Teologia

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

CARLOS FITCH: PASTOR MILERITA QUE PARTIU ANTES DA DECEPÇÃO DE 1844

Ricardo André

“Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda” (2 Tm 4:7,8, NVI).

Quando o apóstolo Paulo escreveu a segunda carta a Timóteo, seu querido filho na fé (1 Tm 1:2; 2 Tm 1:2), por volta de 66 d. C., estava em seu segundo e último aprisionamento em Roma, aguardando o julgamento e possível condenação (Dicionário Bíblico Adventista [Tatuí, SP: CPB, 2016], p. 1329, 1330). Depois de tão grande labuta, depois de perseguido, açoitado e encarcerado, para não ser julgado pelo injusto tribunal da Judeia, onde sua morte seria certa, mas prematura, apelou para o imperador César, sendo enviado para Roma a fim de ser julgado por Nero, o mais tirano dos imperadores romanos. Ele Encontrava-se sozinho com Lucas, seu amigo e médico pessoal. Todos os demais já haviam ido. Vários já haviam morrido. Outros estavam presos. Um, por nome Demas, já havia apostatado da fé. Paulo estava abandonado, em cadeias na prisão Marmetina. Ele sabia que a sua vida estava no fim.

Aquela terrível prisão fica perto do Coliseu, no centro de Roma. Era considerada a mais terrível das prisões de sua época: sem luz, sem ar, úmida e paredes que filtram no inverno. Qualquer pessoa que visita a prisão Marmetina nunca vai esquecer o que Paulo sofreu naquele lugar.

Depois de ter cumprido sua missão em Roma, o velho soldado de Cristo encontrava-se em sua reclusão final e dela só sairia para a morte. Ele sabia disso. Tanto é que ele afirmou: “Porque já estou pronto para ser oferecido, e o tempo da minha partida está próximo” (2 Tm 4:6, BKJ 1611).

Paulo já era idoso. Seus olhos estavam ofuscado pela velhice, mas ele via com os olhos da fé. Ele via “mais além do Sol”, como expressa um dos hinos favoritos de muitos adventistas. Seu corpo estava frágil, enfermo. Sua voz estava trêmula, fraca, mas ele foi capaz de dizer: “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Agora me está reservada a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amam a sua vinda” (2 Tm 4:7,8, NVI).

Mesmo em circunstâncias adversas, preso e abandonado por muitos em sua condenação, o idoso e esgotado apóstolo “guardou a fé”, e não deixou de demonstrar ao mundo e a todos os cristãos a esperança que tinha em seu Salvador. Em outras palavras, ele disse: Eu amei o Mestre, amei a sua vinda e estou pronto para morrer, e se O amares e esperares com amor por Ele, receberás a coroa da vida” Quão abençoada tinha sido a experiência do grande apóstolo dos gentios! O amor era o eixo central de sua vida. Ele amava a vinda de Jesus.

Ao final de sua carreira, ele oferece sua vida, seu corpo como um sacrifício vivo ao Senhor. E reafirma categoricamente que Cristo virá para aqueles que O esperam com amor no coração. A NTLH (Nova Tradução na Linguagem de Hoje) diz: “a todos os que esperam, com amor, a sua vinda”. A versão da Bíblia Viva diz: “E não só a mim, mas a todos aqueles cujas vidas mostram que eles estão aguardando ansiosamente a sua vinda outra vez”.

AMANDO A SUA VINDA

O que significa amar a vinda de Jesus? Sempre pensei que esta expressão “a todos os que amam a Sua vinda” se referia àqueles cristãos que tinham sentimentos piedosos e amáveis a respeito da vinda do Senhor e, por conta disso seriam recompensados com uma coroa de justiça, porque os seus corações ardiam quando pensavam no advento. Contudo, indubitavelmente, a expressão significa mais do que isto.

A palavra “amam” empregada pelo apóstolo Paulo, no original grego é agapaõ. “A palavra sugere muito mais do que um mero impulso, exige que toda a vida, todos os estágios do pensamento e da ação sejam orientados em direção à pessoa amada. A jubilosa perspectiva do segundo advento controla a maneira dos cristãos usarem o tempo e o dinheiro, afeta a escolha de seus amigos e provê um poderoso incentivo para eliminar os defeitos de caráter e se tornarem mais semelhantes a Cristo” (Comentário Bíblico Adventista, v. 7, p. 368). Portanto, amar a Sua vinda significa desejar ardentemente que ela aconteça logo, semelhante a um casal de noivos que se amam e estão prestes a se casarem. A vida de ambos em grande parte será determinada pelo pensamento de que o casamento está para acontecer. O tempo todo eles estarão fazendo preparativos.

Amar a vinda de Jesus significa viver à luz do Seu iminente retorno, comportar-se como se Ele viesse hoje. Amar a Sua vinda significa viver em pureza moral. Pois como João nos exorta: “E qualquer homem que tem nele esta esperança purifica-se a si mesmo, assim como ele é puro.” (1 Jo 3:3, BKJ 1611). É educar-se para a eternidade. Significa não enredar-se nas coisas desta vida. Devemos fixar o nosso amor e a nossa atenção nas coisas “lá do alto”, não nas da terra (Cl 3:2), como fazem aqueles que não amam a vinda de Jesus, que querem mais é “curtir a vida” de forma desregrada.

O amor pela vinda de Jesus deve ser também um amor que testemunha. Nossa espera não deve ser passiva, mas há um sentido muito real em que devemos “trabalhar” para que ele venha logo, cooperar com Deus para o dia da vinda de Jesus. O apóstolo Pedro escreveu: “Esperando o dia de Deus e apressando a sua vinda. Naquele dia os céus serão desfeitos pelo fogo, e os elementos se derreterão pelo calor” (2 Pd 3:12, NVI). Note que Pedro nos instrui não somente aguardar a vinda de Jesus, mas também apressar, ou seja, de alguma forma cooperar para que este dia chegue em breve. Como podemos apressar a vinda de Jesus? O melhor modo de cooperarmos, apressando o dia de Jesus é anuncia a Sua vinda. Neste sentido, aquele que ama a Jesus sai em busca de almas perdidas por quem Ele morreu. Ellen G. White escreveu: “Se vos conservais no amor de Deus, a alma será circundada por uma influência que será um aroma de vida para vida. Deveis velar pelas almas como quem deve prestar contas” (Este Dia com Deus [MM 1980], p. 363). Portanto, não basta ter pensamentos afáveis a respeito da vinda do Salvador. A coroa de justiça está reservada para aqueles que a amam o suficiente para permitir que essa verdade transforme radicalmente as suas vidas. Não é suficiente sustentar a verdade a respeito da Sua vinda; essa verdade precisa levar-nos a uma mudança de vida e a vencer nossos defeitos.

CARLOS FITCH AMAVA A VINDA DE JESUS

No movimento milerita do século XIX, nos EUA, que deu origem a Igreja Adventista do Sétimo Dia, encontramos um servo de Deus que, à semelhança de Paulo, demonstrou um imenso amor pela vinda de Jesus. O nome dele é Carlos Fitch (1804-1844), primeiro pastor da Igreja Congregacional de Boston “a aceitar o milerismo, em 1838, depois de ler por seis vezes o livro Evidence From Scripture (“Evidência a Partir das Escrituras”), de Guilherme Miller” (Enciclopédia Ellen G. White [Tatuí, SP: CPB, 2018], p. 412). Naquele período um grande grupo de cristãos de várias denominações, estimado entre 50 a 100 mil pessoas, e entre 700 a 2 mil pastores, creram nas pregações de Guilherme Miller e se uniram a ele na proclamação da breve volta de Jesus para 22 de outubro de 1844, dando forte impulso ao “movimento milerita” (C. Mervyn Maxwell. História do Adventismo, p. 19). Entre esses pastores que apoiaram Guilherme Miller, para que suas pregações sobre a volta de Jesus alcançassem as cidades grandes e tomassem âmbito nacional estava Carlos Fitch.

Em 22 de outubro de 1844, há 179 anos, aqueles que haviam aceitado essa mensagem aguardavam com ardente expectativa e com alegria a vinda de Jesus. Eles interpretaram de forma equivocada a profecia dos 2 300 dias de Daniel 8:14. O cálculo do período profético estava correto, mas o acontecimento estava errado, porque Cristo não voltaria a Terra nesse dia, mas entraria no Lugar Santíssimo do santuário celestial, como nosso Sumo Sacerdote, para iniciar o Juízo Investigativo ou o Juízo Pré-Advento, como parte do processo de expiação do Seu povo, tal qual fazia o sumo sacerdote no santuário terrestre, no dia da expiação, 10º dia do 7º mês do calendário judaico (Hb 8:1-5; Lv 16).

Como sabemos, foi uma grande decepção para os mileritas que aguardavam o fim da dor nessa data. Jesus não veio no dia que marcaram. Um dos fatos mais impactantes foi justamente o do pastor Carlos Fitch, de 30 anos. A vida dele é um exemplo de fé e esperança na volta de Jesus. Ele sentia grande alegria ao ver pessoas se entregando ao Senhor. No início de outubro de 1844, Fitch não teve medo de permanecer por um longo período na água para batizar. Realizou três cerimônias batismais. Como ele, milhares de pessoas estavam convencidas de que Jesus voltaria no fim daquele mês. Por isso, entendiam a necessidade do batismo a fim de estar prontas para ter o encontro com o Senhor. Fitch batizou todos que o procuraram naquele dia. O frio era intenso no nordeste dos EUA, e a água estava quase congelada. Fitch não teve medo de adoecer ou morrer, pois sua esperança era viva e, para ele, se materializaria em questão de semanas.

Porém, oito dias antes da data marcada para a volta de Jesus, o pastor faleceu na segunda-feira do dia 14 de outubro, acometido por uma pneumonia, contraída em decorrência da exposição ao frio naqueles batismo extenso. “O periódico milerita Midnight Cry relatou que “sua viúva e filhos órfãos estão agora em Cleveland, aguardando confiantemente a vinda de nosso Senhor para reunir os membros espalhados de Sua família em alguns poucos dias. ‘A irmã Fitch está...sorridente e feliz’.”  (C. Mervyn Maxwell, História do Adventismo, p. 35 e 36).

Após o funeral de Carlos Fitch, seus dois filhos, em meio às lágrimas, pergunta a sua mãe: “Mamãe, nós veremos papai novamente?” “Sim, queridos”, respondeu corajosamente a Sra. Fitch. Em poucos dias, quando Jesus retornar, Ele despertará papai e seus irmãos adormecidos também, e então seremos uma família completa e feliz outra vez, para sempre!” (Idem)

Sua resposta revela que ela estava segura de que ele seria ressuscitado em uma semana. Mas o Senhor não veio. A Sra. Fitch fez parte do grupo de adventistas que viu a doce esperança da segunda vinda de Jesus, aguardada para o dia 22 de outubro de 1844, ser revertida em amargo desapontamento. Carlos Fitch continua descansando em seu leito poento. Quando o Senhor aparecer nas nuvens dos céus, erguerá do pó o pastor Carlos Fitch para dar-lhe a “coroa da justiça”.

Em sua primeira visão, Ellen G. White viu o pastor Fitch na Nova Terra, debaixo da árvore da Vida. Ela escreveu: “Todos nós fomos debaixo da árvore, e sentamo-nos para contemplar o encanto daquele lugar, quando os irmãos Fitch e Stockman, que tinham pregado o evangelho do reino, e a quem Deus depusera na sepultura para os salvar, se achegaram a nós e nos perguntaram o que acontecera enquanto eles haviam dormido. Tentamos lembrar nossas maiores provações, mas pareciam tão pequenas em comparação com o peso eterno de glória mui excelente que nos rodeava, que nada pudemos dizer-lhes, e todos exclamamos - "Aleluia! é muito fácil alcançar o Céu!" - e tocamos nossas gloriosas harpas e fizemos com que as arcadas do Céu reboassem. (Primeiros Escritos [Tatuí, SP: CPB, 1988], p. 17).

CONCLUSÃO

Após o desapontamento de 22 de outubro de 1844, um grupo de milerita sinceros, mesmo sem entender por que Jesus não havia voltado, perseveraram no estudo da Bíblia e na oração. Entenderam o erro de tentar datar o retorno do Senhor. Perceberam o equívoco de sua interpretação profética, mas não abandonaram sua crença na Segunda Vinda de Cristo, ou a convicção de que o seu movimento era de origem divina. Renovado interesse no estudo da Bíblia resultou em mais clara compreensão da profecia. “Muitas vezes ficávamos reunidos até alta noite, e às vezes a noite toda, pedindo luz e estudando a Palavra”, escreveu Ellen G. White (Mensagens escolhidas, v. 2, p. 206). Foi desse espírito de oração e sincero exame das Sagradas Escrituras que surgiu a Igreja Adventista do Sétimo Dia. A breve volta de Jesus tornou-se uma grande certeza para Ela. Essa igreja foi estabelecida com a missão mundial de avisar ao mundo de que Cristo voltará (Ap 10:8-11; 14:6-12).

Fundaram-se instituições médicas e educacionais em muitas partes do Globo. Foram erigidas igrejas, escolas, hospitais e casas publicadoras para ajudar a levar o evangelho eterno a toda nação, tribo, língua e povo. Os Adventistas do Sétimo Dia consideram sua vocação um cumprimento da profecia bíblica. Eles devem desempenhar uma parte muito importante no soar da sétimo trombeta (Ap 11). Encaram com seriedade a ordem de Ap 10:11: “Importa que profetizes outra vez acerca de muitos povos, nações, línguas e reis”.

A esperança da volta de Jesus é viva e logo se cumprirá. Vislumbrando aquele grande dia, Ellen White escreveu: “Dentro de pouco tempo Jesus virá para salvar Seus filhos e dar-lhes o toque final da imortalidade. Este corpo corruptível se revestirá da incorruptibilidade, e este corpo mortal se revestirá da imortalidade. As sepulturas se abrirão, e os mortos sairão vitoriosos, clamando: "Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?" I Cor. 15:55. Os nossos queridos, que dormem em Jesus, sairão revestidos da imortalidade. E, ao ascenderem os remidos aos Céus, abrir-se-ão os portais da cidade de Deus de par em par, e neles entrarão os que observaram a verdade. Ouvir-se-á uma voz mais bela que qualquer música que já soou aos ouvidos mortais, dizendo: "Vinde, benditos de Meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo." Mat. 25:34. Então os justos receberão sua recompensa. Sua vida correrá paralela à vida de Jeová. Lançarão suas coroas aos pés do Redentor, tangerão as harpas de ouro e encherão todo o Céu de bela música” (Conselhos Sobre Mordomia, p. 350).

Que dia será aquele, quando Jesus abrir todos os cemitérios do mundo! Erguerá os mortos e nos unirá pela eternidade como os nosso queridos. Jesus promete tanto aos ressuscitados quantos aos vivos: “(...) voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver” (João 14:3, NVI). Vidas solitárias e frustradas despertarão para a amizade com Jesus através dos tempos eternos.

Caro amigo leitor, em pouco tempo Jesus restaurará todas as coisas e dará vida eterna aos Seus escolhidos. Você está pronto?

 

 

 

 

 

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

ESPERANÇA DA SEGUNDA VINDA: A PRESENÇA DO FUTURO


 Ricardo André

“E eu vi um novo céu, e uma nova terra; porque o primeiro céu e a primeira terra haviam passado, e não havia mais mar. E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, descendo do céu, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu marido. E eu ouvi uma grande voz do céu, dizendo: Eis que o tabernáculo de Deus está com os homens, e ele habitará com eles, e eles serão o seu povo, e o próprio Deus estará com eles, e será o seu Deus. E Deus enxugará todas as lágrimas de seus olhos; e não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem haverá mais dor; porque as coisas antigas são passadas. E aquele que está assentado sobre o trono disse: Eis que eu faço novas todas as coisas. E ele disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis” (Ap 21:1-5, BKJ Fiel 1611).

Esse texto representa uma das mais emocionantes passagens do Apocalipse. Na ilha de Patmos, João, o amado, então idoso, teve esta extraordinária visão. A visão é sobre um mundo renovado e recriado cheio de gozo, nossa gloriosa herança! A visão é tão vasta que sobrecarrega a nossa imaginação; surpreende, cativa e nos emociona. Assim, esta visão de um reino futuro e renovado é capaz de transformar as nossas vidas agora na nossa existência presente. Toda esperança sorri diante dessa certeza: Jesus voltará em breve, para nos colocar no Éden restaurado! Essa não é uma utopia. É uma certeza que arde em meu peito e de todos os filhos de Deus. Quando revelou isso a João, Jesus afirmou categoricamente: “Escreva isto, pois estas palavras são verdadeiras e dignas de confiança” (Ap 21:5, NVI). Ele assegura que suas promessas se cumprirão. O apóstolo João celebra as maravilhas da volta de Jesus nos dois últimos capítulos da Bíblia Sagrada. Percebe-se nitidamente o esforço que ele faz para tentar colocar tudo isso em palavras.

Ellen G. White comenta que essa promessa é “uma das verdades mais solenes, e não obstante mais gloriosas, reveladas na Escritura Sagrada, é a da segunda vinda de Cristo, para completar a grande obra da redenção. Ao povo de Deus, por tanto tempo a peregrinar em sua jornada na “região e sombra da morte” (Mateus 4:16), é dada uma esperança preciosa e inspiradora de alegria, na promessa do aparecimento Daquele que é “a ressurreição e a vida” (João 11:25), a fim de levar de novo ao lar Seus filhos exilados” (O Grande Conflito [Tatuí, SP: CPB, 2006], p. 299).

Você já parou para pensar longa e seriamente sobre o Céu? Tentar imaginar o que será morar na Nova Terra é uma verdadeiro desafio à imaginação. Mas esse lugar é real. Ele existe. O próprio Senhor Jesus Cristo prometeu um lugar para cada crente fiel quando afirmou: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas mansões; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Eu vou preparar-vos um lugar. E quando eu for e vos preparar um lugar, eu voltarei novamente, e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, ali possais estar vós também” (Jo 14:1-3, BKJ Fiel 1611). Sobre isso, Ellen G. White escreveu: “Imagine-se no lar dos remidos e lembre-se de que ele será mais glorioso do que a mais brilhante imaginação pode pintar. Nos variados dons de Deus que a natureza apresenta só conseguimos ter um pálido reflexo de sua glória” (Caminho a Cristo, p. 86, 87).

“A primeira coisa observada por João na nova Terra foi que não havia mar, o que é especialmente interessante. O fato de João ter se referido “[ao] mar” (com o artigo definido) mostra que ele provavelmente tivesse em mente o mar que o cercava em Patmos, que havia se tornado um símbolo de separação e sofrimento. Para João, a ausência desse mar na nova Terra significava a ausência da dor causada por sua separação daqueles a quem amava” (Lição da Escola Sabatina, 1º Trim. de 2019, ed. de Professor, p. 166).

Todos nós conhecemos pessoas que nos fazem sentir melhores, pelo simples fato de estarem próximos a nós. O verso 3 afirma que “o próprio Deus estará com eles, e será o seu Deus”. É justamente a presença permanente do amado Deus na nova Terra que garantirá a libertação da dor e do sofrimento que experimentamos nesta vida. Não haverá mais lágrimas, morte, tristeza, choro nem dor, que são consequências do pecado. Com a erradicação do pecado, “as coisas antigas” terão passado (v. 4). “Na tua presença há plenitude de alegria; à tua mão direita há prazeres para sempre”, disse Davi no Salmo 16:11. Então haverá música, louvor e gratidão e nunca mais haverá lágrimas! Não haverá mais cemitério, hospitais nem prisões. Nunca mais haverá pandemias, roubos ou assassinatos. Não haverá cortejos, cerimônias fúnebres. Todos os salvos viverão eternamente felizes e livres de qualquer ameaça de morte.

Fui ancião durante 17 anos, em duas igrejas da cidade de Lagarto, em Sergipe. Oito anos na Igreja Lagarto I e nove na Igreja Central. Como ancião, ao longo desses anos, quando o pastor distrital não pôde estar presente, preguei mensagens de conforto e esperança em dezenas de funerais de irmãos e irmãs que foram ceifados pela morte, e foi nesses funerais que vi essa visão transformadora de João “chegar”, e inúmeras vezes observei pessoas com o coração partido pela dor se imaginarem reunidas com seus entes queridos em uma terra nova e refeita. De alguma forma, há um poder nesta visão que transforma a nossa dor atual. Mesmo que não elimine toda a dor do presente, torna possível enfrentar outro dia.

VISÃO DO FUTURO

No dia 28 de novembro de 2023, minha esposa, Ana Claudia, precisou submeter-se a uma cirurgia por conta de que sofreu uma perfuração intestinal, quando realizava um exame de colonoscopia. No dia 27 de dezembro teve que submeter-se a uma nova cirurgia por conta da formação de uma fístula intestinal pós-operatória. Dos 17 dias que ficou no Hospital de Cirurgia, em Aracaju, fiquei como acompanhante dela durante 14 dias. Foram dias muito difíceis, tristes, de incertezas e sofrimento. Passamos, inclusive, pela primeira vez o Natal num hospital. Foi o Natal mais triste da nossa vida.

Antes da segunda cirurgia, minha esposa ficou internada cinco dias na Emergência do IPES Saúde. Notei que ao lado do leito da minha esposa havia uma paciente idosa chamada Delza. Todos a chamavam de “Vó”. Ela era a paciente mais velha da enfermaria, 95 anos. Ela era acompanhada por seus filhos. A pesar de bem debilitada, dona Delza era engraçada, descontraída e tinha um maravilhoso senso de humor.

Uma dia, enquanto estava ao lado do leito da minha esposa, percebi que dona Delza havia dormido a maior parte do dia, o que me fez parar um pouco para observá-la. Então percebi o enorme contraste entre ela e eu. Lembro-me de ter pensado: um dia serei parecido com dona Delza, no sentido de que serei um idoso também; algum dia precisarei de uma pessoa jovem para me ajudar e cuidar de mim. Vez por outra eu me pego pensando na velhice. Ela me assusta.

Naquela dia, ao comtemplar “Vó”, vislumbrei o futuro, imaginando-me aos 95 anos. A minha “visão do futuro” fez-me de fato pensar de forma bastante diferente sobre o presente. Um olhar para o futuro transformou a forma como eu via o presente.

JOÃO VISLUMBRA O FUTURO

De uma forma muito mais dramática, João, o vidente de Patmos, teve o mesmo tipo de experiência. Ele não viu apenas o envelhecimento de um indivíduo, viu o envelhecimento e a restauração da Terra! Ele olhou para o futuro e o que viu transformou o seu presente.

O futuro tornou-se tão real, tão presente na sua própria experiência que mudou não só a forma como ele via o mundo, mas como ele reagiu a esse mundo. Transformou, também, a forma como ele partilhava a sua fé, a forma como apelava aos outros para verem o mundo.

Enquanto os contemporâneos de João olhavam para um mundo dominado pelo Império Romano, um mundo onde o poder vencia todas as discussões, a visão de João permitiu-lhe ver uma realidade diferente.

João poderia ter visto apenas um mundo em que aqueles que proclamaram Jesus eram uma seita pequena e aparentemente insignificante, aparentemente à beira da extinção. Essa foi a “realidade” que outros viram naquele primeiro século turbulento. Mas eles não tiveram a visão. Em vez disso, este homem banido do convívio social, preso na ilha de Patmos, velho e sozinho e prestes a morrer, viu um mundo onde aqueles que proclamam Jesus como o Cristo seriam vitoriosos.

Em vez de um mundo onde César era o senhor e Cristo parecia pouco ou nada, João viu um mundo onde o Deus santo está sentado no trono com "toda criatura que está nos céus, e na terra, e debaixo da terra" prestando-Lhe adoração efusivamente. (Ap 5:13, BKJ Fiel).

O SEGUNDO ADVENTO ESTÁ PRESENTE AGORA

Em Apocalipse 4, João nos diz que viu uma porta aberta no Céu! O Céu é uma das palavras mais doce e mais sublime das Sagradas Escrituras. É uma palavra que concretiza a esperança e a promessa dos filhos de Deus de todas as épocas. O Céu é também uma palavra mágica que desperta esperança no coração humano, que faz vibrar todas as cordas do peito humano. Ela satisfaz os mais sagrados anseios da alma humana e os mais altos propósitos de Deus para com o homem. Por quê? Porque representa o nosso lar, a volta do homem ao lar eterno.

Na mesma visão, João vê ainda quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prestando adoração do Deus santo e, na experiência da adoração, esse Deus está presente. Deus não está distante no tempo e no espaço, mas está presente na adoração. Aquele que é o Todo-poderoso, aquele que é o Deus de todos os tempos, “que era, que é e que há de vir” (v.8), o Deus de toda a criação (v. 11), está presente com João e com todos os crentes que o adoram hoje.

Este Deus caminha entre os castiçais e recebe as pessoas na sala do trono, no centro do universo. Esta música proclama a presença do futuro. Todos os que cantam os cânticos do Apocalipse proclamam a experiência de Deus no presente.

O primeiro cântico do livro do Apocalipse é cantado pelos quatro seres viventes dia e noite sem cessar: “Santo, Santo, Santo, o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, que é e que há de vir”.

Esta canção, assim como a própria experiência de adoração, nos chama a abraçar uma realidade diferente daquela que vemos. A palavra Apocalipse significa “descobrir” ou “algo revelado” (Dicionário Bíblico Adventista [Tatuí, SP: CPB, 2016], p. 80); implica uma revelação das coisas como elas realmente são, não como o mundo as retrata. A adoração sempre nos chama para ver o que é real e então agir de acordo.

Tal adoração tem esse poder de transformar o nosso presente. Aqueles que adoram a Deus, que vivem em Jesus antecipam um novo céu e uma nova terra. Logo, o Céu começa aqui e a glorificação, por ocasião da volta de Jesus, será o ápice do Céu, quando receberemos a tão almejada vida eterna (1 Co 15:50-55). Sobre isso, Ellen G. White, escreveu: “Quando por meio de Jesus, entramos no repouso, o Céu começa aqui. Atendemos-Lhe ao convite: Vinde, aprendei de Mim; e assim fazendo começamos a vida eterna. O Céu é um contínuo aproximar-se de Deus por intermédio de Cristo” (O Desejado de Todas as Nações, p. 331). Portanto, o futuro entra no nosso presente agora, e vivemos agora como viveremos no futuro.

Como o futuro de Deus será uma terra “onde habita a justiça” (2 Pd 3:13), os adoradores agora buscam justiça. Porque o futuro de Deus trará paz à terra, os adoradores agem agora pela paz. Porque o futuro de Deus será uma terra com abundância para todos, os adoradores agem agora para acabar com a fome. Porque o futuro de Deus será uma existência sem lágrimas, os adoradores agem agora para confortar e curar. Como o futuro de Deus será vida sem morte, os adoradores agem agora para combater doenças e morte.

À medida que nós, mediante comunhão com Deus, antecipamos um novo céu e uma nova terra, o futuro entra no nosso presente, transformando-nos e chamando-nos a viver agora como queremos num novo céu e numa nova terra.

INCORPORANDO A ESPERANÇA DO ADVENTO

Enquanto elucubramos sobre o novo Céu e a nova Terra, precisamos nos lembrar da vida curta, mas produtiva de Annie Rebekah Smith (1828-1855), irmã de um importante líder pioneiro da igreja, Uriah Smith, a quem sua experiência ajudou a levar para o Senhor, no final do ano de 1852. Ela “foi uma talentosa escritora, editora e artista que dedicou suas habilidades ao trabalho inicial de publicação do que viria a ser a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Ela contribuiu com numerosos artigos e poemas para os periódicos nascentes da igreja durante o início da década de 1850 e escreveu vários poemas que seriam usados ​​em hinos, alguns dos quais estão incluídos no atual hinário da denominação” (Enciclopédia Adventista do Sétimo Dia).

José Bates estava realizando uma série de conferências próximo da casa de Annie. Sua mãe insistiu em que ela assistisse as reuniões, mas a filha não se interessou muito. Todavia, talvez para agradar a mãe, Annie concordou em ir. Na noite anterior à reunião, “a jovem teve um sonho segundo o qual entrava em uma sala onde um estranho estava pregando. Bates, por sua vez, sonhou que, enquanto estava pregando, uma jovem comparecia a sua reunião. Quando Annie foi a série evangelística dirigida por Bates, ambos reconheceram o cumprimento exato do que haviam sonhado. Depois de frequentar as palestras por três semanas, ela aceitou o sábado [...]” (Enciclopédia Ellen G. White [Tatuí, SP: CPB, 2018], p. 560). Em 1851, ela escreveu o poema “Não temas, pequeno povo” e, enviou-o para Tiago White. “Impressionado com o talento da moça, convidou-a para participar da equipe da Review, em Saratoga Springs, Nova York. A princípio, Annie recusou devido a um problema de vista; porém, acabou aceitando. Depois de ser ungida e de orarem por ela, sua visão melhorou” (Idem). Estava empolgada em participar da obra do Senhor, a fim de ajudar outros a aprender sobre o reino vindouro. Lá ela se apaixonou pelo belo e jovem pregador John N. Andrews, que parecia corresponder a seus sentimentos, mas não se casou com ela mas escolheu se casar com Angeline Stevens, deixando-a decepcionada e com o coração partido.

Annie trabalhou com Tiago White por três anos, quando “em novembro de 1854, ela voltou para casa com tuberculose, e alguns meses mais tarde, aos 27 anos, Annie Smith morreu” (Idem). Meses antes de sua morte, quando sua força diminuía gravemente, ela e a mãe passaram a conversar abertamente sobre sua morte.

Numa terça-feira de manhã, 24 de julho de 1855, Annie escreveu seu último poema:

Ó, não derrames uma lágrima no lugar onde eu dormir;

Aos vivos, não aos mortos o choro deves dirigir;

Por que lamentar pelos cansados que repousam docemente,

Livres na sepultura dos fardos e os ais da vida justamente?

Annie morreu em paz dois dias depois, em 26 de julho de 1855. Um dia antes de sua morte, escreveu o prefácio do poema “Lar Aqui e Lar no Céu”, agradecendo a Deus a obra que Ele lhe concedera aqui, mas com os olhos voltados para o Céu, à medida que seus dias “deixaram de fluir”. Apesar de toda a dor emocional e do sofrimento físico, esse último poema de Annie confirma que ela terminou seus dias em paz com Deus. Conforme bem expresso em alguns de seus escritos anteriores, a jovem aguardava o glorioso dia no qual Deus “enxugará dos olhos toda lágrima” de Seus filhos sofredores. Que bendita esperança nós temos!

A vida de Annie pode ter sido curta, mas sua influência abençoou a igreja, sobretudo por meio de seus hinos inseridos no primeiro Hinário Adventista. Ela encarnou aqueles que cantavam diante do trono de Deus visto pelo profeta João, bem como aqueles cuja esperança no futuro transforma o seu presente. Era como se ela estivesse dizendo: Agora vou cantar, porque um dia erguerei do pó e verei meu Salvador claramente. Adoro e canto agora, porque cantarei “Santo, Santo, Santo, o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que era, que é e que há de vir”.

Caro amigo leitor, deseja você viver para sempre no lar celestial com Jesus? “Foi-me revelada a glória do mundo eterno. Quero dizer-vos que vale a pena alcançar. Deve ser o objetivo de vossa vida habilitar-vos para o convívio dos remidos, dos santos anjos, de Jesus, o Redentor do mundo” (Ellen G. White, Maranata, o Senhor Vem [MM, 1977], p. 353). “E o Espírito e a noiva dizem: Vem. E aquele que ouve diga: Vem. E que aquele que tem sede, venha; e aquele que quiser, que tome gratuitamente da água da vida” (Ap 22:17, BKJ Fiel 1611). Esse “aquele que quiser” incluiu a você e a mim! Sendo que Jesus nos ama o suficiente para preparar-nos um lar na Nova Terra, o mínimo que podemos fazer é amá-Lo o suficiente para aceitar um lugar ali. Parece inimaginável que alguém rejeite o oferecimento de um lugar no esplêndido mundo do amanhã de Jesus. Suponha que esse lugar existisse no mundo atual. Iríamos correndo até lá, não é? Corra, então, na direção do Céu – agora! Permita que o Senhor comece a instalar, desde já, o Céu no seu viver. É claro que a esperança do Advento se concentra no futuro, mas está aqui – agora!

 

 

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

INTEGRANDO JUSTAMENTE A ALIANÇA, A LEI E O SÁBADO


 Roy Gane, PhD*

A relação duradoura entre a aliança bíblica, a lei e o sábado do sétimo dia.

Todos os cristãos acreditam que quando a Antiga Aliança do Antigo Testamento deu lugar à Nova Aliança do Novo Testamento, a lei da Antiga Aliança tornou-se obsoleta2 e, portanto, a observância literal do sábado, como é realmente expressa no quarto mandamento, não é mais relevante.

Esta abordagem tem sido adotada por um amplo espectro de cristãos, desde aqueles que sustentam que os cristãos não são obrigados a guardar nenhum dia específico3 até aqueles que transferem aspectos do sábado do Antigo Testamento para o domingo para torná-lo “cristão”.4

O que uma análise equilibrada das passagens bíblicas relevantes revela sobre este tema muitas vezes controverso?5

ONDAS DE GRAÇA

Afastando-nos das Escrituras e observando o quadro geral, vemos que as alianças divinas são unificadas e funcionam como fases de desenvolvimento no plano geral de Deus.6 Cada um faz parte de um programa de revelação único e unificado. A promulgação ou primazia de um não anula ou subordina outro. Nenhuma dessas alianças substitui a anterior; em vez disso, cada um complementa o que veio antes.7

Na nova aliança profetizada em Jeremias 31, todos os propósitos da aliança de Deus, preservação, promessa e lei, culminam em Jesus Cristo,8 que é Sacerdote (Hb 7-10 ; como Finéias) e Rei (Ap 19:11-16 ; como Davi).

Assim, vemos que as fases cumulativas da aliança eterna e unificada de Deus trazem onda após onda de iniciativa divina graciosa ao longo dos tempos do Antigo Testamento e no Novo Testamento, onde a culminação abrangente na revelação final e único sacrifício verdadeiramente eficaz de Jesus Cristo lava a humanidade. corrida em uma onda de graça.

Tal como a nova aliança, as alianças do Antigo Testamento baseavam-se na graça e não na lei. Por exemplo, só depois que Deus libertou Noé e sua família é que Ele formalizou ou ratificou um pacto com eles, no processo do qual declarou algumas estipulações ou leis (Gn 8:20-9:17).

Portanto as leis eram para pessoas que já estavam salvas pela graça, isto é, pela intervenção eficaz do próprio Deus (compare Êx 19:3-6; 20:2). Desde a queda, o único caminho para a salvação tem sido pela graça mediante a fé (Ef 2.8) na semente de Eva (Gn 3.15), isto é, Jesus Cristo (Gl 3.16).

A distinção de Paulo entre debaixo da lei e debaixo da graça em Romanos 6:14, 15, tem a ver com estados de pessoas que estão sob condenação pela lei ou libertadas da condenação através de Cristo.9 Esta distinção não é entre duas dispensações diferentes.10 Ambos os estados poderiam caracterizar as pessoas nas eras do Antigo Testamento ou do Novo Testamento.

Contudo, segundo Paulo, Cristo eclipsou a Torá mosaica no sentido de que é uma revelação mais gloriosa, eficaz, completa e adequada do caráter de Deus (2Co 3). Cristo não substituiu a lei santa, justa, boa e espiritual de Deus (Romanos 7:12, 14) como meio de salvação do pecado porque Deus nunca ofereceu a salvação com base na lei.11

PRINCÍPIOS DURADOUROS

Tanto na Bíblia como em outras partes dos antigos pactos e tratados do Oriente Próximo, a lei opera dentro da estrutura do pacto.12 Se aceitarmos Deus como a autoridade por trás de toda a Bíblia (por exemplo, 2 Tim. 3:15-17) e reconhecermos que Suas alianças são cumulativas, fica claro que as leis dadas em conexão com as fases da aliança do Antigo Testamento deveriam de alguma forma informar nossa conduta.

Algumas leis bíblicas, como os Dez Mandamentos e muitas das leis civis (como Deuteronômio 22:8 que protege as pessoas de cair do seu telhado plano), podem ser aplicadas hoje de maneira direta ou bastante direta, exceto que a disciplina da igreja substitui a lei. penalidades civis administradas sob o antigo sistema judicial israelita. Muitas leis são aplicáveis ​​em princípio mesmo quando as especificidades culturalmente dependentes não se aplicam (por exemplo, Êxodo 21.33,34).13

Algumas leis bíblicas não podemos cumprir se não tivermos mais as instituições sociais que elas regulamentam, como o casamento levirato (Dt 25:5-10). As leis rituais, dependentes e centradas na função do santuário terrestre e do templo como morada de Deus, já não se aplicam porque essa instituição desapareceu.

Desde a ascensão de Cristo, nossa adoração tem se concentrado no santuário de Deus no céu (Hb 8-10). Contudo, podemos enriquecer enormemente a nossa compreensão do relacionamento de Deus com os seres humanos através do estudo das leis rituais do Antigo Testamento no que se refere ao santuário hebraico.14

Embora a circuncisão fosse uma lei ritual (Gn 17), ela era anterior ao sistema do santuário ou templo e não dependia dele. Portanto, a perda do templo no primeiro século d.C. não elimina a possibilidade de que a circuncisão pudesse ser um requisito contínuo. A cessação deste requisito baseia-se noutro princípio: a adesão à fase da “nova aliança” já não exige a adesão ao Israel étnico (Atos 15).

Existe um único critério que possa ser usado para determinar se uma lei deve ou não ser mantida hoje? Proponho a seguinte regra prática: Uma lei bíblica deve ser guardada na medida em que o seu princípio possa ser aplicado, a menos que o Novo Testamento remova a razão da sua aplicação.

Assim, basicamente concordo com Gordon Wenham quando ele concluiu que “os princípios subjacentes ao Antigo Testamento são válidos e autorizados para o cristão, mas as aplicações específicas encontradas no Antigo Testamento podem não o ser”.15 A minha abordagem inverte a de Douglas Moo, que diz “estamos vinculados apenas àquilo que é claramente repetido no ensino do Novo Testamento”.16

QUATRO ASPECTOS DO SÁBADO

Categorias como leis morais, de saúde, civis e cerimoniais, que implicam até que ponto uma determinada lei permanece aplicável, são classificações analíticas pós-bíblicas, e uma lei pode caber em mais de uma destas categorias. Nada no texto bíblico coloca explicitamente as leis do sábado numa categoria ou outra, e devemos permitir a possibilidade de que elas pertençam a mais de uma categoria. Na verdade, várias leis que envolvem o sábado podem ser vistas como pertencentes a todos os quatro:

1. Moral. Em Êxodo 20:8-11 e Deuteronômio 5:12-15, Deus ordena a cessação do trabalho no sábado do sétimo dia dentro do contexto de Seus Dez Mandamentos. Os outros nove mandamentos são claramente de natureza moral, e não há razão convincente para destacar o descanso sabático como essencialmente cerimonial.17 No que diz respeito aos cristãos que (ao contrário dele) acreditam “que o lugar da exigência do sábado no Decálogo significa que deve ser visto como uma lei moral vinculativa e normativa para todas as pessoas, da mesma forma que o resto do Decálogo”, AT Lincoln observa incisivamente:

“Aqueles que argumentam desta forma, mas aplicam o quarto mandamento ao domingo, o primeiro dia da semana, certamente não são tão consistentes quanto aqueles grupos, como os Adventistas do Sétimo Dia, que ainda observam o sétimo dia; eles precisam enfrentar esta inconsistência diretamente. Com base em seus próprios pressupostos, com que direito eles alteram uma lei moral eternamente válida? Que critério lhes permite isolar o aspecto do sétimo dia, que afinal está no cerne do mandamento e de sua lógica (cf. Êxodo. _ do descanso do sétimo dia, seria de esperar que a sua legislação tivesse previsto um dia de descanso diferente para os sacerdotes (cf. Nm 28.9-10), mas isso não acontece."18

2. Saúde. Em Êxodo 23:12, o benefício do descanso sabático deve incluir um componente físico porque é tanto para os animais quanto para os seres humanos.

3. Civil. Sob a teocracia israelita, um homem que violasse flagrantemente o sábado ao recolher lenha neste dia foi apedrejado até a morte pela comunidade por ordem de Deus (Núm. 15:32-36).

4. Cerimonial. No antigo santuário israelita, rituais especiais realizados no sábado honravam compreensivelmente a sua santidade (Lev. 24:8; Num. 28:9, 10).

Descobrimos que o sábado está envolvido com leis pertencentes a todas as quatro categorias. Os papéis morais e de saúde do descanso sabático são atemporais e permanecem mesmo quando as penalidades civis e as performances cerimoniais desaparecem.19 Portanto, parece que a cessação do trabalho no sábado do sétimo dia deve ser observada na medida em que seu princípio possa ser aplicado. Testaremos esta conclusão provisória considerando algumas objeções potenciais.

Objeção 1: A observância do sábado do sétimo dia foi ordenada apenas para os israelitas literais.

Não há registro bíblico explícito de que o requisito para a observância do sábado tenha sido expressamente formulado como uma lei antes que Deus ordenasse aos israelitas que o honrassem (Êxodo 16; 20). Mas quem diz que um dever datado divinamente pelo homem não existe até/a menos que Deus o comande na forma de uma lei?20 Se isso fosse verdade, por que Deus teria responsabilizado Caim pelo assassinato de seu irmão (Gn 4)?

Nos primeiros capítulos de Gênesis, onde o sábado é mencionado pela primeira vez (veja abaixo), Deus estava preocupado em estabelecer a ordem ideal dos relacionamentos, em vez de ordenar a proteção dos relacionamentos existentes.

No sétimo dia da semana da criação, Deus, por seu exemplo, instituiu a refrescante cessação do trabalho para benefício de todos os seres humanos (Gên. 2:2, 3; compare com Ex. 31:17). 21 Jesus confirmou isso quando disse que o sábado foi feito para a humanidade (anthropos)22 e não a humanidade para o sábado (Marcos 2:27).

O sábado do sétimo dia é o “aniversário do mundo”, que não pode ser alterado porque celebra um evento histórico que ocorreu num momento no passado,23 muito antes de a nação de Israel existir.24 Assim, nada que os seres humanos façam ou deixem de fazer pode afetar a santidade do próprio sábado.25 O sábado também significa dependência Daquele que criou e santifica as pessoas (Êxodo 31:13, 17), e que mantém todos os seres humanos vivos (Daniel 5:23; Jó 12:10; Salmos 114:14, 15; 145:15, 16). Porque Deus será sempre o nosso Criador e Sustentador, o significado básico do descanso sabático do sétimo dia, que encapsula esta relação humana divina,26 não pode tornar-se obsoleto enquanto os seres humanos habitarem o planeta Terra.

"Nem o antinomianismo nem o dispensacionalismo podem remover a obrigação do cristão hoje de observar a ordenança da criação do sábado. A ausência de qualquer ordem explícita relativa à observância do sábado antes de Moisés não relega o princípio do sábado à legislação temporária da época da lei... Deus homem abençoado durante o sábado, libertando-o da escravidão do trabalho."27

Objeção 2: A observância literal do sábado do sétimo dia não é mais relevante porque era um tipo/símbolo temporário do “descanso” cristão.

Alguns veem apoio para esta abordagem em Hebreus 4, onde o descanso sabático simboliza uma vida de descanso evangélico, envolvendo todos os dias da semana, que resulta da crença em Deus.28 No entanto, um tipo histórico/horizontal como o sistema sacrificial israelita prefigura algo no futuro, que constitui o seu antítipo.

Quando o antítipo começa, o tipo se torna obsoleto.29 Em Hebreus 4, o “descanso” de Deus não se tornou repentinamente disponível para os cristãos; estava disponível o tempo todo e não foi totalmente apropriado nos tempos do Antigo Testamento apenas por causa da incredulidade.30 Porque estava disponível ao mesmo tempo que o sábado semanal estava em funcionamento para os israelitas, o sábado semanal não pode ser apenas um tipo histórico de vida de descanso.31

Colossenses 2:16, 17 diz: “Portanto, ninguém vos condene em matéria de comida e bebida, ou de observar festas, luas novas ou sábados" (NRSV).

No versículo 17, “sombra” (derrapagem) foi entendida como significando “tipo temporário”. Assim, os intérpretes geralmente supõem que os “sábados” mencionados no versículo 16 funcionavam como tipos temporários.32 No entanto, o que está em questão aqui é o problema de que, apesar da vitória de Cristo e da remoção da condenação contra os pecadores através da cruz (cf. versículos 13-15), alguns dos primeiros cristãos eram propensos a julgar os outros (cf. Rom. 14:3) . por não se envolverem em práticas ascéticas, que envolviam questões de dieta e observância de tempos sagrados, de acordo com sua filosofia.

Qualquer que seja o significado preciso de sabbaton, “S/sabbath(s)” em Colossenses 2:16, parece claro que Paulo não estava se referindo à observância direta da Torá mosaica, mas ao seu mau uso dentro da estrutura de uma filosofia equivocada.

Em Colossos, porém, os dias sagrados deveriam ser guardados por causa dos "espíritos elementais do universo", aqueles poderes astrais que dirigiam o curso das estrelas e regulamentavam a ordem do calendário.

Portanto, Paulo não está condenando o uso de dias ou épocas sagradas como tais; é o motivo errado envolvido que ele desencoraja, quando a observância destes dias está ligada ao reconhecimento dos espíritos elementais.33

Além disso, o sábado literal do sétimo dia prescrito no quarto mandamento não pode ser um tipo temporário porque Deus o instituiu antes da queda ( Gén. 2:2, 3). Assim, não foram tipos/símbolos criados para conduzir os seres humanos à salvação do pecado.34

Objeção 3: O sábado é como a circuncisão (compare Atos 15 ) no sentido de que o Novo Testamento removeu a razão de sua aplicação.

Pelo contrário, o princípio não cerimonial do descanso sabático no sétimo dia não é mencionado como revogado ou alterado em Atos 15 ou em qualquer outro lugar do Novo Testamento. 35 Além disso, ao restaurar a santidade e a obediência internalizadas através do Espírito Santo de Deus (Jr 31.31-34; Ez 36:25-28), a Nova Aliança restaura o sábado ao seu verdadeiro significado.

O sábado aponta para uma realidade viva: as pessoas que permitem que Deus as santifique honram ou santificam o dia santificado. Porque a sua santificação significa que eles imitam o caráter do Deus santo, que é amor (Lev. 19:2, 18; 1 Tes. 3:12, 13; 1 João 4:8), o fato de que o sábado é um sinal de santificação (compare Êxodo 31:13, 17; Ezequiel 20:12) implica que é uma celebração do amor santo!

Charles L. Feinberg argumentou: “Todo princípio moral contido nos dez mandamentos foi reiterado sob a graça pelo Espírito na forma de uma exortação com a única exceção... do mandamento de guardar o sábado”.36 Ele não percebeu o facto de que o sábado é especial: foi reiterado no Novo Testamento não apenas por uma exortação apostólica, mas por registos do repetido exemplo de Cristo!

Jesus arriscou controvérsia e perigo ao fazer questão de curar as pessoas no sábado (por exemplo, Marcos 3:1-6; João 5:2-18; 9:1-41),37 dando assim descanso do sofrimento e mostrando que o verdadeiro propósito do sábado era para a humanidade (Marcos 2:27). Sua cura criativa revela o cerne do Novo Pacto 38 e concorda com a ênfase na redenção na cláusula motivadora do mandamento do sábado na versão Deuteronômio do Decálogo (Dt 5:15).

Jesus disse que porque o sábado foi feito para o homem, “o Filho do Homem é Senhor até do sábado” (Marcos 2:28, NVI). Este senhorio divino sobre o sábado fazia parte de Sua reivindicação de ser o Messias.39

Como o sábado foi feito para as pessoas e não vice-versa, as pessoas não podem determiná-lo ou usá-lo como bem entenderem. Assim, nesta declaração que os cristãos comumente consideram hoje como algo que os liberta da lei sabática, Cristo na verdade vinculou Seus seguidores a ela de forma mais definitiva.40

Durante o Seu ministério, Jesus mostrou aos cristãos como viver sob a Nova Aliança.41 Por que Ele reivindicaria o sábado do sétimo dia como Seu e reformaria sua observância se Ele estava prestes a aboli-lo? Isso faria tanto sentido como remodelar uma casa antes de a demolir!

CONCLUSÃO

A Nova Aliança ratificada pelo sangue de Cristo culmina a iniciativa de Deus de restaurar uma relação íntima com o ser humano. Cumpre o plano de graça de longo alcance de Deus, em vez de revogar radicalmente tudo o que aconteceu antes.

A lei divina é para o benefício das partes envolvidas nas relações de aliança. A ordem divina de descansar do trabalho no sétimo dia da semana incorpora um princípio que protege a relação divino-humana, como mostra a sua inclusão nos Dez Mandamentos. Ao mesmo tempo, o descanso sabático proporciona um benefício contínuo para a saúde física, mental e espiritual.

O fato de os cristãos modernos continuarem a observar o descanso no sábado do sétimo dia como parte de sua experiência na Nova Aliança é apoiado por três fatores principais:

 1. O sábado é universal e não limitado a Israel.

2. O sábado é atemporal e não um tipo/símbolo temporário.

3. A “nova aliança” confirma e restaura o cerne do sábado e sua verdadeira observância.

*Roy Gane, PhD, é professor de Bíblia Hebraica e Línguas Antigas do Oriente Próximo e diretor dos programas de PhD/ThD e MTh, Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia, Universidade Andrews, Berrien Springs, Michigan, Estados Unidos.

 

Referências:

1. Uma versão muito mais longa deste artigo, intitulada “O papel da lei moral de Deus, incluindo o sábado, na Nova Aliança”, está disponível em <biblicalresearch.gc.advenrist.org>.

2. Ver, por exemplo, as opiniões de Wayne Stnckland e Douglas Moo em Gieg Bahnsen; Walter Kaiser; Douglas Moo; Wayne Strickland; e Wrilem VanGemeren, cinco pontos de vista sobre a lei e o evangelho (Counterpoints; Grand Rapids, Michigan: Zondervan, 1996), 276-279, 343, 375, 376.

3. Ver, por exemplo, AT. Lincoln, "From Sabbath to Lord's Day: A Biblical and Theological Perspective," From Sabbath to Lord's Day: A Biblical, Historical, and Theological Investigation (DA Carson, ed., Grand Rapids Zondervan, 1982 ), 400, 403, 404; Dale Ratzlaff, Sábado em Crise, rev. Ed. (Glendale, Arizona: Ministérios de Garantia de Vida, 1995)

4. Ver, por exemplo, Gary G. Cohen, “The Doctrine of the Sabbath in the Old and New Testaments”, Grace Journal 6 (1965), 13, 14; Geoffrey W. Bromiley, "Dia do Senhor", The International Standard Bible Encyclopedia (ed. G. W Bromiley; Grand Rapids, Mich. Eerdmans, 1986), 3:159; Papa João Paulo U, "Carta Apostólica Dies Domini do Santo Padre João Paulo II aos Bispos, ao Clero e aos Fiéis da Igreja Católica sobre a Santificação do Dia do Senhor", <www.vatican.va/holy_father/john_pauLii /apost_letters/documents /hf_)pu_apU>S071998_dies^omini_en.html> 5 de julho de 1998.

5. Cf. Samuele Bacchiocchi, O sábado sob fogo cruzado: uma análise bíblica dos desenvolvimentos recentes do sábado/domingo (Biblical Perspectives, 14; Bemen Springs, Michigan: Biblical Perspectives, 1998), 104-120.

6. O Palmer Robertson, O Cristo dos Convênios (Phillipsburg, NJ. Presbiteriano e Reformado, 1980), 28; John H. Walton, Propósito de Deus da Aliança, Plano de Deus (Grand Rapids, Michigan: Zondervan, 1994), 49, 50.

7.Walton, 49.

8. Robertson, 63.

9. Cf. JH Gerstner, "Law in the New Testament", The International Standard Bible Encyclopedia, 3-88 em João 1:17 .

10. Contra, por exemplo, Cohen, 13, 14.

11. Brad H. Young, Paulo, o Teólogo Judeu: Um Fariseu Entre Cristãos, Judeus e Gentios (Peabody, Mass.: Hendnckson, 1997), 91.

12. Robertson, 170.171; Dale Patrick, Lei do Antigo Testamento (Atlanta, Ga.-John Knox, 1985), 26.

13. Cfr. Geistner, 88.

14. Ver Roy Gane, Altar Call (Berrien Springs, Michigan: Diadem, 1999).

15. Gordon Wenham, O Livro de Levítico (Nova Internacional) Comentário sobre o Antigo Testamento; Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1979), 35.

16. Moo, 376.

17. Cfr. Wilimore Eva, "Por que o sétimo dia?" Ministério Quiy 1999), 6, 7.

18. AT Lincoln, “Do Sábado ao Dia do Senhor”, 355.

19. Cfr. Frank B. Holbrook, "O Apóstolo Paulo Aboliu o Sábado?: Coiossianos 2:14-17 Revisitado", Journal of the Adventist Theological Society 13 (2002), 65-68, 71, 72.

20. Cf. Eva, "Por que o sétimo dia?" 5, 6. Contra Charles L. Femberg, "O Sábado e o Dia do Senhor", Bibliofheca Sacra 95 (1938), 180.181.

21. Cfr. Umbetto Cassuto, Um Comentário sobre o Livro do Êxodo (traduzido por I. Abrahams; Jerusalém: Magnes, 1967), 245, 404; Nahum Sama, Comentário da Torá do Êxodo OPS; Filadélfia, Pensilvânia: Sociedade de Publicação Judaica, 1991), 202.

22. Aqui antropos, “homem” = “humanidade” genérica (Jon Pauhen, Andrews University, comunicação pessoal).

23. Herold Weiss, "Sabbatismos na Epístola aos Hebreus", Catholic Biblical Quarterly, 58 (1996), 688.

24. Cfr. Eva, "Por que o sétimo dia?" 4, 5.

25. John Skinner, Um Comentário Crítico e Exegético sobre Gênesis (2ª ed.; Comentário Crítico Internacional; Edimburgo. T & T. Clark, 1930), 35.

26. Cf. Cassuto, 244.

27. Robertson, 68, 69.

28. Ver, por exemplo, AT. Lincoln, "Sabbath, Rest, and Eschatology in the New Testament", From Sabbath to Lord's Day, 209-217.

29. Sobre a natureza e função da tipologia bíblica, ver Richard M. Davidson, Typology in Scripture: A Study of Hermeneutical tu/po Structures (Andrews University Seminary Doctoral Dissertation Series 2; Berrien Springs, Mich.: Andrews University Press, 1981).

30. Cf. Weiss, "Sabbatismos", 683

31. Para uma discussão detalhada, ver Roy Gane, "Sabbath and the New Covenant," Journal of the Adventist Theological Society 10 (1999), 318-321; cf. F. F Bruce, A Epístola aos Hebreus (Grand Rapids, Michigan: Eerdmans, 1964), 73-75.

32. Ver, por exemplo, FF Bruce, The Epistles to the Colossians, to Philemon, and to me Ephesians (Grand Rapids, Mich.: Eerdmans, 1984), 114-117.

33. Peter O'Bnen, Colossenses e Filemom (Word Biblical Commentary 44, Waco, Tex Word Books, 1982), 139.

34. Cfr. Wilimore Eva, "Por que o sétimo dia?" 5; Holbrook, 64, 65.

35. Sobre o Sábado no Novo Testamento, ver diversas partes de The Sabbath in Scripture and History (ed. K. Strand; Washington, DC Review and Herald Publishing Association, 1982); Walter Specht. “O Sábado no Novo Testamento”, 92-113; Raoul Dederen, "On Estimando Um Dia", 333-337; Kenneth Wood, "Os 'Sábados' de Colossenses 2:16, 17", 338-342; RoyGraham, "Uma Nota sobre Hebreus 4:4-9 ", 343-345.

36. Feinberg, 187; veja também 184-186, 188.

37. Jacques Doufchan, "Amando o Sábado como Cristão: Uma Perspectiva Adventista do Sétimo Dia", Tire Sabbath m Jewish and Christian Traditions (ed. T. Eskenazi, D. Harrington e W. Shea; Nova York: Crossroad, 1991), 152.

38. Cfr. Wilimore Eva, "Por que o sétimo dia? Parte 2", Ministério (setembro de 1999), pp. 7, 8.

39. Cfr. Lincoln, "Do sábado ao dia do Senhor", 363.

40. Gerstner, 86.

41. Ver Specht, 105.

FONTE: Ministry Magazine Fevereiro de 2004

segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

HÁ ESPERANÇA PARA OS FILHOS QUE DEIXARAM A IGREJA?


 Ricardo André

Texto bíblico: Provérbios 6:20-22; 22:6

No salmo 127:3 o salmista declara serem os filhos “herança do Senhor”, legada aos pais. Certamente, como cristãos, devemos considerar os filhos como presentes de Deus. Depois da vida em si (tanto temporal como eterna), são os mais maravilhosos de todos os presentes. As Escrituras Sagradas consideram os filhos como presente de Deus. Realmente, os filhos pertencem a Ele; assim, os pais são responsáveis a Deus pelo modo de tratar essa descendência.

Nessa mesma linha de pensamento, Ellen G. White escreveu: “Os filhos são herança do Senhor e Lhe somos responsáveis pela administração de Sua propriedade” (O Lar Adventista, p. 159). Portanto, os pais devem sempre se lembrar a quem os seus filhos realmente pertencem. Este é certamente um caso em que nenhum de nós quer ser julgado “administrador infiel” (Lc 16:8).

Se os filhos são herança do Senhor e nós, pais, somos mordomos, Ele espera que administremos bem essa propriedade preciosa. Uma das formas de cuidar da herança do Senhor, que são nossos filhos, é cumprir em relação a eles a missão que Deus nos incumbiu: “Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles” (Pv 22:6, NVI). Segundo o texto sacro, a missão dos pais é, por meios do exemplo, palavras e pela experiência, instruir os filhos a respeito dos valores e princípios do evangelho, conduzindo-os a Jesus. É ensiná-los a amarem a Jesus e a tornarem-se discípulos Dele.

Nesse sentido, Ellen G. White escreveu: “Aos pais é comissionada a grande obra de educar e preparar os filhos para a vida futura e imortal. [...] Nenhuma obra jamais empreendida pelo homem requer maior cuidado e habilidade que o devido ensino e educação dos jovens e das crianças” (Orientação da Criança, p. 38, 39). Tal educação tem um efeito eterno. O apóstolo Paulo parece ter se referido a esta passagem quando elogiou Timóteo por sua educação desde criança no conhecimento das “Sagradas Letras, que [podiam torná-lo] sábio para a salvação” (2 Tm 3:15).

A serva do Senhor escreveu esse pensamento poderoso: “[...] Trabalhem igualmente os pais para a família com amor, fé e oração, até que possam ir a Deus com alegria e dizer: ‘Eis-me aqui com os filhos que me deu o Senhor’” (O Lar Adventista, p. 159).

Parafraseando o que a filha de Faraó disse à mãe de Moisés (Êx 2:9), penso que Deus diria algo parecido a cada pai e mãe: “Toma esta criança e cria-a para Mim; Eu te darei a tua recompensa”. Entendemos que os pais têm para com os filhos grande responsabilidade porque, antes de tudo, eles pertencem a Deus, e só depois aos pais. Mas tenhamos a certeza de que se formos mordomos fieis ao educar nossos filhos nos caminhos do Senhor, Ele nos recompensará com o título de “servo bom e fiel”. E ainda nos dirá: “Você foi fiel no pouco; eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor!” (Mt 25:21, NVI).

Se os nossos filhos são propriedades de Deus. Ele espera que os filhos voltem são e salvos para Suas mãos.

Voltando ao texto de Provérbios 22:6, note que o verso diz que se os pais educarem bem os filhos, estes não se desviarão das instruções quando tornarem-se adultos. Em outras palavras, o filho que recebe a educação correta normalmente não se perde. No entanto, o ensino dos pais não é a única influência na vida de uma criança. Na adolescência, os pais já não serão as únicas influências na vida dos filhos Terão que competir pela alma deles com o celular, com os amigos, com a escola e com outras influências na vida dos filhos. E estes, por sua própria vontade, podem frustrar o princípio geral registrado em Pv 22:6. Infelizmente, um filho que recebeu o preparo correto em casa pode ceder a outras influências. O texto declara um princípio geral para o qual existem exceções, a exemplo de Caim, Esaú e Judas.

As estatísticas não estão a favor dos pais. Uma pesquisa Gallup, de três décadas atrás, informava que 46% das crianças deixam de participar na igreja em algum ponto da vida. A incidência maior acontece no período da adolescência. Pesquisa mais recente da Bible-Science Association, refletindo o mundo evangélico em geral, afirma que de cada 20 crianças que nascem em família cristã apenas duas chegam ao Ensino Médio ainda participando da igreja.

Não podemos esquecer que Deus dá liberdade de escolha às pessoas. Neste sentido, todos decidimos nosso próprio destino. Embora esperemos que nossos filhos sigam os caminhos que escolhemos, eles devem decidir por si mesmos receber as bênçãos do evangelho.  Muitas vezes os pais fazem todo o necessário para ensinar suas crianças sobre os valores bíblicos, e quando eles crescem decidem abandonar a igreja. Nesse caso, não podemos culpar necessariamente os pais de negligência ou da educação deficiente quando os filhos abandonam o caminho do Senhor. O próprio Deus perdeu um terço de sua família divina sem que tivesse qualquer culpa.

A questão de capital importância é: Há esperança para os filhos que abandonaram a Cristo e sua igreja? Como lidar com essa realidade dolorosa? Há várias coisas que podemos fazer.

Minha experiência com meu filho

Quando eu e minha esposa, Ana Claudia, descobrimos que ela estava grávida, em abril de 2006, sentimos um misto de emoções inexplicável. Vibramos de alegria ao saber que seríamos pais. Meses depois, a ultrassonografia revelou que a criança em gestação era um menino. Ao passo que sentíamos uma gratidão enorme pelo presente que Deus estava nos dando, sentíamos o peso da responsabilidade de educar o bebê vindouro nos caminhos do Senhor.

Passados os meses de gestação, tomados por uma enorme ansiedade de tê-lo em meus braços, chegou o dia da chegada de Martin Luther King. Em 29 de dezembro de 2006 ele nasceu. Fiz todos os esforços necessários para transferir para ele os valores cristãos, conforme as Escrituras Sagradas nos orientam. Antes mesmo dele nascer comprei o CD “Nana Nenê”, da saudosa cantora Zilda Azevedo. Ainda no ventre da mãe ele já ouvia as lindas e suaves músicas desse CD. Quando nasceu continuou ouvindo essas preciosas canções de ninar. Inúmeras vezes ele dormiu nos meus braços ouvindo essas canções. A medida que ele ia crescendo, comprei outros Cd’s e DVD’s de músicas infantis produzidos pela igreja. Lembro-me da primeira Bíblia para criança, da CPB, que comprei. Contei para ele repetidas vezes as histórias bíblicas contidas naquela Bíblia. Além da Bíblia, líamos para ele a Lição da Escola Sabatina. Sempre fiz a assinatura da Lição. Fazíamos o culto familiar todas as manhãs, e na sexta-feira realizávamos o culto duas vezes: um pela manhã e o outro ao pôr-do-sol, para recebermos o sábado de Deus.

Em janeiro de 2015, com oito anos de idade, colocamos ele no Clube de Aventureiros “Maravilhas do Mar”, da IASD Central de Lagarto. Nesse mesmo ano, ele pediu para ser batizado. Seu batismo ocorreu em setembro, no batismo da Primavera. Aquele dia marcou indelevelmente nossas vidas. Foi muito emocionante ver meu filho entregar a sua vida a Jesus. Até hoje quando assisto o vídeo do seu batismo me emociono bastante.

Aos 10 anos, matriculamos ele no Clube de Desbravadores “Reino Marinho”, da IASD Central de Lagarto. Lá, permaneceu até aos 15 anos. Quando completou os 16 anos, em 29 dezembro de 2022, pediu para sair do clube, o que me deixou bastante preocupado, porque seu afastamento do clube era um sinal de seu desinteresse pelas coisas de Deus. De fato, a partir daquele momento Martin já não sentia mais prazer em participar da Classe de adolescentes no sábado. Depois, não quis mais frequentar assiduamente os cultos aos sábados. Não obstante ter ensinado hábitos de oração e estudo da Bíblia, hoje, infelizmente, Martin não faz orações a Deus, não estuda a Lição da Escola Sabatina, não ler sua Meditação Diária e vai à igreja somente aos sábados, e ainda assim esporadicamente. A cada sábado que ele deixa de ir à Igreja eu tenho muitas preocupações dele deixar a Jesus e sua igreja. Oro a Deus todos os dias para que Ele faça com que Martin restabeleça sua trajetória espiritual.

Fizemos de tudo para que Martin pudesse ser hoje um cristão espiritual, um discípulo de Jesus. Mas, parece que nada funcionou. Vez por outra, minha cabeça gira de preocupação, meu coração se enche de culpa e angústia, achando que eu fracassei como pai cristão. Muitas pessoas compartilham essa mesma experiência que estou vivenciando. Quando os filhos se afastam do caminho do evangelho, isso pode ser algo muito difícil de lidar para os pais que permanecem fiéis. Para alguns pais restam apenas as memórias nostálgicas daquilo que a religião significou para os filhos. Com fervor, esses pais oram ao Senhor e pedem pelo retorno de suas sempre crianças à casa de Deus. Martin não saiu da igreja completamente, mas está no caminho que o levará a isso. Sinto que ele está rejeitando nosso estilo de vida cristão.

O casal White e a dificuldade com seu filho

James Edson White era o filho mais velho dos dois filhos vivos do casal White. Ele era um filho muito difícil e possuía grave deformação de caráter. Era desobediente, mentiroso e também gastador, não tinha prazer nas coisas de Deus mas encontrava sua satisfação nas coisas do mundo. Além de tudo isso, não era um cristão espiritual. Todas essas características de Edson, deixava Ellen White cheia de muitas preocupações. Às vezes, ela perdia o sono pensando nos erros que poderia ter cometido na educação dele.

Um dia ela teve um encontro com ele para dar-lhe algumas orientações a respeito de sua vida espiritual. Aquele encontro dela com seu jovem filho foi muito difícil. No seu Diário, ela escreveu: “Tive uma conversa com Edson. Senti-me excessivamente aflita, achando que isto não estava sendo conduzido de maneira sábia” (DOUGLAS, Herberty E. Douglass, A Mensageira do Senhor [CPB, 2003], p. 59). Preocupada com a vida espiritual de Edson, Ellen escreveu uma emocionante carta maternal para ele em 13 de fevereiro de 1867. Ele tinha 18 anos. Disse: “Fico muito mais ansiosa para que você se torne um cristão humilde do que para que alcance uma posição exaltada neste mundo. Preocupo-me com o desenvolvimento de um caráter digno da vida melhor. É apenas uma questão pequena você se qualificar para viver esta curta vida. É a vida por vir, a vida sem fim que deve tomar conta de suas mais elevadas aspirações. Seria esta curta vida sofredora tão relevante a ponto de obscurecer todo o valor da vida imortal prometida sob a condição da obediência fiel? Edson, você se entregará a Deus sem reservas? Buscará desenvolver um bom caráter cristão? […] Que o seu nome seja escrito no Livro da Vida do Cordeiro como um dos fiéis e devotos soldados Dele, é tudo que eu peço. É por isso que oro todos os dias. Edson, você se voltará para seu Redentor com todo o propósito de seu coração?” (Carta 4, 1867).

“Ao longo de seus 44 anos, ele nunca mostrara sinais de conversão completa em sua vida pessoal e em seus negócios, mas sua mãe nunca desistira dele. Em maio de 1893, Edson escreveu para a mãe que não tinha “a mínima inclinação religiosa” e estava pensando em sair da igreja. Ellen White ficou chocada ao ler que o filho estava dando as costas a tudo aquilo que ela procurara lhe ensinar durante a sua vida” (Enciclopédia Ellen G. White [Tatuí: CPB, 2018], p. 78).

Da Austrália, Ellen White, em resposta, escreveu uma carta para seu filho, onde relata um sonho, em que seu filho encontrava-se na praia com mais quatro jovens, quando foi arrastado por uma grande onda. Enquanto se debatia em meio às ondas, Ellen acordou ao ouvi-lo dar um grito agudo de medo.

Aquela carta de Ellen White foi a virada de chave na vida de Edson. Quando ele recebeu a carta, um mês depois, sua atitude começou a mudar. “No dia 10 de agosto, contou à mãe que começara a deixar de lado “as diversões e os prazeres” que antes eram a única fonte de sua “satisfação”. [...] Em 11 de agosto, escreveu para o irmão Willie: ‘Comecei o caminho que leva à vida eterna e encontrei o Salvador’” (Idem, p. 79). Edson White se encontrou com Jesus e se converteu, tendo sua vida transformada.

Ele escreveu uma carta para sua mãe relatando sua experiência de conversão. Quando Ellen leu essa carta, ficou assaz feliz e escreveu: “Hoje recebemos sua carta e estamos alegres demais por você ter de fato feito sua entrega a Deus. Estou mais feliz do que consigo expressar porque você em simplicidade de fé, aceitou a Jesus e não estou surpresa de que tenha resolvido fazê-lo de uma vez por todas” (Idem, p. 79). Depois daquela experiência com Jesus, Edson continuou enfrentando seus problemas pessoais, mas permaneceu firme ao lado de Jesus.

Edson foi ordenado pastor e destacou-se compondo hinos para a Escola Sabatina. Publicou seis hinários sozinho e mais sete em associação com seu primo F. E. Belden, além de um periódico sobre música, chamado Musical Messenger. Sua maior contribuição foi a obra evangelística entre os negros do sul, a qual consistiu em “uma bênção para as pessoas pelas quais trabalhou, para a igreja e para a sua mãe, que se empolgava com sua missão de fé em um campo negligenciado.” Por meio de sua vida transformada, Edson foi um testemunho em resposta à ‘angústia, o amor e a perseverança’ de sua mãe” (Idem, p. 79). Apesar de uma personalidade excêntrica e turbulenta, Edson tornou-se um pioneiro gigante. Morreu em 3 de junho de 1928, firme na fé de Jesus.

Queridos irmãos e irmãs, existe alguém em sua família que necessita de uma experiência de conversão ou reconversão? Você dedicou tempo, esforço e sacrifício na educação dos filhos, mas ainda assim não colheram os frutos desejados?  É possível que haja até mesmo uma pessoa bem próxima a você. A experiência de Edson e de sua conversão enche de esperança em relação a nossos próprios entes queridos, que andam vacilantes na fé ou que abandonaram a igreja. Há esperança para nossos filhos que estão distantes de Deus e sua igreja.

Há três declarações poderosas de Ellen G. White a respeito do interesse e do esforço de Deus para trazer de volta aqueles que deixaram o aprisco do Senhor: “Quando a tempestade da perseguição realmente irromper sobre nós, […] muitos que se desviaram do aprisco retomarão para seguir o grande Pastor” (Testemunhos Para a Igreja [Tatuí: CPB, 2007], v. 6, p. 401). “O amor de Deus anela sempre aquele que Dele se afastou, e põe em operação influências para fazê-lo tornar à casa paterna. […] Uma cadeia dourada, a graça e compaixão do amor divino, é atada ao redor de toda pessoa em perigo” (Parábolas de Jesus [Tatuí: CPB, 2018], p. 202). “O Céu aguarda e anela a volta dos pródigos que vagueiam longe do rebanho. Muitos dos que se extraviaram podem ser trazidos de volta, pelo amoroso serviço dos filhos de Deus” (Nos Lugares Celestiais [MD 1968], p. 10).

Há muitas lições na maneira que Ellen White lidou com Edson White. À semelhança dela, não podemos desistir de nossos filhos(as). Continuemos a amá-los. Eles não precisam de outro estudo bíblico, de sermões! O que eles precisam, o que todos nós precisamos, é amor e compreensão, não julgamento. Se continuarmos amando nossos filhos e outros entes queridos como eles são hoje, podemos ainda ter a esperança de que retornarão a uma vida centralizada no evangelho. Com frequência os familiares retornam após um período de afastamento. Como o filho pródigo da parábola contada por Jesus (Lc 15:11-32), eles se dão conta de que sua antiga vida lhes proporcionou boas mensagens e princípios, e adotam novamente esses valores. Precisamos comemorar as boas qualidades deles e os momentos felizes que passamos com eles. Devemos aceitar o princípio de que nossos familiares são abençoados com o livre-arbítrio, seja como for que o usarem.

Mas, sobretudo, os pais precisam continuar orando a Deus para que eles tenham um encontro especial com Jesus e retornem para a casa do Pai. A experiência com a oração nos ensina a lembrar o quanto nossos filhos são preciosos para o Pai Celestial, o que ajuda a aliviar nossa dor. A oração nos proporciona uma compreensão muito útil do que fazer e do que dizer. Também nos ajuda a encontrar consolo. Sobre o poder da oração de uma mãe, Ellen White escreveu: “O poder das orações de uma mãe não pode ser demasiadamente estimado. Aquela que se ajoelha ao lado do filho ou filha, em suas dificuldades da infância, nos perigos de sua juventude, não saberá senão no juízo a influência de suas orações sobre a vida de seus filhos” (O Lar Adventista [Tatuí: CPB, 2005], p. 266).

Queridos jovens, hoje é um bom dia para refletir nos sábios conselhos recebidos de seus pais e de outros cristãos verdadeiros. Pela graça de Deus, o dia de hoje pode ser um novo começo em sua vida! Nossa família deve permanecer unida ao longo de toda a eternidade! Por que não fazer nosso melhor para reconstruí-la ou fortalecê-la em torno dos valores bíblicos que um dia aceitamos?