Teologia

domingo, 18 de dezembro de 2022

A MAIOR NOTÍCIA DA HISTÓRIA


 Ricardo André

Desde cedo em minha adolescência, adquiri o hábito de ler jornais, revistas, ouvir rádio em programas jornalísticos e assistir telejornais e programas de entrevistas e debates na TV, a fim de obter informações, notícias de acontecimentos do mundo político, religioso e social. Hoje, próximo a meia idade continuo tendo predileções por esses tipos de programas. Só que agora, além da TV busco mais intensamente notícias e novidades nos sites e canais do Youtube.

Como eu, milhões de pessoas, todos os dias, recorrem a canais especializados em notícias. A cada segundo milhões de novas informações estão disponíveis em todo o planeta, a Terra não dorme… enquanto estamos no ápice do cansaço, colocamos a cabeça no travesseiro e entramos num sono profundo, em outros lugares do mundo nações inteiras se despertam pra começar mais um dia de trabalho. Assim que despertamos já temos acesso às inúmeras novidades vindas da parte do mundo que está na nossa frente. Vivemos mesmo num modo “24 horas” e a ânsia pela novidade ou por algo diferente, por novidades parece ser marca do ser humano das últimas décadas. A verdade é que, nós, seres humanos somos movidos por novidades. Para “ajudar” a internet se encarregou de catalogar o universo para nós; basta digitar uma palavra pra encontrarmos milhões de assuntos relacionados.

Contudo, a maior e melhor notícia já foi dada há mais de dois mil anos, numa noite tão linda, calma e tranquila. Era uma boa notícia e dada por um mensageiro celestial, mais precisamente o anjo Gabriel, líder da hoste angélica, ao grupo de humildes pastores que vigiam seus rebanhos nas colinas de Belém. “Este mensageiro é o que ocupa a posição da qual caiu Satanás” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 780). Ele próprio anunciou que era portador de boas novas. Disse: “Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador que é Cristo, o Senhor” (Luc. 2:10,11, NVI). Em seguida, um exército deles apareceu cantando uma canção preparada especialmente para comemorar o acontecimento: “Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor” (Lucas 2:14, NVI).

Essa notícia era superimportante pois, a humanidade estava perdida, falida, escravizada, desorientada, viciada, doente. Depois da queda de Adão e Eva, essa era a situação da humanidade. Miséria sobre miséria. Ninguém podia dizer que não tinha nada a ver com o pecado deles. Descendemos da mesma raiz, temos o mesmo DNA, somos solidários na raça. Deus poderia ter abandonado a humanidade, mas não o fez. Mesmo com a humanidade caída em pecado, Deus não nos abandonou às consequências da infeliz escolha: antes mesmo que o triste casal saísse do jardim do Éden, prometeu enviar o Salvador para restaurar a ligação rompida pelo pecado. Seu amor e graça sobrepujaram a desgraça do homem. (Jo 3:16; Rm 5:20). Se a desarmonia, o ódio, a separação e a morte haviam entrado no mundo por um ato de Adão e atingiam a todos, agora chegava Aquele que tomaria o lixo humano sobre Si e nos devolveria o equilíbrio, o amor, a reconciliação e a vida (Rm 5:12; 6:23).

Em Gênesis 3:15, já se lia a promessa feita a Adão e Eva, e sempre reforçada pelos profetas: virá um Libertador. Agora, a promessa transformava-se em realidade. Deus cumpria Sua palavra. No 8° século a.C, Isaías (7:14) havia profetizado: a virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamará Emanuel”. Portanto, não era um filho comum. Era Emanuel, “Deus conosco”, um Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2:11, NVI). Mais de 700 anos depois, um fato inédito, paradoxal e único era anunciado: o Criador havia sido gerado no interior da criatura. A virgem Maria concebeu e “deu à luz um filho” (Mt 1:25, NVI). O Verbo Se fazia carne, a Palavra tornava-Se gente (Jo 1:14). Agora, na expressão do profeta Ageu (2:7), estava aqui o "desejado de todas as nações". Deus não apenas tinha visitado a Terra, mas mudado para cá, em forma humana, quebrando a rotina e a mesmice da História, trazendo prestígio para a raça, garantindo a presença de alguém capaz de resolver nossos problemas, resgatar-nos do pecado, degradação e morte eterna.

Ellen G. White escreveu: “Vindo habitar conosco, Jesus devia revelar Deus tanto aos homens como aos anjos. Ele era a Palavra de Deus – o pensamento de Deus tornado audível” (O Desejado de Todas as Nações, p. 19).

Caro amigo leitor, não nos devemos esquecer nunca de que o Cristo humano era Deus conosco, “um Salvador”. Essa é a mensagem de Natal, “as boas novas de grande alegria”. Nasceu Emanuel! Ele representa tudo o que o ser humano mais deseja. Ele pode mudar o coração das pessoas, ressuscitar os mortos, conceder-nos a paz (Rm 5:1) e salvar-nos da destruição eterna. Mas fazer isso custou-Lhe a vida. Devemos sempre contemplar Belém à luz do Calvário – contemplar a esperança que a manjedoura e a cruz nos dão. Ocorre que continuamos a não perceber essas boas novas.

Cada Natal, os jornais falam de brinquedos, lançamentos, luzes, números e todas aquelas coisas de que os comerciantes gostam, e nós entramos no clima. A grande notícia ainda está para ser dada a muitos de nós. Por incrível que pareça, a sabedoria de Deus é loucura para o homem, a notícia do Universo não é notícia na Terra. Mas, felizmente, cada vez mais gente percebe que essa é a grande e única notícia que nunca será esgotada. E a notícia que, mesmo sem saber, todos procuram. Como acontece com as grandes notícias, o aparecimento de Cristo sempre terá novos ângulos a serem explorados. Por isso, essa velha notícia de dois mil anos ainda é novidade.

Não vou aqui entrar no debate a respeito da data de nascimento de Cristo porque historicamente já se sabe que é muito improvável que tenha sido no dia 25 de dezembro. Até porque o mais importante não é a data, mas o evento. Como vimos acima, a Bíblia revela que Jesus nasceu numa noite em Belém da Judeia (Lc 2:10, 11). Isto é fato para nós. Logo, o estabelecimento do Natal celebra um evento profundamente cristão, a encarnação de Jesus Cristo. O EVENTO celebrado é que cristianiza a data. Afinal de contas, a escritora cristã Ellen White afirmou: “Sendo que o dia 25 de dezembro é observado em comemoração do nascimento de Cristo, e sendo que as crianças têm sido instruídas por preceito e exemplo que este foi indubitavelmente um dia de alegria e regozijo, será difícil passar por alto este período sem lhe dar alguma atenção. Ele pode ser utilizado para um bom propósito” (O Lar Adventista,478).

Ela mostra que Natal tem tudo a ver com solidariedade, abnegação e envolvimento em causas maiores do que as que fazem parte do nosso mundinho egoísta. É um tempo propício para não pensar em si mesmo, mas nos outros. Ela afirmou: “Lembremo-nos de que o Natal é celebrado em comemoração do nascimento do Redentor do mundo. Este dia é geralmente gasto em festas e glutonaria. Grandes somas de dinheiro são gastas em desnecessárias condescendências pessoais. O apetite e os prazeres sensuais são satisfeitos a expensas da força física, mental e moral. Todavia, isto se tornou um hábito. O orgulho, a moda e a satisfação do paladar têm tragado imensas quantias que a ninguém, em verdade, beneficiaram, mas animaram uma prodigalidade de meios desagradável a Deus. Esses dias são passados mais em glorificar ao próprio eu do que ao Senhor. A saúde tem sido sacrificada, o dinheiro, pior do que se fosse jogado fora; muitos têm perdido a vida. (Ellen G. White, Mensagens aos Jovens, p. 311).

“As festividades de Natal e Ano Novo podem e devem ser celebradas em favor dos necessitados. Deus é glorificado quando ajudamos os necessitados que têm família grande para sustentar”. (Ellen G. White, Manuscrito 13, 1896).

Penso ser saudável a reunião familiar que se estabelece nessa data e onde as pessoas se encontram para agradecer por mais um ano. Comem suas refeições juntas, alegram-se, mas, acima de tudo, nesse dia precisam lembrar do Cristo simples nascido para ser adorado e que tudo isso é um grande milagre. Com essa atitude daremos um melhor testemunho de Jesus Cristo. Assim, curvemo-nos neste Natal e adoremo-Lo!

 “Já soou por todo o céu: ‘Glória ao Rei que vos nasceu!’ Graça e paz Deus quer doar, homens vis, reconciliar. Vós nações, cantai louvor; Ó cantai de Deus o amor; Proclamai, pois, vós também, quem nasceu lá em Belém” (Hinário Adventista, 41).

Feliz Natal para todos e todas!!!

 

 

 

 

 

 

 

 

sábado, 3 de dezembro de 2022

O LAMENTO TRÁGICO DO FIM DA EXISTÊNCIA HUMANA: “NÃO ESTAMOS SALVOS”


 Ricardo André

Quero neste artigo refletir num dos textos mais tristes das Sagradas Escrituras, mas cheio de importantes lições espirituais para os cristãos que vivem no tempo do fim. O texto é do livro de Jeremias (8:20). O profeta fiel e apaixonado pela mensagem de Deus narrou: “Passou a época da colheita, acabou o verão, e não estamos salvos”.

Jeremias fora chamado para exercer o ministério profético num tempo em que o povo de Deus enfrentava sua maior crise. À época o povo de Deus enfrentou muitos desafios, a exemplo da ameaça de invasões de potências estrangeiras. Contudo, a maior crise, em muitos aspectos, era de ordem interna, vinha de dentro, marcada não apenas pela introdução do culto idólatra, por uma liderança e um sacerdócio corrupto, o que já era suficientemente ruim, mas também pelo fato de que o coração de muitas pessoas havia sido tão endurecido e danificado pelo pecado e pela apostasia que elas se recusavam a dar ouvidos às advertências enviadas por Deus, e que poderiam ter evitado o desastre em sua vida (Jr 2:1-28; 5:26-31; 23:14, 15).

Por conta da extrema apostasia prevalecente entre o povo de Deus, Ele prometeu através de Seu servo que entregaria Judá ao poder de Nabucodonosor, rei da Babilônia (Jr 27:6). Portanto, Deus usaria Babilônia como instrumento para punir o Seu povo. 70 anos seriam o tempo exato do seu exílio em Babilônia (Jr 29:10). Repetidas vezes Jeremias advertiu o povo sobre o que aconteceria por causa dos pecados deles, e vez após vez muitos dos líderes políticos e religiosos se recusaram a dar ouvidos às advertências, acreditando no que queriam acreditar, isto é, que o Senhor os pouparia. Afinal de contas, não eram eles o povo especialmente chamado por Deus? Jeremias chora e lamenta pelo destino escolhido pelo povo ao se afastar de Deus (Jr 8:18-22).

Ellen G. White escreveu: “Por quarenta anos, Jeremias devia estar diante da nação como testemunha da verdade e da justiça. Num tempo de apostasia sem paralelo, devia ele exemplificar na vida e no caráter a adoração do verdadeiro Deus. Durante o terrível cerco de Jerusalém, ele seria o porta-voz de Jeová. Prediria a queda da casa de Davi, e a destruição do belo templo construído por Salomão. E quando aprisionado por causa de suas corajosas afirmações, devia ainda falar contra o pecado nos altos. Desprezado, odiado, rejeitado dos homens, havia ele de finalmente testemunhar o cumprimento literal de suas próprias profecias de iminente condenação, e partilhar da tristeza e dor que se seguiriam à destruição da cidade condenada” (Profetas e Reis, p. 408).

O fim do verão chegou para o antigo povo de Deus

“No nono ano do reinado de Zedequias, rei de Judá, no décimo mês, Nabucodonosor, rei da Babilônia, marchou contra Jerusalém com todo seu exército e a sitiou” (Jr 39:1, NVI). De acordo com o Comentário Bíblico Adventista, o “nono ano” e o “décimo mês do reinado de Zedequias” correspondem a aproximadamente a 15 de janeiro do ano 588 a.C. Nessa data as forças de Nabucodonosor cercaram Jerusalém, e trinta meses depois a invadiram no fim do verão, provavelmente em 19 de julho de 586 a.C. (v. 2, p. 1088, 1089; v. 4, p. 533). Em 2 Reis 25:3, 4 lemos que “no nono dia do quarto mês, a fome na cidade havia se tornado tão severa que não havia nada para o povo comer. Então o muro da cidade foi rompido, e todos os soldados fugiram de noite pela porta entre os dois muros próximos ao jardim do rei, embora os babilônios estivessem em torno da cidade. Fugiram na direção da Arabá”. A fome estava tão intensa dentro dos muros que os defensores perderam as forças e não mais conseguiram resistir, e “com as próprias mãos, mulheres bondosas cozinharam os próprios filhos, que se tornaram a sua comida quando o meu povo foi destruído” (Lm 4:10).

Foi nesse contexto que o povo de Judá exclamou: “Passou a época da colheita, acabou o verão, e não estamos salvos”. Eles lamentavam o fato de que a colheita de cereais havia passado e eles não tinham podido ceifar os campos, pois as tropas inimigas cercavam a cidade e ninguém podia sair.

“Na Palestina, a safra de grãos começa por volta de abril e termina em junho. A colheita de frutos é feita em agosto ou setembro. A colheita dos frutos ocorre por volta de agosto ou setembro. Quando a cultura de grãos se perdiam, ainda havia a esperança de que haveria uma colheita de uvas, figos, azeitonas, etc. Para Judá, no entanto, a estação de coleta de frutas – a última oportunidade – tinha passado, e não haveria libertação. Seu destino era inevitável” (Comentário Bíblico Adventista, v. 4, p. 423).

Até o último instante, o povo preferiu acreditar nos falsos profetas, que prometiam a intervenção divina e o livramento, em vez de acreditarem em Jeremias, que havia profetizado destruição, caso não se submetessem ao rei da Babilônia (Jr 23:15-22; 28). Mas a libertação não veio. Veio a fome, o desespero e a morte. Os sobreviventes foram para o cativeiro babilônico (Jr 39).

O fim do verão chegará para o mundo atual

Caro amigo leitor, talvez você esteja se perguntando: o que esses fatos históricos têm a ver conosco? Nossa cidade não está cercada por nenhum exército, e a maioria de nós não está preocupada com o que vai comer amanhã. Mas a lição que a história nos ensina é que a paciência divina tem limites, e um dia Ele porá fim à impiedade reinante e fará a colheita dos justos.

Ellen G. White repetidas vezes, em seus escritos, aplicou esse texto de Jeremias 8:20 ao fim do tempo, ao tempo do juízo final, quando os pecadores impenitentes, que recusaram a graça salvadora pronunciarão esse trágico lamento. Ela afirmou:

“Cada momento agora parece ligar-se diretamente com os destinos do mundo invisível. Então não deixe que seu orgulho e incredulidade o levem a rejeitar ainda mais a misericórdia oferecida. Caso contrário, você será deixado a lamentar-se no final: ‘passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos’. Jr 8:20” (Testemunhos Para a Igreja, v. 5, p. 353).

“No dia do julgamento que virá sobre os perdidos, o significado pleno do sacrifício feito no Calvário será compreendido. Contemplar-se-á o que eles perderam ao recusar ser leais. Meditarão na comunhão elevada e pura da qual era seu privilégio participar. Porém, é tarde demais. O último convite foi feito. O derradeiro pranto é ouvido. ‘Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos’. Jr 8:20” (Idem, v. 7, p. 16).

“Apelo para eles a fim de que não passem por alto o cumprimento dos sinais dos tempos, que diz tão claramente estar perto o fim. Oh! Quantos que não buscaram a salvação espiritual farão logo o amargo lamento: ‘Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos’. Jr 8:20” (Idem, v. 8, p. 252).

Estamos hoje vivendo em pleno verão das oportunidades espirituais. O verão representa o tempo ideal para a salvação. Se não aproveitarmos essa oportunidade áurea, o que poderemos esperar para o futuro, quando tivermos chegado ao outono ou inverno de nossa vida? Felizmente a porta da graça ainda está aberta. “Eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação” (2Co 6:2).

Deus toma a iniciativa de oferecer Sua salvação a todos e todas. Mas Ele não força quem quer que seja a aceitar essa providência. Para que a Sua salvação se torne nossa, temos que estender o braço da fé e aceitar os benefícios da vida, morte, ressurreição e mediação celestial de Cristo. Contudo, o verão passará. Em seguida o inverno chegará e não haverá mais oportunidade. A salvação através de Cristo já não estará disponível (Isaías 55:6; Atos 17:29-31; Romanos 13:11; Efésios 1:9-10; 2 Tessalonicenses 2:1-12). Isto é o que chamamos fim do tempo da graça ou fechamento da parta da graça. Este será um tempo memorável, de consequências eternas para todas as pessoas.

O livro de Hebreus fala de Jesus como nosso Sumo Sacerdote que ministra no santuário celestial em favor dos pecadores arrependidos. “O mais importante do que estamos tratando é que temos um sumo sacerdote como esse, o qual se assentou à direita do trono da Majestade nos céus e serve no santuário, no verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, e não o homem” (Hb 8:1, 2, NVI). Vale ressaltar que Seu ministério sacerdotal já estava representado didática e profeticamente nas ministrações que ocorriam no Lugar Santo (serviço diário) e no Lugar Santíssimo (serviço anual) do santuário terrestre (Nm 28:3, 4; Lv 4:2, 27-30; 16:1-34; Hb 9:6, 7).

“Sua consagração como Sumo Sacerdote coincidiu com Sua entronização. E ali, junto ao trono da Majestade nas alturas, imediatamente após a Sua ascensão, Ele iniciou Seu ministério sacerdotal no “maior e mais perfeito tabernáculo” (Hb 9:11), para comparecer, [...] por nós, diante de Deus” (v. 24). Foi-Lhe dado todo o poder e autoridade no Céu e na Terra. [...] No dia de Pentecostes, o apóstolo Pedro declarou que Jesus, tendo ressuscitado dentre os mortos, foi, então, exaltado “à destra de Deus”, tornando-Se, portanto, “Senhor e Cristo” (At 2:33, 36)” (Questões Sobre Doutrinas, p. 269, 270).

Na parte final de Seu ministério, que começou em outubro de 1844, ao término da profecia dos 2.300 dias/anos de Daniel 8:14, Cristo entrou no lugar santíssimo do santuário celestial para iniciar Sua solene obra de purificação do santuário, que corresponde ao juízo investigativo. Portanto, desde 1844 Cristo além de fazer mediação por Seu povo realiza um julgamento, que segundo as Sagradas Escrituras começa pela “casa de Deus” (1Pe 4:17). A vida de todos os filhos de Deus de todas as eras (começando pelos que já estão mortos) está sendo passada em revista. Eles estão sendo julgados com base nos registros dos livros do Céu. As cenas desse juízo, que está em andamento, foram vistas pelo profeta Daniel (Dn 7:9-14) e já estava prefigurado no ritual do Dia da Expiação do santuário terrestre, que acontecia uma vez ao ano, sempre no 10º dia do 7º mês do calendário religioso judaico (Lv 16:1-34; 23:27-29). Com essa cerimônia o santuário era purificado do registro dos pecados dos penitentes que haviam confessado sua culpa, bem como dos sacerdotes. Neste dia, o povo era convidado a “afligir a alma” (Lv 23:27), ou seja, humilhar-se e fazer um autoexame de consciência a fim de averiguar se não havia pecados não confessados, ou algo que pudesse separá-los de Deus. O dia da expiação era também dia de juízo para povo de Deus, o então Israel antigo. Era a decisão final sobre o pecado. Tanto é assim, que nesse dia a pessoa que não estivesse com sua vida acertada com Deus era “eliminada do seu povo” (Lv 23:29). Da mesma forma, ao término da obra de purificação do santuário celestial, cessa a oportunidade de misericórdia para quem não participou desse processo de redenção em tempo oportuno (Hb 4:16) por não ter reconhecido e aproveitado a oportunidade de aceitar a salvação pela fé em Jesus. Portanto, esse dia da purificação do santuário terrestre era símbolo do juízo pré-advento, que como dissemos começou em 1844.

Na sua mais importante obra, Ellen G. White declarou o seguinte:

“Deve haver um exame dos livros de registro para determinar quem, pelo arrependimento dos pecados e fé em Cristo, tem direito aos benefícios de Sua expiação. A purificação do santuário, portanto, envolve uma investigação - um julgamento. Isto deve efetuar-se antes da vinda de Cristo para resgatar Seu povo, pois que, quando vier, Sua recompensa estará com Ele para dar a cada um segundo as suas obras (Apoc. 22:12)” (O Grande Conflito, p. 422).

“Na conclusão dessa obra investigativa, é proferida a sentença de juízo. Então, Cristo descerá como juiz para executar ou levar a efeito a sentença” (Questões Sobre Doutrinas, p. 303). O livro do Apocalipse descreve o momento do término da obra de julgamento e o consequente fim do tempo da graça, nos seguintes termos: “O santuário ficou cheio da fumaça da glória de Deus e do seu poder, e ninguém podia entrar no santuário enquanto não se completassem as sete pragas dos sete anjos” (Ap 15:8, NVI). Note que quando o santuário celestial enche-se “da fumaça da glória de Deus e do seu poder”, as pessoas são impedidas de terem acesso ao santuário, numa clara indicação de que o tempo de graça se acabou e a intercessão em favor dos pecadores não mais existe, de maneira que a ira de Deus não misturada com misericórdia e graça é experimentada pelos pecadores impenitentes como consequência de sua resistência e oposição ao evangelho. Uma realidade completamente oposta a do tempo da graça, quando somos exortados a “aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade” (Hb 4:16, NVI).

No final do juízo investigativo ou pré-advento, a sorte de todas as pessoas estará irrevogavelmente decidida para a vida ou para a morte. Não haverá um segundo tempo de graça para ninguém. Ao encerrar-se a obra de julgamento não haverá mais oportunidades de salvação para ninguém. Quando Jesus falar “está feito” (Ap 16:17), do jeito que a pessoa estiver vai permanecer. E os filhos de Deus estarão selados com “o selo do Deus vivo” (Ap 7:1-3). O Espírito Santo não apelará mais à consciência das pessoas para se arrependerem de seus pecados, pois Se terá retirado da Terra. Nesse tempo cumprir-se-á as palavras de Cristo registradas em Ap 22:11, 12: “Continue o injusto a praticar injustiça; continue o imundo na imundícia; continue o justo a praticar justiça; e continue o santo a santificar-se. Eis que venho em breve! A minha recompensa está comigo, e eu retribuirei a cada um de acordo com o que fez” (NVI). Quando todas as decisões forem feitas, a primavera ou o verão das oportunidades terá terminado.

Encerrado o tempo da graça, o Senhor virá buscar seus filhos fiéis para leva-los para o Lar Paterno. Ele prometeu: "Não se perturbe o coração de vocês. Creiam em Deus; creiam também em mim. Na casa de meu Pai há muitos aposentos; se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar-lhes lugar. E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver” (João 14:1-3, NVI).

Agora quero compartilhar com você um trecho de uma das melhores descrições do advento de Cristo que se encontra em O Grande Conflito:

“Surge logo no Oriente uma pequena nuvem negra, aproximadamente da metade do tamanho da mão de um homem. É a nuvem que rodeia o Salvador, e que, a distância, parece estar envolta em trevas. O povo de Deus sabe ser esse o sinal do Filho do homem. Em solene silêncio fitam-na enquanto se aproxima da Terra, mais e mais brilhante e gloriosa, até se tornar grande nuvem branca, mostrando na base uma glória semelhante ao fogo consumidor e encimada pelo arco-íris do concerto. Jesus, na nuvem, avança como poderoso vencedor. Agora, não como "Homem de dores", para sorver o amargo cálice da ignomínia e miséria, vem Ele vitorioso no Céu e na Terra para julgar os vivos e os mortos. [...]Nenhuma pena humana pode descrever esta cena, mente alguma mortal é apta para conceber seu esplendor. [...] O Rei dos reis desce sobre a nuvem, envolto em fogo chamejante. Os céus enrolam-se como um pergaminho, e a Terra treme diante dEle, e todas as montanhas e ilhas se movem de seu lugar. [...] Por entre as vacilações da Terra, o clarão do relâmpago e o ribombo do trovão, a voz do Filho de Deus chama os santos que dormem. Ele olha para a sepultura dos justos e, levantando as mãos para o céu, brada: "Despertai, despertai, despertai, vós que dormis no pó, e surgi!" Por todo o comprimento e largura da Terra, os mortos ouvirão aquela voz, e os que ouvirem viverão. [...]Do cárcere da morte vêm eles, revestidos de glória imortal, clamando: "Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?" I Cor. 15:55. E os vivos justos e os santos ressuscitados unem as vozes em prolongada e jubilosa aclamação de vitória. [...] Ele mudará nosso corpo vil, modelando-o conforme Seu corpo glorioso. [...] Os últimos traços da maldição do pecado serão removidos, e os fiéis de Cristo aparecerão "na beleza do Senhor nosso Deus", refletindo no espírito, alma e corpo, a imagem perfeita de seu Senhor. [...]Os justos vivos são transformados "num momento, num abrir e fechar de olhos". À voz de Deus foram eles glorificados; agora tornam-se imortais, e com os santos ressuscitados, são arrebatados para encontrar seu Senhor nos ares. Os anjos "ajuntarão os Seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus." Criancinhas são levadas pelos santos anjos aos braços de suas mães. Amigos há muito separados pela morte, reúnem-se, para nunca mais se separarem, e com cânticos de alegria ascendem juntamente para a cidade de Deus” (p. 640-645).

Será um encontro pessoal com nosso melhor Amigo, com Aquele que nos ama tanto que morreu na cruz por nós. Será a coisa mais gostosa do mundo encontrar-nos com Jesus, tocarmos Suas marcas da cruz, sentirmos o calor de Seu amor! Será o encontro que aguardamos com grande ansiedade.

Esse dia também será o dia do reencontro com nosso queridos que foram ceifados pela morte. Pense naqueles pais cheios de saudade, antecipando, pela visão da fé, o dia do reencontro com os filhos que sucumbiram a uma atroz enfermidade, que foram vitimados num acidente fatal ou que perderam a vida por mãos violentas, coisas tão próprias destes últimos tempos. Poderão estar juntos novamente. Que maravilhosa esperança! Que maravilhosa antecipação do futuro!

Podemos antecipar as realidades de tantas coisas maravilhosas que acontecerão e que nos darão muitas alegrias. Imagine os remidos às margens do “mar de vidro” (Ap 15:2). Ou caminhando pelas ruas e avenidas da Nova Jerusalém ou assentados sob as ramagens da “árvore da vida”, às margens do “rio da vida”. Imagine alguém se aproximando de você. Esse alguém chega, bate no seu ombro e pergunta: “Você se lembra de mim? Pois é, por causa daqueles conselhos que você me deu, daquele livro que você me ofereceu, daquela oração que você fez por mim, eu hoje estou aqui. Você me levou aos pés do Salvador. Obrigado!”

Que encontros! Que abraços! Que alegrias! Que felicidade! “Ora, vem Senhor Jesus!” (Ap 22:20).

Todos os seres humanos são candidatos em potencial a serem recebidos por Deus em Seu reino. Entretanto, só estarão lá os que crerem e aceitarem a Jesus como seu Salvador.

Ellen G. White escreveu o seguinte:

“Poderiam aqueles cuja vida foi empregada em rebelião contra Deus, ser subitamente transportados para o Céu, e testemunhar o estado elevado e santo de perfeição que ali sempre existe, estando toda alma cheia de amor, todo rosto irradiando alegria, ecoando em honra de Deus e do Cordeiro uma arrebatadora música em acordes melodiosos, e fluindo da face dAquele que Se assenta sobre o trono uma incessante torrente de luz sobre os remidos; sim, poderiam aqueles cujo coração está cheio de ódio a Deus, à verdade e santidade, unir-se à multidão celestial e participar de seus cânticos de louvor? Poderiam suportar a glória de Deus e do Cordeiro? Não, absolutamente; anos de graça lhes foram concedidos, a fim de que pudessem formar caráter para o Céu; eles, porém, nunca exercitaram a mente no amor à pureza; nunca aprenderam a linguagem o Céu, e agora é demasiado tarde. Uma vida de rebeldia contra Deus incapacitou-os para o Céu. A pureza, santidade e paz dali lhes seriam uma tortura; a glória de Deus seria um fogo consumidor. Almejariam fugir daquele santo lugar” (Eventos Finais, p. 159 [279]).

João descreve nossa nova morada habitação: “Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: "Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos; o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou. Aquele que estava assentado no trono disse: "Estou fazendo novas todas as coisas” (Ap 21:3-5).

Caro amigo leitor, o Senhor está às portas, esperemos Sua volta. Alegremo-nos por isso! Você está pronto para encontrar-se com Ele?  “A passos furtivos aproxima-se o dia do Senhor; mas os homens supostamente grandes e sábios não conhecem os sinais da vinda de Cristo e do fim do mundo” (Ellen G. White, Testemunhos Seletos, v. 3, p. 13).

Não obstante o tempo da graça está previsto para terminar no futuro o verão pode terminar para nós hoje, pois não sabemos se estaremos vivos amanhã. Estaremos nós salvos? Amanhã talvez seja tarde. Que tragédia alguém chegar ao fim de sua existência e exclamar: “Passou o verão e não estou salvo.” Não permita que o tempo passe e você não faça parte dos salvos em Cristo. Se você se sentiu inclinado, impressionado pelas verdades de Deus, tome uma decisão hoje, pois pode ser que o inverno de sua vida comece amanhã.

Reflita sobre isso no dia de hoje ore comigo agora:

Querido Deus e bom Pai que estás no Céu, obrigado pela oportunidade da salvação. Pela graça maravilhosa, por estarmos vivos e com disposição no coração para Te aceitar como o nosso Salvador. Toma conta de nossa vida, por favor. Em nome de Jesus, amém!