Teologia

sábado, 29 de agosto de 2015

TRÊS ANJOS ADVERTEM O MUNDO


Ricardo André

Em Apocalipse 14:6-12, três grandes anjos aparecem na visão do vidente de Patmos, que voam pelo meio do céu com mensagens de advertência para nosso tempo. São três mensagens especiais de Deus para os habitantes deste mundo. Elas representam o último apelo de Deus ao mundo caído. Mas, como sabemos que elas representam as advertências finais de Deus à terra? Porque, seguindo imediatamente a proclamação dessas mensagens, o profeta contempla a gloriosa vinda de Cristo. Diz ele: “Olhei, e diante de mim estava uma nuvem branca e, assentado sobre a nuvem, alguém "semelhante a um filho de homem". Ele estava com uma coroa de ouro na cabeça e uma foice afiada na mão. (...) Assim, aquele que estava assentado sobre a nuvem passou sua foice pela terra, e a terra foi ceifada” (Apocalipse 14:14-16, NVI) Este verso descreve Jesus regressando como "Rei dos reis", "Senhor dos Senhores" e também como "Justo juiz".

Exatamente antes da ceifa mundial, que Jesus declarou ser o “fim do mundo” (Marcos 13:39), são dadas essas mensagens para despertar o coração da humanidade, a fim de que “quem quiser” se volte para Cristo antes que seja tarde demais e se prepare para aquele grande acontecimento porvir.

A Primeira Advertência

A primeira mensagem do primeiro anjo diz: “Então vi outro anjo, que voava pelo céu e tinha na mão o evangelho eterno para proclamar aos que habitam na terra, a toda nação, tribo, língua e povo. Ele disse em alta voz: "Temam a Deus e glorifiquem-no, pois chegou a hora do seu juízo. Adorem aquele que fez os céus, a terra, o mar e as fontes das águas" (Apocalipse 14:6,7, NVI).

Quem são esses anjos? Evidentemente que eles são simbólicos. É importante ressalvar que, o livro de Apocalipse é um livro cheio de símbolos.

“A palavra anjo provém de um termo grego aggelos, cujo significado real é “mensageiro”. Certamente, os mensageiros celestiais de Deus são seres sobrenaturais; mas a palavra grega aggelos é traduzida simplesmente como “mensageiro” ou “mensageiros”, em sua acepção ordinária, não aplicada a seres sobrenaturais, como em S. Marcos 1:2; S. Lucas 7:24; S. Lucas 9:52 e em Tiago 2:25. Nesses versos, os “mensageiros” (ou “anjos”) são: (a) João Batista; (b) os discípulos de João Batista; (c) os discípulos de Jesus Cristo e (d) dois espias – sem dúvida, todos eles seres humanos” (Uma Nova Era Segundo as Profecias do Apocalipse, p. 92).

Portanto, esses anjos simbolizam um grupo de cristãos sinceros anunciadores dessas mensagens em um movimento de âmbito mundial. Ademais, em todos os tempos Deus sempre empregou mensageiros humanos para proclamar Suas verdades a outros. Foram a eles dada a ordem de Mateus 28:18-20: "Ide portanto e pregai". Nenhum texto na Bíblia afirma que o evangelho seria pregado por anjos. Esta responsabilidade Jesus conferiu aos seus discípulos, os seus seguidores.

“Chamou Deus Sua igreja hoje, como chamara o antigo Israel, a fim de erguer-se como luz na Terra. Pela poderosa espada da verdade, as mensagens do primeiro, segundo e terceiro anjos, separou-os das igrejas e do mundo para trazê-los a uma santa proximidade dele. Fê-los depositários de Sua lei e confiou-lhes as grandes verdade da profecia para este tempo. Como as Santas Escrituras confiadas ao antigo Israel, estas são um sagrado depósito a ser comunicado ao mundo. Os três anjos de Apocalipse 14 representam o povo que aceita a luz das mensagens de Deus, e vão como agentes Seus fazer soar a advertência por toda a extensão e largura da Terra” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, p. 455 e 456).

O coração e alma da mensagem do primeiro anjo é o “evangelho eterno”, ou seja, não é alguma mensagem nova, mas a mesma mensagem do passado. Deus sempre teve apenas um único evangelho. O evangelho eterno nunca muda. Ele foi anunciado primeiro no Éden (Gen.3:15), depois para os filhos de Israel (Heb.4:1-2), e é proclamado de novo a cada geração. O “evangelho eterno” corresponde às boas novas com as seguintes ênfases: (1) Jesus é o Cordeiro de Deus, que morreu pelos pecados de todo o mundo e ressuscitou dos mortos (I Co 15:1-4). (2) Pelo fato de Jesus estar intercedendo por nós no Santuário celestial, aplicando os méritos de Seu sacrifício, todos os nossos pecados podem ser perdoados (I Tm 2:5; I Jo 1:9; 2:1). (3) Podemos ter a justiça de Cristo em nosso coração pelo Espírito Santo (Rm 8:1-10). (4) Jesus voltará para tornar a vida eterna uma realidade para todos os que creem (Jo 3:36; I Pd 5:10).

A mensagem do evangelho é tão importante que assume um significado global. Ela tem de ser proclamada em todo o mundo antes da volta de Jesus (Mt 24:14).

A mensagem do primeiro anjo é um chamado para voltar a adorar o Deus Criador, porque só Ele é digno. A adoração é um ponto central no grande conflito entre o bem e o mal, e centraliza-se na adoração da besta contra a adoração do Criador (Ap 13:11-15; 14:7). Em 1856, quando já o “evangelho eterno” estava sendo anunciado ao mundo há doze anos, por um povo remanescente especial, e Deus sendo dado a conhecer como Criador, surgiu o naturalista inglês Charles Darwin com o seu livro intitulado “A Origem das Espécies”, em que contraria abertamente a doutrina criacionista do quarto mandamento da lei de Deus e do evangelho de Cristo. Desde esse tempo, a crença num Deus que criou todas as coisas com Seu poder, tem sido abandonada e o evolucionismo inundou o mundo científico e até mesmo o mundo cristão.
Nesta época, em que multidões se estão curvando diante dos falsos altares da teoria da evolução, ressoa a clara e definida mensagem: “Temei a Deus [reverenciai-O], (...) E adorai Aquele que fez o céu, e a Terra e o mar, e as fontes das águas”. O apelo do primeiro anjo é para que os filhos de Deus rejeitem a teoria da evolução e adorem a Deus como o Criador, Aquele que é a fonte de toda a vida e que deu origem a todas as coisas. Isso nos remete à origem da humanidade e do próprio mundo, descrita em Gênesis 1 e 2. O Senhor designou no princípio que Suas maravilhosas obras fossem lembradas, e assim ele instituiu o sábado como o eterno monumento ou lembrança de Seu poder criador (Sl 111:4; Gn 2:1-3). No coração de Sua santa lei está escrito: “"Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo. Trabalharás seis dias e neles farás todos os teus trabalhos, mas o sétimo dia é o sábado dedicado ao Senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teus filhos ou filhas, nem teus servos ou servas, nem teus animais, nem os estrangeiros que morarem em tuas cidades. Pois em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles existe, mas no sétimo dia descansou. Portanto, o Senhor abençoou o sétimo dia e o santificou” (Êxodo 20:8-11).

É unicamente o quarto mandamento do Decálogo que aponta “Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas”.(Êxo.20:8-11). O mandamento do sábado foi estabelecido por Deus com um propósito claramente definido, isto é, para que o homem se lembre perpetuamente de que Deus é o Criador do Céu, da Terra, do mar e de tudo quanto neles há. É pela observância do sábado que Deus espera ser reconhecido e adorado pelos habitantes do mundo como Criador, mantenedor e doador de todas as coisas. Antes do fim do mundo e da segunda vinda de Cristo, a partir de 1844, esta verdade deveria ser restabelecida na Terra segundo esta profecia. Enquanto o evolucionismo tenta apagar do mundo a ideia de um Deus Criador, o primeiro anjo chama a atenção dos habitantes do planeta para a adoração do Deus, que criou todas as coisas.

Por que a necessidade de pregar uma mensagem chamando os homens para a adoração do Deus Criador?  Porque o homem virou as costas para Deus. Abandonando o Senhor e desrespeitando as suas leis. Se o homem tivesse guardado os mandamentos de Deus em todos os tempos, não teríamos nos esquecido que Deus é o Criador de todas as coisas.

Se o dia de repouso tivesse sido guardado e observado pelos cristãos desde os dias de Cristo até agora, não teríamos tido a mínima ideia do surgimento do ateísmo, e do evolucionismo, mas abandonando os mandamentos de Deus, o homem abandonou o próprio Deus.

A mensagem do primeiro anjo diz que devemos adorar a Deus, obedecer suas leis e seus mandamentos porque haverá um juízo, no qual cada um prestará contas de sua obediência ou desobediência. A declaração atesta haver um tempo pré-definido em que a hora do juízo chegaria. A mensagem do juízo seria proclamada no mundo imediatamente ao chegar o “tempo do fim”, em 1798. Desta data em diante, poderíamos esperar o anúncio da chegada da hora do juízo.

Além disso, a hora do juízo chegaria quando o “evangelho eterno” fosse proclamado através de um grande movimento mundial “a toda nação, e tribo, e língua, e povo”, o que só poderia ser possível com o concurso da ciência, segundo anunciara o profeta (Dan.12:4). Daniel 8:14; 9:24-27 define o início do juízo pré-advento no Céu como sendo em 1844.

Enquanto no Céu, no santuário de Deus, se processa o juízo desde 1844, na Terra a mensagem do primeiro anjo adverte os homens sobre a sua realidade.

Em seu sermão em Atenas, Paulo disse que Deus “estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e creditou diante de todos” (Atos 17:31).

Os que aceitam o “evangelho eterno” se distinguem dos demais ditos cristãos, exatamente por obedecerem aos mandamentos da lei de Deus. Sabem que não estarão obedecendo ao evangelho eterno desprezando esses mandamentos. Sabem que não serão perdoados, se insistirem na transgressão da lei divina, que é a norma do juízo pela qual serão afinal julgados.

Uma vez que o registro bíblico da criação está sendo contrariado e uma vez que o sábado de Deus, um sinal do Seu poder criador foi posto de lado pela humanidade em geral, é vital que todas as pessoas, em todas as partes, sejam alertadas sobre essa questão crucial que tem a ver com a verdadeira adoração. Daremos nós ouvido à mensagem do primeiro anjo?

A Segunda Advertência

Vamos agora à mensagem do segundo anjo:
Em Apocalipse 14:8 lemos: "caiu, caiu a grande Babilônia que tem dado a beber a todas as nações do vinho da fúria de sua prostituição". Neste verso temos que usar o princípio da interpretação profética, pois, Babilônia, a cidade, não existia mais há muitos séculos.

A mensagem do segundo anjo é um apelo urgente motivado pelo amor e pela intransigente verdade de Deus. Esta mensagem toma a forma de uma denúncia e punição porque falsos sistemas de salvação em geral e da cristandade em particular têm rejeitado a luz da mensagem do primeiro anjo.

No Antigo Testamento, Babilônia era a inimiga mortal de Deus e de Seu povo (Jr 50:24, 28 e 29). No Apocalipse, a Babilônia mística tem o mesmo papel. A palavra Babilônia, ou Babel, quer dizer confusão. Ela teve sua origem com a cidade e a torre que o povo tentou construir na terra de Sinear, depois do dilúvio. Foi lá que as línguas do mundo foram confundidas. É um símbolo adequado para as igrejas populares e seculares, com suas centenas de diferentes seitas e doutrinas contraditórias. Apocalipse 12 fala sobre a igreja verdadeira, a igreja pura, representada por uma mulher pura. Babilônia é também descrita sob o símbolo de uma mulher infiel, é chamada “a mãe das meretrizes” (Apoc.17:1-5).

A mensagem ensinada pelo segundo anjo é que todos os sistemas religiosos falsos, que ensinam doutrinas não bíblicas - que ensinam heresias - vão cair. Babilônia significa um processo de apostasia no mundo cristão que vai culminar na crise descrita em Apocalipse 13:15-17. Então a besta e sua imagem vão formar uma aliança mundial para unificar os poderes religiosos e políticos. A queda final de Babilônia está no futuro. Por ordem de Deus, essa união mundial (papado/protestantismo apostatado/espiritismo moderno) perderá o seu poder, como aconteceu com a primeira cidade de Babel.

Qualquer igreja que aceita as doutrinas não bíblicas adotadas pela igreja medieval pode ser considerada como uma filha de “Babilônia, a grande, a mãe das abominações da Terra” (Ap 17:5). Tais doutrinas inclui: 1) A santidade do domingo; 2) A imortalidade da alma; 3) o eterno inferno de fogo; 4) a crença de que as obras humanas contribuem para nossa justificação; 5) a ideia de que Cristo não é o único Cabeça da Igreja; 6) que os sacerdotes podem perdoar pecados. Mas recentemente outros falsos ensinos foram agregados: 1) A salvação pela graça nos livra de guardar os Dez Mandamentos; 2) Cristo não é Deus no sentido mais pleno; 3) Cristo irá arrebatar Seu povo para o Céu através de um sequestro secreto.

“O grande pecado imputado à Babilônia é que ‘a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição’. Esta taça de veneno que ela oferece ao mundo representa as falsas doutrinas que aceitou, resultantes da união ilícita com os poderes da Terra” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 387). Tal vinho têm produzido, nos que aceitam tais doutrinas, uma confusão espiritual semelhante à embriagueis (Is 5:20-23; 29:8-11).

Multidões têm bebido o vinho destas falsas doutrinas. Há, entretanto, alguns em Babilônia que amam a verdade e irão responder ao chamado de Cristo para sair do meio dela e juntar-se à Sua igreja remanescente, a qual “guarda os mandamentos de Deus e tem o testemunho de Jesus” (Ap 18:4; Joel 2:32; Ap 12:17).

Deus está hoje fazendo um apelo aos Seus filhos, que ainda estão praticando alguma forma falsa ou desvirtuada de culto: "Sai dela povo meu" (Apocalipse 18:4). Isto é: sair de Babilônia, sair da confusão.

Ouviremos nós a mensagem do segundo anjo?

A Terceira Advertência

E concluindo, vejamos agora a mensagem do terceiro anjo: Em Apocalipse 14:9-12 encontramos esta mensagem, cujo resumo é: "Se alguém adorar a besta e a sua imagem, e receber o seu sinal na fronte ou na mão, também este beberá do vinho da ira de Deus...".

A mensagem é dada em alta voz e há quatro coisas que devem ser consideradas:

Alerta contra a adoração da besta. O primeiro anjo convida para adorar “aquele que fez o Céu e a Terra”. O terceiro anjo alerta contra a adoração da besta. Deve haver, e há, uma diferença essencial. Se aceitarmos os ensinos e mandamentos da besta em vez da Palavra e da Lei de Deus, estamos adorando-a.

Alerta contra a adoração da imagem da besta. Se cedermos à pressão do protestantismo apostatado, ao este dar a mão ao poder civil para impor a marca da besta, não seremos considerados verdadeiros adoradores do Criador.
Alerta contra receber o sinal da besta. A marca da besta é o falso sábado, a observância do domingo, instituído pela Igreja Católica Romana, representada pelo pela “ponta pequena” da profecia de Daniel 7, que “mudaria os tempos e a lei” (v. 25 ).

“Que é, pois, a mudança do sábado se não o sinal da autoridade da Igreja de Roma ou ‘o sinal da besta?” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 400 e 401).

Nas derradeiras horas da crise, a marca papal da guarda do domingo será imposta pela lei civil. O alerta de Deus é proferido contra essa marca. Ao Deus chamar as pessoas para adorar o Criador, a questão sábado-domingo será claramente delineada.

Alerta acerca da ira de Deus sobre aqueles que não ouvirem Seu aviso. Todos temos que escolher entre a ira do homem e a ira de Deus. É entre a obediência ao homem e a obediência a Deus que a decisão precisa ser tomada.

Desde tempos passados até ao presente, a ira de Deus tem se manifestado, mas sempre permeada da Sua misericórdia. Mas quando ela for consumada nas sete pragas, não será acompanhada da misericordiosa graça. Assim, quando a substituição do sábado bíblico pelo domingo humano se tornar universal, Deus intercederá no mundo. Ele sairá de Seu lugar para punir os habitantes do mundo por suas iniquidades.


A Bíblia fala da misericórdia de Deus: "Porque Deus enviou Seu filho ao mundo, não para condenar o mundo mas que o mundo fosse salvo por ele". João 3:17. Em Ezequiel 18:23 lemos que "O Senhor não tem prazer na morte do ímpio". Pelo contrário, Deus se alegra quando o ímpio se arrepende e se converte. Mas a condenação divina é que "A luz que é Cristo, veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz". João 3:19.

Isto é terrível, porque Deus enviou a Verdade personificada ao mundo. Enviou a verdadeira Luz que ilumina, mas os homens amaram mais Babilônia com todas as suas trevas e erros espirituais.  Deus declara que no fim do tempo haverá aqui na terra apenas duas classes: Uma - Os que adoram a besta, os que estão em Babilônia, que rejeitam a luz do céu. A outra - Os que seguem, servem e obedecem a Jesus Cristo, guardando os Seus mandamentos. Isto é: o fiel remanescente de Deus.

O Remanescente Fiel dos últimos Dias

O povo de Deus dos últimos dias é descrito em Apocalipse 14:12 como os que tem "a perseverança dos santos, guardam os mandamentos de Deus e tem a fé de Jesus". Apocalipse 12:17 declara que Satanás está irado com todos os seguidores de Cristo, que guardam os mandamentos de Deus.

Eis o traço marcante do povo de Deus do “tempo do fim”. O que indica sua firmeza em cumprir o propósito que Deus lhe confiou, em meio a um mundo ímpio e a um cristianismo decadente.

Considerando os que guardam os dez mandamentos de Deus serem assim colocados em contraste com os que adoram a besta e sua imagem, e recebem o seu sinal, é claro que a guarda da lei de Deus, por um lado, e sua violação, por outro, deverão assinalar a distinção entre os adoradores de Deus e os da besta.

A lei de Deus é a grande norma perante a qual todos os indivíduos deverão prestar suas contas no tribunal de Deus (Ecles.12:13-14). Saibam todos os homens que jamais serão justificados de seus pecados pelo sangue de Cristo, se não viverem em harmonia com os preceitos dos Seus mandamentos.

Disse Paulo: “Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados. Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus; mas os que praticam a lei hão de ser justificados” (Rom.2:12-13).

O terceiro anjo declara que Deus castigará os que insistirem em permanecer no erro, aliados à Babilônia e adorando a besta. Haverá punição para os desobedientes. Por outro lado haverá recompensa para os que guardam os mandamentos de Deus. Atenderemos nós estas mensagens? Ficaremos do lado de Deus, custe o que custar?

Caro amigo leitor, só há segurança em confiarmos em Deus. Se permanecermos do lado de Jesus, Ele nos livrará das horas mais difíceis que os filhos de Deus terão que passar. Diga agora a Jesus que quer estar do lado dEle. E então quando Cristo regressar você também poderá saudar o nosso Jesus.




domingo, 23 de agosto de 2015

O FUTURO REVELADO



Gerhard Pfandl

Método historicista de interpretação profética ajuda a identificar os eventos finais.

Os capítulos 12 a 14 do Apocalipse são preponderantes para a escatologia adventista do sétimo dia. O capítulo 12 esboça a história da igreja cristã desde o primeiro século até o tempo do fim, quando Satanás guerreia contra “os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” (Ap 12:17). O capítulo 13 pinta em termos simbólicos o clímax dessa guerra. A primeira besta que surge do mar e a segunda besta que surge da terra seca operam juntas para impor sua marca de adoração a todo o mundo.

Fundamentados no método historicista de interpretação profética, os adventistas têm compreendido essas duas bestas como símbolos respectivos do papado e do protestantismo da América. De acordo com Apocalipse 13, em algum momento no futuro, o protestantismo apostatado apelará ao mundo para adorar a primeira besta, isto é, obedecer ao papado por meio da observância do domingo, o primeiro dia da semana, em lugar do sábado bíblico do sétimo dia. Essa legislação dominical resultará em decreto de morte para todos os que recusarem aceitar a marca da besta. Porém, a libertação desses fiéis está garantida (Ap 14).

Desde 1844, estamos vivendo no tempo do juízo investigativo pré-advento, também mencionado em Apocalipse 14:7. 1 Durante esse tempo, terão lugar os seguintes eventos:

No Céu. O juízo investigativo trata das pessoas cujos nomes são encontrados no livro da vida e que foram salvas por meio da obra de Cristo em nosso favor e em nós (1Jo 4:17; 5:12).

Na Terra. Justamente antes do fechamento da graça, durante o período que algumas vezes é mencionado como o início ou pequeno tempo de angústia, 2 será formada uma imagem da besta e a lei dominical universal será promulgada, a qual culminará com um decreto de morte para aqueles que recusam o recebimento da marca da besta. Durante esse período, a igreja remanescente faz soar o alto clamor, no poder da chuva serôdia, e experimenta a sacudidura, o selamento e o verdadeiro reavivamento.

Nem a Bíblia nem Ellen White apresentam sequência cronológica para esses eventos. Muitos deles podem ocorrer paralelamente, mas ocorrerão antes que o decreto de Apocalipse 22:11 seja proclamado e tenha início o grande período de
angústia. Embora não nos seja informado nenhum tempo específico para tais eventos, é-nos dito que “os últimos acontecimentos serão rápidos”.3

Reavivamento e reforma

Um completo reavivamento e reforma prepara a igreja para os eventos finais e para o grande clamor, 4 incluindo milagres de cura e conversões genuínas. 5 Satanás envidará esforços para impedir esse reavivamento, produzindo uma contrafação: “Nas igrejas que puder colocar sob seu poder sedutor, fará parecer que a bênção especial de Deus foi derramada; manifestar-se-á o que será considerado como grande interesse religioso. Multidões exultarão de que Deus esteja operando maravilhosamente por elas, quando a obra é de outro espírito. Sob o disfarce religioso, Satanás procurará estender sua influência sobre o mundo cristão.”6

Assim, podemos compreender as palavras de Paulo no sentido de que “o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígio da mentira” (2Ts 2:9).

Direcionando-nos para Apocalipse 7, que também se refere ao tempo do fim, os ventos de provas são retidos até que o povo de Deus seja selado e preparado para o tempo de angústia. “Esse selo não é qualquer marca que possa ser vista, mas uma sedimentação na verdade, tanto no sentido intelectual como espiritual, que não pode ser removida.” 7

A chuva serôdia e o alto clamor

Assim como a igreja apostólica recebeu a chuva temporã no Pentecostes, o remanescente receberá a chuva serôdia, pela qual será habilitado a finalizar a tarefa de proclamar o evangelho eterno (Jl 2:23, 28, 29).

“Assim como a ‘chuva temporã’ foi dada, no derramamento do Espírito Santo no início do evangelho, para efetuar a germinação da preciosa semente, a ‘chuva serôdia’ será dada em seu final para o amadurecimento da seara.” 8

Essa promessa é para nós, hoje, e temos que estar preparados para recebê-la, por meio da busca pelo Senhor em humildade e, através do poder do Espírito Santo, purificando-nos de tudo o que é desagradável a Ele. 9

A mensagem da queda de Babilônia, dada pelo segundo anjo (Ap 14:8), é repetida na mensagem do anjo de apocalipse 18:1-4. “A obra desse anjo vem, no tempo devido, unir-se à última grande obra da mensagem do terceiro anjo, ao tomar esta o volume de um alto clamor.” 10

Tempo de angústia e marca da besta

Antes do fechamento da graça, haverá um tempo de angústia para o mundo e para a igreja (Lc 21:25). Ellen White se refere a esse tempo, com as seguintes palavras: “E ao início do tempo de angústia fomos cheios do Espírito Santo ao sairmos para proclamar o sábado mais amplamente.” Posteriormente, ela escreveu: “O ‘início do tempo de angústia’ ali mencionado não se refere ao tempo em que as pragas começarão a ser derramadas, mas a um breve período, pouco antes, enquanto Cristo está no santuário. Nesse tempo, enquanto a obra de salvação está se encerrando, tribulações virão sobre a Terra, e as nações ficarão iradas, embora contidas para não impedir a obra do terceiro anjo.” 11

Haverá também uma sacudidura entre o povo de Deus, causada “pelo testemunho direto” da “Testemunha verdadeira” de Laodiceia 12 e a introdução de falsas teorias. Muitos adventistas deixarão a igreja 13 porque não são plenamente convertidos e veem os assuntos religiosos “sob a mesma luz” com que o mundo os vê. 14

A imagem da besta será formada quando as igrejas protestantes da América do Norte se unirem com o Estado para usar a força a fim de impor decretos e apoiar as instituições da igreja. Então, “haverá uma apostasia nacional que resultará apenas em ruína nacional”. 15 “Como ato culminante no grande drama do engano, o próprio Satanás personificará Cristo.” 16 Isso ilumina as palavras de Jesus quando mencionou que esses sinais enganariam, “se possível, os próprios eleitos” (Mt 24:24).

Desde que Constantino promulgou, em 321 a. D., a primeira lei dominical têm havido leis semelhantes em muitos países, bem como na América do Norte. Porém, muitas dessas leis foram limitadas em extensão e focalizaram principalmente, se não exclusivamente, atividades comerciais. Apocalipse 13 prediz que a futura legislação dominical será nacional, até mesmo internacional, e que tais decretos incluirão observâncias religiosas (Ap 13:3). Ellen White escreveu sobre isso: “Quando a América, um país de liberdade religiosa, mostrar unidade com o papado em forçar a consciência e compelir pessoas a honrar o falso sábado, pessoas de todo país do mundo serão levadas a seguir seu exemplo. 17 “Muitas estrelas que temos admirado por seu brilho então cairão em trevas.” Uma razão para essa apostasia será a “ameaça de prisão e morte”.18

Em visão, Ellen White ouviu Satanás dizer: “Quando se fizer da morte a penalidade da violação do nosso sábado, então muitos dos que agora estão nas fileiras dos observadores dos mandamentos, passarão para o nosso lado.” 19 Como não haverá mudança de lado até o fechamento da graça, o teste da ameaça de morte deve, portanto, ser antes desse evento. “Quando, porém, a observância do domingo for imposta por lei, e o mundo for esclarecido relativamente à obrigação do verdadeiro sábado, quem então transgredir o mandamento de Deus para obedecer a um preceito que não tem maior autoridade que a de Roma… [esses] aceitarão, de fato, o sinal de fidelidade para com Roma – ‘o sinal da besta’.” 21

O fechamento da graça marca o fim do ministério de Cristo no Céu. A obra de investigação e julgamento será terminada e a porta de misericórdia para o mundo será para sempre fechada. 22 Nesse tempo, Cristo anuncia o fechamento da graça com as palavras de Apocalipse 22:11, o povo de Deus já terá sido selado 23 e estará protegido das pragas derramadas durante o grande tempo de angústia, assim como o antigo Israel foi protegido das pragas que caíram sobre o Egito.

Embora a ordem precisa dos futuros eventos não tenha sido revelada, sabemos que o tempo da vinda do Senhor está perto: “Observem a figueira e todas as árvores. Quando elas brotam, vocês mesmos percebem e sabem que o verão está próximo. Assim também, quando virem estas coisas acontecendo, saibam que o Reino de Deus está próximo” (Lc 21:29-31, NVI).

Referências:

1 Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 425.
2 Donald Ernest Mansell, The Shape of the Coming Crisis: A Sequence of End-time Events Based on the Writings of Ellen G. White (Nampa, ID: Pacific Press, 1998).
3 Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 9, p. 11.
4 ___________, O Grande Conflito, p. 464.
5 ___________, Testemunhos Para a Igreja, v.9, p. 126.
6 ___________, O Grande Conflito, p. 464.
7 The Seventh-Day Adventists Bible Commentary, v. 4, p. 1161.
8 Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 611.
9 ___________, Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 50, 51.
10 __________, Primeiros Escritos, p. 277.
11 Ibid., p. 33, 85, 86.
12 Ibid., p. 270.
13 Ellen G. White, Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 112.
14 ___________, O Grande Conflito, p. 608.
15 The Seventh-day Adventist Bible Commentary, v. 7, p. 976.
16 Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 624.
17 ___________, Testemunhos Para a Igreja, v.6, p. 18.
18 Ibid., v. 5, p. 81.
19 Ellen G. White, Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 473.
20 Ver The Seventh-day Adventist Bible Commentary, v. 7, p. 976.
21 Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 449.
22 Ibid., p. 428.
23 Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v.5, p. 212.

Gerhard Pfandl – Diretor associado do Instituto de Pesquisa Bíblica, Silver Spring, Estados Unidos.Publicado na Revista Ministério Jan/Fev-2012.

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

É PECADO PERGUNTAR A DEUS O “PORQUÊ” DO SOFRIMENTO?



Ricardo André

Ellen Dias é uma cristã adventista fervorosa e feliz. No ano de 2008, dois acontecimentos trágicos atingiram sua família. Seu filho de que amava muito faleceu f vítima de um acidente automobilístico. 28 dias depois, seu marido morre também de um infarto fulminante, causando-lhe um duro golpe e intenso sofrimento. Seu mundo desabou. Pensa nisto quase todos os dias. É como se fosse um pesadelo. Não obstante, procura levar uma vida cristã com esperança e certeza nas promessas divinas. Orou constantemente durante algum tempo, pedindo que Deus lhe mostrasse a resposta ou razão para isso. Muitas vezes perguntou: Será que Deus tinha um propósito ou motivo para permitir que isso houvesse acontecido?

Nem sempre estamos preparados para enfrentar perdas e reverses na vida e, quando acontecem, logo surge a pergunta: “Por que, Senhor? Por que comigo?” Às vezes, essa é a pergunta mais dolorosa. Na verdade, nunca estamos preparados para as provações. Foi o que aconteceu também com Jó. Ele perdeu seus bens materiais. Seus nove filhos foram-se para sempre quando um furacão derrubou sua casa matando-os (Jó 1:13-19). Como se não bastasse, foi acometido de uma grave doença caracterizada por temores, úlceras (Jó 2:7 e 8). Ele não estava preparado para tanta desgraças de uma só vez. E quem estaria? Em alguns momentos, um homem vigoroso transformara-se num grande sofredor, incapaz de explicar por quê. Entre seus vários “porquês”, um deles foi: “(...) Por que me tornaste teu alvo? Acaso tornei-me um fardo para ti?” (Jó 7:20).

“Jó não teve oportunidade de recuperar o equilíbrio entre um golpe e outro. A intensidade das tragédias foi acentuada pelo implacável ritmo dos acontecimentos. Dentro de poucos minutos o mundo dele desabou” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 3, p. 558).

Jó não sabia o que sabemos hoje por meio das Escrituras Sagradas: ele foi posto como espetáculo diante do Universo para refutar as acusações de Satanás de que ele servia a Deus por interesse e que Deus era injusto. Essa acusação depreciava o caráter de Deus e o de Jó. Mesmo perdendo tudo o que tinha, Jó continuou sendo fiel a Deus. Finalmente, Deus mostrou a Jó que Ele pode transformar provações em bênçãos.

Quando o Senhor dialogou com Jó, o patriarca sentiu sua pequenez diante do Criador e ficou satisfeito. Então, Deus o orientou a interceder pelos amigos em oração. Enquanto orava, diz a Bíblia, “mudou o Senhor a sorte de Jó” (42:10), curando-o e devolvendo-lhe em dobro tudo quanto possuía anteriormente.

O livro de Jó trata de um dos assuntos mais difíceis na experiência humana: como entender e lidar com o sofrimento. É um livro rico e cativante que todos os servos de Deus precisam estudar. Um dia, mais cedo ou mais tarde, ele será útil na sua vida. Neste artigo, vamos considerar algumas lições claras e importantes salientadas nesse livro.

Pessoas boas podem sofrer

Talvez o ponto principal do livro é o simples fato que pessoas fiéis a Deus ainda sofrem nesta vida. O primeiro versículo do livro já define, do ponto de vista de Deus (veja, também, Jó 1:8) o caráter de Jó: "Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal." Enquanto entendemos que o sofrimento entrou no mundo por causa do pecado (Gênesis 3:16-19), aprendemos em vários trechos bíblicos que a dor e a tristeza atingem as pessoas boas e dedicadas. Jó, um homem íntegro, sofreu imensamente. Paulo, um servo dedicado ao Senhor, sofreu muito mais do que a grande maioria dos ímpios (2 Coríntios 11:23-27). Mesmo quando ele pediu a Deus, querendo alívio de algum problema, Deus recusou seu pedido (2 Coríntios 12:7-9). Mas, não devemos estranhar com isso, pois o próprio Filho de Deus sofreu na carne (Hebreus 2:9-10,18). Os que servem a ele sofrem, também.

O diabo quer nos derrubar com nosso sofrimento

O propósito de Satanás fica bem claro nos primeiros dois capítulos de Jó. Ele vê o sofrimento como uma grande oportunidade para derrubar a fé dos servos de Deus. Ele aceitou o desafio de tentar destruir a fé de um dos homens mais idôneos do mundo. Depois, ele foi tão ousado que desafiou o próprio Jesus, usando todas as tentações imagináveis para o vencer (Mateus 4:1-11). O diabo entende muito sobre a natureza humana. Ele sabe que pessoas que servem a Deus fielmente quando tudo vai bem na vida podem ser tentadas por meio de alguma calamidade pessoal. Problemas financeiros, a morte de um ente querido, alguma doença grave - tais sofrimentos na vida são, frequentemente, o motivo de abandonar a Cristo. Enquanto a mulher de Jó não prevaleceu na vida do próprio marido, o conselho dela (Jó 2:9) vem derrubando a fé de muitas outras pessoas que enfrentam dificuldades na vida.

Amigos nem sempre ajudam

Três amigos de Jó ficaram sabendo de seu sofrimento, "e combinaram ir juntamente condoer-se dele e consolá-lo" (Jó 2:11). Mas as palavras deles não ajudaram. Ofereceram explicações baseadas nas opiniões deles, e não na verdade que vem de Deus. Onde Deus não tinha falado, eles ousaram de falar. O resultado não foi consolo e ajuda, e sim perturbação e desânimo. A mesma coisa acontece hoje. Quando alguém sofre de um problema de saúde, outras pessoas tendem falar sobre algum caso triste de alguém que teve a mesma doença e morreu, ou de que é a vontade de Deus. Quando uma pessoa amada morre, muitas pessoas procuram confortar a família com palavras insensatas e até mentirosas. É melhor falar umas poucas palavras com compaixão do que falar muito e entristecer a pessoa mais ainda. Os que se acham envoltos em pesar necessitam de alguém que lhes segure a mão e ouça suas exclamações de dor. Quando sofremos perda, é melhor procurar conselho na palavra de Deus e da boca de pessoas que a conhecem e que vivem segundo a vontade do Senhor.

Deus não explica tudo

Quando sofremos, é natural perguntar: "Por quê?". Jó fez isso (Jó 3:24). Habacuque fez a mesma coisa (Habacuque 1:3). Milhões de outras pessoas têm feito a mesma pergunta. Deus não explicou a Jó o “porquê” das coisas que lhe aconteceram. Provavelmente, Jó nunca ficou sabendo que fora o centro das atenções do Universo, ao ser disputado por Deus e por Satanás na luta entre o bem e o mal. Pelo menos, a Bíblia Sagrada não diz nada a respeito. Porém, isso não é o mais importante. O mais importante é que, em meio a todas as tribulações, Jó não abandonou a fé e não se rebelou contra Deus. Assim como Jó não sabia a fonte de seu sofrimento (capítulos 1 e 2 contam a história para nós, mas ele não sabia de tudo que estava acontecendo entre Deus e Satanás), às vezes, nós não temos noção da fonte das nossas dificuldades. É interessante e importante observar que Deus não responde a todas as nossas perguntas. Pode ler o livro de Jó do começo ao fim, e não encontrará uma resposta completa de Deus à pergunta do sofredor. Durante a boa parte da história, Deus deixou Jó e seus amigos a ponderar o problema. Quando o Senhor falou no fim do livro, ele não explicou o porquê.

A partir do capítulo 38, Deus afirma que o homem, como mera criatura, não é capaz de entender muitas das coisas de Deus, e não é digno de questionar a sabedoria divina. Jó entendeu a correção de Deus, e respondeu humildemente: "Sou indigno; que te responderia eu? Ponho a mão na minha boca. Uma vez falei e não replicarei, aliás, duas vezes, porém não prosseguirei" (Jó 40:4-5). Jó pediu desculpas a Deus por ter duvidado da justiça e da bondade do Criador: "Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia. (...) Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza" (Jó 42:3,6).

Embora o sofrimento de Pessoas inocentes não seja explicado cabalmente, “a história de Jó mostrara que o sofrimento é infligido por Satanás, mas Deus predomina sobre ele para fins misericordiosos” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 471).

Depois do sofrimento, vêm as bênçãos

O sofrimento desta vida é temporário. O sofrimento de Jó foi intenso, mas não durou para sempre. É bem provável que ele lembrou, durante o resto da vida, daquelas experiências doloridas. Mas a crise passou, e a vida continuou. Deus restaurou as posses dele em porções dobradas. A mesma coisa acontece conosco. Enfrentamos alguns dias muito difíceis, mas as tempestades passam e a vida continua. Vivendo na época da nova aliança de Cristo, nós temos uma grande vantagem. Temos uma esperança bem definida de uma recompensa eterna no céu (Hebreus 11:13-16,39-40; 12:1-3; 13:14). Qualquer sofrimento é pequeno quando o colocamos no contexto da eternidade.

Fiéis no sofrimento

Nós vamos sofrer nesta vida. Pessoas que dizem que os filhos de Deus não sofrem são falsos mestres que ou não conhecem ou não aceitam a palavra do Senhor. Jó perdeu tudo. Jeremias foi preso. João Batista foi decapitado. Jesus foi crucificado. Estêvão foi apedrejado. Paulo sofreu naufrágio e prisões. Você, também, vai sofrer. Os problemas da vida não sugerem falta de fé, e não são provas de algum terrível pecado na sua vida. Às vezes, as provações vêm como disciplina de Deus (Hebreus 12:6-13); às vezes, não. Mas sempre são oportunidades para crescer (Tiago 1:2-4), e convites para adorar a Deus (Tiago 5:13; Jó 1:20).

É errado perguntar por que Deus permite o sofrimento? Alguns temem que fazer essa pergunta signifique falta de fé ou de respeito para com Deus. Ao ler a Bíblia, porém, você verá que pessoas fiéis e tementes a Deus também faziam perguntas assim. Por exemplo, o profeta Habacuque perguntou a Deus: “Por que me fazes ver a injustiça, e contemplar a maldade? A destruição e a violência estão diante de mim; há luta e conflito por todo lado” (Habacuque 1:3). Jesus também perguntou ao Pai: “Por que Me desamparaste” Portanto, não é pecado perguntar sobre o “porquê” das coisas. Para nós, o mais importante não é o “porquê”, mas o “para que”. Qual é o propósito que Deus tem em vista ao permitir que certas coisas nos aconteçam? Que lição devo aprender através de minha experiência?

Caro amigo leitor, não podemos esquecer de que Deus é capaz de transformar a maldição em bênção, o aparente fracasso em vitória.