Teologia

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

FELIZ ANO NOVO! NOSSA SALVAÇÃO ESTÁ MAIS PRÓXIMA!!



Ricardo André

Chegamos ao fim de mais um ano! Dentro de mais algumas horas contemplaremos a aurora radiante de 2015. Na transição do velho para o novo ano, somos tentados a inventariar os erros cometidos no decurso deste ano, mortificando-nos com a infeliz lembrança dos nossos próprios fracassos. O que realizamos neste ano? Como vivemos neste ano? De que forma ele nos afetou? Fomos bons cristãos, bons pais, bons filhos, bons esposos, boas esposas? Exercemos bem a nossa cidadania?

A esta altura, não importa muito o que fizemos ou deixamos de fazer; como agimos ou deixamos de agir. Agora, o que conta é o que o apóstolo Paulo disse: “Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3:13-14, NVI).

Segundo o apóstolo, agora o que conta é a disposição de olhar pra frente, esquecendo o passado. Paulo fez um exame introspectivo! Ele olha pra si mesmo! Qual é a sua relação com Cristo Jesus? Será que já alcançou a perfeição? Será que já alcançou a plenitude da estatura do Mestre? No versículo 12 ele menciona: “Não que eu já tenha obtido tudo isso ou tenha sido aperfeiçoado, mas prossigo para alcançá-lo, pois para isso também fui alcançado por Cristo Jesus” (Filipenses 3:12, NVI). No versículo 13 registrou sua inquebrantável decisão, dizendo: “Esquecendo-me das coisas que para trás ficam, e avançando (...) prossigo para o alvo”.

Paulo reconhece que a vida cristã é uma vida de crescimento. A perfeição se assemelha mais a uma linha do que a um ponto. Perfeição é um processo que começa por ocasião do novo nascimento e continua incessantemente através da eternidade.

É tempo de tomar decisões. Devemos aproveitar a oportunidade que o Senhor nos oferece, neste derradeiro dia de 2014, para tomar novas resoluções que possam nos conduzir a um final feliz no ano de 2015. Não é suficiente tomar decisões. Muitas pessoas estabelecem novos propósitos todos os anos, somente para vê-los desfeitos tempos depois. Necessitamos tomar decisões duradouras, permanentes, porque nosso destino eterno depende delas.

De todas as resoluções que tomaremos neste dia, uma deve encabeçar a lista: O COMPROMISSO DE PASSAR MAIS TEMPO COM DEUS. Disse Jesus: “Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas” (Mateus 6:33, NVI). Vale a pena dar prioridade a Deus em nossos planos e propósitos, pois, “os que em todas as coisas consideram a Deus o primeiro, o último e o emlhor, são as pessoas mais felizes do mundo. Os sorrisos e o brilho do Sol, não lhes desaparecem ao semblante. A religião não torna quem a pratica grosseiro nem áspero desasseado ou descortês, ao contrário, eleva-o e enobrece-o, refina-lhe o gosto, santifica-lhe o juízo, e habilita-o para a sociedade dos anjos celestiais e para o lar que Jesus foi preparar” (Ellen G. White, Mensagens aos Jovens, p. 38).

Neste último dia do ano, penso também o quanto estamos próximo da vinda de Jesus, o quanto nossa salvação está mais perto do que quando iniciamos a carreira cristã.

Meus queridos amigos, irmãos, irmãs, jovens, crianças que acompanham nosso Blog e nossa Página no Facebook, estamos nós preparados para a volta de Jesus? Podemos ver que estamos vivendo os últimos dias da História da Terra. Tudo indica pela cronologia divina que nos resta pouco tempo. Exorta-nos a Palavra de Deus: “(...) prepare-se para encontrar-se com o seu Deus, ó Israel” (Amós 4:12). Virá o dia em que as ilhas e montes serão movidos de seus lugares, o dia em que os reis da Terra sucumbirão sob seus tronos, esconder-se-ão de diante do Rei do Universo. Agora é o tempo de decidir buscar ao Senhor.

ONDE ESTAMOS? A resposta bíblica é clara e incisiva. Estamos vivendo nos derradeiros dias da história da humanidade, nos dias que precedem a volta de nosso Senhor Jesus Cristo à Terra.

Caros irmãos e amigos, quero vê-los na eternidade, quero encontrar-me com meus familiares e amigos. Obrigado por acompanhar e visitar nosso Blog e Página no Facebook “A Verdade como é em Jesus” durante este ano. A minha maior alegria será estarmos todos juntos nas Bodas do Cordeiro! Maranata!!

Oração: Querido Deus e Bom Pai que estás no Céu, ajuda-nos em nosso jornadear, sela-nos com Teu Santo Espírito para o grande encontro contigo na eternidade. Em nome de Jesus. Amém!

domingo, 28 de dezembro de 2014

QUAL A SUA ESPERANÇA: REENCARNAÇÃO OU RESSURREIÇÃO?



Ricardo André

Algumas pesquisas apontam o crescimento cada vez maior do número de cristãos que acreditam na doutrina da reencarnação. Ressurreição e reencarnação são crenças compatíveis? Qual a diferença entre ressurreição e reencarnação? Que diz a Bíblia sobre o assunto?

De acordo com a doutrina espírita, reencarnar significa voltar com a alma para dentro de um novo corpo. Veja o que o pai do espiritismo moderno – Allan Kardec – disse sobre o assunto no capítulo quatro do livro O Evangelho Segundo o Espiritismo:

“A reencarnação é o retorno da alma, ou Espírito, à vida corporal, mas em um outro corpo novamente formado para ela, e que nada tem de comum com o antigo” (p. 45)”

“Não há dúvida que, sob o nome de ressurreição, o princípio da reencarnação era uma das crenças fundamentais dos judeus e que foi confirmada por Jesus e pelos profetas de uma maneira clara. De onde se segue que negar a reencarnação é negar as palavras do Cristo”. (p. 48).

Com que finalidade os seres humanos encarnariam? Segundo se lê no O Livro dos Espíritos, a obra que os espíritas consideram a “bíblia do espiritismo”, segundo o que os “espíritos superiores”, através de diversos médiuns “ensinaram” a Kardec, a reencarnação, como está escrito na questão 167 dessa obra, tem duas finalidades: o progresso ou evolução do espírito, e a expiação de faltas cometidas em existência anterior...

I – Origem da crença na Reencarnação

Como doutrina, a reencarnação foi formulada pela primeira vez na Índia, em torno do ano 800 a.C. É um fato que essa ideia se encontra, em linhas gerais, em muitas culturas e de várias épocas: no Antigo Egito, nas religiões da Austrália e África, nas culturas pré-incaicas e incaicas, nos esquimós do Alasca e indígenas da Malásia, na Grécia antiga, no Budismo, no Hinduísmo e em muitos outros povos. No ocidente moderno, a doutrina da reencarnação se torna popular com o espiritismo de Allan Kardec a partir do final do século XIX. Devemos, porém, afirmar que a crença de várias culturas na reencarnação não prova de modo algum a sua veracidade; pode, talvez, no máximo, dar indícios sociológicos tênues da existência de uma crença universal na imortalidade da alma e na vida após a morte.

Todavia há uma diferença básica entre a doutrina da reencarnação antiga e a formulada por Kaderc: na primeira, tinha-se a ideia de que a Lei do carma era imutável, fazia parte do processo cósmico e havia a possibilidade da alma humana reencarnar em um animal. Já no espiritismo, tal possibilidade não existe e ainda se pode reprogramar o carma. Mas, a concepção reencarnacionista de Allan Kardec  tem sua origem nas crenças e dos povos orientais antigos.

II - Os Judeus não criam na Reencarnação, Tampouco Jesus a Ensinou

Allan Kardec não tem base bíblica para afirmar que “a reencarnação era uma das crenças fundamentais dos judeus e que foi confirmada por Jesus”. Senão, vejamos:

Para os judeus que escreveram a Bíblia, não existe o termo “reencarnação” e muito menos tal ideia aparece nas Escrituras. Os judeus entendiam a morte como sendo um estado de total inconsciência até o dia da ressurreição corporal. Em nenhuma parte da Bíblia se fala da alma ou do espírito como sendo algo imortal ou eterno, mas pelo contrário, em várias passagens é mencionada a morte da alma. (Ezeq. 18:4, Mat 19:28, Jó 36:14). Em outras palavras, o homem é por natureza mortal, e a imortalidade somente pode ser recebida oportunamente e como resultado da aceitação do Evangelho de Cristo, cujo poder transforma o coração e dá ao ser humano a vida eterna. “Porque o salário do pecado é a morte” – disse o apóstolo Paulo – “Mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rom 6:23).

Por outro lado, a palavra de Deus, longe de ensinar que a alma é uma entidade imaterial, eterna e indestrutível, pela qual a pessoa prossegue vivendo, pensando e sentindo depois da morte, estabelece da maneira mais categórica que, depois da morte, o ser humano permanece submerso numa absoluta inconsciência, semelhante à do sono tranquilo e profundo. (João 11:11, Ecles 9:5-6, Salmo 146:4). Note a clareza com que a Bíblia fala do estado dos mortos:

“Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.” Eclesiastes 9:5-6.
“Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.” Eclesiastes 9:10.

“Os vossos mortos e também o meu cadáver viverão e ressuscitarão; despertai e exultai, os que habitais no pó, porque o teu orvalho, ó Deus, será como o orvalho de vida, e a terra dará à luz os seus mortos.” Isaías 26:19.

Deus mesmo afirma na Sua Palavra que quando uma pessoa morre “nesse mesmo dia perecem todos os seus desígnios” (Salmo 146:4). O próprio Jesus – ao contrário do que disse Allan Kardec – demonstrou a mesma crença de que a morte é um sono e que, portanto, não é possível uma pessoa que está dormindo – e inconsciente – reencarnar:

“Isto dizia e depois lhes acrescentou: Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo. Disseram-lhe, pois, os discípulos: Senhor, se dorme, estará salvo. Jesus, porém, falara com respeito à morte de Lázaro; mas eles supunham que tivesse falado do repouso do sono. Então, Jesus lhes disse claramente: Lázaro morreu” João 11:11-14.

Só esses textos já são suficientes para provar que os judeus jamais acreditaram na reencarnação, tanto que o livro Eclesiastes afirma que na morte não há consciência, amor, ódio, e que a pessoa morta não tem parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol, ou seja, nesse mundo. Se não tem parte alguma nos acontecimentos do nosso cotidiano, então isso significa que não reencarna.

A seguir, veja a lista de alguns escritores judeus que acreditavam ser a morte um sono e não uma “oportunidade para reencarnar”:
• Davi – Salmo 13:3;
• Jeremias – Jeremias 51:57;
• Daniel – Daniel 12:2; 13;
• Paulo – 1 Coríntios 15:6, 20; Tessalonicenses 4:13-15. Mais de 50 vezes a Bíblia compara a morte a um sono!

III – Ressurreição e Reencarnação são conceitos excludentes

É igualmente errado a afirmação de Allan Kardec de que para os judeus “reencarnação é outro nome para ressurreição”. No livro Evangelho Segundo o Espiritismo, da Editora Ide, 19º edição, edição econômica, na páginas 44 e 45, ele afirma:

“A reencarnação fazia parte dos dogmas judaicos sob o nome de ressurreição; só os Saduceus, que pensavam que tudo acabava com a morte, não acreditavam nela. As ideias dos judeus sobre esse assunto, e sobre muitos outros, não estavam claramente definidas, pois apenas tinham noções vagas e incompletas sobre a alma e sua ligação com o corpo”.

Ledo engano! Na verdade, tal afirmativa não tem sustentação bíblica e carece de comprovação. Por algumas razões:

• De acordo com a maioria dos dicionários, “reencarnação” é o ato ou efeito de reencarnar, ter pluralidade de existências com um só espírito (em corpos diferentes). Já a palavra “ressurreição” vem dos termos gregos “anástasis” e “égersis” que significam: levantar, erguer, surgir, sair de um local ou de uma situação para outra. Perceba que o significado do termo “ressurreição” no original bíblico nada tem a ver com reencarnação!

Biblicamente, “ressurreição” é usada com frequência com o significado de ressurgir – do pó da terra, segundo Isaías 26:19 – e não reencarnar.

• Na Bíblia, são mencionados oito casos de ressurreição, sendo sete de restauração da vida, isto é, ressurreição para tornar a morrer e não ressurreição para tornar a reencarnar.

IV – A Doutrina da Reencarnação é Incompatível com as Sagradas Escrituras

A Bíblia é bem clara quando diz que ‘cada pessoa tem de morrer uma vez só e depois ser julgada por Deus’ (Hebreus 9:27). É verdade que muitos dos que creem na reencarnação se dizem cristãos (e há muitos sinceros entre eles). Mas o verdadeiro cristão é aquele que aceita a Cristo como Salvador.

A doutrina da reencarnação propõe como caminho de evolução, uma outra vida humana aqui na terra. A pessoa humana, diz ela, deve reencarnar e viver mais uma vida, e mais uma, e mais uma... no decorrer delas, deve “limpar o seu carma”, até que, depois de ter vivido indefinidas vidas sucessivas, esta pessoa tenha alcançado o nível de evolução plena. A partir deste momento, ela pode sair dos ciclos reencarnacionistas. Dizem os espíritas que, através de reencarnações sucessivas, cada pessoa pode ‘pagar’ pelas culpas da vida anterior. É uma espécie de auto-redenção.

As Sagradas Escrituras Bíblia afirmam categoricamente que a Salvação é pela graça, é um presente. Se fosse através da reencarnação, seria pelas obras. Está Escrito: “Se, porém, andarmos na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu filho, nos purifica de todo o pecado” 1 João 1:7. Vemos que não é a reencarnação que nos purifica dos pecados, mas UNICAMENTE o sacrifício de Jesus na cruz. Ninguém pode estabelecer outro plano de salvação – nem mesmo Allan Kardec. No Evangelho de João 1:29 está relatado a declaração de João Batista sobre Jesus. Sabe o que ele disse? “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Não precisamos reencarnar para atingirmos um estágio maior de perfeição: precisamos de Jesus Cristo. Para essas pessoas, o que fez Cristo na cruz? Para que teria Ele morrido pelos pecados de quem é capaz de salvar a si mesmo? A crença na reencarnação nega o plano de salvação de salvação elaborado por Deus (Jo 3:16; Rm 5:8). Nega que a Salvação vem de Deus, nega a Justiça divina, nega a dependência que o ser humano tem de Deus, e pode chegar ao extremo de negar a existência de um Deus pessoal. Portanto, Cristianismo e reencarnação, por mais que se deseje, são inconciliáveis.

Em Romanos 3:24-31, o apóstolo Paulo ensina  que o perdão é através da salvação que há em Jesus e não que iremos melhorar através de sucessivas reencarnações. Ele afirma:  “sendo justificados (perdoados) gratuitamente , por sua graça, através da redenção que há em Cristo Jesus”.

Já em I Tessalonicenses 4:13,18, o Senhor nos diz que irá voltar para nos buscar. Se existisse a reencarnação, como um meio de “aperfeiçoar” o ser humano, por que Jesus teria de vir e nos levar ao céu? Poderíamos ir sozinhos por nossos méritos – algo totalmente antibíblico. No texto de I Coríntios 15:51-54 é-nos dito que, para sermos aperfeiçoados, Jesus tem de voltar E nos transformar de uma só vez, INSTANTANEAMENTE. Não temos de passar pela reencarnação. Em  II Coríntios 6:2  lemos: “(…) eis , agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação (…)” Podemos notar que a salvação ou o aperfeiçoamento da pessoa não vem depois da morte com a reencarnação, pois, isso levaria muito tempo e o sacrifício de Jesus não teria eficácia alguma. Temos a oportunidade se ser salvos apenas agora, nesta vida. Basta aceitarmos a Jesus como nosso Salvador! (1 João 5:12).

No Evangelho de Lucas (Lc 23:43), onde lemos que Jesus afirmou ao bom ladrão que fora crucificado com Ele: “em verdade te digo:  hoje estará comigo no Paraíso”. Pela doutrina da reencarnação, apesar de ser um bom ladrão, este não estaria totalmente purificado – pois havia roubado – e precisaria encarnar-se novamente. No entanto, Jesus lhe dá a sentença final de que está salvo.

 O texto de Hebreus 9:27  é um dos textos bíblicos que melhor refutam a doutrina da reencarnação. Ele simplesmente pulveriza os argumentos em favor da reencarnação. Diz o seguinte: “e, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disso, o juízo (…)” A Palavra de Deus é clara ao dizer que morremos uma só vez. Não duas, três, quatro ou cinco para depois reencarnarmos. Note que, após a morte, vem o juízo (a vida da pessoa é selada para a salvação ou perdição), e não a reencarnação!

V – Allan Kardec Distorceu Textos Bíblicos para Apoiar suas Convicções

A Bíblia é o livro por excelência. Tornou-se um referencial tão sólido no Ocidente que quando um livro é o mais importante de determinado ramo de conhecimento diz-se comparativamente que ele é a Bíblia de tal assunto: “a bíblia do pescador”; “a bíblia do advogado”, etc. Há quase uma aceitação automática da Bíblia como Palavra de Deus. É parte integrante de nossa cultura, independente da religião professada ou praticada.

Por esse motivo, o espiritismo de Kardec fez amplo uso das Escrituras Sagradas, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, para provar seus ensinos. O livro O Evangelho Segundo o Espiritismo talvez seja o exemplo mais evidente de amplas citações das Escrituras. Diversas passagens são analisadas à luz da doutrina espírita. Embora não ocorram, em nenhum lugar da Bíblia, as palavras reencarnação e carma, Kardec faz a Bíblia dizer o que ela não diz, e, com isso, distorce muitas passagens da Palavra de Deus para que se encaixem em sua opinião. Como vimos, a reencarnação não tem base bíblica, surge a partir de interpretações distorcidas de alguns textos da Bíblia, quais sejam:

• Um dos textos que se usa para tentar provar a reencarnação a partir da Bíblia é Mateus 11:13-15:
“Se quiserdes compreendê-lo, João é Elias que estava pra vir”.  

Com base neste texto, os espíritas afirmam que João Batista era “Elias encarnado”. Em outro trecho é o próprio João Batista quem diz que não é Elias. “Então, lhe perguntaram: Quem és, pois? És tu Elias? Ele disse: Não sou. És tu o profeta? Respondeu: Não”. João 1:21. João Batista sabia quem ele era melhor do que qualquer um! (só Deus conhece o ser humano mais que todos).

A interpretação espírita desconsidera o contexto histórico no qual surgiu tal passagem: havia a crença popular que antes da vinda do Messias, Deus enviaria um mensageiro que prepararia o povo para a vinda do Senhor (Ml 3,1.23-24). Ele seria como Elias em seu poder e importância: Elias foi um grande defensor das crenças de Israel e crítico da idolatria. O mensageiro que haveria de vir, seria alguém com mesma autoridade, com o mesmo zelo. Quando os evangelistas começaram a escrevem os evangelhos retomaram essa tradição de Elias como precursor e a aplicaram a João Batista, que era, de fato, o preparador do terreno para o Messias (Mt 11:10; Mc 1:2; Lc 7:27). Além disso, Elias, nunca morreu! De que modo ele poderia reencarnar se foi levado em vida ao céu? (ler 2 Reis 2:11-14). Eis uma prova clara de que, para ir para o mundo espiritual, a pessoa terá de ir com o corpo.

Ademais,  afirmação de Jesus em Lucas 7:28 e Mateus 11:11 diz: “Entre os nascidos de mulher, não surgiu ninguém maior que João Batista…”. Ele não afirmou “entre os reencarnados” não surgiu ninguém maior que João Batista;

• Outro texto clássico que se usa para tentar provar a reencarnação é de Jo 3:3 Jesus fala a Nicodemos: “quem não nascer do alto não poderá ver o Reino de Deus”. A partir dessa fala de Jesus,  Allan Kardec diz que “nascer de novo” significa “reencarnar”. Quando o Salvador afirmou que devemos nascer de novo, não tinha em mente a ideia da reencarnação pelas seguintes razões:

1) “Nascer da água” é ser batizado por imersão, como Jesus foi batizado;

2) “Nascer do Espírito” é ser transformado pelo Espírito Santo.

O novo nascimento, longe de significar reencarnação, é uma transformação do caráter que se revela em atitudes, incluindo a obediência a Deus (João 14:15). As coisas erradas que gostávamos de fazer não gostamos mais; as coisas certas que não gostávamos de realizar, passamos a gostar.

Isso é “nascer de novo”: mudar de vida, ou seja, morrer para uma vida de pecado e ressuscitar para uma vida santa com Jesus Cristo (Romanos 6:4).

Ser nascido “da água e do Espírito” equivale a “nascer de novo”. No grego, “nascer de novo” significa “nascer do alto”, de Deus. Os que são nascidos do alto têm o Criador como Pai e se parecem com Ele no caráter. Pela graça de Cristo, desde o momento em que nascem de novo, obtêm forças para lutar contra o pecado (Romanos 6: 12-16) ao invés de permitir que o pecado os domine (1 João 3: 9; 5: 18).

Com isto, concluímos que o novo nascimento não é reencarnar; é ser transformado pelo Espírito Santo. A Bíblia não ensina a existência da reencarnação, de acordo com Hebreus 9:27. O próprio Nicodemos desmente que as palavras de Jesus se referiam a um nascimento carnal (reencarnação):  “como é que pode o homem nascer quando já é velho? Porventura, poderá entrar de novo no seio de sua mãe e nascer? (Jo 3:4). Jesus diz: “o que nascer da carne é carne; o que nasce do Espírito é espírito” (Jo 3:6). Assim suas palavras e seu ensinamento referem-se, pois, ao nascimento espiritual, à regeneração da nova vida pelo Espírito e não a novo nascimento carnal. A vida nova a que se refere Jesus não é, pois, a vida física. Isso ele o diz claramente: é uma vida espiritual.

• Há um trecho de João que também é usado para tentar justificar a reencarnação: “quando ele (Jesus) ia passando, viu um homem que era cego de nascença. Os discípulos perguntaram: ‘Mestre, quem pecou, para este homem nascer cego, foi ele ou seus pais?’” (Jo 9,1s). Os adeptos da reencarnação interpretam esse trecho como prova indiscutível da existência de vidas passadas. Porém, como já provamos, os judeus não acreditavam na reencarnação. A pergunta dos apóstolos a Jesus representa uma mentalidade judaica: eles acreditavam que uma pessoa pagava pela outra um mal praticado (é a chamada teologia da retribuição). As consequências do mal praticado eram assumidas por alguém do grupo ou família. Essa mentalidade excluía, pois, a responsabilidade pessoal. Foi combatida já no Antigo Testamento pelos profetas Ezequiel (Ez 8; 18:4 e 20) e Jeremias (Jr 31:29). Mas, Jesus corrige categoricamente essa mentalidade: “nem ele nem seus pais (pecaram), mas isto aconteceu para que as obras de Deus se manifestem nele” (Jo 9,3).

Diante de tudo isso, podemos perceber que a reencarnação é incompatível com a doutrina cristã.

VI – A Bíblia Sagrada Ensina a Ressurreição, não Reencarnação

As Sagradas Escrituras ensinam que logo Jesus vai voltar em glória e majestade (Jo 14:1-3). E quando Ele voltar os que dormiram em Cristo se erguerão da sepultura para abraçar os entes queridos.  "Quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade" (I Co 15: 54, 55), então a palavra vitória será pequena demais para descrever o acontecimento. E quando todos os justos de todos os tempos se reunirem numa grande e inumerável multidão, e atravessarem os portais da Cidade Eterna, a Cidade que não tem cemitérios, então a palavra vitória não será suficientemente grande para descrever a ocorrência.

O apóstolo Paulo deixou claro que a ressurreição de Jesus é o penhor de nossa esperança, ao afirmar: “Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele” (1 Tessalonicenses 4:14).

Sim, “vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a Sua voz e (...) sairão” (Jo 5:28, 29).

O pensamento de que esta hora se aproxima, enche o meu coração de um reverente temor. Jamais o mundo testemunhou semelhante acontecimento. Com milhões de anjos, o Senhor Jesus se manifestará. Ele chamará os mortos, e a terra abrirá o seu ventre e o mar as suas entranhas, devolvendo à vida os seus mortos, prisioneiros do silêncio. Diz a Bíblia: “Contudo, os teus mortos viverão; seus corpos ressuscitarão! Despertai e cantai, pois, vós os que retornaram ao pó; despertai e cantai com grande júbilo. O teu orvalho é orvalho de luz; a terra dará à luz os seus mortos!” (Isaías 26:19, VKJ).

Nosso Senhor diz: ‘Pois a vontade do Meu Pai é que todos os que vêem o Filho e crêem nEle tenham a vida eterna; e no último dia Eu os ressuscitarei’ (João 6:39). No último dia deste mundo, Cristo ressuscitará aqueles que aceitaram Seu convite para uma relação de amizade e companheirismo, e desenvolveram uma fé genuína. Por isso, para aqueles que ‘morrem no Senhor’ (Apocalipse 14:13), o fim é apenas o começo; o começo de uma nova vida que terá início na segunda vinda de Cristo.”

Como é bom ser adventista e crer na volta de Jesus. O quadro pintado pelo apóstolo Paulo em I Tessalonicenses 4:13-17 será a concretização da esperança de todos os que creram e que creem em Jesus e que, vivos ou mortos, aguardam ansiosos por Sua segunda vinda à Terra. Para eles, a morte não é o ponto final, não é o fim de todas as coisas; é simplesmente um sono de espera pela ressurreição e a vida eterna.




A MARCA PERMANENTE DA VERDADEIRA IGREJA



Hans K. LaRondelle*

O Apocalipse de João menciona repetidas vezes que a igreja de Cristo caracteriza-se por um duplo princípio de fé: “a Palavra de Deus e o Testemunho de Jesus.” Com algumas variações, essa marca é descrita seis vezes em Apoc. 1:2, 9; 6:9; 12:17; 14:12; 20:4. Esta dupla descrição funciona como o padrão divino que define a fidelidade do Cristão a Deus. A aplicação histórica desses textos em Apocalipse cobre toda a era cristã.

Um paralelo básico da marca da igreja pode ser encontrado no teste de Isaías para Israel: “A lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva” (Is 8:20). Este duplo padrão representava a autoridade final em Israel: “Moisés e os Profetas” (cf. 2Rs 17:13).

Jesus referiu-se a esta dupla autoridade em Mateus 7:17: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir.” Novamente em sua parábola do rico e Lázaro: “Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos” (Lc 16:29; cf. 24:27).

Paulo também resumiu o Antigo Testamento como “a Lei e os Profetas” (Rm 3:21). Essas duas partes constituintes da Bíblia Hebraica formavam a norma canônica para determinar a verdadeira adoração no antigo Israel.

A unidade das Escrituras Hebraicas podia até ser sumariada em um termo: a Lei (em hebraico: Torah), como Jesus fez quando citou um salmo perguntando: “Não está escrito na vossa lei: Eu disse: sois deuses?” (Jo 10:34; SI 82:6).

Contudo, Jesus reivindicou que Seu próprio testemunho expandiu o cânon da autoridade divina: “Quem me rejeita e não recebe as Minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia” (Jo 12:48).

O Novo Testamento proclama o testemunho de Cristo como a Palavra de Deus expandida: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo” (Hb. 1:1-2).

A igreja apostólica aceitou o testemunho de Jesus como autoridade final para interpretar a Lei e os Profetas. Jesus explicou Sua autoridade desta maneira: “Quem veio do Céu está acima de todos e testifica o que tem visto e ouvido; contudo, ninguém aceita o Seu testemunho” (Jo 3:31-32).

O testemunho de Jesus era a Palavra de Deus, pois Deus não deu a Cristo Seu Espírito “por medida” (Jo 3:34; Is 42:1). Jesus possuía o Espírito de profecia em plenitude divina. Assim, o testemunho de Jesus colocou Israel diante do supremo teste de fé na revelação progressiva da Palavra de Deus.

Esse testemunho de Jesus é incorporado aos quatro evangelhos e interpretado nas epístolas inspiradas do Novo Testamento. Paulo foi o apóstolo que deu à frase, “o testemunho (rnartyrion) de Cristo,” seu conteúdo evangélico e significado definitivos.

Ele escreveu à igreja de Corinto que “o testemunho de Cristo tem sido confirmado” entre eles, como evidenciado pelos seus muitos dons do Espírito (I Cor. 1:6). Paulo empregou a frase “o testemunho de Cristo” no sentido de evangelho, a mensagem proclamada de salvação em Cristo.
Para Paulo, o “testemunho de Cristo” era igual ao “testemunho de Deus” (I Cor. 2:1). Ele não se envergonhava de morrer pelo “testemunho de nosso Senhor” (2Tm 1:8).

João escreveu que ele estava na ilha de Patmos “por causa da Palavra de Deus e do Testemunho de Jesus” (Ap 1:9). Alguns exegetas entendem as expressões no genitivo “de Deus” e “de Jesus,” em Apocalipse 1:2, 9, como genitivos subjetivos, ou seja, como auto-revelações de Deus e de Jesus à Igreja.

Em outras palavras: A revelação progressiva de Deus põe a Igreja diante da autoridade do Filho de Deus (ver 1:1,2; 2:1-4; 10:26-31; 12:22-29). O livro de Apocalipse prepara a Igreja para severas perseguições no futuro. Um grande número de crentes deveriam ser trazidos diante dos tribunais humanos e condenados até mesmo a morte. Por isso, Cristo encorajou-os a sustentarem o “testemunho de Jesus,” assim como Ele havia testemunhado fielmente diante de Pôncio Pilatos (ITm 6:12-14: Ap 1:5, 9: 2:25: 3:11; 5:9; 12:11, 17).

O próprio “apocalipse de Jesus Cristo” (Ap 1:2) torna-se uma parte constitutiva do testemunho de Cristo às igrejas. E Seu testemunho às igrejas em particular (Ap 22:16: 1:2). Tudo isso diz respeito aos testemunhos bíblicos do Espírito que proclamam o evangelho de Jesus Cristo. É por causa deste “testemunho de Jesus” que João sofreu em Patmos (Ap 1:9), e mártires incontáveis sacrificaram a vida no transcurso da história (Ap 6:9).

É este “testemunho de Jesus” que também a Igreja remanescente terá ou sustentará durante o conflito final com o anticristo (Ap 12:17), mesmo quando estiver sob a ameaça de um decreto de morte (Ap 13:15-17).

Isso aponta para a permanente validade do “testemunho de Jesus” para a igreja dos séculos. “Ter” o testemunho de Jesus não se restringe à Igreja do tempo do fim, mas é a marca essencial dos seguidores de Cristo durante toda a era cristã. Isso pode ser visto no seguinte diagrama:

Apocalipse 1:9 – Eu, João, irmão vosso e companheiro na tribulação, no reino e na perseverança, em Jesus, achei-me na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus.

Apocalipse 6:9 - Quando ele abriu o Quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam.

Apocalipse 12:17 - lrou-se o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus, e se pôs em pé sobre a areia do mar

Ao comparar as três passagens paralelas, descobrimos que Apocalipse 12:17 deve ser compreendido à luz das duas passagens anteriores. Apocalipse 1:9 e 6:9 são aparentemente nossas diretrizes primárias para interpretar a marca da igreja remanescente em Apocalipse 12:17.

A “Palavra de Deus e o Testemunho de Jesus” era a “fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (ver Judas 3). É necessário perseverança para guardar “a fé de Jesus” (Ap 14:12). No conflito final dos séculos, a Igreja de Deus é chamada a permanecer firme no evangelho eterno e na lei de Deus, em continuidade com a igreja dos apóstolos e mártires (ver Ap 14:6).

A Igreja do tempo do fim será novamente conhecida por sua fidelidade aos mandamentos bíblicos de Deus e ao Testemunho bíblico de Jesus (Ap 12:17). Dessa maneira o povo de Deus no tempo do fim demonstra sua verdadeira sucessão apostólica.

“O testemunho” que os mártires “deram” em Apocalipse 6:9 está em paralelo com “o testemunho de Jesus” que o povo remanescente de Deus “tem” em Apocalipse 12:17.

Este importante paralelo é normalmente negligenciado. O verbo “ter” (echein) em 6:9 e 12:17 é o mesmo e requer, naturalmente, o mesmo significado. Esse significado pode também incluir a ideia de “guardar,” “preservar,” “manter,” como Paulo empregou o verbo “ter” (echein) em I Timóteo 3:9 e II Timóteo 1:13.

Vários eruditos têm argumentado persuasivamente que o “testemunho” que os mártires da era da igreja deram (Ap 6:9) é idêntico ao “testemunho de Jesus” mencionado em outros lugares de Apocalipse, como em 1:9; 12:17; 19:10; 20;4. Gerhard Pfandl aceita corretamente isso para Apocalipse 6:9 ao afirmar:

Concordamos com Mounce o qual diz que o testemunho dos mártires não era, primariamente, o testemunho deles acerca de Jesus, mas o testemunho que eles receberam dEle (cf. 12:17; 20:4). Eles o aceitaram, recusaram-se a desistir e, consequentemente, foram mortos, O testemunho, não menos que a “palavra,” era uma posse objetiva dos mártires.

A seguinte questão é crucial: por que tipo de testemunho de Jesus “objetivo” estavam os mártires dispostos a dar a vida? Um erudito explica, corretamente, como sendo, “um depósito de ensinos do Senhor, mandamentos e ensinos que têm conteúdo e forma específicos, de forma que possam ser guardados e sustentados.”

Os mártires em Apocalipse 6:9 e 20:4 morreram por causa do próprio testemunho histórico de Jesus e, em sentido subordinado, por terem testificado do testemunho de Jesus. O mesmo vale para a geração final do povo de Deus em Apocalipse 12:17. Beatrice S. Neall confirma essa exegese:

“A palavra de Deus e o testemunho de Jesus’ devem ser compreendidos como o evangelho da morte e ressurreição de Jesus (Ap 1:18), Seu poder para salvar do pecado (1:5; 12:10-11) e transformar homens a sua semelhança (14:1) mediante o sangue do cordeiro (7:14; 12:11)”.

Notavelmente, Apocalipse 20:4 menciona a fidelidade ao “testemunho de Jesus” até mesmo como a característica primaria dos mártires do tempo do fim:

“E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão (Ap 20:4).

Dessa forma, a Igreja remanescente, em sua batalha com a “besta,” permanecerá fiel ao “Cordeiro.” Sua controvérsia não é essencialmente diferente das crises anteriores no livro do Apocalipse. O assunto foi esclarecido várias vezes por Kenneth Strand:

“No livro de Apocalipse a fidelidade á ‘palavra de Deus’ e ao ‘testemunho de Jesus Cristo’ separa o fiel do infiel, e provoca perseguição que inclui o próprio exílio de João e o martírio de outros crentes (ver novamente 1:9; 6:9; 12:17; 20:4; etc.).’

O testemunho do AT e o testemunho apostólico (…) levaram uma mensagem que propiciou conforto e esperança para os cristãos do primeiro século e tem feito o mesmo por todos os crentes desde aquele tempo”.

O povo remanescente e sua lealdade a Cristo são mencionados novamente em Apocalipse 14:12, o que funciona como um paralelo explicativo para Apocalipse 12:17, como pode ser visto no seguinte diagrama:

Apocalipse 12:17 - E o dragão irou-se contra a mulher e foi fazer guerra ao resto da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo.

Apocalipse 14:12 - Aqui está a paciência dos santos: aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus.

O povo remanescente não apenas “guarda” os mandamentos de Deus, mas também “guarda” a “fé de Jesus” (14:12). Esta “fé de Jesus,” a qual Seus seguidores “guardam,” não é simplesmente a fé subjetiva deles em Jesus, mas a fé objetiva dos ensinamentos de Jesus, que os apóstolos ensinaram e guardaram fielmente (At 2:42; 2Tm 4:7). Judas o irmão de Tiago, urgiu a igreja “a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3, ver também v. 20).

O comentário de William G. Johnsson sobre Apocalipse 14:12 é instrutivo:

“Eles guardam a fé de Jesus. Essa expressão não significa que o povo de Deus tenha fé em Jesus (embora a tenham), porque a fé de Jesus é algo que eles guardam. “A fé” provavelmente refere-se á tradição cristã, ao corpo de ensinos que se centralizam em Jesus. Judas 3 pode prover um paralelo: ‘fé que uma vez foi dada aos santos.’ Quando os seguidores leais de Deus guardam a fé de Jesus, eles permanecem leais ao cristianismo básico — eles ‘guardam a fé.”

A expressão “a fé de Jesus” em apocalipse 14:12 esclarece “o testemunho de Jesus em 12:17 e não acrescenta necessariamente uma terceira característica da igreja remanescente. “Guardar a fé de Jesus” implica guardar os ensinos de Jesus (ver Ap 3:8; 10; 22:7).

Para sua aplicação histórica, merece menção que um pequeno grupo de seguidores do pregador batista Guilherme Miller, em Battle Creek, Michigan, decidiram em 1861, associar-se a uma nova denominação eclesiástica, “tomando o nome de Adventistas do Sétimo Dia, fazendo um pacto de guardar os mandamentos de Deus e a fé de Jesus Cristo.”

Esse evento mostra quão influentes são as profecias do tempo do fim do Apocalipse de João na história da Igreja. Também revela que obrigação solene uma denominação aceita ao reivindicar ser a verdadeira Igreja.

Em Apocalipse 19:10 o anjo esclarece o “testemunho de Jesus”:

“E eu lancei-me a seus pés para o adorar, mas ele disse-me: Olha, não faças tal; sou teu conservo e de teus irmãos que têm o testemunho de Jesus; adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia”.

Cada texto deve ser interpretado por seu contexto. A abordagem contextual serve de salvaguarda contra a manipulação inconsciente de um texto ou frase. Pelo fato de a expressão “testemunho de Jesus” ocorrer duas vezes em Apocalipse 19:10, esse texto tem recebido escrutínio especial e exegese cuidadosa da parte de alguns exegetas profissionais.

Surge um problema quando a última sentença de Apocalipse 19:10 é retirada de seu contexto e dotada de um significado que substitui o testemunho de Jesus, tal como registrado no Novo Testamento pelo dom permanente de profecia. Tal compreensão tomaria o testemunho de Jesus em Apocalipse 12:17 exclusivamente um dom de visões para alguns crentes escolhidos no tempo do fim.

Este conceito reduz o significado do testemunho de Jesus no livro de Apocalipse. O anjo não tenciona substituir o Espírito de profecia pelo testemunho histórico de Jesus, como se o Novo Testamento fosse repentinamente excluído ou ignorado. Sua última declaração em 19:10 não é tanto uma definição, como uma explicação. Ela explica como o anjo e João são conservos e, assim como todos os profetas, compartilham do testemunho de Jesus, porque o testemunho de Jesus é o Espírito de profecia.
Richard Bauckham oferece esta explicação muito útil:

“O Espírito divino, que dá a João a experiência visionária na qual ele pode receber revelação, não comunica os ensinos de um anjo, mas o testemunho que Jesus dá… O equivalente á referência ao ‘testemunho de Jesus’ em 19:10 é agora encontrado nas palavras do epílogo, no qual o anjo desaparece de vista e Jesus testifica diretamente: ‘Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas.”

Cristo explicou que o Espírito da verdade “não falará de si mesmo,… Ele me glorificará, porque há de receber do que é Meu e vo-lo há de anunciar” (Jo 16:13, 14; ver também 14:26). Isso tem sido realizado pelo Espírito de Profecia nas Escrituras do Novo Testamento, o qual, portanto, comunica à Igreja o testemunho de Jesus com autoridade canônica.

O que o Espírito diz, é Cristo quem diz. Isso ocorre sete vezes nas cartas de Cristo, as quais concluem cada vez com as palavras: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas” (2:7, 11, etc.).

O anjo explica a João que, quando o Espírito inspira a profecia, seu conteúdo e autoridade vem do próprio Jesus (19:10). Assim, o Espírito de profecia revela o testemunho de Jesus. Todos os verdadeiros profetas “têm o testemunho de Jesus” (19:10; comparar com 22:9).

O anjo instrui a João para que ele não adore um anjo, ou qualquer conservo seu, porque eles são apenas instrumentos de Deus e Cristo. O livro de Apocalipse é um livro orientado para a adoração. O grande objetivo – “Adorai a Deus” – é o tema central de todo o apocalipse.

Especialmente suas profecias do tempo do fim exigem a distinção entre adoração verdadeira e idolatria (14:6-12). O anjo faz dois apelos a João para adorar a Deus (19:10 e 22:9): um na conclusão da visão acerca de Babilônia, a prostituta (17:1-19:10); outro, na conclusão da visão acerca de Jerusalém, a noiva (21:9-22:9). Cada vez o anjo reforça o ponto: não adore a besta, nem mesmo os servos de Deus, os anjos. Adorai a Deus!

O verso paralelo de Apocalipse 22:9 expande o grupo que tem o testemunho de Jesus a todos os membros da igreja: “eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro.” Este círculo ampliado de cristãos fiéis que “têm” o testemunho de Jesus também está em vista em Apocalipse 6:9 e 12:17.

Bauckham extrai esta conclusão prática:

“Isto (Ap 19:10) é um reconhecimento de que a função para a qual o Apocalipse chama todos os cristãos é, em essência, o mesmo dos profetas: dar o testemunho de Jesus, permanecendo fiel em palavras e atos ao Deus único verdadeiro e Sua justiça.”

Essa responsabilidade compartilhada, da Igreja, não nega a liberdade do Espírito de conceder a indivíduos escolhidos o dom espiritual de profecia (ver ICo 12:7-11) para a edificação da Igreja (I Cor. 14:1, 4). A manifestação do dom permanente de profecia na Igreja pós-apostólica é parte deste cumprimento expandido de Joel 2:28-29.

O anjo ensina a João, contudo, que o “testemunho de Jesus,” já concedido, é o teste da verdade para João, para seus conservos profetas, para a igreja e para os anjos de Deus (cf. 22:9). Este “testemunho de Jesus” é a norma suprema para toda adoração cristã e manifestações do dom de profecia)5 Sustentar fielmente este “testemunho de Jesus” canônico é o dever sagrado de anjos e profetas. Esse é o testemunho do anjo intérprete em Apocalipse 19:10.

Em um tempo em que João estava lutando contra uma crescente onda de falsas profecias nas igrejas da Ásia (Ap 2:20; IJo 4:1), algumas das quais estavam enganando os crentes de Tiatira com“as profundezas de satanás” (Ap 2:24), João é lembrado de que o Espírito de profecia medeia “o testemunho de Cristo.”

Beasley Murray comenta: “O fardo da profecia, portanto, é o testemunho que Jesus deu”. Todas as mensagens inspiradas dos profetas pós-apostólicos devem ser testadas pelo testemunho canônico de Jesus (veja-se Ap 22:18, 19; 1 Ts 5:19-21; 2 Pe 3:2, 15, 16; Mt 24:24).

Este testemunho normativo de Jesus vai desmascarar as alegações enganosas do “falso profeta” no tempo do fim (ver Ap 16:13; 19:20 e 20:10). A Igreja remanescente de Apocalipse 12:17 e 14:12 é caracterizada pela restauração dos mandamentos históricos de Deus e do testemunho ou fé histórica de Jesus.

Essas duas características eram a marca identificadora da Igreja apostólica (Ap 1:9) e dos santos pós-apostólicos (Ap 6:9). Também constitui-se na marca da Igreja remanescente, a qual Deus se dignou em conceder o dom do Espírito de profecia.

O testemunho bíblico de Jesus, contudo, traça a linha de demarcação entre o fiel e o infiel no livro de Apocalipse. Concordamos com a conclusão de Kenneth A. Strand que “a Palavra de Deus” e “o testemunho de Jesus” no livro de Apocalipse referem-se ao “que hoje chamaríamos de mensagem profética do Antigo Testamento e testemunho apostólico do Novo Testamento”.

*Hans K. LaRondelle, Th.D, professor emérito da Andrews University.

FONTE: Revista Teológica do SALT-IAENE, Janeiro-Junho de 1999.