para dentro de Jerusalém, foram denunciados e amaldiçoados  e repreendidos energicamente por Neemias (Ne 13). Sê-lo-iam, se tivesse transgredido um dia em sete? Por certo que não. Haveria toda a tolerância, pois o “espírito” do preceito teria sido aceito com a guarda de um dia em sete. Era o glorioso “sétimo dia” que estava em vigor e movia o zelo dos profetas Estes somente podiam apontar o quarto mandamento para basear as suas ardentes e ríspidas advertências para ser santificado o sétimo dia da semana. Sim, estes homens inspirados por Deus ENTENDERAM o “sétimo dia do mandamento como sendo específico, ordinal, certo inconfundível. (Idem, p. 140)

Observância de dias

Agora uma explicação a respeito do texto de Romanos 14:5 e 6. O texto reza: “Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente convicto em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. E quem come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus”. De que dias o apóstolo Paulo estava falando? É importante entender o que Paulo estava dizendo e que ele não estava dizendo. Também é importante entender qual era o problema, e o que não era o problema.

No início da igreja cristã, havia alguma controvérsia sobre a observância de certos dias. Temos uma sugestão dessa controvérsia em Gálatas 4:9,10, onde Paulo repreende os cristãos gálatas por observar “dias, e meses, e tempos, e anos”. Alguns na igreja haviam persuadido os gálatas de que os cristãos deveriam ser circuncidados e guardar outros preceitos da lei de Moisés, Paulo temia que essas ideias causassem dano também à igreja romana. Mas, talvez, em Roma, fossem particularmente os cristãos judeus que tinham dificuldades de  se convencer de que não mais precisavam observar os festivais judeus, ligados a sua história nacional, a exemplo da Páscoa, pentecostes, Dia da Expiação, entre outros. Paulo aqui está dizendo: Façam como quiserem nessa questão; o mais importante é não julgar aqueles que veem o assunto de maneira diferente de vocês. Aparentemente, alguns cristãos, a fim de se colocar no lado seguro, haviam decidido observar um ou mais dos festivais judeus. O conselho de Paulo é: Deixe que eles façam isso, se estiverem persuadidos a tanto.

“Uma coisa nisso tudo, porém, é certa: Paulo não está se referindo ao que é claramente enunciado na Lei de Deus quanto à observância do dia bíblico de repouso. Mesmo aos observadores do domingo repugna a ideia de que em Romanos 14 Paulo esteja deixando a critério das conveniências dos crentes o observar este ou aquele dia como memorial da ressurreição de Cristo (o que, para dizer o mínimo, seria totalmente ilógico) ou simplesmente não guardar dia nenhum, fazendo isso especificamente “para o Senhor” (Ver Rm 14:6)”. (Consultoria Doutrinária, pp. 142, 143)

Aplicar Romanos 14:5,6 ao sábado, como querem alguns, é injustificado. Pode-se imaginar Paulo tomando uma atitude tão descuidada em relação ao quarto mandamento? Paulo punha forte ênfase na obediência à lei e, portanto, ele certamente não trataria com desdém a Lei (Rm 3;31; 7:7, 12). Por mais que as pessoas usem esses textos como exemplo para mostrar que o sábado não é mais obrigatório, esses versos não dizem nada disso. Quando o usam dessa forma, dão um excelente exemplo do que Pedro advertiu que as pessoas faziam com os escritos de Paulo: “Suas cartas contém algumas coisas difíceis de entender, as quais os ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição deles” (2Pe 3:16).

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