Rubens Lessa
Quem se aventura a escrever ou
falar sobre música no contexto da igreja, hoje, está sujeito a chuva e
trovoada.
Por quê? Porque um número cada
vez maior de pessoas está oferecendo fogo estranho ao Senhor. Alguns, por
ignorância; outros, por teimosia.
Faz pouco tempo, saímos de cabeça
baixa de uma igreja por causa do tipo de música apresentada durante o culto de
adoração. Temos certeza de que os anjos também se retiraram de cabeça baixa.
Não queremos imitar ninguém, mas o que se apresenta como música em algumas de nossas
igrejas hoje em dia, "é uma vergonha".
Diz o salmista: "Louvai ao
Senhor, porque é bom cantar louvores ao nosso Deus; isto é agradável; decoroso
é o louvor" (Sal. 147: 1). Há pessoas que honram ao Senhor, oferecendo-Lhe
o que é decoroso. Estes são os que "não dobraram os joelhos a Baal".
Mas o que é indecoroso? O assunto é vasto e polêmico, mas queremos relembrar
alguns aspectos negativos.
1. Cantar melodia sertaneja ou
popular com letra supostamente sacra. Até o jeito de cantar é trivial;
portanto, reprovável. Sem falar em letras repetitivas, banais, sem coerência
doutrinária ou teológica. Fogo estranho! 0 Manual da Igreja, página 86, recomenda:
"A música profana ou a que é de natureza duvidosa ou questionável nunca
deve ser introduzida em nossos cultos."
2. Trejeitos vocais. Alguns de
nossos "cantores" emitem um som rouquenho, com voz dengosa, para
chamar a atenção dos fãs. É imitação barata. Outros, poderiam ser chamados de
surfistas da voz: fazem curvinhas para cima, para baixo, para um lado e para o
outro. Deus não aceita o louvor dos que brincam nessa onda, por mais que digam
"amém" no final de suas apresentações.
3. Música estridente. Alguns
conjuntos vocais cantam tão alto que quase explodem os tímpanos dos ouvintes.
Não se deve abusar do avanço da tecnologia. 0 controle do som deve ser feito
por pessoas que tenham autocontrole, e não por gente destituída de reverência.
"Não o canto alto que é necessário, porém entonações claras, a pronúncia
correta, a dicção distinta." - Evangelismo, pág. 505.
4. Repertório. 0 repertório de um
cantor ou conjunto deve obedecer a alguns critérios: melodia e ritmo
desvinculados de tendências profanas, arranjos que incluam bom gosto e
equilíbrio, sem dissonâncias extravagantes, letra condizente com as doutrinas
bíblicas, enfim, música que promova o espírito de adoração e louvor. A
advertência do Manual da Igreja, à página 86, sobre a escolha de pessoas para cuidarem
da música na igreja, merece atenção: "Aqueles a quem falta discernimento
para a devida e apropriada escolha de música para o culto divino, não devem ser
escolhidos."
Na maioria das igrejas ocorre um
fenômeno curioso. Ou seja, não existe uma comissão para avaliar as músicas e os
cantores. Ora, isso abre caminho para que pessoas inidôneas imponham seu gosto
e estilo.
Muitos de nossos jovens (e até
adultos) não sabem fazer distinção entre o joio e o trigo. Por quê? Por estarem
condicionados a essa "água com açúcar" que rola por aí.
Não devemos generalizar, pois há
pessoas, tanto jovens como adultos, realizando um excelente ministério por meio
da música. Tememos, no entanto, que a atual onda de desvirtuamento continue
avançando.
Os corais de nossas igrejas e
colégios, os cantores do Está Escrito e da Voz da Profecia devem ser modelos ou
paradigmas. É também imprescindível que compositores, regentes e diretores de
música estudem e pratiquem a filosofia de música da Igreja. Tudo com
equilíbrio, bom senso e oração. Não se deve entregar o controle desse
ministério aos fariseus da música nem aos adeptos do laissez-faire, e sim a
pessoas sensatas e " tementes a Deus. Enquanto é tempo. -
Fonte: Revista Adventista, nº 1,
janeiro, 1998, Ano 94
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