Teologia

sábado, 30 de abril de 2016

QUE EPITÁFIO ESCOLHERIA PARA VOCÊ?



Ricardo André

Quando acompanho o enterro de alguém nem sempre entro no cemitério. Fico sempre à entrada, enquanto o cortejo entra. Em algumas ocasiões que entrei aproveitei para fazer algumas reflexões a respeito das coisas da vida e da morte. Com frequência, podemos aprender mais do silêncio dos mortos do que das palavras dos vivos.

Entrar num cemitério não é uma atividade agradável, porém quando vou a um gosto de ler os epitáfios. Inscrito em uma lápide ou placa, o epitáfio é, geralmente, um pequeno texto que descreve e honra uma pessoa que morreu. Ele resume informações sobre a família, a carreira e até algumas realizações importantes. Mas nem sempre é assim.

É difícil imaginar que algo tão sério pode ser engraçado ou curioso, mas algumas pessoas mantêm seu humor até após a morte.

Há epitáfios de toda espécie: melancólicos, irônicos, irreverentes, publicitários. No cemitério de Sargentville, Maine, há um túmulo com os dizeres: “Em honra à memória de Eliseu Philbrook e sua mulher Sara. Jazemos neste túmulo hebreu, costas com costas, minha esposa e eu. Quando a última trombeta estiver soando, se ela se levantar, vou por aqui ficando.”

Epitáfio num túmulo de Springdale, Ohio: “Aqui jaz Jane Smith, mulher de Thomas Smith, marmorista. Este monumento foi erigido pelo marido como tributo à memória da esposa, e para servir de amostra do seu trabalho. Peças neste estilo, 350 dólares.”

Mel Blanc foi um grande ator norte-americano. Você pode não conhecer o seu rosto, mas sem dúvidas conhece a sua voz: ele era o responsável por dublar personagens como Pernalonga, Patolino, Gaguinho, Frangolino, entre outros. Por isso, a frase escolhida para a sua lápide foi “Isso é tudo, pessoal”.

Outro túmulo norte-americano diz: “Aqui jaz Lem S. Frame, o qual matou 89 índios durante a sua vida. Esperava haver matado 100 até o fim do ano, quando adormeceu em Jesus.”

O famoso comediante Leslie Nielsen quis manter o clima de humor até após a sua morte. Ele resolveu fazer um trocadilho com a sigla “RIP” – Rest In Peace, que significa “descanse em paz” –, e, em seu epitáfio, pode-se ler “let ‘it rip”, que significaria “solto um peido”.

Frank Sinatra cantor, ator e produtor, escolheu o nome de sua famosa canção: “O melhor ainda está por vir”.

Por volta de 1750, John Newton era o comandante de um navio negreiro inglês. Ele saía da Inglaterra e ancorava na costa africana. Lá os chefes tribais entregavam aos europeus as “cargas” compostas de homens e mulheres, capturados nas invasões e nas guerras entre tribos. John Newton compravam-nos em troca de armas, munições, licor e tecidos. Ele transportou muitas cargas de escravos africanos trazidos à América no século XVIII.

Numa das suas viagens, o navio enfrentou uma tempestade que Newton ofereceu sua vida a Cristo, pensando que ia morrer. Após ter sobrevivido, ele converteu-se verdadeiramente ao Senhor Jesus; e começou a estudar para ser pastor. Nos últimos 43 anos de sua vida ele pregou o evangelho em Olney e em Londres.

Num pequeno cemitério, pertencente à Igreja de Olney, na Inglaterra, encontra-se uma tumba de granito que tem a seguinte inscrição: “John Newton, clérigo, antes um infiel e libertino, servo de traficantes de escravos na África, foi pela graça e riqueza de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, preservado, restaurado, perdoado e comissionado para pregar a fé que ele tinha lutado para destruir”.

Estas palavras foram escritas por John Newton mesmo um pouco antes de sua morte, como um testemunho verdadeiro de um homem que, depois de transformado pelo evangelho, tornou-se um dos grandes baluartes da verdade. Através de toda a sua vida John Newton ficava sempre maravilhado com a graça maravilhosa de Deus em sua vida.

Você gostaria de receber a redenção e a regeneração efetuada pela graça?

No cemitério da Bíblia há muitos personagens. Na sepultura de Jó poderíamos ler as seguintes palavras de esperança: “Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a Terra” (Jó 19:25). Na galeria dos personagens do Novo Testamento nos deparamos com um túmulo abandonado, esquecido, onde se lê: “Aqui jaz Judas Iscariotes, o que O traiu” (Mt 27:3). A seu lado está outro sepulcro em más condições, com a inscrição: “Aqui jaz Demas, que amou o presente século” (2Tm 4:10).

Amigo, que epitáfio você escolheria para si?

Em um pequeno cemitério inglês existe uma tumba na qual se vê um anjo esculpido em mármore. Em uma das mãos, ele segura uma chave posicionada na direção de um cadeado. Com a outra mão, ele protege os olhos, enquanto olha para cima. E na base da tumba está gravada a inscrição” “Até que ele venha”.

A intenção do escultor era que víssemos, através dos olhos dos anjos, a glória de Deus por ocasião da vinda de Cristo, quando as sepulturas serão abertas e os crentes ressurgirão para a vida eterna. Jesus mesmo prometeu: “Não fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados” (João 5:28,29, NVI). Portanto, a morte não é o fim. A tumba não é uma urna eterna. Para os que creem na Bíblia Sagrada, a morte é um curto descanso que durará até a volta de Jesus em glória e majestade.

As Escrituras Sagradas descrevem a morte como um sono. Ao falar da morte de Lázaro para os Seus discípulos, o Mestre simplesmente declarou: “Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo” (Jo 11:11). Jesus ressuscitou Lázaro milagrosamente para demonstrar Seu poder sobre a morte. Não precisamos temer a morte. Nosso amado Salvador põe um sinal na tumba de cada filho Seu.

Um dia, nosso Senhor Jesus Cristo vai descer a Terra (Jo 14:1-3; I Ts 4:13-18). O céu será iluminado com Sua glória. Ele vai irromper entre nuvens (Ap 1:7). Assim como chamou Lázaro pelo nome, séculos atrás, também chamará nosso amados que foram ceifados pela morte pelo respectivo nome. As sepulturas serão abertas, e eles também sairão. Mas haverá uma diferença significativa. Quando Lázaro foi ressuscitado, ele não recebeu um corpo imortal, glorioso. Ressuscitou para testemunhar o poder do Senhor, mas morreu outra vez. A promessa divina é que, quando nossos entes queridos forem ressuscitados, eles serão ressuscitados com corpos imortais e gloriosos, para nunca mais morrerem. É o que nos assegura a Bíblia: “Eis que eu lhes digo um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados. Pois é necessário que aquilo que é corruptível se revista de incorruptibilidade, e aquilo que é mortal, se revista de imortalidade. Quando, porém, o que é corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal, de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: "A morte foi destruída pela vitória" (1 Coríntios 15:51-54, NVI).

Uma nova vida pulsara nas veias dos justos ressuscitados. Eles se levantarão com todo o vigor da juventude. Serão absolutamente perfeitos. Conforme o texto sacro, nós, os que estivermos vivos, também seremos transformados em um instante para receber os nossos corpos imortais e gloriosos.  Esse nosso corpo abatido, dilacerado e carcomido pelo pecado, será conforme o corpo glorioso de nosso Mestre – o Salvador Jesus Cristo A Bíblia afirma: “Pelo poder que o capacita a colocar todas as coisas debaixo do seu domínio, ele transformará os nossos corpos humilhados, para serem semelhantes ao seu corpo glorioso” (Filipenses 3:21, NVI). Que grande esperança! Que promessa maravilhosa!

Caro amigo leitor, que estas promessas confortem, hoje, o nosso coração, que talvez sofremos com a perda de um ente querido. Muito mais do que pensar num epitáfio para nossa tumba pensemos nesse dia, como será nossa transformação. Pensemos em nosso Salvador Jesus e na grande obra que irá realizar quando voltar pela segunda vez. Voltaremos novamente àquela beleza e perfeição de quando Adão e Eva foram criados. Será uma nova criação em Cristo Jesus.


segunda-feira, 25 de abril de 2016

TRÊS DOUTRINAS CATÓLICAS EM DEBATE



Azenilto G. Brito

Pedro é de fato a “rocha”, mas teria sido o primeiro papa?

TEORIA PETRINA. Nenhuma tentativa pode ser feita neste espaço para expor todas as falácias da teoria petrina e da sucessão apostólica. Para efeito de brevidade limitarei meus comentários ao texto básico de Mateus 16:18 empregado para provar a teoria petrina. Cristo diz a Pedro: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.

A questão é, quem é a “rocha” sobre a qual Cristo edificou Sua igreja? Obviamente para os católicos, a “rocha” é Pedro como pedra fundamental sobre a qual Cristo edificou a Sua igreja. Eles corretamente assinalam que o jogo de palavras—“Tu és Petros e sobre esta Petra” - revela que há uma inegável conexão entre os dois termos. Assim, Pedro é a petra sobre a qual Cristo edificou Sua Igreja. Os protestantes obviamente rejeitam a interpretação católica, argumentando, ou que a “rocha” seria o próprio Jesus ou a confissão de Pedro quanto a Cristo. Pelo último ponto de vista, o texto rezaria: “Tu és Pedro e sobre mim como rocha eu edificarei a Minha Igreja”. Pela última interpretação: “Tu és Pedro e sobre a rocha de Cristo que tu confessaste edificarei Minha Igreja”.

O problema com ambas essas interpretações populares é que não fazem justiça ao jogo de palavras. No grego há uma inegável ligação entre “Petros” e “Petra.” A questão não é se “petra-a rocha” refere-se a Pedro, mas em que sentido Pedro é “petra-a rocha”. Em minha opinião, Pedro é “petra-a rocha”, não no sentido católico de ser a pedra fundamental sobre a qual Cristo edificou Sua igreja, mas no sentido de que Pedro é o fundamento inicial da igreja, edificada sobre o fundamento dos apóstolos, com Cristo como pedra de esquina.

Esta interpretação assenta-se sobre duas considerações principais. Em primeiro lugar, o Novo Testamento retrata a igreja como um edifício, sendo “edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular” (Efés. 2:20; cf. 1 Ped. 2:4-8; 1 Cor. 3:11).

A imagem da igreja como edifício sugere que a igreja não se firma sobre a rocha fundamental de Pedro, mas começa com Pedro como primeira pedra. Ele foi a primeira pessoa a confessar e aceitar a Jesus de Nazaré, como o Cristo, ou seja, o Messias, “o Filho do Deus vivo” (Mat. 16:16). Sendo o primeiro converso a aceitar publicamente a Cristo, Pedro tornou-se num certo sentido “o primeiro membro oficial” da igreja, ou a primeira pedra fundamental do edifício espiritual que é a Igreja.

Um segundo ponto importante, ignorado pela Igreja Católica, é que o Novo Testamento considera a igreja, não como uma organização hierárquica visível dirigida pelo papa com seus bispos, mas como uma comunidade invisível de crentes que são unidos pela mesma fé em Cristo. Na Bíblia “a igreja” não é uma organização religiosa, mas o “povo de Deus”. Tanto o hebraico qahal quanto o grego ekklesia, traduzidas por “igreja”, referem-se, na verdade, à “congregação” de crentes, que foram chamados do mundo (Deut 7:6; Osé. 1:1; 1 Ped. 2:9) a fim de ser uma luz  no mundo (Deut. 28:10; 1 Ped. 2:9).

Isso significa que quando Jesus falou sobre edificar Sua igreja, Ele não tinha em mente o estabelecimento de uma organização religiosa hierárquica, mas a edificação de uma comunidade de crentes que pela fé O aceitariam e O confessariam perante o mundo.

Neste contexto, Pedro, por ser a primeira pessoa a confessar e aceitar a Jesus como o “Cristo”, que significa “Messias”, tornou-se a primeira pedra viva do edifício espiritual que consiste de uma comunidade de crentes. A ideia de Pedro ser o fundamento da igreja como organização hierárquica identificada com a Igreja Católica é alheia ao texto e aos ensinos do Novo Testamento.

Existe de fato uma linha sucessória ininterrupta entre Pedro e Bento XVI?

SUCESSÃO APOSTÓLICA. Um golpe fatal sobre a reivindicação petrina da Igreja Católica é a falta de qualquer apoio neotestamentário para o primado de Pedro na igreja apostólica. Se, de acordo com a alegação católica, Cristo designou Pedro como Seu vigário para governar a Igreja, então se esperaria que Pedro agisse como líder da Igreja apostólica. Mas dificilmente seria este o caso.

Por exemplo, não há indicação de que Pedro jamais tenha servido como presidente da igreja de Jerusalém. A estrutura organizacional da igreja de Jerusalém pode ser caracterizada como um colegiado com uma presidência. Mas não há indicação de que Pedro jamais serviu como o presidente em exercício daquela igreja. No Concílio de Jerusalém, foi Tiago, e não Pedro, quem presidiu nas deliberações (Atos 15:13).

Ademais, a autoridade final da igreja de Jerusalém restava não sobre Pedro, mas sobre os apóstolos, mais tarde substituídos por “presbíteros”. Por exemplo, foram “os apóstolos” que enviaram Pedro a Samaria (Atos 8:14) para supervisionar as novas comunidades cristãs. Foram os “apóstolos” que enviaram Barnabé a Antioquia (Atos 11:22). Foram os “apóstolos e presbíteros” que enviaram a Judas e Silas para Antioquia (Atos 15:22-27). Foi “Tiago e os presbíteros” que recomendaram que Pedro se submetesse a um rito de purificação no Templo (Atos 21:18, 23-24).

Tivesse Pedro sido designado por Cristo para servir como Cabeça da Igreja, ele teria desempenhado um papel significativo nas decisões acima mencionadas. Não há indicação de que Paulo considerasse a Pedro como líder da igreja. Narrando um incidente de quando Pedro foi para Antioquia Paulo declara: “resisti-lhe face a face, porque se tornara repreensível” (Gál. 2:11). A ação de Paulo dificilmente sugeriria que Pedro fosse reconhecido e respeitado como a infalível cabeça da Igreja.

 Ademais, Paulo se refere aos “pilares” da Igreja apostólica como sendo “Tiago, Cefas, e João” (Gál. 2:9). O fato de que “Tiago”, o irmão do Senhor, é mencionado primeiro indica ser ele, antes que Pedro, quem servia como líder da igreja. Caso os apóstolos entendessem que Pedro houvesse sido designado por Cristo  para servir como cabeça da igreja, ter-lhe-iam confiado a liderança da igreja. Mas o fato é que Pedro nunca é visto no Novo Testamento como o único líder da igreja apostólica.

 A noção de que Cristo investiu a Pedro de autoridade para governar a igreja e que tal autoridade tem sido transmitida numa ininterrupta sucessão até seu último sucessor é uma invenção católica destituída de qualquer suporte bíblico. Isso primeiro apareceu nos escritos de Irineu, bispo de Lyon (175-195 A.D.), que emprega o argumento da sucessão apostólica para refutar agnósticos heréticos. Ele alega que os ensinos agnósticos eram heréticos porque são rejeitados por aquelas igrejas que podem traçar o seu pedigree (sucessão - Contra as Heresias, livro 3).

O argumento da sucessão apostólica serviu a um propósito útil na Igreja primitiva quando a formação do Novo Testamento estava ainda em progresso. Os líderes da Igreja precisavam de uma autoridade objetiva para refutar os heréticos, e encontraram-no em igrejas como Antioquia, Éfeso e Alexandria, que podiam traçar suas origens aos apóstolos. Essas igrejas podiam servir como a pedra de toque da ortodoxia.

Mas estender o conceito da sucessão apostólica a todo o curso da história cristã é infundado, por causa da interrupção e apostasia que essas igrejas haviam experimentado. A invasão muçulmana dos séculos sétimo e oitavo eliminaram completamente a maior parte das antigas Igrejas orientais.

O mesmo se aplica ao bispo de Roma. Qualquer pessoa familiarizada com a história do papado sabe quão difícil é até mesmo para a Igreja Católica provar a sucessão ininterrupta desde Pedro até o papa atual. Houve ocasiões em que o papado esteva nas mãos de vários papas corruptos, que lutavam entre si pelo trono papal. Por exemplo, em 1045 o Papa Benedito IX foi expulso de Roma pelo povo devido a ser indigno e Silvestre II foi colocado no trono papal. Mais tarde, Benedito IX retornou e vendeu o trono papal a um homem que se tornou Gregório VI.

Durante esse curso de eventos, Benedito recusou renunciar a suas reivindicações papais, de modo que passou a haver três papas alegando ser o papa legítimo. Para resolver o problema o imperador alemão Henrique II convocou um sínodo em Sutri em A. D. 1046, que depois todos os três papas e elegeu Clemente II no lugar.

Fica-se a indagar, qual dos três papas depostos se enquadraria na sucessão apostólica? Como pode a Igreja Católica ainda legitimamente defender a noção de uma sucessão ininterrupta desde Pedro até o papa atual, quando alguns de seus papas foram depostos por sua corrupção?! É evidente que existem alguns elos interrompidos na corrente da sucessão apostólica.

Saiba Por Que Poucos Católicos Têm um Quadro de Jesus Dependurado na Parede

A EUCARISTIA. A alegação católica de possuir os únicos meios de salvação repousam não só sobre a alegada sucessão apostólica, mas também sobre o ponto de vista católico de que a Eucaristia é uma reprodução do sacrifício expiatório de Cristo. De fato “a sucessão apostólica e uma eucaristia válida” são mencionadas juntas várias vezes na Declaração Dominus Iesus, por serem os dois pilares da reivindicação católica de ser a única igreja verdadeira que tem o poder de dispensar salvação.

Este espaço não nos permite expor as falácias do ponto de vista católico sobre a Ceia do Senhor, conhecida como “transubstanciação”. A absurda alegação de que o sacerdote tem o poder de transformar o pão e o vinho no corpo físico e histórico de Jesus, e oferecê-lo aos crentes por meio de uma hóstia torna a Igreja Católica uma dispenseira de salvação por meio de seu sacerdócio.

 Para a Igreja Católica os benefícios do sacrifício expiatório de Cristo são tornados disponíveis ao crente, não mediante o ministério celestial de Jesus no santuário, mas mediante o ministério terreno dos sacerdotes católicos junto ao altar. A Declaração dedica três seções para exaltar “o mistério salvífico de Cristo”, porque isso propicia a base para justificar a reivindicação de que “o mistério salvífico de Cristo” realiza-se mediante o mistério da Eucaristia.

O Cristo que a maioria dos católicos conhece é o Cristo que engolem durante a missa. Poucas famílias de católicos devotos exibem um quadro de Cristo em suas casas. Eu ousaria dizer que de 100 católicos devotos das famílias italianas, talvez 4 ou 5 delas tenham um quadro de Cristo dependurado em alguma parede. Sua devoção é basicamente a Maria e aos santos que podem interceder por eles diretamente. No que concerne a Cristo, pouco sabem a Seu respeito. Conhecem sobretudo que “o ministério salvífico de Cristo” lhes está disponível mediante a Eucaristia.

(Baseado na Newsletter [boletim] no. 54 da série “Endtime Issues”, do Dr. Samuele Bacchiocchi, que mantém um ministério na Internet sobre o título “Bible Perspectives”).

Ministério Sola Scriptura

terça-feira, 19 de abril de 2016

SÁBADO – PRESENTE DE AMOR DE JESUS



Ricardo André

Por intermédio de Jesus Cristo “foram criadas todas as coisas” (Cl 1:16). De acordo com os dois primeiros capítulos de Gênesis, Jesus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo dia, o sábado, abençoando e santificando-o. Ele fez o sábado para nós, “santificando-o” assim, ou colocando-o à parte, para nosso benefício (Gn 2:1-3). Deus fez mais do que meramente descansar no primeiro sábado. “Deus abençoou o sétimo dia, e o santificou.” (Gn. 2:3). Ao abençoar o sábado, Deus conferiu ao sétimo dia uma MARCA especial de bondade. Ele Criou um tipo de bênção para o sétimo dia não concedida a nenhum outro dia da semana. Note que nenhum outro dia da semana foi abençoado, somente o sétimo dia. Ao santificar, ou tornar santo o sétimo dia, Deus declarou e tornou o sétimo dia um tempo santo ou consagrado. Este foi o ato final de Deus durante a semana da criação. Ele tomou o último dia da semana da criação (o sétimo dia) e o separou como um dia especial. Deus fez o sétimo dia, o Sábado, especial ao abençoá-lo e separá-lo dos outros seis dias. Ele transformou o sábado em um canal de bênçãos para toda a humanidade.


Pináculo da semana da Criação, o sábado é a coroa da obra criadora de Cristo. Agora entendemos melhor porque Jesus disse: "O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Marcos 2:27, NVI). Em outras palavras, o sábado não foi feito a fim de ser adorado, mas para oferecer oportunidades de adoração. Como dom de Deus para todos os seres humanos, o sábado não foi feito para oprimir, mas afim de proporcionar alívio e libertação. É realmente uma forma de experimentar nosso descanso e liberdade em Cristo.

Nosso Salvador nos deu uma grande dádiva de amor quando estabeleceu o sábado para nós! Ele conhecia nossas necessidades de descanso. O que se poderia esperar de melhor no fim de uma semana desgastante? O sábado nos proporciona uma pausa em que cessamos as atividades semanais rotineiras para descansar e revigorar-nos. Ele oferece as alegrias da adoração e da comunhão com os outros cristãos. E concede-nos tempo para praticar atenciosos atos de bondade, fortalecer os laços familiares, desfrutar a criação, pensar no Criador e aprofundar nosso relacionamento com Jesus.

“Como símbolo da graça de Deus, o sábado é um convite divino a deixar de lado, semanalmente, nossos “próprios interesses” (Is 58:13). Somos estimulados a seguir o exemplo de Cristo, que trouxe alívio a muitos sofredores no dia do sábado (ver Mc 1:21-31; 3:1-6; Lc 13:10-17; 14:1-6; Jo 5:1-15; 9:1-41), restaurando-o como dia de misericórdia e libertação da prisão o pecado e de suas trágicas consequências” (Alberto R. Timm, O Sábado na Bíblia, p. 109).

Caro amigo leitor, vamos explorar em sua plenitude as alegrias e os benefícios do sábado. Quão mais perto do Céu podemos chegar!

terça-feira, 12 de abril de 2016

RESPOSTA ÀS DECLARAÇÕES DESCABIDAS DO PR. VALDECI JÚNIOR SOBRE MÚSICA NA IGREJA



Ricardo André

No dia 09 de abril, O Pr. Valdeci Júnior, no quadro “Reavivados por Sua Palavra”, da Rádio Novo Tempo, fez um comentário desastroso sobre música na igreja. Não obstante ter formação em Teologia, demonstrou  ser um pastor mal informado. Dizem que o homem mal informado causa grande prejuízo à coletividade, pela divulgação que faz das informações incorretas. Citamos, a seguir, na íntegra a sua fala:

"Muita gente faz polêmica sobre o assunto da música, criticando outras pessoas só porque elas louvam ao Senhor com algum estilo musical ou com algum instrumento musical que não lhe cabe no seu gosto. E esses ultra-conservadores que se apresentam em nome da santidade com a defesa estilos ou instrumentos supostamente mais santos, realmente classificam os demais estilos e instrumentos que eles não aprovam como se não fossem abençoados. Veja na leitura de hoje quem é que perde a bênção. Se é o que louva a Deus com liberdade ou o que faz com parcialidade.

Em 2 Samuel 6:5 nos é dito que “Davi e todos os israelitas iam cantando e dançando perante o Senhor, ao som de todo o tipo de instrumentos de pinho, harpas, liras, tamborins, chocalhos e címbalos”. No verso vinte, você tem Mical, que em vez de louvar ao Senhor também, sai criticando o ministro de louvor. E nos versos vinte e um e a vinte e dois, você vê, claramente, que por Mical criticar os instrumentos e o estilo do ministério de louvor de Davi, ela foi amaldiçoada pro resto da sua vida. Então, meu amigo, as lições são claras: A Bíblia não classifica supostos instrumentos e estilos musicais como santos ou profanos. E se alguém ousar deixar de louvar a Deus para ficar criticando quem está tentando louvar, vai perder a bênção de Deus.



"Não critique! Junte-se à Rádio Novo Tempo, em louvor ao Senhor!"


Sua fala é uma clara tentativa de demonstrar que não importa o estilo de música e os instrumentos usados na adoração a Deus. Para ele, o mais importante é louvar a Deus, independentemente do estilo musical e dos instrumentos usados. De uma simples leitura de seus comentários, se infere que o pastor:

1) Erra ao julgar que aqueles que fazem restrições a determinados estilos musicais contaminado pelo mundanismo e com o uso de instrumentos de percussão, o fazem porque não se enquadram no seu gosto. Não é verdade. O gosto pessoal não é, absolutamente, o critério adotado por nós para a escolha da música e instrumentos musicais a serem usados na adoração a Deus! É pena que o pastor se tenha louvado em inverdade tal.  De fato, o gosto pessoal não é um critério válido para definirmos o que é apropriado ou não no culto. Cremos profundamente que o critério para se estabelecer quais elementos do culto é certo ou errado é o infalível: "Assim diz o Senhor." Depois o Espírito de Profecia. Esta é a norma. Portanto, rejeitamos as músicas pop gospel, rock gospel e outros gêneros musicais, bem como a percussão na adoração a Deus com base na Bíblia e no Espírito de Profecia.

2) Na inglória tentativa de dar uma fundamentação bíblica à sua opinião, o pastor apela para o uso dos  tamborins, pandeiros e címbalos” em 2 Samuel 6:5, para argumentar que a Bíblia é favorável ao uso de instrumentos de percussão na igreja hoje, desconsiderando o contexto do 2 Samuel 6. Esta argumentação é falaciosa por, no mínimo, três motivos, conforme expomos:

Primeiro, o pastor ignora o fato de que a menção de um costume mantido ou praticado pelos servos de Deus no passado NÃO é suficiente para autorizar o mesmo costume para todos os tempos e lugares. Pois, os servos de Deus no passado, sob a influência da cultura prevalecente, usaram bebida forte, tiveram mais de uma mulher e mantiveram escravos, entre outras coisas. Da mesma forma que a revelação posterior, corroborada por estudo e reflexão, iluminou esses fatos que aos poucos foram sendo eliminados, a questão da música também deve ser objeto de estudo para compreensão e juízo acertados.

Neste texto 2 Samuel 6, é descrita a primeira tentativa de transporte da arca para Jerusalém. Sugerimos ao leitor que recorra ao texto bíblico. Ao fazer isso, poderá notar que o pastor Valdecir não destaca seu contexto, que revela  que esta tentativa resultou em tragédia por não haverem sido seguidas as orientações divinas para o transporte da arca. Ademais, o  fato narrado no livro de 2 Samuel 6 ocorreu num período histórico da vida de Israel onde não havia ainda uma nítida orientação acerca da forma apropriada para a adoração litúrgica. Este amadurecimento e transformação do culto de adoração ocorreria primeiramente no transporte da arca para Jerusalém (Vanderlei Dorneles, Cristãos em Busca de Êxtase, p. 192,) e depois, de forma plena, quando foram feitos os preparativos para o serviço levítico do templo a ser construído por Salomão. (Idem, p. 193-194). Estudos revelam que ao longo da história de Israel, o povo progressivamente foi abandonando os velhos costumes egípcios e babilônicos. Entre esses costumes que foram abandonados, destacamos as danças e o uso de tambores. Se lermos as histórias em suas sequências lógicas, tendo como base a liturgia, perceberemos claramente tal fato.

De acordo com o teólogo Vanderlei Dorneles, “tambores e danças foram usados em ocasiões festivas, celebradas com danças e muita alegria, segundo o costume da época (ver os textos citados acima). Na condução da arca de Quiriate-Jearim até a casa de Obede-Edom, houve música com tamboris e Davi dançou e se alegrou, ao ritmo da banda (1Crônicas 13:8 e 2Samuel 6:5). Nessa viagem, tudo deu errado. Os bois tropeçaram, a arca quase caiu e Uzá morreu ferido pelo Senhor (1Crônicas 13:8 e 2Samuel 6:5). Davi ficou triste e se perguntou: "Como trarei a mim a arca do Senhor?" (1Crônicas 13:12). Três meses depois, Davi juntou o povo para buscar a arca da casa de Obede-Edom. Desta vez, ele orientou que ninguém conduziria a arca, senão os levitas (1Samuel 15:2). Houve alegria, mas ao contrário da primeira tentativa, desta vez a orquestra não teve tambor, mas harpas, alaúdes e címbalos (1Crônicas 15:16). O transporte deu certo.

Davi quis fazer uma casa para Deus, mas não foi permitido. O rei era músico e Deus deu orientações a ele para que tomasse todas as providências para o templo, que Salomão edificaria. Entre essas orientações, Deus determinou os instrumentos (címbalos, alaúdes e harpas) que deveriam fazer parte da música do templo (2Crônicas 7:6 e 29:25). Davi fez instrumentos para serem usados pelos levitas. É significativo o texto de 2Crônicas 7:6, que diz: "...os levitas com os instrumentos músicos do Senhor, que o rei Davi tinha feito, para louvarem ao Senhor...". O artigo plural definido "os" indica um grupo específico de instrumentos, que ainda são qualificados como "do Senhor". Estes são os que Davi fez por ordem de Deus: címbalos, alaúdes e harpas. A lista desses instrumentos aparece em diversas ocasiões, sempre sem inclusão do tambor ou adufe (ver 1Crônicas 25:1 e 6, 16:5, 2Crônicas 5:12 e 13). Os únicos instrumentos que aparecem nas listas dos usados no templo, além dos que foram confeccionados por Davi, são as trombetas (2Crônicas 5:12 e 13 e 29:27). (Idem, p. 192, 193).

A música que se fez no transporte da arca até Jerusalém, sem uso de tambores, foi chamada de "música de Deus" (1Crônicas 16:41 e 42), enquanto que a banda que deu o ritmo da dança, quando Uzá morreu, não recebeu essa adjetivação (ver 1Crônicas 13:8). No livro de Isaías, há juízos pronunciados contra pessoas que celebravam festas com embriaguez e música com tambores (ver Isaías 5:12 e 24:8 e 9) (Idem, p. 192, 193).


O comentário de Ellen White no livro Patriarcas e Profetas sobre este evento, o qual também não é citado pelo pastor, vai exatamente nesta linha, até que, alguns parágrafos depois de haver citado o texto bíblico em questão, ela escreve o seguinte:

“Davi e seu povo tinham-se congregado para efetuar uma obra sagrada, e à mesma entregaram-se com coração alegre e disposto; mas o Senhor não podia aceitar o serviço, porque não era efetuado de acordo com Suas orientações. (...) A reprovação divina cumpriu a sua obra em Davi. Foi levado a compenetrar-se, como nunca dantes, da santidade da lei de Deus, e da necessidade de obediência estrita” (Patriarcas e Profetas, p. 705,706).

Este evento já foi exaustivamente abordado e detalhado em vários artigos por vários teólogos da igreja, sendo consenso entre os estudiosos do tema que a ausência de tambores na segunda tentativa de condução da arca é tão significativa quanto sua ausência posterior no serviço do templo.

Segundo, a citação mencionadas pelo pastor proveem do fato sabido por todos os estudiosos do assunto que o uso de tambores, tamboris, pandeiros, e outros instrumentos de percussão fazia (e ainda faz) parte da cultura judaica, em todas as suas manifestações festivas. Além disso, sabendo-se que a nação judaica nos tempos do Antigo Testamento era fortemente teocrática, torna-se evidente que todas essas manifestações festivas, sejam culturais, folclóricas, nacionalistas, militares, etc., eram feitas em nome de Deus. Relembrarmos estes fatos conhecidos aumenta sobremaneira a importância da não inclusão desta classe de instrumentos na lista de instrumentos permitidos no serviço do Templo (I Crônicas 15:16, 28; 25:1, 6; II Crônicas 5:12-13; 20:28; 29:25), no serviço levítico instituído por Davi. Podemos concluir que mais uma vez Deus procurou enfatizar o princípio de separação entre o “comum” e o “sagrado” (IICrônicas 29:25).

Terceiro, o fato de a Bíblia citar um evento não significa, necessariamente, que a aprovação divina repousava sobre o evento citado. Por exemplo, a Bíblia diz que Salomão teve 700 mulheres e 300 concubinas. Isso quer dizer que podemos ter esse número de esposas? Antes de responder, devemos levar em conta que não há, no texto bíblico, uma reprovação formal e direta ao número de esposas de Salomão. Porém, é óbvio que não podemos usar a mera citação como exemplo de aprovação divina, pois a citação em si é neutra, a não ser que o contexto indique que Deus aprovou (ou não) o ato. Em boa parte dos relatos históricos a Bíblia não faz juízo de valor, apenas relata os fatos. Portanto, mais uma vez evidencia-se a questão de que a simples contagem de palavras não acrescenta nada à argumentação do pastor.

3) É temerária a premissa do pastor de que “a Bíblia não classifica supostos instrumentos e estilos musicais como santos ou profanos”. Realmente não existe, do ponto de vista bíblico ou profético, uma “distinção arbitrária entre instrumentos ‘sacros’ e ‘profanos’”. Mas existe claramente uma distinção entre alguns instrumentos que podiam ser usados no templo e outros que não podiam, e havia um motivo muito sério para esta distinção: “porque este mandado veio do Senhor, por mão de seus profetas” (II Crônicas 29:25). Querer desconsiderar completamente esta instrução é um assunto sério, que pode equivaler a um espírito de rebeldia contra a vontade expressa de Deus.

Como profetiza de Deus, Ellen G. White sabia dessa distinção. As instruções e advertências dadas por ela enquadram-se neste padrão já estabelecido biblicamente. No livro Mensagens Escolhidas, vol. 2, págs. 31-39, ela condenou o movimento da “Carne Santa”, uma heresia que surgiu no meio do adventismo. Aquela experiência serve não apenas como um exemplo histórico da maneira pela qual tendências pentecostais se insurgiram na denominação adventista, mas fornece um vislumbre do futuro paradigma na adoração adventista. Ela condena alguns elementos dessa falsa adoração, entre eles estão os tambores. Notemos o que Ellen White comenta:

“As coisas que descrevestes como ocorrendo em Indiana, o Senhor revelou-me que haviam de ocorrer imediatamente antes da terminação da graça. Demonstrar-se-á tudo quanto é estranho. Haverá gritos com tambores, música e dança. Os sentidos dos seres racionais ficarão tão confundidos que não se pode confiar neles quanto a decisões retas. E isto será chamado operação do Espírito Santo. […]

“Não entrarei em toda a triste história; é demasiado. Mas em janeiro último o Senhor mostrou-me que seriam introduzidos em nossas reuniões campais teorias e métodos errôneos, e que a história do passado se repetiria. Senti-me grandemente aflita. Fui instruída a dizer que, nessas demonstrações, acham-se presentes demônios em forma de homens, trabalhando com todo o engenho que Satanás pode empregar para tornar a verdade desagradável às pessoas sensatas; que o inimigo estava procurando arranjar as coisas de maneira que as reuniões campais, que têm sido o meio de levar a verdade da terceira mensagem angélica perante as multidões, venha a perder sua força e influência."

No contexto dos últimos dias, Ellen White afirma que manifestações como a ocorrida em Indiana serão a regra, não a exceção. De alguma forma, “gritos”, “tambores”, música” e “dança” acompanharão o repertório de nossa música. Obviamente, a autora relaciona essa mudança de valores musicais como um estratagema de Satanás, para confundir “os sentidos dos seres racionais”. Essa aproximação satânica com a maneira pagã de adorar seria considerada “operação do Espírito Santo”.

Note que, quando o serviço levítico foi implantado, não houve uma proibição expressa a certos instrumentos, mas houve uma ordem expressa para que apenas certos instrumentos fossem utilizados, e esta ordem foi obedecida à risca, pois quem ordenou foi Deus.

Se a ordem foi dada (e sabemos que o foi), o que importa é termos consciência de que alguns instrumentos, apesar de serem usados comumente na cultura judaica, não foram aceitos no templo e, a partir disso, tentarmos compreender os princípios que se aplicam às instruções divinas, entre eles porque uma lista tão restrita de instrumentos foi aceita no serviço de adoração no templo, e alguns (e não apenas os instrumentos de percussão) não foram admitidos.

“A exclusão do tambor no templo pode indicar que Deus não quis que o instrumento na música de adoração por causa de sua relação direta com o misticismo pagão e por sua influência no sentido de excitar as danças e embotar a consciência e o juízo. O ritmo do tambor que inclinava as pessoas à dança deveria estar fora do culto que requer a lucidez da mente para a compreensão da vontade de Deus. Além disso, uma vez que o templo era uma representação do santuário celestial e do trono de Deus, a música a ser usada ali deveria distinguir-se daquela usada nas celebrações profanas” (Vanderlei Dorneles, Cristãos em Busca de Êxtase, págs. 192 e 193).

Mas não precisamos entrar em conjecturas e pressuposições; na verdade, a causa subjacente é comum a muitos erros que temos notado sendo introduzidos na igreja, e não apenas da área da música e da adoração. Deixemos que a serva do Senhor fale acerca do santuário e seu significado para a nossa adoração hoje.

“Da santidade atribuída ao santuário terrestre, os cristãos devem aprender como considerar o lugar onde o Senhor Se propõe encontrar-se com Seu povo. Houve uma grande mudança, não para melhor mas para pior, nos hábitos e costumes do povo em relação ao culto religioso. As coisas sagradas e preciosas, destinadas a ligar-nos a Deus, estão quase perdendo sua influência sobre nossa mente e coração, sendo rebaixadas ao nível das coisas comuns. A reverência que o povo antigamente revelava para com o santuário onde se encontrava com Deus, em serviço santo, quase deixou de existir. Entretanto, Deus mesmo deu as instruções para Seu culto, elevando-o acima de tudo quanto é terreno” (Testemunhos para a Igreja, vol. 5, pp. 491).

Note que a serva do Senhor enfatiza que há lições a serem aprendidas e tentar eclipsá-las ou anuviá-las na mente do povo nunca pode estar de acordo com a vontade de Deus. O texto acima nos orienta a aprender dos princípios de reverência, adoração e santidade que eram a referência de todo o serviço do santuário. Portanto é necessário, é nosso dever, entender corretamente esses princípios e aplicá-los aos nossos cultos, com a devida atenção aos diferentes objetivos e culturas.

4) É um erro crasso do pastor Valdeci afirmar que a Bíblia não faz distinção entre música “sacra e profana”. Ele ignora o fato de que Lúcifer foi criado e dotado com os mais excelentes recursos musicais jamais imaginados pelo homem. E ele tinha mais: era um querubim cobridor, além de estar apenas abaixo de Deus e Jesus, no Céu. Mas ele queria ainda mais. Olhou para si, desenvolveu o egoísmo e almejou um lugar de mais destaque. E foi expulso do Céu, com todos os anjos por ele enganados. Alguém disse, uma vez, que Satanás hoje é o maior músico na face da Terra. E é verdade. Ele realmente sabe de tudo, e certamente usará a música para procurar enganar a você e a mim.

Atentem para o que a profetiza para os últimos dias disse: “É melhor nunca ter o culto do Senhor misturado com música do que usar instrumentos músicos para fazer a obra que, foi-me apresentado em janeiro último [no caso de Indiana, em 1900], seria introduzida em nossas reuniões campais. (...) Uma balbúrdia de barulho choca os sentidos e perverte aquilo que, se devidamente dirigido, seria uma bênção. As forças dos agentes satânicos misturam-se com o alarido e barulho, para ter um carnaval, e isto é chamado de operação do Espírito Santo.” (Mensagens Escolhidas, vol. 2, 36).

“Essas coisas que aconteceram no passado hão de ocorrer no futuro. Satanás fará da música um laço pela maneira por que é dirigida” (Mensagens Escolhidas, vol. 2, 38).

Mas, se há realmente um interesse especial de Deus quanto à música praticada por nós, como ela deve ser, se há somente o certo e o errado?

Em primeiro lugar, o Manual da Igreja nos diz que “grande cuidado deve ser exercido na escolha da música. Toda melodia que pertença à categoria do jazz, rock ou formas correlatas, e toda expressão de linguagem que se refira a sentimentos tolos ou triviais, serão evitadas. Usemos apenas a boa música, em casa, nas reuniões sociais, na escola e na igreja” (p. 180). Isso significa que a liderança da Igreja Adventista do Sétimo Dia desaprova qualquer tipo de música que nos faça lembrar os ritmos musicais descritos acima. Mas por quê?

Ellen G. White escreveu, em seu livro Patriarcas e Profetas, que “a música faz parte do culto a Deus nas cortes celestiais, e devemos esforçar-nos, em nossos cânticos de louvor, por nos aproximar tanto quanto possível da harmonia dos coros celestiais. O devido treino da voz é um aspecto importante da educação, e não deve ser negligenciado. O cântico, como parte do culto religioso, é um ato de adoração, da mesma forma que a prece. O coração deve sentir o espírito do cântico, a fim de dar-lhe a expressão correta” (p. 594).

Note que a irmã White fala da harmonia dos coros celestiais. Pergunto: harmonia e coro são palavras adequadas para identificar a prática do solo nos cultos que apresentamos a Deus atualmente? A maioria das músicas executadas no contexto da igreja hoje são barulhentas, dançantes, que lembram muito as músicas seculares. Aliás, a irmã White nos orienta que devemos evitar essa prática. Por que se insiste tanto em questionar ordens dadas por Deus, aquele a quem dizemos que direcionamos nosso “louvor”?

5) Afirmar que Mical foi amaldiçoada por  “criticar os instrumentos e o estilo do ministério de louvor de Davi”, é forçar o texto sacro. Não é isso o que as Sagradas Escrituras dizem. Mas, que ela “o desprezou no seu coração”(2 Samuel 6:16).

E a causa do desprazer de Milcal são sugeridas mais adiante, nos versos 20-22:

“Voltando Davi para casa para abençoar sua família, Mical, filha de Saul, saiu ao seu encontro e lhe disse: "Como o rei de Israel se destacou hoje, tirando o manto na frente das escravas de seus servos, como um homem vulgar! " Mas Davi disse a Mical: "Foi perante o Senhor que eu dancei, perante aquele que me escolheu em lugar de seu pai ou de qualquer outro da família dele, quando me designou soberano sobre o povo do Senhor, sobre Israel; perante o Senhor celebrarei e me rebaixarei ainda mais, e me humilharei aos meus próprios olhos. Mas serei honrado por essas escravas que você mencionou".

De acordo com o Pastor americano Steve Wagoner, “o rei Davi e toda a casa de Israel trouxeram a Arca do Senhor com brados [de alegria, entusiasmo] e com trombetas, e Davi dançou [acrobacias] diante do Senhor. Ele tomou o lugar de um escravo na cabeça da procissão para expressar honra a Deus Jeová. Seu desejo de ser o escravo do Senhor mostra os verdadeiros propósito e intenção de sua adoração. Mical, a esposa do rei Davi, não compreendendo os motivos do seu marido, e pensando que ele tinha se rebaixado diante dos povos, repreendeu-o amargamente, e desprezou-o em seu coração.

“A vaidosa rainha pode ter simplesmente abominado o fato do rei ter se despojado das roupas mais externas, suntuosas e formais, e ter se portado como um simples e humilde acrobata, ao invés de ter contratado um deles” (http://solascriptura-tt.org).


 “Ela se apaixonara por Davi quando ele era um jovem herói, mas seu casamento com ele logo terminou quando ele fugiu de Saul. Vinte anos haviam se passado, durante os quais ela estivera casada com outro homem, de quem fora tirada à força e entregue ao ex-marido como um prêmio político após uma longa guerra contra a casa de seu pai. (Comentário Bíblico Adventista, Vol. 2, p. 681). A verdade é que, a ressentida e orgulhosa filha de Saul viu naquele momento de alegria de Davi uma oportunidade para extravasar seus reprimidos sentimentos, para demonstrar desprezo por ele.

Caro irmão, está à nossa disposição toda a orientação divina publicada quanto à adoração. Cabe a nós ser humildes o suficiente para reconhecer nossas limitações e buscar o conhecimento necessário para um louvor aceitável. Leia o que a irmã Ellen G. White falou em outra oportunidade: “Tenho ouvido em algumas de nossas igrejas solos completamente inadequados ao culto na casa do Senhor. As notas prolongadas e os floreios, comuns nas óperas, não agradam aos anjos. Eles se deleitam em ouvir os simples cânticos de louvor entoados em tom natural. Unem-se a nós nos cânticos em que cada palavra é pronunciada claramente, em tom harmonioso. Eles combinam o coro, entoado de coração, com o espírito e o entendimento” (Evangelismo, p. 510).

Alguns afirmam que ao produzir músicas ritmadas, num estilo secular, o fazem para se adequar ao mercado atual. Perguntamos: Deus precisa disso? Deus precisou se adequar aos Seus filhos, ou Ele deu ordens específicas de como deveria ser o serviço “aceitável ao Senhor”? A única coisa de Deus que conheço é que “Eu, porém, não mudo” (Malaquias 3:6). Quem somos nós, então, para querermos mudar as coisas que Ele criou? Sabe o que Deus pensa, quando agimos assim, com arrogância e autossuficiência? A resposta encontramos em Amós 5:21 e 23: “Odeio, desprezo as vossas festas, e as vossas assembleias solenes não Me exalarão bom cheiro. Afasta de Mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas.”

Diante do exposto, creio que o Pr. Valdeci Júnior, presta um grande desserviço aos ouvintes da Rádio Novo Tempo, ao não mostrar a clara distinção entre a música aceitável a Deus e a que Ele não aceita.

O leitor sincero que julgue.