Diz o texto: “Ninguém, pois, vos
julgue por causa de comida ou bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou
sábados”.
1a. - Porque o apóstolo Paulo não
iria contradizer em nada a lei divina que reconhecia como válida e vigente ao
exaltá-la como santa, justa, boa, espiritual, prazenteira, digna de ser mantida
em mente, segundo também o salmista dissera: “a lei do Senhor é perfeita, e
restaura a alma” (Romanos 3:31; 7:12, 14, 22, 25; Salmo 19:7). E além de
exaltar a lei divina, Paulo recomendava sua fiel observância e sua utilização
de forma legítima (Rom. 13:8-10; Efé. 6:1-3; 1 Cor. 7:19; 1 Tim. 1:8).
2a. - Porque Paulo sabia que “o
sábado foi feito por causa do homem” (Mar. 2:27), para o benefício físico e
espiritual do homem desde a criação (Gên. 2:2, 3; Êxo. 20:8-11), e que, sendo
“homem” aplicava-se a ele também. O Apóstolo nunca teria intenção de querer
desfazer algo que Deus estabeleceu e sabia não ter autoridade para tanto.
3a. - Porque qualquer noção de
“fim do sábado” implicaria em tê-lo como mandamento cerimonial, mas as leis
cerimoniais foram instituídas APÓS o ingresso do pecado, exatamente como uma
forma de compensá-lo e propiciar expiação mediante seu simbolismo, apontando ao
“Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29). O sábado não é
cerimonial porque foi estabelecido ANTES da Queda (Gên. 2:2, 3). Aliás, as duas
únicas instituições que ainda persistem no mundo desde antes do ingresso do
pecado são o sábado e o matrimônio, ambos igualmente estabelecidos para o homem
(ver Mar. 2:27 e Mat. 19:5).
4a. - Porque Paulo mesmo
demonstra fidelidade à observância do sábado. Ele ia às sinagogas pregar aos sábados,
e quando não encontrou sinagoga em Filipos, dirigiu-se a um local junto a um
rio para orar. Noutra ocasião ficou um ano e meio em Corinto, e pregava
regularmente aos sábados, sem nunca se lembrar de dizer a seus ouvintes que
doravante observassem outro dia (Atos 13:14, 15, 42-44; 16:13; 18:4-11). Se ele
não fosse respeitador do princípio do sábado não poderia ter autoridade moral
de declarar em sua defesa quando sob “graves” acusações pelos judeus: “Nenhum
pecado cometi contra a lei dos judeus, nem contra o templo. . .” (Atos 25:8).
5a. - Porque é quase certo que
Paulo mesmo escreveu Hebreus (ou ditou a carta a um escrivão cristão),
dirigindo-a especialmente aos cristãos hebreus. Ele trata do sentido das leis
cerimoniais nos capítulos 7 a 10 e não inclui o sábado como algo cerimonial,
antes, dá ao sábado um tratamento muito especial nos capítulos 3 e 4. Hebreus
foi escrito pelo ano 64 AD e Paulo ilustra o repouso espiritual que Israel
poderia ter alcançado ilustrando-o com o princípio do sábado, não com o
domingo, o que seria de se esperar se nessa época os cristãos tivessem adotado
tal dia como o seu especial dia de observância. Ademais, os que em Israel
entraram no repouso espiritual, nem por isso dispensaram a observância do
sábado, como os heróis descritos no capítulo 11 de Hebreus (ver também Salmo
40:8).
6a. - Porque ao ilustrar esse
repouso espiritual em Hebreus 3 e 4 Paulo usa por toda extensão a palavra grega
katapausin para ‘repouso’, mas no vs 9 do capítulo 4 ele usa um termo diferente
e é a única vez que aparece em toda a Bíblia: sabbatismos. As Bíblias em geral
trazem nota de rodapé com o sentido desta palavra como “repouso sabático”. O
tradutor George Lamsa traduz a passagem como: “Resta uma observância do sábado
para o povo de Deus”. Certamente o autor de Hebreus quer mostrar que seu uso do
sábado como simbolismo por todo o capítulo 3 e 4 não significa que o estava
reinterpretando para anulá-lo como prática ainda normal, reconhecido como um
mandamento divino.
7a. - Porque em toda a epístola
aos Colossenses Paulo jamais emprega a palavra “lei”, pois não está tratando de
validade da lei, algo que jamais pôs em dúvida (ver §§ 1 e 2, acima). Os
especialistas não contam com muitos detalhes de qual seria a heresia que
perturbava os cristãos colossenses, e que consistia em regras do tipo “não
manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro” (ver Col. 2:21).
Também ele recomenda no contexto do vs. 16: “Ninguém se faça árbitro contra
vós, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado,
sem motivo algum na sua mente carnal” (vs. 18), o que torna o problema dessa
estranha heresia colossense ainda mais complexa de conhecer-se. Contudo, o
certo é que Paulo não diz aos colossenses que NÃO ERA para observarem o mandamento,
e sim que não deviam permitir que esses heréticos proferissem julgamento quanto
à sua observância do dia.
8a. - Porque o contexto da
passagem trata de “escrito de dívida” e “ordenanças” que eram prejudiciais,
“contra nós”. Sendo que o sábado foi feito “por causa do homem” certamente não
era uma ordenança prejudicial, contrária aos filhos de Deus, mas visava ao seu
melhor interesse, estabelecido “por causa do homem”. Também o sábado não aponta
ao futuro como as cerimônias prefigurativas, e sim basicamente ao passado, à
criação—é memorial da obra criativa de Deus [ver Êxo. 20:8-11 e Salmo 111:4].
9a. - Porque eruditos cristãos
entendem agora que o cheirographon [“escrito de dívidas”] não é a “lei
cerimonial”, como entendem muitos, mas um relatório dos pecados, “contra
nós”. Paulo em Colossenses 2 discute um
problema local, e não uma nova noção de eliminação do princípio de um dia de
repouso. Tal princípio sempre foi acatado pelos cristãos ao longo dos séculos, segundo
expresso nas suas históricas Confissões de Fé.
10a - Porque especialistas
evangélicos da maior autoridade e prestígio sempre entenderam ser o sábado
mencionado em Colossenses os dias de festas cerimoniais de Israel, constantes
da “lei dos mandamentos que consistia em
ordenanças” e que causavam divisões entre judeus e gentios (Efé. 2:15).
Gramaticalmente o fato de a palavra estar no plural não impede absolutamente
que não possa referir-se aos sábado cerimoniais, (ver Levítico 23:38). A
passagem fala de “luas novas, dias de festas e sábados”, o que não impede que
esses sábados sejam cerimoniais, como eram também as festas de “lua nova”.
Autoridades várias entendiam que os sábados de Col. 2:!6 seriam os cerimônias,
tais como o metodista Adam Clarke, os presbiterianos Albert Barnes e Charles
Hodge, os batistas Jamieson, Fausset & Brown e outros. Tais pesquisadores
apresentam tais argumentos porque percebem que se Paulo anulasse o princípio do
dia de descanso, com isso eliminaria o
próprio domingo, pois nada seria deixado no lugar, e eles defendem o domingo
como sendo a maneira cristã de observar o mandamento do sábado.
Prof. Azenilto G. Brito
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