Teologia

sábado, 28 de maio de 2016

A VIOLÊNCIA ESTÁ COM OS DIAS CONTADOS



Pr. Gilberto Theiss

O sangue e a crueldade, todos os dias, são estampados nos jornais do mundo todo. A notícia que abalou os brasileiros, relacionado ao estupro da adolescente de 16 anos, é apenas a pequenina ponta do gigantesco e imensurável iceberg.

É difícil dizer se houve, em algum momento da história, uma indiferença e crueldade tão imensuravelmente maior contra a vida. O que sabemos é que, pelas notícias diárias de criminalidade, nada mais parece chocar, assustar, assombrar, surpreender ou aterrorizar a sociedade de uma maneira tão impactante, marcante e perturbadora.

Parece estranho, mas o que fica evidente é que um surto de espanto e pavor de ontem não é muito diferente do surto de hoje e, claro, não será diferente do surto de amanhã. A diferença mesmo está na intensidade, pois na medida em que o tempo passa, a selvageria, desumanidade, truculência e improbidade se tornam maiores, intensas e, infelizmente, cada vez mais comuns.

O que desejo dizer é que nos assustamos não tanto mais pela hediondez do crime, mas pela onda ou intensidade em que essas coisas têm se tornado corriqueiras. Paulo, o Apóstolo, ao contemplar o futuro, não observou nada diferente quanto a realidade da natureza moral e racional do que vemos hoje. Não fomos pegos de surpresa porque a Palavra de Deus já havia nos alertado do aumento da maldade humana. O apóstolo afirmou o que “os homens maus e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados.” (II Timóteo 3:13).

Esta tônica da profecia de Paulo é desconcertante e temerosa, pois, segundo sua perspectiva, melhor dizendo, segundo a perspectiva de Deus, no mundo não haverá dias melhores. Jesus também não foi otimista quando, ao descrever os dias finais da história, com ênfase em Sua segunda vinda, retratou o mundo como se parecendo com os dias de Ló e com os dias de Noé (Lucas 17).

Nos dias de Ló, o pecado mais agravante, além de outras, era a promiscuidade sexual em todo seu viés e, nos dias de Noé, o pecado mais agravante, além de outras, era a violência em todo seu viés. As duas ideias se unificam no discurso de Jesus para ilustrar que o fim dos tempos, ou dias que antecedem a segunda vinda de Cristo, poderia, quem sabe, se tornar tão vigorosamente mais degradante, promíscuo e insano quanto as duas situações citadas por Ele juntas.

Se isto for inconcebível para você, então, eu diria, no mínimo semelhante, mas com a diferença de que a força do pecado de Sodoma e dos dias de Noé estariam fazendo parceria para atuar com força em nossos dias. Ou seja, é como se o passado de Sodoma e dos dias de Noé estivessem sendo transportados para o século XXI. É assustador imaginar assim, mas por outro lado, pode se tornar confortante se tivermos em mente que o mesmo juízo que recaiu sobre Sodoma e sobre a geração de Noé, será o mesmo juízo que recairá sobre o mundo impenitente de hoje. Deus intervirá hoje como interveio no passado. A qualquer momento Ele fará a Sua visitação extraordinária.

Não há dúvidas de que estamos todos chocados com o terror em cada esquina. A vida se tornou tão insignificante que muitos torturam e matam uma pessoa como se ela fosse um mero inseto. Jesus havia predito que por causa da multiplicação da iniquidade, o amor de muitos se esfriaria (Mateus 24:12). Amor, sentimento, dor, sofrimento humano ser tornaram profundamente banais para muitos. Mas, o que conforta é saber que a justiça honrará a todos os que foram humilhados e pisoteados pelo pecado. Uma certeza bem gratificante é que o mal, na agenda de Deus, está com data marcada para acabar.

Por mais que pareça tardia, a justiça de Deus não tarda e não falha. Na verdade, ela ocorre no tempo oportuno e certeiro. Viva confiante e com a certeza da providência divina. Olhe para sua sombra e contemple a presença do anjo do Senhor ao seu lado. Viva com os olhos no céu com a convicção da justiça de Deus.

Jamais deixe de orar antes de inserir os seus pés para fora de casa. Sempre peça a Deus que conserve ao seu lado a presença do anjo protetor. Lembre-se que todos os que confessam o nome de Deus e vivem ao Seu lado podem, mesmo em meio a tanta tribulação, viver na paz de espírito. Ele está atento a todas as desordens que tem trazido dor e medo e fará justiça por cada uma delas. Alegre-se, porque a nossa estadia nesta terra está chegando ao fim. Lembre-se:

“Porque Deus conduzirá a Juízo tudo quanto foi realizado e até mesmo o que ainda está escondido; quer seja bem, quer seja mal.” (Eclesiastes 12:14)

“Porque determinou um dia em que julgará o mundo com o rigor de sua justiça, por meio do homem que para isso estabeleceu. E, quanto a isso, Ele deu provas a todos, ao ressuscitá-lo dentre os mortos!” Uns debocham, outros creem.” (Atos 17:31)

“Porquanto, todos nós deveremos comparecer diante do tribunal de Cristo, a fim de que cada um receba o que merece em retribuição pelas obras praticadas por meio do corpo, quer seja o bem, quer seja o mal. Perfeita reconciliação com Deus.” (II Coríntios 5:10)


segunda-feira, 23 de maio de 2016

NO RANKING DOS LIVROS E AUTORES MAIS LIDOS





Livro missionário e a escritora Ellen White são citados na nova edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil

A Bíblia continua no topo da lista dos livros mais lidos no Brasil. É o que mostra a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil 2015, divulgada pelo Instituto Pró-Livro na última quarta-feira, 18 de maio. O livro sagrado foi citado como “gênero” que costuma ser mais lido por 42% dos entrevistados. Na quarta edição do levantamento, entre as obras mais citadas também aparece uma publicação adventista: o livro A Única Esperança, de autoria do pastor Alejandro Bullón. Impressa pela Casa Publicadora Brasileira, a literatura é a 18ª do ranking (clique aqui para ver a lista).



Segundo dados da CPB, desde que foi lançado, em 2013, até o fim do ano passado, já foram vendidos 16,7 milhões de cópias. Além disso, em 2014, milhões de exemplares da obra foram distribuídos gratuitamente em todo o país por meio do projeto Impacto Esperança.

Mais citados

Na relação de autores mais citados (veja a lista aqui), a nova pesquisa também traz o nome de Ellen White. Ela figura na 10ª posição entre os 15 da lista.

A escritora norte-americana, uma das pioneiras do adventismo, é um dos autores com títulos mais vendidos pela Casa Publicadora Brasileira. Para se ter uma ideia, nos últimos 5 anos a editora adventista comercializou mais de 35 milhões de exemplares de seus livros. Somente no ano passado, o livro O Grande Conflito, um de seus clássicos, teve 189,9 mil unidades vendidas.

Embora as publicações de caráter religioso ainda continuem ocupando bastante espaço entre os leitores, a pesquisa indicou maior concentração dessa preferência entre públicos com mais idade e nível de escolaridade mais baixo. No que diz respeito à leitura da Bíblia, por exemplo, o maior percentual de leitores se concentra no grupo que têm 70 anos ou mais. No caso de outras literaturas religiosas, a maior parte dos leitores (35%) está na faixa etária dos 50 aos 69 anos.



De acordo com o levantamento encomendado ao Ibope, o interesse por esse gênero também diminui à medida em que o grau de escolaridade aumenta. “Quanto maior é o nível de escolaridade do respondente, maiores são as menções a ‘atualização cultural ou conhecimento geral’. Por outro lado, menores são as menções a motivações para leitura ligadas a ‘motivos religiosos’ entre os respondentes com maior nível de escolaridade”, revela a pesquisa.

Maior número de leitores

A 4ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil mostra que houve um aumento de 6% no número de leitores entre 2011 a 2015. A metodologia do levantamento considera como leitor aquele que leu, totalmente ou em partes, pelo menos um livro nos últimos três meses.

Os novos dados do Instituto Pró-livro indicaram que o brasileiro leu, em média, 2,54 livros nos três meses anteriores à pesquisa. Já a média do último quinquênio foi de 4,6 por habitante no ano.

Para os responsáveis pelo levantamento, uma das explicações para a leve melhora nos indicadores de leitura no Brasil é o aumento na escolaridade registrado no período. O percentual de analfabetos ou de pessoas que não frequentaram a escola caiu de 9%, em 2011, para 8%, em 2015, apesar de o número de pessoas que afirmaram não estar estudando ter passado de 68%, em 2011, para 73%, no ano passado.

Márcio Tonetti é Editor associado da Revista Adventista


domingo, 22 de maio de 2016

POR QUE OS LÍDERES DAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ DESACOSELHAM OS JOVENS TJ CURSAREM A UNIVERSIDADE?



Ricardo André

Nestes últimos cinco anos tive diversos alunos Testemunhas de Jeová no Ensino Médio. Alguns deles eu acompanhei do 1º ao 3º ano. Por serem bons alunos, aplicados aos estudos e inteligentes, procurei sempre incentivá-los, desde o 1º ano do EM a prepararem-se para realizar as provas do ENEM, pois possuíam potencialidades para lograrem êxito e ingressar na UFS (Universidade Federal de Sergipe). Contudo, em todos eles percebi resistência a ideia. Aquela atitude deles me deixou intrigado. Eu comecei a pensar: Como pode Maria (nome fictício) tão inteligente e com potencial de fazer um bom Exame se recusa a fazê-lo? Por que Carla (nome fictício) com uma capacidade enorme decidiu não fazer o ENEM, uma vez que ele é, hoje, uma porta de entrada na Universidade pública? Cursar uma Universidade é um sonho de milhões de jovens no mundo todo. Afinal, cursar o ensino superior abre inúmeras portas de emprego e "garante" uma melhor estabilização financeira para um futuro mais certo. Então, por que meus bons alunos Testemunhas de Jeová não tinham motivação para ingressar nela?

Decidi, então, buscar respostas para a atitude desses adolescentes religiosos. Nos diálogos que tive com alguns percebi que a posição deles em relação a educação superior tinha alguma relação com os valores religiosos ensinados pelas Testemunhas de Jeová, embora eles não me disseram diretamente que tinha vinculação com a religião professada por eles. Sempre negaram. Foi a partir dessa minha suspeita que passei a pesquisar sobre isso a partir da literatura da organização religiosa deles.

O que dizem as publicações das TJ?

No Site Biblioteca On-line da Torre de Vigia, encontrei um artigo com o tema: “Pais, que futuro desejam para seus filhos?” Este artigo foi antes publicado na Revista Sentinela de 2005. Nele, percebe-se claramente que o Gorpo Governante das Testemunhas de Jeová orienta os pais a não incentivarem os filhos a cursar a Universidade ou Faculdade, mas a fazerem cursos técnicos profissionalizantes ou ingressarem “no serviço de tempo integral, como missionários”. Diz um trecho do artigo: “Em vez de estudar com o objetivo único de cursar uma universidade, os pais e filhos precisam analisar a possibilidade de escolher cursos profissionalizantes, úteis na busca duma carreira teocrática” (http://wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/2005726). Exatamente o que todos os meus alunos me respondiam quando indagava sobre a recusa de cursar a Universidade. As razões apresentadas no artigo da Revista para os pais não estimularem os filhos a almejarem a educação superior são, entre outras, o fato de que a Universidade ou faculdade é um ambiente onde “o mau comportamento impera nas dependências e dormitórios de universidades e faculdades, sendo comum o uso de drogas e bebidas alcoólicas, imoralidade, trapaça nos exames, trotes, e a lista continua. Considere o uso excessivo de bebidas alcoólicas” (http://wol.jw.org/pt/wol/d/r5/lp-t/2005726).

A Revista Sentinela traz relatos de jovens Testemunhas que renunciaram a formação acadêmica pela de missionário da Organização:

"Note como um jovem, Testemunha de Jeová, usou o raciocínio e conseguiu alcançar alvos espirituais: "Tive a oportunidade de ter uma carreira no jornalismo. Isto me agradava muito, mas lembrei-me do versículo bíblico que diz que 'o mundo está passando', ao passo que 'aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre'... De modo que decidi dar um objetivo à minha vida e alistei-me no ministério de tempo integral como pioneiro regular. Depois de quatro anos gratificantes, sei que fiz a escolha certa" (A Sentinela de 15/08/2002, p. 24).

“Helga, por exemplo, lembra que no seu último ano da escola os colegas de classe ficavam conversando sobre seus objetivos. Muitos deles queriam fazer faculdade, pois achavam que isso os ajudaria a ter uma carreira promissora. Helga conversou sobre isso com seus amigos na congregação. “Muitos deles eram mais velhos e me ajudaram muito”, conta ela. “Eles me incentivaram a entrar no serviço de tempo integral. Então servi como pioneira por cinco anos. Hoje, anos mais tarde, me sinto feliz por ter concentrado boa parte da minha juventude no serviço de Jeová. Não me arrependo nem um pouco" (A Sentinela de 17/09/2015, p. 7).

Afora isso, a organização apresenta outras razões:

"No presente sistema de coisas, sob controle de Satanás, há muitas coisas que parecem prometer grandes benefícios, mas, na verdade, podem ser danosos ao nosso relacionamento com Deus. Coisas como... ir em busca de educação superior para alcançar a posição de alguém... Poucos anos atrás, um jovem cristão... teve a oportunidade de viajar ao exterior para dar prosseguimento a seus estudos... gradualmente, ele perdeu seu apreço pela verdade bíblica... Em um ano ou algo assim, ele perdeu sua fé completamente e declarou-se agnóstico” (A Sentinela de 15/8/1992, pp. 28,29, em inglês).

"Esta revista tem enfatizado os perigos do estudo superior, e com razão, pois a educação de nível superior opõe-se ao 'ensino salutar' da Bíblia." (A Sentinela de 1/11/1992, pp. 16-20, em inglês).

A pergunta de capital importância é: Diante das razões apresentadas pelas Testemunhas de Jeová, devem os cristãos cursar a Universidade?

A Universidade Oferece Risco à Vida Cristã?

De fato, estudos revelam que muitos jovens cristãos ao entrarem na faculdade costumam abandonar os ensinamentos cristãos devido a vários motivos entre eles: ensinamentos e contestações acadêmicas científicas que, muitas vezes, fogem da realidade bíblica, pressão do grupo de amigos acadêmicos, falta de firmeza de valores e princípios cristãos, entre outros.

Realmente, a Universidade oferece alguns riscos para a vida cristã dos jovens, pois enfrentam permanentemente o desafio do bombardeio intelectual, uma vez que as faculdades expõem os mesmos a pensamentos filosóficos e teorias formuladas por pensadores ateus, agnósticos ou céticos, que colocam as ciências acima de tudo, e fazem críticas duras ao Cristianismo e a Deus como Voltaire, Nietzsche, Rousseau, Maquiavel, Marx, Darwin, Hans Kelsen, entre outros.

Com essas novas doutrinas e ensinamentos o jovem passa a crer que é necessário que ele amadureça, e nesse processo se afaste de toda crença ou espiritualidade para que de fato venha a conhecer como o mundo funciona. Ensinam que precisam ter uma nova percepção da vida, procurando cada vez mais independência e liberdade para romper com paradigmas e "tabus" estabelecidos e vivenciados anteriormente. As Escrituras Sagradas ensinam que a verdadeira liberdade só se tem em Cristo Jesus.  "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres." João 8:36.  Esses ensinamentos contribuem para o afastamento dos jovens de Cristo, do caminho e de sua missão dada por Deus na Terra. Bem, somado a isso tudo, este impulso e desejo de procurar liberdade e independência é ampliado pela influencia das más amizades que muitas vezes se formam nas Universidades. Essas influências passam a incutir na cabeça do jovem cristão que ele deve "curtir" a vida com festas, álcool e sexualidade deturpada, entre outras. O Jovem cristão, dessa forma, se não estiver firme em Deus, quebra princípios e valores bíblicos, peca e é levado a se desviar de qualquer propósito de vida estabelecido por Deus.       

É fato também que na universidade o estudante, semanalmente, está repleto de convites para festinhas, barzinhos e showzinhos. O acesso às drogas e todo tipo de vício é fácil. O ambiente é promíscuo, com as roupas indecentes e o comportamento imoral dos alunos. Todo tipo de piada, blasfêmias e ridicularizações são feitas constantemente.

Não obstante os perigos enfrentados pelos jovens cristãos na universidade, não é correto desmotiva-los a ingressar na Faculdade. Primeiro, porque a Bíblia não proíbe que os jovens avancem nos estudos. Nosso mestre Jesus aos 12 anos teve a oportunidade de estar junto aos doutores e sábios de Israel, “universitários da época”, (Lc. 2.46-47), ou seja, estudar é algo bom, essencial eu diria, pois nos abre a mente e nos abre um campo mais amplo de conhecimento, e isso nos ajuda até mesmo a compreender melhor as Escrituras Sagradas. Segundo, porque esses mesmos riscos que os jovens enfrentam na Universidade, enfrentam no Colégio de Ensino Médio, ainda que em menor proporção. No Ensino Médio, os jovens cristãos vão encontrar alguns professores ateus e evolucionistas que fazem duras críticas ao Criacionismo bíblico, a Deus e aos valores do Cristianismo, uma vez que esses professores cursaram a Faculdade e, naturalmente, reproduzirão o que aprenderam lá. E por conta disso não enviaremos mais nossos filhos aos colégios para cursar o Ensino Médio? Não! Absolutamente!

Atitude Correta dos Pais

Os pais nunca deveriam desestimular seus filhos a ingressarem na Universidade, matando o futuro promissor dos filhos. Antes, devem incentivá-los a avançarem nos estudos. Contudo, devem preparar seus filhos já na tenra idade para enfrentar os desafios na Faculdade. O desafio dos pais cristãos é a cada dia inculcar ou ensinar as verdades do evangelho aos seus filhos, guiando-os espiritualmente. É o que a Bíblia orienta: “Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar” (Deuteronômio 6:6,7, NVI). Assim, quando se depararem com alguma nova filosofia não terão dúvidas de que crer na Palavra de Deus é bem mais produtivo. Portanto, os pais devem transmitir os valores cristãos, construindo a base da construção do caráter cristão, de modo que eles possam resistir aos apelos para abandonar a fé e se envolver com as práticas detestáveis a Deus.

Penso que se os jovens tiverem profunda convicção da fé em Jesus Cristo (para isso devem ter comunhão diária com Deus), bem como conhecerem a Bíblia profundamente saber defender consistentemente a fé cristã, muito dificilmente se afastará dos valores cristãos transmitidos por seus pais.  Fiz duas faculdades no meio secular. Sou plena e totalmente favorável a que todos busquem um ensino superior. Estive sujeito a tudo isso que estou escrevendo, mas nunca minha fé foi abalada por conta das ideias contrárias aos ensinos bíblicos pregadas na Faculdade. Um dia desses uma aluna do 3º ano do Ensino Médio me perguntou: ''Você permanece ou mudou as suas convicções depois que cursou História?” E eu respondi: Mudei para melhor, pois depois que fiz faculdade de História creio mais em Deus e na Sua Palavra, e tenho uma visão mais ampla e segura de minhas convicções em Deus.

Penso que um jovem cristão que realmente está firmado em Deus e na Sua Palavra, ao adentrar numa Faculdade de Ensino, por mais que a sua fé seja provada, o mesmo não terá motivos para esfriar e nem tão pouco para negar a fé em Deus. Os que depois de adentrarem numa Universidade, esfriam e negam a fé que antes professavam em Deus, é porque quando entraram lá, já não tinham uma estrutura de fé sólida, para serem confrontados, pois um cristão quanto mais tem a sua fé confrontada, mas a fé do mesmo é acrescentada, pois é nos desafios maiores que ele se aproxima mais de Deus, e quanto mais o cristão busca a Deus, mais O encontra. Conforme está escrito: Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês!” (Tiago 4:8, NVI).

Agora, quanto aos conselhos do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová para seus jovens não cursarem a universidade para não se corromperem com os ensinos e as práticas imorais comuns nessa instituição, o pano de fundo é outro. A verdade é que diversas crenças e práticas deles não resistem às provas bíblicas, tampouco a simples argumentação lógica, a exemplo da proibição da transfusão de sangue, comemorar aniversário. A Sociedade Torre de Vigia parece ter percebido o fato de que quanto mais alto o nível de escolaridade dos jovens, tanto mais difícil seu processo de doutrinação, mas difícil é eles aceitarem suas crenças e práticas anti-bíblicas e ilógicas. Tanto é assim que estudos revelam que as Testemunhas crescem mais rapidamente entre os de baixa escolaridade. As estatísticas têm mostrado, nos últimos anos, um decréscimo no número de novos convertidos nos países desenvolvidos - na Europa e América do Norte - e um aumento nos países pobres, como a África.

Diante do exposto, cremos que os conselhos do Corpo Governante das TJ são inconsequentes, uma vez que, o mercado de trabalho, cada vez mais competitivo tem descartado um número crescente de indivíduos sem qualificação superior. Eles ficam excluídos do processo econômico, engordando as fileiras dos subempregados, desempregados e miseráveis. Hoje em dia, ter uma graduação virou quase que requisito básico para quem quer crescer no mercado profissional. Poucos são os casos de pessoas que conseguiram crescer dentro de uma área sem ter se graduado em uma faculdade. Mesmo ciente desta realidade, os líderes da Sociedade Torre de Vigia continuam fazendo estridentes apelos para que os jovens continuem a renunciar à educação universitária em troca do trabalho não remunerado como vendedores de literatura religiosa da entidade. Como estarão essas pessoas hoje? Em caso de dificuldades financeiras delas por não ter tido a formação superior, quem responderá?

Caros amigos TJ, considerem seriamente as questões postas aqui e tome sabiamente sua decisão quanto ao seu futuro.



sexta-feira, 20 de maio de 2016

O ANO MAIS TRISTE DA MINHA VIDA



Ricardo André

Desde que me tornei cristão adventista do sétimo dia, ainda na minha tenra idade, aos 11 anos, que amo a Bíblia Sagrada, e creio profundamente que ela é a Palavra de Deus, e que nela nosso compassivo Deus revelou Seu plano para salvar a raça caída. Sempre gostei de estudar as profecias do Antigo Testamento, notadamente as do livro do profeta Daniel. Contudo, tive dificuldade de compreender algumas partes do Antigo Testamento, porque, de fato, há algumas porções que são difíceis para nós de mente pós-moderna entender plenamente. Isso, porém, nunca abalou minha confiança nas Escrituras Sagradas como a Palavra revelada de Deus. Afinal de contas, sempre tive o entendimento de que, assim como em todo aspecto da vida natural encontramos coisas difíceis de entender, na Palavra de Deus, a qual nos revela realidades espirituais e sobrenaturais, há também partes difíceis de compreender.

A escritora cristã, norte-americana, Ellen G. White falou dessa verdade claramente: “Mesmo as mais simples formas de vida apresentam problemas que o mais sábio dos filósofos é impotente para explicar. Encontram-se por toda parte maravilhas que escapam à nossa concepção. Deveríamos, então, surpreender-nos ao verificar que no mundo espiritual existem também mistérios que não podemos sondar? Toda a dificuldade jaz na debilidade e estreiteza do espírito humano. Nas Escrituras, Deus nos deu suficientes provas de Seu caráter divino, e não devemos duvidar de Sua Palavra pelo fato de não podermos entender todos os mistérios de Sua providência” (Caminha a Cristo, p. 106).

Foi justamente no Velho Testamento que encontrei auxílio, ao saber que minha mãe Noêmia Cordeiro de Souza tinha sofrido um AVC e paralisado um lado do seu corpo. Após uma noite insone, em que fiquei preocupado com o estado de saúde dela, li pela manhã o Salmo 23, o famoso Salmo do Pastor. Enquanto lia, pensava: “Será que mamãe vai nos deixar? E se ela morrer? Tenho uma irmã com 13 anos de idade, que ainda precisa muito dela. Como será a vida de minha irmã mais nova Rayane Cordeiro, sem mamãe? Em meio a essa angústia li a expressão “(...) nada terei falta” (Salmos 23:1). E me concentrei na leitura: “O Senhor é o meu pastor; de nada terei falta. Em verdes pastagens me faz repousar e me conduz a águas tranquilas; (...) Sei que a bondade e a fidelidade me acompanharão todos os dias da minha vida, e voltarei à casa do Senhor enquanto eu viver” (Sl 23:1, 2 e 6, NVI).

Tinha esses versos memorizados, pois precisava de algo que amenizasse meus temores. E me apeguei durante todo o tempo em que minha mãe esteve doente. Todos os dias pedia a Deus que a curasse. Em 2002, recebi um telefonema de minha irmã Roberlane Cordeiro que informou que ela não estava bem, e que encontrava-se no hospital para submeter-se a uma cirurgia para a retirada de mioma. Ela falou que seu eu quisesse vê-la ainda com vida fosse lá. O pensamento de perdê-la doía tanto que eu mal conseguia puxar o fôlego entre um soluço e outro. Então clamei a Deus: “Senhor Jesus, Tu sabes o quanto eu desejo que minha mãe viva, por isso peço-Te que cures minha mãe. Eu não quero que mamãe morra, mas não sei como orar”.

Contei a situação de minha mãe as minhas duas amigas Vânia Higino e Luzinete Carvalho, que me orientaram a ir rapidamente ver minha mãe em Pernambuco. O valioso conselho daquelas irmãs em Cristo e amigas foi fundamental para que eu tomasse a decisão de ir ver minha mãe. Sou eternamente grato a essas preciosas amigas. Um dia depois da minha chegada ao Cabo, fui com meu irmão Roberval André visitá-la no IMIP (Instituto de Medicina Integral, em Recife). Ao chegar lá encontrei minha querida mãe. Que emoção! Que alegria para nós! Que abraços gostosos! Vi a alegria estampado no seu rosto por me ver ali. Lembro-me que ela nos apresentou para sua colega de quarto, com as seguintes palavras: “Esses são os meus dois gatos”! Mas, ao mesmo tempo fui tomado por um sentimento de tristeza ao ver minha mãe tão debilitada, com andar trôpego, resultante do derrame que havia sofrido. Eu contive minhas lágrimas. Eu não queria que ela me visse chorando, e aumentasse o seu sofrimento. Ela precisava da minha força naquele momento. Ficou vários dias naquele hospital. Sua pressão arterial estava descontrolada. Ela era hipertensa. Somente depois que a sua pressão foi controlada, os médicos puderam realizar a cirurgia para retirar o mioma. Minha mãe teve oito filhos e lutou por eles. Penso que ela lutou pela família, mais até do que por si mesma.

Aquele dia no IMIP marcou indelevelmente minha vida. Nunca vou esquecer aquele encontro. Foi o meu último encontro em que ela falava e estava lúcida. Meses depois sofreria o segundo, terceiro e quarto derrame que lhe tiraria sua capacidade motora, sua fala e memória.

Em junho de 2004, recebi um outro telefonema de minha irmã Roberlane Cordeiro. Usando quase as mesmas palavras dois ano antes, informou-me que nossa mãe ficou muito doente e que estava hospitalizada, que eu precisava ir ao Cabo de Santo Agostinho se quisesse vê-la ainda com vida. E Deus novamente usou um texto do Antigo Testamento para ajudar-me. Dessa vez foi o profeta Daniel. Li a corajosa resposta de Sadraque, Mesaque e Abednego deram ao rei, a caminho da fornalha de fogo ardente: “Se formos atirados na fornalha em chamas, o Deus a quem prestamos culto pode livrar-nos, e ele nos livrará das suas mãos, ó rei. Mas, se ele não nos livrar, saiba, ó rei, que não prestaremos culto aos seus deuses nem adoraremos a imagem de ouro que mandaste erguer" (Daniel 3:17,18, NVI).

As palavras de Sadraque, Mesaque e Abednego me deram coragem para orar: “Senhor, por favor, cura minha mãe. Tu tens poder para restaurar sua saúde. Mas, faça-se a Tua vontade. Não importa o que acontecer, continuarei a Te amar e a Te servir.”

No dia 20 de junho de 2004, viajei ao Cabo de Santo Agostinho/PE para ver minha mãe, que se encontrava em coma no Hospital São Sebastião.  Fui ao hospital vê-la nos dias 22 a 25. Ela não mais se movia nem falava. Ao vê-la naquele leito do hospital definhando e inerte tive a certeza de que minha mãe guerreira e batalhadora, e que amava muito estava bem próximo de encerrar sua vida aqui. A certeza de que aquela indesejada despedida estava chegando aumentava a cada dia de internação. Eu não queria que ela partisse, mas, no fundo, eu sabia que não sairia mais daquele hospital com vida.

Nessa hora difícil, eu precisava de Deus mais do que nunca. Abri a Bíblia e li: “(...) Transformarei o lamento deles em júbilo; eu lhes darei consolo e alegria em vez de tristeza” (Jeremias 31:13). No dia 25, fui pela tarde ao Hospital novamente. Quando cheguei no hospital, sentei ao lado do seu leito, peguei em sua mão, desabei.  Não consegui segurar. Chorei copiosamente. Eu queria orar, mas o que devia pedir? Então clamei: Senhor, salva minha mãe! Tenha misericórdia dela! Senti que a misericórdia do Senhor se estendeu sobre nós. Isso não mudaria minha dor, mas me ajudaria a suportá-la. Mais tarde, li Lamentações 3:22, que diz:  “As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim”.

Minha mãe faleceu na madrugada do dia 25 de junho de 2004, aos 53 anos. Infelizmente, tivemos que dizer adeus à mãe mais forte e maravilhosa que conheci. Não poderia estar mais impressionado por sua força e me sinto um afortunado por tê-la como minha mãe. Foi uma grande tristeza para mim, para meus irmãos, para sua mãe (que faleceu meses depois), seus irmãos e amigos. Ao longo do ano fartei-me de chorar. Eu havia vivido o ano mais triste e difícil da minha vida. E durante esse tempo Deus usou os profetas do Antigo Testamento para trazer-me conforto. Tenho a esperança bíblica de que um dia nos encontraremos, não muito longe, no Novo Céu e na Nova Terra. Caminharemos pelas ruas de ouro da Santa Cidade que Deus preparou para aqueles que O amam (Ap 21). Estaremos juntos por toda eternidade sem fim com o nosso compassivo Salvador Jesus e todos os remidos do Senhor.

Esta separação que nos causa tanta dor não será eterna. Quando nosso querido Jesus voltar em glória e Majestade poderemos reencontrar todos os nossos queridos que morreram em Cristo, se crermos em Jesus. Esta ESPERANÇA está baseada sobre um sólido e indestrutível fundamento... Sim, ela se baseia na realidade de um Cristo vivo (I Co 15:4). A ressurreição do Senhor é o fundamento de nossa esperança (I Ped. 1:3; I Co 15:12-19). Assim como Deus, o Pai, trouxe Jesus, nosso Salvador, dentre os mortos na manhã de Sua ressurreição no jardim, fora dos muros de Jerusalém, assim com Ele também trará nossos queridos mortos à vida novamente, quando voltar a segunda vez. Ela também está fundamentada no prometido e esperado retorno do Senhor à Terra (I Tes. 1:10; Atos. 1:10, 11).

Haverá, então, uma feliz e eterna reunião! Viveremos por toda a eternidade sem fim com todos os remidos de todos os tempos. No Mundo do Amanhã que Deus trará para todos os que crerem nele não haverá mais morte. Ele nos promete: “Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas." (Ap 21:4).

Fotos de minha mãe: