Teologia

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

SÁBADOS, FESTAS E LUA NOVA


 Jacques B. Doukhan

Devem os cristãos hoje observar os festivais judaicos? Que relação têm eles com o descanso do sétimo dia semanal?

Que significado têm para os cristãos de hoje os festivais do Antigo Testamento? Como deve a teologia adventista, que reconhece a validade do sábado, ver as festas levíticas?

Recentemente, argumentos favoráveis e contrários à observância daquelas festas têm sido apresentados em muitas igrejas. Portanto, o assunto deve ser abordado. Este artigo se propõe desenvolvê-lo em duas partes, A primeira examinará cinco argumentos geralmente empregados sobre a observância das festas: O valor pedagógico de sua interpretação tipológica, o proveito de lembrar a ligação histórica entre as festas de Israel e a proclamação cristã, o relacionamento entre as festas e o sábado, a relação entre festa da Lua Nova com o sábado, e o potencial para melhor relacionamento entre judeus e cristãos.

No trato de cada questão, a proposta é examinar os problemas levantados pela observância cristã das festas e discutir os argumentos opostos a tal prática. A segunda parte do artigo sugerirá direções a ser tomadas, com algumas aplicações práticas, para a vida da igreja.

Instrumento de ensino

Os festivais bíblicos estavam intimamente ligados ao sistema sacrifical. Os sacrifícios não eram simples rituais ou expressões culturais de fé; eram fundamentais para o significado dos festivais. Por exemplo, a festa da Páscoa tinha no cordeiro seu significado fundamental e razão de ser (Gn 12:3-10), não vice-versa. A Páscoa foi especificamente designada como lembrança do sacrifício do cordeiro oferecido no evento do Êxodo: a passagem de Deus pelo sangue do dilacerado animal, garantindo assim redenção (Êx 12:13). Essa ligação é tão forte que atualmente a Páscoa é identificada com o próprio cordeiro (2Cr 30:15).

Não somente a Páscoa, mas também todos os outros festivais giravam em torno dos sacrifícios em ligação com a expiação. Os textos bíblicos que tratam das festas estipulam o sacrifício de um bode como oferta pelo pecado, oferecida para fazer expiação em favor do povo (Nm 28:15,22,30; 29:5,11,28). No Novo Testamento, os sacrifícios apontam para a vinda e função de Cristo Jesus, identificado como Cordeiro pascal (Jo 1:36; cf. 1Co 5:7), e todo o sistema sacrifical é visto como sombra de “coisas futuras’ (Hb 10:1; cf. Cl 2:16,17). Os sacrifícios transmitem uma mensagem profética sobre o processo da salvação: Deus viria e Se ofereceria em sacrifício para expiar o pecado e redimir a humanidade.

O efeito do sacrifício de Cristo é definitivo e perpétuo. Nesse sentido temos que compreender a frase “estatuto perpétuo por vossas gerações” (Lv 23:14). Ela não significa perpétua estipulação, senão isso significaria que ainda temos de fazer todos os sacrifícios. Na verdade, a mesma frase também é usada para os sacrifícios (Lv 3:17) e todos os outros rituais associados com o tabernáculo: ablu-ções (Êx 30:21), vestes sacerdotais (Êx 28:43), lâmpadas (Êx 27:20, 21) e assim por diante.

Em outras palavras, o uso da expressão “perpétuo” não significa obrigação perpétua, mas deve ser compreendida dentro do contexto do templo, isto é, enquanto o templo permanecesse. Agora que os sacrifícios já não são necessários, por causa da ausência do templo e porque a profecia neles contida foi cumprida em Cristo, esses sacrifícios e os rituais a eles relacionados já não são obrigatórios. O tipo encontrou o Antítipo. Realizar sacrifícios com a ideia de que são compulsórios para nossa salvação torna irrelevante o Antítipo, o Messias.

A mesma expressão “perpétuo” é usada para o concerto da circuncisão (Gn 17:13). Acaso, significa que a circuncisão continua válida? Se esse fosse o caso, estaria em contradição com a recomendação dos apóstolos em Atos 15. Essas observações nos ajudam a compreender por que a expressão “perpétuo”, relacionada às festas bíblicas, não apoia a ideia de requerimento eterno.

Mas é precisamente essa função tipológica/profética das festas que inspira os que apoiam a observância delas. Eles argumentam que a observância das festas ajudará os cristãos a obter maior e mais rica compreensão do plano da salvação. O profundo significado das festas já foi atestado no Novo Testamento; elas não somente comemoravam eventos passados de salvação, especialmente a saída do Egito e os milagres do Êxodo, mas também apontavam à salvação cósmica e escatológica.

Na verdade, é significativo que Jesus tenha morrido e ressuscitado durante o tempo da Páscoa, que Ele não apenas celebrava comemorando o Êxodo, mas também investido com o significado aplicado a Si mesmo (Mt 26:17-30). É também significativo o derramamento do Espírito, associado com a proclamação do evangelho às nações, durante o Pentecostes, tempo da colheita. Basicamente, as festas da primavera apontavam para o primeiro passo da salvação: a primeira vinda de Cristo, Sua morte, ressurreição e entronização à destra do Pai, e a expansão universal do concerto através da proclamação global do evangelho.

As festas do inverno apontavam para o segundo passo da salvação: o juízo no Céu e a proclamação das três mensagens angélicas sobre a Terra, preparando para a salvação cósmica e a segunda vinda de Cristo (Ap 14:6-13). Como Richard Davidson afirma: “As primeiras e as últimas festas do calendário cúltico de Israel parecem ligar a inauguração e a consumação da história da salvação de Israel, respectivamente”.1 A progressão das festas no calendário anual, seguindo a progressão do plano histórico da salvação, tem sido usada como argumento em favor da adoção desses festivais como parte de nossa vida religiosa. Mas, a função pedagógica das festas não implica que elas sejam leis divinas para ser perpetuamente observadas.

Entretanto, permanece o principal problema: Devem aquelas festas ser observadas pelos cristãos hoje?

Ligação histórica

Uma função das festas era sua aplicação à vida de Israel em Canaã. Quando o templo foi destruído e os judeus foram exilados, eles foram obrigados a criar e desenvolver novas tradições para observância das festas, adaptadas à situação do exílio, isto é, sem o templo e sem os sacrifícios. O fato de que Jesus e Seus discípulos também observaram os festivais e, depois, os primeiros cristãos (judeus cristãos), mesmo sem sacrifícios, sugere que não é inconcebível para os cristãos celebrarem tais festivais.

Todavia, esse exemplo não pode ser usado como argumento para justificar a celebração cristã dessas festas desde que Jesus e os cristãos primitivos se abstiveram não apenas das festas judaicas, mas também de outras práticas culturais e cerimoniais que não foram adotadas pelos cristãos gentios, conforme Atos 15. Ademais, os cristãos, especialmente os adventistas do sétimo dia, não têm uma tradição histórica de festivais mostrando como celebrá-los. Como, então, o fariam? Em que bases justificariam isso? A ideia de observar as festas tropeça no fato de que o sistema bíblico requeria oferecimento de sacrifícios no templo (Dt 16:5).

Sem apoio de tradição histórica e cultural, a observância de festivais levíticos está destinada a causar tensões e dissensões na igreja. Além disso, considerando que não existe nenhuma lei bíblica indicando como elas deviam ser observadas fora do templo, não há como produzir leis a esse respeito. Ángel Rodriguez adverte: “Aqueles que promovem a observância de festivais têm de criar sua própria maneira de celebrá-los e, nesse processo, criar tradições humanas que não estão baseadas na explícita expressão da vontade de Deus”.2

Sábado e festas

A observância das festas pode também afetar nossa teologia do sábado. A Bíblia explica claramente a principal diferença entre as duas coisas. Os festivais não são como o sábado semanal. O sábado, como sinal, nos lembra a criação do Universo, sendo, portanto, eterno em sua relevância. Deus estabeleceu o sábado no fim da semana da criação, quando ainda não havia pecado na Terra e, consequentemente, nem sacrifícios nem festas. Diferente dos festivais, o sábado é parte dos dez mandamentos e foi dado a toda humanidade. De fato, sua origem antedata a entrega da Torá a Israel no Sinai (Êx 16:23-28).

“Realizar sacrifícios com a ideia de que são compulsórios para a salvação torna irrelevante o Messias”

Além disso, Levítico 23:3, 4, que registra os festivais junto com o sábado, sugere que existe uma diferença essencial entre as duas categorias de dias santos. Ali, o sábado é mencionado no início da lista. Então, os outros dias são relacionados sob a designação: “São estas as festas fixas do Senhor” (v. 4), sugerindo que o sábado pertence à outra categoria diferente de “festas”. Embora o sábado também implicasse sacrifícios (Nm 28:9, 10), é significativo que a indicação de oferta pelo pecado, que sempre aparece relacionada aos festivais, esteja ausente na referência ao sábado. Essa clara distinção indica que a função dos sacrifícios no contexto do sábado é essencialmente diferente da função no contexto dos festivais.

O sábado difere não apenas de qualquer outro dia da semana, mas também de qualquer dia de festa. É digno de nota que essa diferença, e até a superioridade do sábado em relação aos festivais, é sistematicamente indicada na leitura litúrgica da Torá. No sábado, há mais participação nessa leitura do que em qualquer dia de festa. Igualar o sábado aos festivais é fundamentalmente errado e afeta o verdadeiro significado desse dia, finalmente comprometendo seu caráter obrigatório.

A compreensão de que o sábado difere dos festivais, e é mais importante que eles, nos ajuda a compreender a natureza da ligação entre os dois mandatos. O fato de que Levítico 23 os relaciona juntos, embora destacando a diferença entre eles, sugere que o sábado é a coroa, o clímax dos festivais. Paradoxalmente, essa ligação especial contém uma lição sobre o valor relativo dos festivais e o valor absoluto do sábado. Em vez de levar à promoção da observância dos festivais, o estudo deles deve nos levar à maior compreensão, apreciação e experiência do sábado. Pois o sábado “é o fundamento de todo tempo sagrado”,3 e assim contém e cumpre todos os valores e verdades sugeridos pelos festivais.

Sábado e Lua Nova

Entre as festas, a da Lua Nova ocupa apenas lugar secundário. Diferente de outros dias santos da Bíblia, essa festa nunca é qualificada como dia sagrado em que todo o trabalho era proibido.4 No período do primeiro templo, era relegada à condição de “semifesta”, e sua observância desapareceu totalmente durante o período do segundo templo. Assim, na metade do quarto século, quando os sábios tinham estabelecido um calendário permanente, a proclamação do dia da Lua Nova foi descontinuada.5 A tradição judaica geralmente designa um papel “menor” para essa festa.6

Portanto, é surpreendente que a festa da Lua Nova tenha recebido renovada atenção ultimamente, por parte de alguns religiosos. Uma justificativa para isso é Isaías 66:23: “E será que, de uma Festa da Lua Nova à outra e de um sábado a outro, virá toda a carne a adorar perante Mim, diz o Senhor”. Esse texto é usado para sugerir que a festa da Lua Nova será observada no Céu juntamente com o sábado. Mas, o texto em si não fala tanto da observância dos dois dias. Ele enfatiza a continuidade da adoração, uma característica da Nova Terra. Com esse propósito, o autor bíblico se refere a duas extremidades de tempo: “de uma… à outra”; “de um… a outro”. O que esse texto realmente diz é que a adoração continuará como uma atividade da eternidade – “de uma Lua Nova à outra”; “de um sábado a outro”, como se dissesse: de mês a mês, de semana a semana.

Uma segunda razão atualmente oferecida para a observância da Lua Nova é que a lua determina o dia de sábado. Com base em textos como Gênesis 1:14 e Salmo 104:19, os defensores dessa ideia argumentam que o sábado semanal estava originalmente ligado ao ciclo lunar. Realmente, esses dois textos relacionam à lua às estações (mo’adim). Desde que Levítico 23 inclui o sábado na categoria de mo’adim (estações, convocações; v. 2), e desde que a lua regula as estações (Gn 1:14), alguns concluem que ela também governa o sábado. Mas esse argumento suscita alguns problemas, incluindo os seguintes:

“O sábado contém e cumpre todos os valores e verdades sugeridos pelos festivais”

♦ O significado da palavra hebraica mo’adim. Ela se relaciona ao verbo y’d (Êx 30:36; 2Sm 20:5) cujo significado é “designar” um tempo ou lugar (2Sm 20:5; Jr 47:7). Então, mo’adim se refere a “designação”, “reunião”, “convocação” no tempo ou espaço. Agora, nem todas as convocações (mo’adim) são reguladas pela lua. Quando Jeremias (8:7) usa esse termo para se referir aos tempos de migração da cegonha e outros pássaros migratórios, ele não implica que a migração da cegonha seja governada pela lua, uma vez que ela volta regularmente à Palestina em toda primavera. Mo’adim simplesmente se refere a um tempo específico ou lugar designado por seres humanos (1Sm 20:35) ou por Deus (Gn 18:14), podendo ser semanal (1Sm 13:8), mensal e anualmente (Gn 17:21), ou mesmo profeticamente (Dn 12:7). Assim, não depende necessariamente da lua.

♦ A ideia de que o sábado depende da lua nova foi originalmente copiada da pressuposição histórico-crítica da influência de Babilônia sobre a Bíblia. De acordo com essa visão, o sábado foi originalmente tomado ou do costume babilônico sobre os dias lunares, dias proibidos associados às fases lunares, caindo nos dias 7,14, 19, 21 e 28 do mês, ou do dia mensal de lua cheia (shab/pattu). Mas esse argumento não tem apoio na Escritura e já não é levado a sério pelos eruditos bíblicos.7

♦ A ideia de dependência do sábado da lua – colocando-o em qualquer dia da semana, dependendo do movimento desse satélite – contraria o testemunho da História. Primeiramente, contraria o testemunho dos judeus. Milhões deles têm guardado o sábado por milhares de anos, e essa prática nunca foi mudada nem perdida quer pelo calendário juliano, quer pelo gregoriano. A mudança apenas afetou o número de dias e não os dias da semana.8 Os judeus ainda guardam o mesmo sábado do sétimo dia, dado na criação, o mesmo dia ordenado no Sinai e observado por Jesus e os apóstolos, ou seja, nosso sábado. Essa é uma ideia baseada na especulação humana, assim como a tradição humana substituiu o sábado pelo domingo.

♦ O argumento de que o dia da crucifixão de Jesus foi a Páscoa, ou seja, o 14° dia da lua nova (Êx 12:6) e, ao mesmo tempo, dia de sábado, não pode ser usado para apoiar a ideia de que o sábado depende da lua. De acordo com o testemunho dos evangelhos, Jesus foi crucificado no “dia da preparação” (sexta-feira) e não no sábado.

♦ O fato de que a função da lua começou no quarto dia da semana da criação (Gn 1:14-19) torna impossível identificar o sábado, estabelecido três dias depois, como um dia de lua.

Relacionamento judeu-cristão

A prática cristã dos festivais pode ser contraproducente para o relacionamento judeu-cristão. Os cristãos observadores dessas festas adotam tradições que imitam os judeus na observância dos festivais, tendem a fazer isso no contexto da liturgia da igreja, envolvendo toda a comunidade, como um evento público. Desnecessário é dizer que essa adaptação é ofensiva aos judeus que, tradicionalmente, sempre celebraram as festas no lar, no círculo íntimo da família. Portanto, a reprodução cristã pode se tornar uma caricatura ou errônea interpretação; na melhor das hipóteses, uma pálida imitação do original. Em lugar de ser meio para alcançar judeus, as adaptações cristãs dos seus festivais podem afastá-los.

Por outro lado, a observância dos festivais pode aproximar os cristãos dos judeus, cujas tradições os primeiros têm sido ensinados a desprezar. Na verdade, o antissemitismo foi a principal motivação para o repúdio não apenas do sábado, mas também das festas. Aparentemente, pela observância dos festivais, os cristãos estariam fazendo não apenas uma declaração contra as vozes antissemíticas, mas também, ao mesmo tempo, produzindo uma forma de contextualização para alcançar os judeus. Todavia, a situação não é tão simples. A observância dos festivais encontra sérios problemas teológicos, culturais, éticos e práticos, diante dos quais devemos agir com reservas e bastante cuidado. (Continua)

 

Referências:

 

1. Richard M. Davidson, Symposium on Revelation-Book 1 (Silver Spring, MD: Biblical Research Institute, 1992), v. 6, p. 120.

2. Ángel M. Rodriguez, Israelite Festivais and the Christian Church (Silver Spring, MD: Biblical Research Institute, 2005), p. 9.

3. Roy E. Gane, Shabbat Shalom 50, n° 1 (2003), p. 28.

4. Ibid., p. 414.

5. The Oxford Dictionary of Jewish Religion (Oxford: Oxford University Press, 1997), p. 591.

6. Irving Greenberg, The Jewish Way (Nova York: Simon & Schuster, 1993), p. 411.

7. Gerhard Hasel, The Sabbath in Scripture and History (Washington, DC: Review and Herald, 1982), p. 21, 45.

8. http://en.wikipedia.org/wiki/gregorian_ calendar (acessado em 30/03/2009).

 

FONTE: Revista Ministério Jul-Ago 2010

DINOSSAUROS


 Raúl Esperante

Oferecem a Bíblia e os escritos de Ellen G. White alguma base para a crença na existência desses estranhos animais?

Anos atrás, depois de terminar uma palestra para universitários e profissionais liberais, fui abordado por um pastor. Ele me pediu que tentasse convencer a esposa dele sobre a existência dos dinossauros. Ela era professora e se recusava a ensinar os alunos sobre esse tema. Compreendi que atrás daquela negativa havia uma luta para compreender o mistério que deixa perplexas algumas pessoas e fascina outras: Como explicar a passada existência (e extinção) dos dinossauros, num contexto bíblico? A negação da existência dos dinossauros tem se tornado mais difundida do que gostaríamos de admitir, mesmo considerando nossa sociedade científica com pesquisas altamente avançadas em todas as áreas, incluindo geologia e paleontologia. Essas ciências parecem fora de lugar em nossas instituições educacionais e raramente são consideradas por nossos jovens na escolha de sua carreira profissional. Como cristão e paleontólogo, tenho que enfrentar diariamente a noção de uma evolução biológica envolvendo milhões de anos e posso compreender que algumas pessoas temem ser envolvidas por uma filosofia contraditória às Escrituras.

Entretanto, é possível estudar fósseis, rochas e evolução, sem renunciar à fé. Nossa apreciação da beleza e do mistério da criação da Terra e sua história subsequente depende em grande parte de como e o que professores e pastores estão ensinando nas igrejas e escolas.

No museu e na TV

Se você já visitou um museu de história natural, provavelmente viu grandes esqueletos de dinossauros. Também pode ter visto reproduções animadas em que, no caso de documentários da televisão, eles parecem vivos e reais. Ao assistir a tais animações, o espectador deve considerar alguns detalhes. Primeiramente, devemos aceitar que os dinossauros existiram por um período de tempo na Terra e que, em certos lugares, eles pareciam numerosos. Paleontólogos têm encontrado evidências de sua existência em todos os continentes, incluindo Antártica. Essas evidências incluem ossos, ovos, tocas e pegadas. Rastros e pegadas são abundantes e não podem ser associados a nenhuma outra criatura fora do que conhecemos como dinossauros.

Em segundo lugar, devemos saber que os esqueletos encontrados em museus não são tipicamente reais, mas réplicas. Os ossos originais são muito valiosos e delicados para ser expostos ao público; portanto, são armazenados em lugares mais seguros. Além disso, os esqueletos dos museus são ajuntamentos de réplicas de ossos de várias espécies oriundas de lugares distantes. Os paleontólogos são capazes de compor a arquitetura do corpo dos dinossauros, embora não possam ter todos os elementos da mesma criatura. Assim, as réplicas encontradas nos museus são razoavelmente confiáveis. Entretanto, animações vistas na TV são mais especulativas, especialmente no que tange à cor, fisiologia, comportamento e assim por diante.

Desaparecimento

Na coluna geológica, vestígios de dinossauros aparecem em camadas de rochas que os paleontólogos chamam de Triássico, Jurássico e Cretáceo. Essas camadas sedimentadas, amontoadas uma sobre a outra, mostram características específicas, incluindo as de certas espécies fósseis como moluscos, répteis, peixes, dinossauros e organismos microscópicos (diatomácea, algas) que habitaram os oceanos. Alguns paleontólogos creem que os dinossauros, bem como outros grupos de animais e plantas, desapareceram subitamente em consequência do impacto de um meteorito gigante 65 milhões de anos atrás. Outros duvidam disso, por várias razões.

Muitos cientistas criacionistas acreditam que os dinossauros desapareceram junto com outras espécies, durante o dilúvio universal descrito em Gênesis. Esse cenário poderia incluir atividade de um meteorito resultando em tsunamis, atividade vulcânica e emissão de dióxido de carbono, sulfeto e outros elementos químicos prejudiciais a plantas e animais. Portanto, a ideia de um meteorito impactando a Terra não é necessariamente incompatível com o modelo bíblico do dilúvio.

Apesar da falta de consenso entre os cientistas sobre a causa do desaparecimento dos dinossauros, a mídia e a imprensa pseudocientífica decidiram que a teoria do impacto do meteoro é a única explicação válida. Isso está longe da realidade. Os dinossauros desapareceram, mas não sabemos exatamente quando nem por quê. Entretanto, a possibilidade de sua extinção durante o dilúvio do Gênesis (com ou sem impacto) pode ser vista como hipótese científica plausível e merece consideração.

Na Bíblia

O relato da criação em Gênesis 1 fala de um Deus que criou vida marinha bem como pássaros no quinto dia; e o restante dos animais, no sexto dia. Embora os répteis sejam citados, os dinossauros não são mencionados, o que não deve nos surpreender; afinal, nos dias de Moisés, a palavra “dinossauro” não existia, nem ele estava obrigado a mencioná-los. Ele também não mencionou outros grupos de animais como, por exemplo, besouros, tubarões, estrelas-do-mar.

O fato de a Bíblia não citar os dinossauros pelo nome não prova que Deus não os tivesse criado; muito menos a estranha aparência deles. Hoje existem muitos animais tão estranhos como os dinossauros - observe o ornitorrinco e o canguru – que não atraem muito a atenção. Algumas pessoas creem que os dinossauros surgiram como resultado da maldição depois do pecado de Adão e Eva, mas a Bíblia não emite luz sobre isso, nem identifica explicitamente os animais que mudaram como resultado do pecado nem qual foi o tipo de mudança.

Muitos cientistas criacionistas acreditam que os dinossauros desapareceram durante ou logo após o dilúvio. Mas, a Bíblia também não nos dá indícios sobre o destino deles. Por causa desse silêncio bíblico, o fato de que os dinossauros desapareceram durante uma catástrofe mundial conhecida como dilúvio é uma hipótese que deve ser considerada através de pesquisa científica. A comprovação de tal hipótese deve ser feita através de dados geológicos e paleontológicos, não por forçar a Bíblia a dizer o que ela não diz.

Finalmente, há quem pense que os dinossauros sobreviveram ao dilúvio, mas logo desapareceram por não se terem adaptado ao novo ambiente. Essa é outra possibilidade, pois havia dinossauros na arca e, talvez, tenham desaparecido durante a colonização pós-diluviana. A Bíblia menciona duas estranhas criaturas: beemote (Jó 40:15-18) e leviatã (Jó 41:1), que alguns interpretam como possíveis exemplos dos dinossauros pós-diluvianos. Entretanto, a maioria dos eruditos não aceita essa explicação, e esses termos são geralmente traduzidos respectivamente como hipopótamo e crocodilo. Não estão relacionados aos dinossauros.

Ellen White

O termo dinossauro foi usado pela primeira vez em 1842, pelo zoólogo inglês Richard Owen, para nomear um grupo de fósseis répteis então descobertos. O uso do termo se expandiu enquanto novas descobertas aconteciam na Europa e América do Norte. No tempo em que Ellen White escreveu suas primeiras declarações sobre criação, dilúvio, ciência e fé (1864), o termo dinossauro já era comum nos livros e revistas. Entretanto, ela nunca usou esse termo nem qualquer outra palavra similar para se referir a esses répteis extintos.

Numa breve declaração, em 1864, ela escreveu: “Todas as espécies de animais que Deus criou foram preservadas na arca. As espécies confusas que Ele não criou, e que foram resultado de amálgama, foram destruídas no dilúvio”.1 Essa é uma declaração favorita entre alguns adventistas para os quais ela explica os organismos extintos, incluindo dinossauros, bem como fósseis com características intermediárias, também conhecidos como fósseis em transição, ou seja, aqueles que, de acordo com a teoria da evolução, mostram mistura de características entre dois grupos de animais ou plantas considerados consecutivos no tempo. Exemplo disso são os répteis parecidos com mamíferos, considerados um degrau intermediário na evolução.

Muitas pessoas leem nessas palavras o que nós conhecemos como engenharia genética, indicando que, nos tempos antediluvianos as pessoas praticavam acasalamento híbrido, resultando em estranhas formas biológicas.

Entretanto, essa interpretação apresenta problemas. O primeiro é a dificuldade para definir o que Ellen White quis dizer com “amálgama”. Estudos mais profundos sobre a declaração não têm dado uma resposta definitiva, e concluímos que ainda não sabemos exatamente o significado desse termo.

Um segundo problema é a aplicação de “amálgama” a casos reais no registro fóssil. Se “amálgama” significa “híbrido”, como poderíamos reconhecer esse fenômeno entre os fósseis ou entre animais e plantas dos nossos dias? Como poderíamos determinar que espécies eram híbridas antes do dilúvio, se elas realmente já existiam? Alguns respondem a essa pergunta dizendo que as espécies híbridas não sobreviveram ao dilúvio, precisamente porque Deus não quis. Mas, esse raciocínio é um círculo vicioso falho porque o critério que usamos para diferenciar os híbridos (extinção) é o mesmo que usamos para definir o que gostaríamos de diferenciar (híbridos). Em outras palavras, amalgamação explica seu próprio desaparecimento, e seu desaparecimento define o que são eles.

Ellen White continua dizendo que “desde o dilúvio tem havido amalgamação de homens e bestas, como pode ser visto em variedades quase infindáveis de espécies de animais”.2 Em primeiro lugar, é importante enfatizar que ela diz “amalgamação de”; não diz “amalgamação entre” como alguns interpretam. Em segundo lugar, se amalgamação significa formas intermediárias, híbridas ou criaturas estranhamente formadas, qual é o critério para reconhecê-las? Se essas foram formadas depois do dilúvio, provavelmente se tornaram fósseis, e outras teriam sobrevivido até agora. Como podemos diferenciá-las entre si e de outros organismos vivos que não são híbridos? Ellen White não dá indícios sobre isso.

No mesmo texto, ela estabelece que lhe foi mostrado “que animais muito grandes e poderosos existiram antes do dilúvio, e não mais existem agora”.3 E também disse em outro texto que “houve uma classe de animais que pereceram no dilúvio. Deus sabia que a força do homem diminuiria e esses mamutes não poderiam ser controlados por homens fracos”.4

Entre outras, essa declaração a respeito da vida antes do dilúvio sugere que a profetiza estava se referindo à existência de uma ampla variedade de animais que não sobreviveram na arca. Entretanto, não estamos seguros quanto ao significado da declaração; não sabemos o que eram esses “animais muito grandes e poderosos”. Porém, suas palavras não estão longe da descrição científica dos dinossauros. Falando biologicamente, eles são um tanto confusos, não apenas porque alguns são gigantes, mas também partes do seu corpo (pernas, pescoço, cauda, cérebro) são, em alguns casos, desproporcionais.

A verdade é que muitas pessoas têm lutado para encontrar declarações de Ellen White apoiando a ideia de que os dinossauros não foram criados por Deus, mas resultaram de amálgama antes do dilúvio, sendo, portanto, condenados ao desaparecimento na catástrofe universal. Essa pode ser uma possibilidade, mas, depois de minucioso estudo de seus escritos, não encontramos apoio inequívoco para essa conclusão.

A Escritura não menciona a existência de dinossauros, pelo menos como nós os compreendemos, nem antes nem depois do dilúvio. Ellen White também não os menciona, e não estamos absolutamente seguros quanto ao significado de sua afirmação referente a “animais muito grandes”. Porém, isso não representa evidência de que eles não existiram. Ao contrário, as evidências disso são claras: ossos, dentes, ovos, pegadas e impressões. Mas, em algum ponto da história, eles desapareceram. Sua origem e seu desaparecimento estão envolvidos num mistério que requer cuidadoso e rigoroso estudo. E isso não compromete nossa fé nos ensinamentos bíblicos.

 

Referências:

1. Ellen G. White, Spiritual Gifts (Battle Creek, MI: SDA Publishing, 1864), v. 3, p. 75.

2. Ibid., p. 35.

3. Ibid., p. 92.

4. Ibid., v. 4, p. 121.

 

FONTE: Artigo publicado originalmente na Revista Ministério Jul-Ago 2010.

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

O INCOMPARÁVEL CRISTO


 A ênfase cristocêntrica do ministério de Ellen White

Peter van Bemmelen*

Após a Assembleia de 1888, realizada em Mineápolis (EUA), perguntaram a Ellen White o que ela achava da nova luz que Ellet J. Waggoner e Alonzo T. Jones haviam apresentado. Ela respondeu: “Ora, tenho apresentado isso a vocês nos últimos 45 anos – os encantos incomparáveis de Cristo. É isso que tenho tentado apresentar à sua mente” (Ellen G. White, Sermons and Talks, v. 1 [Ellen G. White Estate, 1990], p. 116). O que ela quis dizer com “os encantos incomparáveis de Cristo”? Há alguma evidência de que a autora tenha apresentado o assunto anteriormente?

O primeiro uso que Ellen White fez da expressão “encantos incomparáveis”, referindo-se a Cristo, aparece em um testemunho de 1857. Ela escreveu: “Se Cristo for em nós a ‘esperança da glória’ (Cl 1:27), Nele descobriremos tão incomparáveis atrativos, que o coração ficará enamorado, apegando-se a Ele. Preferiremos amá-Lo e, cheios de admiração por Ele, esqueceremos o próprio eu. Jesus será magnificado e adorado, e o eu rebaixado e humilhado” (Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2021], v. 1, p. 149). Ela usou uma expressão similar, “as profundidades incomparáveis do amor de um Salvador”, várias vezes em seus primeiros escritos.

Em 1852, ela escreveu sobre a felicidade das crianças na nova Terra: “Olharão para o amado Salvador que Se entregou por eles e, com admiração e amor por Aquele que está sorrindo para eles, erguerão a voz e cantarão para Seu louvor e Sua glória, enquanto sentem e percebem a profundidade incomparável do amor do Salvador” (The Youth’s Instructor, outubro de 1852). Em outro artigo, ela descreveu o sacrifício de Cristo para a salvação deles. “Ele morreu para que pudéssemos viver. Que sacrifício foi esse! A língua de um anjo não pode descrever as ‘profundezas incomparáveis do amor do Salvador’” (Review and Herald, 25 de julho de 1854). É interessante que essas primeiras expressões foram todas destinadas aos jovens.

Entre 1858 e 1864, Ellen White escreveu quatro livros intitulados Dons Espirituais, contendo a versão mais antiga do tema do grande conflito. Embora as expressões apareçam com pouca frequência nesses escritos, elas destacam o enfoque cristocêntrico da sua obra. Por exemplo, encontramos essas palavras de admiração: “Deponho a caneta e exclamo: ‘Ah, que amor! Que amor maravilhoso!’ A linguagem mais elevada não consegue descrever a glória do Céu nem as profundidades incomparáveis do amor do Salvador” (Primeiros Escritos [CPB, 2022], p. 265).

Uma das descrições mais impressionantes da pioneira sobre os sofrimentos e a morte expiatória de Cristo foi publicada pela primeira vez em 1869 (Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2021], v. 2, p. 170-181). Ninguém que leia cuidadosamente esse capítulo pode pensar que a ênfase de Ellen White na cruz de Cristo só veio à tona na última parte de seu ministério. Observe essa passagem: “As cenas do Calvário requerem a mais profunda emoção. A esse respeito, vocês estarão desculpados se manifestarem entusiasmo. Que Cristo, tão excelente, tão inocente, devesse sofrer tão dolorosa morte, suportando o peso dos pecados do mundo, jamais poderão nossos pensamentos e imaginação compreender plenamente. Não conseguimos sondar o comprimento, a largura, a altura e a profundidade de tão assombroso amor. A contemplação das incomparáveis profundidades do amor do Salvador deve encher a mente, tocar e sensibilizar o coração, refinar e enobrecer as afeições, transformando inteiramente todo o caráter” (p. 179).

Destaque contínuo

Devido à ênfase dada na Assembleia de 1888, seu enfoque cristocêntrico nas décadas anteriores foi muitas vezes ignorado ou subestimado. Considere os seguintes exemplos. Em 1869, ela expressou: “Vemos beleza, amabilidade e glória em Jesus. Contemplamos Nele encantos incomparáveis” (Review and Herald, 19 de abril de 1870). Cerca de um ano depois, Ellen White acrescentou: “Recomendo-lhes Jesus, meu bendito Salvador. Eu O adoro. Eu O exalto. […] Se eu pudesse me apresentar perante o Universo reunido e louvar Seus encantos incomparáveis!” (Review and Herald, 31 de maio de 1870). Em um testemunho sincero aos ministros, ela também enfatizou: “Eles devem ter em mente o valor dos seres humanos e as incomparáveis grandezas do amor do Salvador” (Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2021], v. 2, p. 411).

Em 1876, Ellen White publicou uma série de artigos sobre o início da sua vida e experiência cristã, bem como dos seus labores. Ao descrever seus oponentes pós-desapontamento de 1844, ela observou: “Aqueles que tinham pouco interesse na salvação das pessoas não conseguiam compreender o amor de Deus em meu íntimo, o que motivava meu desejo de ajudar os que estavam nas trevas a encontrar a mesma luz que iluminava meu caminho” (Signs of the Times, 11 de maio de 1876). Em seguida, ela fez essa importante observação: “Se eles também pudessem ter visto o que me foi revelado sobre o incomparável amor de Deus pelos seres humanos, manifestado ao dar Seu único Filho para morrer por eles, não teriam duvidado da minha sinceridade” (Signs of the Times, 11 de maio de 1876).

A morte do esposo, Tiago, em agosto de 1881, trouxe-lhe tristeza e solidão, mas também intensificou nela o desejo de confiar mais plenamente em Cristo e de testemunhar Dele para cristãos e incrédulos. No funeral, ela falou sobre a ressurreição, dizendo: “Aguardo aquela manhã em que os laços familiares rompidos serão reunidos novamente, e veremos o Rei em Sua beleza, contemplaremos Seus encantos incomparáveis, lançaremos nossas coroas reluzentes a Seus pés, tocaremos a harpa de ouro e encheremos todo o Céu com as melodias de nossa música e nossos cânticos para o ­Cordeiro. Lá, cantaremos juntos. Triunfaremos ao redor do grande trono branco” (In Memoriam: A Sketch of the Last Sickness and Death of Elder James White [Review and Herald, 1881], p. 43).

Ellen White passou dois anos na Europa, de 1885 a 1887. Seus sermões contêm frequentes apelos aos inigualáveis encantos de Cristo. Por exemplo, pregando em Grimsby, na Inglaterra, ela insistiu na importância do estudo da Bíblia: “Quero que leiam a Bíblia e vejam os encantos incomparáveis de Jesus. Quero que se apaixonem pelo Homem do Calvário, para que a cada passo possam dizer ao mundo: ‘Os Seus caminhos são agradáveis, e todas as Suas veredas são paz’ (Pv 3:17)” (Manuscript 80, 1886). Cerca de um mês depois, em Nimes, na França, ela levantou a pergunta: “Não trabalharemos para o Mestre?” E, respondendo, ela exortou: “Devemos utilizar o melhor do nosso intelecto no trabalho para o Mestre. Devemos revelar ao mundo Cristo e Seus encantos incomparáveis” (Manuscript 39, 1886).

Conclusão

Do começo ao fim, os escritos de Ellen White foram centrados em Cristo. Ela apresentou continuamente o incomparável amor de Deus manifestado na encarnação, no ministério, no sofrimento, na morte expiatória de Cristo e na indescritível dádiva da Sua justiça para os pecadores que não merecem. Ela exaltou seu Salvador como Aquele que é totalmente encantador, o Desejado de todas as eras e nações. Para ela, tudo poderia se resumir na frase “os incomparáveis encantos de Cristo”.

Portanto, a pioneira tinha toda a razão ao dizer, em 1889, que estava apresentando os incomparáveis encantos de Cristo havia 45 anos. E foi o que continuou fazendo por mais um quarto de século. Era seu desejo, expresso em 1870, continuar fazendo isso por toda a eternidade: “Ah, se eu tivesse uma língua imortal para poder louvá-Lo como desejo! Se eu pudesse me apresentar perante o Universo reunido e louvar Seus encantos incomparáveis!” (Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2021], v. 2, p. 483).

 

*PETER VAN BEMMELEN é professor emérito do Seminário Teológico da Universidade Andrews, nos Estados Unidos

 

FONTE: Artigo publicado na edição de julho/2023 da Revista Adventista/Adventist World)