Teologia

sexta-feira, 20 de maio de 2022

SACRAMENTOS DA IGREJA: ESSENCIAIS OU ADIAFÓRICOS? UMA PERSPECTIVA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA


 

Kwabena Donkor*

Tradução: Hugo Martins

O artigo “Sacramentos da Igreja: Essenciais ou Adiafóricos? Uma Perspectiva Adventista do Sétimo Dia” (Original em Inglês: “Sacraments of the Church: Essentials or Adiaphora, a Seventh-day Adventist Perspective”), por Kwabena Donkor, fora publicado, inicialmente, pelo Adventist Biblical Research Institute.  Usado com permissão.

Introdução

O título deste artigo dá uma falsa impressão de certeza sobre o que são os sacramentos da Igreja, presumivelmente, deixando a questão a ser decidida como a da necessidade ou não dos sacramentos. Infelizmente, o que são os verdadeiros sacramentos da Igreja continua sendo uma questão controversa. Por isso, é importante rever algumas discussões históricas, questões que, em sua essência, diziam respeito à natureza dos sacramentos como tal. Felizmente, levar algum tempo para examinar a natureza do sacramento em si não é um desvio desnecessário, pois uma compreensão adequada da natureza dos sacramentos é fundamental para a decisão sobre sua utilidade ou não. Essas considerações preliminares nos fornecem um esboço a ser seguido nesta apresentação. Primeiro, examinaremos os esforços para definir os sacramentos; segundo, exploraremos a conexão entre sacramentos e Igreja. Em cada um desses dois pontos, tentaremos apresentar uma visão geral e dar a perspectiva da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Finalmente, com base na discussão dos dois pontos principais, abordaremos mais especificamente a necessidade ou não dos sacramentos na Igreja.

Definindo Sacramento

O assunto da discussão a seguir são certas práticas sagradas da Igreja Cristã que atraíram considerável debate e reflexão ao longo dos séculos de sua história. A forma como uma comunidade cristã caracteriza formalmente esses ritos já fala à sua compreensão do significado dos ritos.

Sacramento ou Ordenança?

A Visão Católica Romana

 A predominância da língua grega levou os pensadores cristãos, especialmente no Ocidente, a designar as práticas que são objeto desta apresentação com o termo mysterion (mistério em português).1 No Oriente Latino, ao contrário, os teólogos usavam o termo sacramentum, que basicamente se referia a um juramento sagrado de sinceridade ou fidelidade.2 Para os teólogos orientais, o uso do termo captava a essência central dos ritos, como objetos e observâncias solenes sagradas. Enquanto o Ocidente via mistério e “ocultação” nos ritos, o Oriente via obrigação sagrada e solene. É interessante notar que o latim sacramentum também foi usado para traduzir o grego mysterion, no sentido de realidades ocultas, como as encontradas nos ritos sagrados das religiões de mistérios orientais.3

Com o tempo, a ideia dos ritos como uma promessa solene de fidelidade deu lugar ao conceito de mistério. Já em Agostinho, começou a ser introduzida uma distinção entre os próprios ritos e a graça que o Espírito concede nos ritos. Assim, o sacramento passou a ser definido como um sinal externo e visível de uma graça interna e invisível. O aspecto misterioso e invisível dos ritos sagrados é essencial para a definição dos ritos como “sacramentos.” O resultado em definir os ritos (sacramentos) dessa maneira foi abrir um caminho para os teólogos trabalharem a relação entre o sinal externo e a realidade interna.4 Na Idade Média, um elaborado sistema sacramental foi desenvolvido pelo qual o sacramento se tornou um meio de graça. Em outras palavras, foi ensinado que Deus usa o sacramento como meio de concessão da graça. A graça não era mais concebida “como a preciosa presença de Deus, mas como uma realidade distinta de Deus, um poder sobrenatural que Deus infunde na alma.”5 Além disso, a eficácia de tal difusão não dependia nem da condição espiritual do receptor, nem daquele que a administrava. Na medida em que o destinatário não resiste às ações de Deus no sacramento, a graça será infundida pela própria administração dele (ex opere operato [pela obra operada]). Um desenvolvimento relacionado desse sistema de sacramentalismo foi o sacerdotalismo, um sistema pelo qual o clero ordenado da igreja se tornou os instrumentos e canais escolhidos por Deus da graça divina.

O desenvolvimento descrito acima representa a compreensão básica tradicional católica romana dos sacramentos. Nessa visão, toda a vida está envolta em graça; um certo tipo de graça; graça sacramental. Assim é que a Igreja Católica Romana mantém sete sacramentos para fornecer alimento sobrenatural para as fases significativas da vida humana, uma vez que “os sacramentos são as sete bocas nas quais o fluxo da vida divina da graça, que tem sua fonte na cruz do Cristo, esvazia-se no deserto da existência humana.”6 Subjacente ao entendimento católico romano do sacramento está o que Berkouwer chama de “conceito de graça infundida e novamente-a-ser-infundida.”7 No sistema católico romano, a graça sobrenatural infundida no sacramento do batismo é apenas um começo que deve ser continuado no contexto da Igreja. Assim, o sacramento da confirmação aumenta a graça infundida no batismo e a leva à perfeição; o sacramento da extrema-unção infunde graça para as aflições da vida, penitência pelos pecados pós-batismais, ordem para dar ao sacerdote poder de consagração e perdão, matrimônio para a eficácia sobrenatural do matrimônio e eucaristia (também chamada Ceia do Senhor) para dar eficácia a todos os sacramentos.

Para resumir a definição católica romana do sacramento, é formalmente um meio de graça, infundido de forma sobrenatural e autônoma por meio de sinais materiais e visíveis, sob o poder eficiente do Espírito Santo, para fornecer nutrição e renovação sobrenaturais.

A Questão da Instrumentalidade e dos Meios De Graça

Antes de verificarmos as visões protestantes sobre os sacramentos, precisamos enfatizar e esclarecer um ponto fundamental de distinção entre a tradição católica romana e aqueles que adotam uma abordagem diferente. A teologia católica sobre os ritos sagrados é sacramental porque os elementos dos ritos são considerados, instrumentalmente, como na realidade “meios de graça.” Isso significa que os sacramentos são “condutos reais” da graça. Como veremos, enquanto grupos protestantes como luteranos, metodistas e até mesmo presbiterianos tentam fazer com que o efeito do sacramento dependa da fé do receptor, a natureza instrumental do sacramento permanece. Nesse sentido, grupos que compartilham essa visão podem ser classificados como refletindo a teologia sacramental.

A Visão da Reforma

Todos as alas da Reforma se opuseram fundamentalmente ao sacramentalismo da Igreja Católica Romana. Basicamente, os reformadores rejeitaram a afirmação católica romana de que os sacramentos funcionam de forma autônoma, i.e., ex opere operato. Eles sustentavam que um sacramento válido exige fé por parte do participante. Em outras palavras, os sacramentos são incompletos em si mesmos sem a Palavra, fator que para os reformadores restringe o número de sacramentos apenas aos dois expressamente ordenados pelo Senhor (batismo e eucaristia). Além desse acordo básico, os próprios reformadores evidenciaram certo grau de distinções em seus pontos de vista.

Luteranos

Por parte dos luteranos, embora rejeitassem qualquer reivindicação de autonomia para os ritos sagrados, eles continuaram a manter certos aspectos-chave da posição católica romana. Por exemplo, eles mantiveram a natureza formal dos sacramentos como meio instrumental para a infusão da graça. Da mesma forma, os luteranos entendem que o propósito dos sacramentos é “o atestado e a concessão do perdão dos pecados e o fortalecimento da fé neste perdão.”8 Sobre a eficácia dos sacramentos, Lutero manteve-se próximo da posição católica romana, pois enquanto afirmava a necessidade da fé, acreditava que os elementos materiais dos sacramentos tinham neles residindo uma verdadeira virtude objetiva da graça. Sua posição é mais clara sobre a eucaristia. Embora ele não concordasse com a doutrina católica romana da transubstanciação (i.e., os elementos do pão e do vinho sendo transformados substancialmente no corpo e sangue de Cristo), sua doutrina da consubstanciação ainda dotou os elementos com uma virtude residente da graça. A diferença na doutrina de Lutero é que, em vez de uma transformação, há uma mistura do pão e do vinho nele, com e sob o corpo e sangue de Cristo.

Reformados

A visão reformada contrasta com o sacramentalismo das tradições católica romana e luterana no que diz respeito à natureza formal dos sacramentos e sua eficácia. Primeiro, na visão reformada, os sacramentos não são, formalmente, meios de graça que funcionam ex opera operato. A Palavra divina não necessária e inseparavelmente dota o sacramento de uma virtude divina sobrenatural. Em vez disso, os elementos se tornam selos em virtude da graça divina.9 Observe que há uma ‘transformação’ dos elementos que, embora não nos moldes da transubstanciação ou consubstanciação, tornam-se “consagrados.”10 Assim, os sacramentos “são verdadeiramente denominados evidências da graça divina e, por assim dizer, selos da boa vontade que ele mantém em relação a nós. Eles, ao selá-lo a nós, sustentam, nutrem, confirmam e aumentam nossa fé.”11 Consequentemente, no que diz respeito à eficácia dos sacramentos, Charles Hodge distingue as visões luterana e reformada ao apontar que “estas últimas atribuem seu poder santificador às influências assistenciais do Espírito; o primeiro ao poder inerente e sobrenatural da Palavra, que é uma parte essencial dessas ordenanças divinas.”12 Sobre o propósito dos sacramentos na visão reformada, o conceito de aliança desempenha um papel importante. Foi observado acima que para o teólogo reformado, o sacramento é um sinal e selo da graça de Deus. Uma vez que se argumenta que a aliança, i.e., a promessa da graça de Deus, é a base da justificação e salvação do cristão, os sacramentos, então, “são sinais e selos de Deus operando a aliança que ele estabeleceu com a raça humana.”13 Nesta visão, o batismo é um ato de fé que traz uma pessoa para a aliança para experimentar suas promessas, enquanto a eucaristia sela o amor de Cristo ao crente, assegurando-lhes que as promessas da aliança e do evangelho são deles como um dom divino. O significado do conceito de aliança para a compreensão reformada dos sacramentos se reflete na prática do batismo infantil. Parte de sua justificativa para a prática é que, de uma perspectiva da aliança, “o que realmente importa não é a reação subjetiva de alguém, mas a iniciação objetiva na aliança com sua promessa de salvação.”14

Radicais

Incluídos na visão radical está a posição de alguns grupos, como os anabatistas, que adotaram a posição de Zwinglio sobre os sacramentos. Para os reformadores radicais, a sombra da magia ainda parecia cercar a visão de Lutero sobre os sacramentos. O que era necessário, em sua opinião, era uma ruptura radical com o “sacramentalismo”, uma tarefa a ser concluída em parte pela rejeição da própria palavra “sacramento.”15

Os ritos sagrados da igreja, nesta visão, são formalmente designados “ordenanças” e não sacramentos. Os ritos devem sua existência ao comando (do latim ordo, que significa uma ordem) do Senhor (portanto, existem apenas dois deles, o batismo e a Ceia do Senhor); foram ordenados por ele. A participação neles é sinal de obediência àquele que os ordenou. As ordenanças são um sinal de obediência. Em sua essência, então, as ordenanças são atos humanos, que dão oportunidade para o participante testemunhar as verdades espirituais que simbolizam. Deus não concede graça ao participante da ordenança. Augustus H. Strong escreve: “A Ceia do Senhor, como o batismo, é o símbolo de um estado anterior de graça. Não tem em si nenhum poder regenerador e santificador, mas é o símbolo pelo qual a relação do crente com Cristo, seu santificador, é vividamente expressa e fortemente confirmada.”16 Nem o batismo nem a Ceia do Senhor trazem qualquer mudança espiritual no participante. Em outras palavras, os elementos desses ritos, água, pão e vinho não são, instrumentalmente falando, meios de graça. O propósito das ordenanças é simplesmente servir como meio para o participante demonstrar obediência a Cristo.17

Adventistas do Sétimo Dia

A discussão anterior foi para nos ajudar a situar a compreensão adventista do sacramento dentro do amplo alcance das tradições cristãs. A compreensão adventista do sétimo dia dos sacramentos está mais próxima da posição dos radicais, embora vá além em alguns pontos cruciais. Escritos da igreja mostram um uso preponderante do termo “ordenança” na caracterização dos ritos sagrados; assim, sua compreensão formal dos sacramentos reflete uma teologia baseada em ordenanças. A igreja entende que em conexão com o novo “caminho” que Cristo inaugurou: Ele “designou de antemão certos ritos definidos que todos os discípulos nascidos de novo seriam chamados a observar, i.e., o batismo e a Ceia do Senhor.”18 Por brevidade, usarei a frase “Ceia do Senhor” no contexto do entendimento adventista do sétimo dia do sacramento, incluindo o lava-pés. A conjunção da Ceia do Senhor e do lava-pés é vista nas narrativas da paixão de todos os quatro evangelhos. Em particular, o evangelho da breve menção de João à refeição (João 13:26) é colocado no contexto imediato do relato do lava-pés. “Portanto, parece melhor que os cristãos celebrem ambas as ordenanças em conjunto, com o lava-pés precedendo a Ceia do Senhor e preparando o participante para isso.”19

A teologia dos ritos sagrados baseada em ordenanças significa que a obediência ao mandamento do Senhor é fundamental para a prática das ordenanças pela igreja. Neste sentido específico, os ritos são um sinal de obediência. No entanto, os adventistas do sétimo dia não entendem os ritos meramente como ordenanças no sentido de que seu único propósito é servir como meio de demonstrar sua obediência a Cristo. Certos fatores caracterizam a compreensão dos adventistas dos ritos que, juntos, trazem à tona seu significado religioso. Examinemos mais detalhadamente suas posições sobre a Ceia do Senhor (incluindo o lava-pés) e o batismo.

Primeiro, com relação à ordenança conjunta da Ceia do Senhor e do lava-pés, entende-se a partir do mandamento de Cristo: “Façam isto em memória de mim” (1 Co 11:24), como um rito memorial de sua morte redentora. No entanto, é um memorial que serve como um lembrete presente da união dos participantes uns com os outros por causa de sua união com Cristo (1 Co 10:16, 17), e fornece uma perspectiva escatológica da segunda vinda de Cristo (1 Co 11:26). Assim, como um memorial que expressa o significado do evangelho e suas verdades distintivas, essas ordenanças fazem uma proclamação ao mundo. Neste ponto, os adventistas compartilham a convicção dos batistas, por exemplo, que também acreditam que “a comunhão é uma festa de comemoração – não apenas trazendo Cristo à nossa lembrança, mas proclamando sua morte ao mundo.”20

Mas os adventistas do sétimo dia acreditam que a “Ceia do Senhor é mais do que uma mera refeição memorial, pois Cristo está presente pelo Seu Espírito Santo.”21 Esta observação levanta uma questão muito crítica na compreensão adventista dos ritos sagrados. Embora a discussão que se segue pertença propriamente à eficácia das ordenanças, ela ajuda no esclarecimento do entendimento adventista das ordenanças. A questão é sobre a “instrumentalidade” mencionada acima. A questão é se existe um benefício objetivo que é obtido pela participação na ordenança? Em caso afirmativo, por qual meio o benefício é trazido? Os sacramentalistas são claros sobre essas questões. Os elementos do sacramento são meios, instrumentalmente, pelos quais a graça é mediada ao participante.

Como toda teologia baseada na “temática da ordenança,” o entendimento adventista do sétimo dia sobre as questões levantadas nas questões acima pressupõe fé por parte do participante. No entanto, não é tanto que a fé do crente traga Cristo aos ritos sagrados, mas que o “sacramento” traga Cristo ao participante. Os adventistas do sétimo dia acreditam que na Ceia do Senhor, por exemplo, Cristo encontra seu povo e os energiza com a sua presença. Consequentemente, todos os que negligenciam esses períodos de privilégio divino sofrerão perdas.22

A Bíblia ensina claramente que benefícios espirituais objetivos acompanham a ordenança, incluindo comunhão com Jesus e uns com os outros (Jo 13:8, 1 Co 10:16,17), e bênçãos de felicidade (Jo 13:17).23 Claramente, os adventistas do sétimo dia acreditam que um benefício objetivo acompanha os ritos sagrados, bem à parte da fé do crente, i.e., a presença de Cristo na ordenança. Nesse ponto, os adventistas do sétimo dia diferem dos grupos que, embora rejeitando corretamente o sacramentalismo, vão para o outro extremo de tornar as ordenanças essencialmente um memorial, i.e., um símbolo nu. Aqui, a posição adventista do sétimo dia sobre o benefício objetivo da ordenança a aproxima da visão reformada, com uma qualificação essencial. Enquanto a ideia reformada do sacramento “tornar-se um selo” parece implicar uma mudança metafísica nos elementos, embora diferente da transubstanciação ou consubstanciação, a noção adventista da presença de Cristo está bem à parte dos elementos (Mt 18:20). Ellen White explica: “Cristo, pelo Espírito Santo, está ali para selar sua ordenança. Ele está ali para convencer e abrandar o coração. Nem um olhar, nem um pensamento de contrição escapa à sua atenção.”24 O benefício da ordenança, na visão adventista, não está inerentemente ligado aos elementos materiais da ordenança, mas à presença pessoal de Cristo por meio do Espírito Santo. O comentário imediatamente anterior não sugere que, na compreensão adventista, os elementos materiais da Ceia do Senhor não tenham importância. De fato, os adventistas acreditam que, na Ceia do Senhor, “. . . os símbolos que representam seu corpo e seu sangue são . . . santos.”25 O pão e o vinho são sagrados no sentido bíblico, onde as coisas sagradas não possuem santidade inerente, mas têm apenas uma santidade derivada da presença do Deus vivo.26 Bem como o solo em que Moisés estava era santo por causa da presença do Senhor na sarça ardente (Êx 3:5), assim o pão e o vinho são santos pela presença de Cristo por meio do Espírito Santo na Ceia do Senhor.

Sobre a eficácia da ordenança, então, é a presença de Cristo, através do Espírito Santo, que é a causa eficiente primária. No entanto, a natureza da ordenança como um “memorial” significa que as faculdades cognitivas do participante são exercidas sobre a experiência. Estes desempenham um papel na compreensão adventista das ordenanças, especialmente, a Ceia do Senhor. Os adventistas entendem que a ordenança da Ceia do Senhor fala aos nossos sentidos do amor de Deus. Nossos sentidos são aguçados para se apoderar do mistério da piedade ao recebermos o pão e o vinho que simbolizam o corpo partido de Cristo e o sangue derramado. Em imaginação nos juntamos à cena da primeira comunhão no cenáculo, e assim Cristo é apresentado crucificado entre nós.27

Segundo, com relação ao batismo, aplicam-se os mesmos princípios que fundamentam o entendimento adventista da Ceia do Senhor. Formalmente, o batismo não é considerado um meio de graça no sentido que lhe é atribuído na teologia sacramental. “Os adventistas sempre rejeitaram qualquer visão do batismo como um ato que, por si só, confere graça e efetua a salvação.”28 É um rito que, em seu simbolismo, reflete o evangelho em termos de seu plano de salvação. Portanto, a submissão ao rito implica, em primeiro lugar, uma união espiritual com Cristo, i.e., uma eleição consciente da parte de alguém para ser enredado nos eventos salvíficos da vida, morte e ressurreição de Jesus (Rm 6:3–8). Na união estão simbolizados os eventos preparatórios de perdão, purificação, novo nascimento e recepção da presença do Espírito Santo na vida, bem como a participação escatológica na gloriosa comunhão de Deus com seu povo. Segundo, com a escolha de se identificar com Cristo, há uma mudança de lealdade. Os adventistas entendem o batismo particularmente no sentido primitivo de sacramentum como um “penhor” de fidelidade. Os súditos batismais são batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, comprometendo-se, portanto, a renunciar ao mundo e a observar as leis do reino de Deus.

A reflexão de Karl Barth sobre o simbolismo do batismo se harmoniza com a posição adventista

O batismo cristão é em essência a representação [abbild] da renovação de um homem por meio de sua participação por meio do poder do Espírito Santo na morte e ressurreição de Jesus Cristo, e, com isso, a representação da associação do homem com Cristo, com a aliança da graça que é concluída e realizada nele, e com a comunhão de Sua Igreja.29

A terceira implicação da união com Cristo é a união com o corpo de Cristo, isto é, a Igreja (1 Co 12:13). Neste ponto, os adventistas têm uma compreensão particular da eficácia e propósito da ordenança do batismo. Embora o rito não funcione ex opere operato, os adventistas acreditam que um efeito objetivo real é realizado através do rito do batismo, sob a égide do Espírito Santo. No batismo, os candidatos são recebidos na família de Deus e seus nomes são inscritos no livro da vida do Cordeiro.30

Deveria ser óbvio neste ponto que a compreensão básica dos adventistas do rito do batismo como uma profissão consciente a ser identificada com as realidades do evangelho exclui o batismo infantil. Os adventistas praticam o batismo dos crentes.

Sacramentos e A Igreja

Até agora, tentamos delinear as diferentes maneiras pelas quais as denominações cristãs definiram os sacramentos. Fizemos isso observando como diferentes tradições cristãs entendem a essência dos sacramentos, sua eficácia e propósito. Para poder decidir sobre a necessidade ou não dos sacramentos, era importante conhecermos o fenômeno como tal. Tendo definido os sacramentos, agora é importante explorar sua relação com a Igreja. Nossa preocupação aqui é examinar como os sacramentos estão formalmente ligados à Igreja. Na discussão anterior, vimos como tradições cristãs particulares se relacionam com os sacramentos/ordenanças. Essa discussão, no entanto, era secundária em relação à mais fundamental que desejamos desenvolver aqui, que é mostrar como o fenômeno dos sacramentos está relacionado em tudo à Igreja.

Nosso ponto de partida é a noção de “reino de Deus/céu.” Os estudiosos geralmente concordam com o fato de que a frase “reino de Deus” se refere ao reino ou governo de Deus,31 que tem realidades presentes e futuras.32 É um reino que Deus estabeleceu e que tem benefícios associados a ele. As pessoas podem entrar livremente nele (Lc 16:16), ou recebê-lo como um presente de Deus (Lc 12:32). Não há dúvida sobre a importância do conceito de “reino de Deus” no ensino de Jesus. Ele ensinou que o reino de Deus estava próximo (Mc 1:15), porém, mais do que ensinar que o reino estava próximo, o próprio Jesus foi o meio que Deus escolheu para realizar o reino. “Foi por meio dele que Deus escolheu operar.”33

É contra o contexto da noção de reino de Deus que o conceito de Igreja adquire inteligibilidade. Embora Jesus não usasse a palavra “igreja” com frequência, a ideia estava presente em seu ensino.34 Como Marshall coloca: “A igreja é simplesmente a companhia daqueles que aceitam o governo real de Deus e se encontram unidos por sua lealdade comum a Deus e Seu Filho.”35 Segue-se que enquanto a Igreja não deve ser confundida com o reino, como a companhia daqueles que aceitaram a mensagem do reino, a Igreja é uma manifestação do reino no mundo. A Igreja “é a comunidade humana que vive sob o governo de Deus”36 (ênfase minha).

Como alguém entra no reino e desfruta de seus benefícios? A impressão é clara na Bíblia de que a entrada no reino está condicionada a uma resposta pessoal de discipulado (Mt 7:21; Lc 12:32; 22:29). Embora o reino seja um dom oriundo da graça de Deus, o discipulado, i.e., a disposição de estar unido a Cristo em confiança e compromisso, caracteriza aqueles que estão humildemente dispostos a receber o reino (Mt.18:3; 5:10; 19:12; Lc 9:60, 62).37

Observar a composição da Igreja do ponto de vista do reino traz à tona pelo menos duas ideias-chave: uma proclamação pessoal e voluntária de união e identificação com o governo de Cristo (agora e no futuro) e uma promessa de fidelidade a Deus e Seu Filho. É importante observar que essas duas noções-chave que estão implícitas no conceito de Igreja foram mostradas, em nossa definição dos sacramentos, como o cerne, teologicamente, do significado dos sacramentos (i.e., Ceia do Senhor e Batismo). Portanto, pode-se concluir que o conceito de Igreja está integral e formalmente ligado aos sacramentos.

A conexão formal entre o conceito de Igreja e os sacramentos significa que a maneira de uma determinada comunidade interpretar a Igreja (i.e., sua doutrina da Igreja) inevitavelmente influenciará a maneira como os sacramentos são definidos, compreendidos, praticados ou não praticados. Nesse sentido, as diferentes maneiras pelas quais os sacramentos foram entendidos por diferentes comunidades cristãs refletem sua compreensão particular da Igreja. Examinar a conexão entre as visões particulares das várias comunidades sobre o sacramento e sua interpretação do conceito de Igreja está além do objetivo deste artigo. Nosso objetivo nesta seção do artigo foi simplesmente mostrar que, formalmente, os sacramentos/ordenanças são parte integrante do conceito de Igreja. Não obstante, faremos algumas observações. Primeiro, em um nível muito amplo, a controvérsia histórica sobre as marcas da verdadeira igreja reflete essa conexão interna entre os sacramentos e a doutrina da Igreja. Por um lado, na eclesiologia da “alta igreja” (representada pelas tradições católica romana, ortodoxa e até certo ponto anglicana), onde a ênfase é colocada na apostolicidade (em conjunto com catolicidade, unidade e santidade) na determinação das marcas da verdadeira igreja, o sacramentalismo prevalece. Por outro lado, as igrejas na tradição da Reforma que enfatizam a Palavra e o Sacramento como as verdadeiras marcas da Igreja, tendem a rejeitar o sacramentalismo. Segundo, as igrejas de tendência calvinista, onde se entende que a igreja é composta por um grupo invisível de eleitos, tendem a ter uma espécie de abordagem de “aliança” aos sacramentos em que certos grupos de pessoas seriam automaticamente elegíveis para participar dos sacramentos. A prática do batismo infantil, por exemplo, entre alguns da tradição reformada, é baseada na doutrina da eleição. Terceiro, aquelas igrejas na tradição da Reforma que entendem a igreja como composta de pessoas que fizeram uma aliança voluntária com Deus e têm um relacionamento vital com Cristo, tendem a ter uma compreensão dos sacramentos baseada em ordenanças. Eles rejeitam o sacramentalismo porque tem a tendência de externalizar o cristianismo e reduzi-lo ao ritualismo.

Duas conclusões seguem de nossa discussão até agora. Em primeiro lugar, formalmente, os sacramentos estão intrínseca e necessariamente ligados ao conceito de Igreja. Segundo, a decisão sobre como os sacramentos/ordenanças são praticados depende da compreensão particular da Igreja. Com base no que precede, foquemos especificamente na questão se os sacramentos são uma parte essencial da vida da Igreja ou não.

Sacramentos: Essenciais ou Adiafóricos?

Os sacramentos são essenciais para a salvação do cristão ou são apenas rituais incidentais à prática da fé? Deve ser óbvio de nossa discussão até agora que para sacramentalistas, como católicos romanos, a questão é discutível. Os sacramentos são praticamente meios de salvação. De fato, no pensamento pós-Vaticano II sobre os sacramentos, a própria Igreja é afirmada como o sacramento do mundo, com o entendimento geral de que Cristo é o sacramento primordial (ursakrament). Emery Percell explica: “A implicação é que o corpo de Cristo é uma presença sacramental que não pode ser limitada aos sacramentos. Onde quer que o corpo (i.e., a igreja) esteja quebrantado em amor pelo mundo, o reino é prenunciado e disponibilizado para quem o receber. A igreja em sua totalidade recebe o dom da salvação, e em seu testemunho o oferece ao mundo.”38 Essa visão levanta a questão do pansacramentalismo, que está além do escopo deste artigo. Vale ressaltar, no entanto, que a visão da “temática da ordenança” do sacramento como uma instituição dominical (i.e., uma instituição deliberadamente estabelecida pelo Senhor) parece contrastar com o pansacramentalismo.39

Para os não sacramentais, a questão da necessidade dos sacramentos é delicada. Abordaremos a questão da perspectiva do entendimento adventista do sétimo dia dos sacramentos, conforme descrito acima. Os destaques da posição adventista do sétimo dia sobre os sacramentos podem ser declarados como:

1. Os sacramentos são dominicais no sentido de que foram ordenados por Cristo para serem observados por seus seguidores. Portanto, a denotação preferida dos ritos é “ordenanças.”

2. Existem dois desses ritos sagrados (batismo e ceia do Senhor), que juntos simbolizam a unidade do crente com Cristo e entre si; e um penhor de fidelidade ao governo de Cristo.

3. Os ritos não são meros símbolos, mas oferecem benefícios espirituais objetivos, não em e de si mesmos, mas por Cristo que atende aos ritos por meio do Espírito Santo.

4. Entre os benefícios espirituais que podem ser obtidos da Ceia do Senhor estão: a admissão na família de Deus e a inscrição do próprio nome no Livro da Vida do Cordeiro (batismo), comunhão com Cristo e uns com os outros, e receber convicção, arrependimento e rejuvenescimento (Ceia do Senhor).

Parece que a enumeração dos pontos anteriores sobre as ordenanças deve concluir o caso de sua necessidade. No entanto, os pontos levantados acima precisam ser discutidos com algum detalhe. O caso para a necessidade das ordenanças será feito por dois pontos-chave: porque Cristo ordenou que as ordenanças fossem observadas e porque recebemos bênçãos espirituais por observá-las.

Primeiro, as ordenanças são essenciais porque o Senhor as ordenou, tanto em relação à sua natureza quanto ao seu número. Não parece haver dúvida de que o Senhor ordenou que essas ordenanças fossem observadas. Sobre a concordância neste ponto, D. M. Baillie é preciso: “. . . podemos seguramente considerar esses dois ritos não apenas como sacramentos do Novo Testamento, mas como sacramentos ‘dominicais’. . . Eles são salvos de toda arbitrariedade por uma clara conexão histórica com o episódio da Palavra feito carne.”40 Mas por que é importante notar que o próprio Senhor ordenou que os sacramentos fossem observados? Além do fato de que nosso amor por Cristo é expresso pela observância de seus mandamentos (Jo 14:15), é óbvio que o Senhor tinha em mente nosso bem-estar espiritual quando nos ensinou o que fazer. Depois que ele ordenou aos discípulos a ordenança do lava-pés, o Senhor observou: “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes” (Jo 13:17). Além disso, Baillie destaca um ponto importante sobre o Senhor conectar claramente os sacramentos aos eventos históricos de sua vida, a saber, sua morte e ressurreição. De acordo com Baillie, ao fazê-lo, o Senhor livrou os sacramentos de “qualquer arbitrariedade.” O ponto se torna extremamente importante em vista da ênfase contemporânea no pansacramentalismo. Através da influência de pensadores como Paul Tillich, Edward Schillebeeckx, Karl Rahner e G. van der Leeuw, popularizou-se a ideia de que tanto a natureza quanto o homem são estruturados simbólica e sacramentalmente. Assim, o argumento foi feito para o “mundo como o sacramento original.”41 Resumindo, toda realidade “é potencialmente ou de fato portadora da presença de Deus e instrumento da atividade salvífica de Deus.”42 Está além do escopo deste artigo se envolver extensivamente com as questões levantadas por esses desenvolvimentos. Basta dizer que, além do problema do panteísmo subjacente a essas ideias, enfrenta-se um sério desafio na defesa dos sacramentos particulares da igreja cristã, sejam os dois (Reforma), ou os sete (católico romano etc.). O problema filosófico envolvido nesse desafio foi corretamente detectado por Berkouwer: “Como essa tese pode ser conciliada com a transcendência dos sacramentos cristãos?”43 Em outras palavras, se toda a realidade do mundo é sacramental, em que sentido o batismo, a Ceia do Senhor e o lava-pés podem reivindicar um significado especial? É neste ponto que a “seleção e qualificação divinas são de importância decisiva para o poder e a natureza do sinal na ação de Deus.”44 Por exemplo, embora o arco-íris como sinal tenha significado na ciência, Deus, por seleção, o qualificou para seu propósito sagrado (Gn 9:12–16). Da mesma forma, Deus qualificou a água, por meio do batismo, e o pão e o vinho, por meio da Ceia do Senhor, para os propósitos sagrados descritos acima.

Um breve resumo sobre o que foi dito até agora será útil aqui. Dissemos ser necessário observar as ordenanças porque o Senhor em sua sabedoria exige que o façamos. Além disso, para nos livrar de qualquer arbitrariedade fazendo com que as ordenanças sejam o que deveriam ser, ele as conectou especificamente a eventos que estão historicamente ligados à sua vida e morte.

Agora chegamos ao segundo ponto principal sobre a necessidade das ordenanças. As ordenanças são essenciais por causa de seus benefícios espirituais. Sobre este ponto, os adventistas do sétimo dia acreditam, com base na Bíblia, que nosso Senhor ordenou que a prática dos sacramentos tem um benefício espiritual objetivo para o participante. Nesta perspectiva, os sacramentos são essenciais e necessários. Já enumeramos alguns dos benefícios espirituais a serem obtidos ao participar das ordenanças.

Se as ordenanças trazem esses benefícios espirituais, por que sua prática estaria em declínio? Parece que a questão tem a ver com uma compreensão teológica adequada da natureza dos sacramentos. Por um lado, diz-se que a desvalorização da prática dos sacramentos em algumas tradições protestantes ocorreu por causa da compreensão do “simples símbolo” da natureza dos sacramentos. Se o sacramento é desprovido de qualquer “realismo” espiritual, há pouco incentivo para praticá-lo. Isso é verdade com algumas igrejas que seguem a tradição dos reformadores radicais no que diz respeito aos sacramentos. Por outro lado, a questão da necessidade dos sacramentos como apresentada pelos sacramentalistas cria um obstáculo teológico para alguns que acreditam que a salvação não pode ser reduzida a mero ritualismo. A ênfase no realismo sacramental dos “sacramentalistas” parece forçar a questão da necessidade a ser uma escolha entre se os sacramentos são necessários para a salvação ou não para a salvação. É claro que, subjacente à escolha, quando assim apresentada, está uma compreensão particular dos sacramentos, ou seja, os sacramentos como meio de graça. É nossa alegação que enquadrar a escolha dessa maneira expõe a pessoa a um falso dilema. Isso porque a essencialidade das ordenanças não precisa estar vinculada à sua necessidade como meio de salvação. Em outras palavras, deve ser possível dizer que os sacramentos são essenciais e necessários, sem dizer que são os meios da graça da salvação.

A distinção entre necessidade de meio e necessidade de preceito é importante e útil na tentativa de resolver a questão anterior.45 A primeira representa uma necessidade absoluta, como quando se diz que o alimento é uma necessidade da vida; e a fé é necessária para a salvação. Esta última tem a ver com a observância de um mandamento, como o mandamento de santificar o sábado. Por um lado, a caracterização dos sacramentos como meio de salvação pressupõe uma compreensão instrumental e ritualística da salvação. Nesse sentido, os sacramentos não são necessários para a salvação, “porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós: é dom de Deus” (Ef 2:8).

Os sacramentos, por outro lado, são “necessários” para a salvação como preceitos. Por exemplo, a menção de Jesus à água e ao Espírito em seu discurso com Nicodemos é geralmente entendida como uma referência à ordenança do batismo (Jo 3:5). Embora, como mostramos acima, as interpretações possam diferir quanto à eficácia da água na ordenança, a necessidade básica do preceito do batismo para entrar no reino de Deus é clara no texto. Essa necessidade do preceito pode ser demonstrada dentro do contexto do entendimento adventista do sétimo dia das ordenanças. Especificamente, as ordenanças não funcionam de forma autônoma. Isso significa que, embora não prescindamos da necessidade do preceito do batismo, por exemplo, uma pessoa não necessariamente nasce de novo sendo imersa na água se não tiver fé na realidade que a imersão na água simboliza. Somos salvos pela graça, mediante a fé em Cristo. Ele é a causa da nossa salvação. A água não é uma segunda causa de salvação. No entanto, o batismo é um preceito necessário. A necessidade do preceito está nos benefícios espirituais objetivos das ordenanças que descrevemos anteriormente. Assim, embora o batismo não seja uma causa de salvação, não é espiritualmente não essencial. Um argumento semelhante pode ser feito para a Ceia do Senhor, incluindo a ordenança do lava-pés.

Conclusão

Em conclusão, diferentes comunidades cristãs entendem a natureza dos ritos sagrados da Igreja Cristã de maneira diferente. Esse fenômeno se reflete na forma como os ritos são rotulados, seja como “sacramentos” ou “ordenanças.” A diferença na rotulagem, no entanto, é reflexo das duas principais abordagens teológicas diferentes de entender a natureza dos ritos sagrados do cristianismo. Dentro de cada abordagem, pequenas diferenças podem ser observadas. Exploramos as duas abordagens principais e apontamos as pequenas diferenças em cada uma delas no que diz respeito a tradições cristãs particulares. O entendimento adventista do sétimo dia dentro da abordagem da ordenança foi abordado. Além das duas principais abordagens, notamos também a ampliação contemporânea do entendimento sobre os sacramentos na noção de pansacramentalismo.

Apesar das diferentes perspectivas, do ponto de vista bíblico, duas conclusões parecem incontroversas. Primeiro, por sua conexão com o conceito de reino de Deus, os sacramentos/ordenanças estão teologicamente ligados à Igreja como corpo de Cristo. Essa relação é uma conexão formal que não pode ser cortada sem obscurecer a distinção essencial da Igreja de outras sociedades humanas. Segundo, os sacramentos/ordenanças são essenciais não apenas porque o Senhor ordena que seus seguidores os observem, mas porque participando deles declaramos nosso pertencimento do reino de Cristo e recebemos ativamente as bênçãos espirituais objetivas que o Senhor, por meio do Espírito Santo, concede aos cidadãos do reino.

 

*Kwabena Donkor é diretor associado do Biblical Research Institute [Instituto de Pesquisas Bíblicas] na Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia em Silver Spring, Maryland. Ele é editor de The Church, Culture, and Spirits: Adventism in Africa [A Igreja, Cultura e Espíritos: Adventismo na África], contribuiu para diversos jornais e no livro Reclaiming the Center: Confronting Evangelical Accommodation in Postmodern Times [Reinvindicando O Centro: Confrontando A Acomodação Evangélica nos Tempos Pós-modernos]. Ele e sua esposa Comfort têm dois filhos, já adultos.

 

Notas

1. João Crisóstomo (c. 347-407), por exemplo, é conhecido por ter se referido à Ceia do Senhor como um “mistério,” ver Timothy Ware, The Orthodox Church (New York: Penguin Books, 1983), p. 281.

2. O apologista Tertuliano (220 E.C.) é conhecido como o primeiro teólogo conhecido a ter usado o termo sacramento para denotar o ritual do batismo como uma promessa de fidelidade por um iniciado à fé cristã. Ver Joseph Martos, “Sacrament,” em Alan Richardson e John Bowden,ee., The Westminster Dictionary of Christian Theology (Philadelphia: The Westminster Press, 1983), p. 515

3. Ibid.

4. Stanley J. Grenz, Theology for the Community of God (Grand Rapids, MI: Eerdmans Publishing Company), p. 513.

5. Ibid.

6. Eugene Bizer, Das Christusgeheimnis der Sakramente, 1950, citado em G. C. Berkouwer, The Sacraments (Grand Rapids, MI: Eerdmans Publishing Company, 1969), p. 40.

7. Berkouwer, p. 34.

8. C. M. Horne, “Sacraments,” The Zondervan Pictorial Encyclopedia of the Bible, e. Merrill C. Tenney, 5 vols. (Grand Rapids: Zondervan Publishing House, 1975), 5:194.

9. Berkouwer, pp. 46–47.

10. Ibid.

11. João Calvino, Institutas da Religião Cristã, IV, XIV, 7.

12. Charles Hodge, Systematic Theology 3 vols. (Grand Rapids: Eerdmans Pub. Co., 1981), 3:507.

13. Millard J. Erickson, Christian Theology (Grand Rapids: Baker Book House, 1985), p. 1093.

14. Ibid., p. 1095.

15. Grenz, p. 514.

16. Augustus H. Strong, Systematic Theology (Valley Forge, PA: Judson Press, 1985), p. 964.

17. Ibid.

18. Raoul Dederen, e., Handbook of Seventh-day Adventist Theology (Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing Association, 2000), p. 554.

19. Ver Ekkehardt Mueller, “Seventh-day Adventists and the Lord’s Supper,” Ministry, abril de 2004, p. 10.

20. Strong, p. 961.

21. Dederen, p. 604.

22. Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 656.

23. Ver Ekkehardt Mueller, Ministry, abril de 2004, pp. 10–12.

24. Ibid.

25. Ver The Seventh-day Adventist Church Manual, 16ª Ed. (Hagerstown, Md.: Review and Herald Publishing Assoc., 2000), p. 73.

26. Ver A. S. Wood, “Holiness,” The Zondervan Pictorial Encyclopedia of the Bible, pp. 176-177.

27. Ibid., p. 660.

28. Dederen, p. 591.

29. Karl Barth, The Teaching of the Church Regarding Baptism, trans. Ernest A. Payne (London: SCM, 1948), p. 9.

30. F. D. Nichol, e., The Seventh-day Adventist Bible Commentary, Volume 6 (Washington, D. C.: Review and Herald Publishing Association, 1978; 2002), p. 1075.

31. Dederen, p. 543.

32. Grenz, p. 22.

33. I.H. Marshall, “Kingdom of God, of Heaven,” The Zondervan Pictorial Encyclopedia of the Bible, e., Merrill C. Tenney, 5 vols. (Grand Rapids: Zondervan Publishing House, 1975), 3:806.

34. Ver Raoul Dederen, “Jesus a-t-il eu l’intention de fonder une Eglise?,” em Etudes En Ecclesiologie Adventiste vol. 2, Comite de Recherche Biblique, Conferences Biblique de la Division Eurafricaine, 1993.

35. Ibid., 808.

36. Dederen, p. 543.

37. Marshall, p. 807.

38. Emery A. Percell, “The Church as Sacrament,” Christian Century 100/19 (1983): 938.

39. Os adventistas do sétimo dia têm uma visão cautelosa sobre essa questão. Na Ceia do Senhor, por exemplo, eles advertem: “Já que o próprio Senhor selecionou os símbolos profundamente significativos . . . deve haver grande relutância em introduzir símbolos e meios alternativos . . . para que o significado original do serviço não se perca, The Seventh-day Adventist Church Manual, 16ª ed. (Hagerstown, Md.: Review and Herald Publishing Assoc., 2000), p. 73.

40. Donald M. Baillie, The Theology of the Sacraments (New York: Charles Scribner’s Sons, 1957), p. 60.

41. Theodore Runyon, “The World as the Original Sacrament,” Worship 54/6 (1980): 495–511.

42. Kevin W. Irwin, “A Sacramental World—Sacramentality As The Primary Language for Sacraments,” Worship 76/3 (2002):202.

43. Berkouwer, p. 19.

44. Ibid., p. 25.

45. Hodge, p. 516.

 

FONTE: Estudos Adventistas

quinta-feira, 12 de maio de 2022

DAS TEMPESTADES À ESPERANÇA DO TEMPO FIM


 Dwain N. Esmond

O evangelho da segunda vinda de Cristo é la raison d’être de nossa existência como Igreja Adventista do Sétimo Dia. É o próprio centro das mensagens sem paralelo que Deus nos confiou para proclamar neste momento culminante da História.

As cenas eram indiscutivelmente devastadoras. Foram 431 milímetros de chuva, em menos de 24 horas, no sábado, 21 de agosto de 2021, quebrando o recorde de um dia de chuvas no Tennessee em mais de 76 milímetros.1 As casas foram arrancadas de seus alicerces, carros destruídos ficaram espalhados por toda a região, empresas foram derrubadas e cabos de energia balançavam perigosamente no solo e no ar. Um morador do local viu duas meninas agarradas a uma tábua, uma delas segurando um cachorrinho, sendo levadas pela correnteza. Quando as chuvas passaram, pelo menos 22 pessoas haviam morrido e mais de 50 ainda estavam desaparecidas.2

Quando vi as cenas de devastação sendo transmitidas, meu coração se encheu de tristeza. Mas logo a mídia seguiria com outras notícias e as pessoas atingidas por essa tragédia seriam esquecidas. Naquele dia, nem imaginava que uma querida amiga minha estava no meio dessa catástrofe. Por acaso, entrei em contato com ela, e ela me relatou o trauma que havia sofrido. Sua voz estava embargada e falava quase chorando.

“Dwain, foi um pesadelo. Até hoje, começo a tremer quando vejo uma nuvem de chuva no céu. Não consigo dormir quando chove. Meus nervos estão à flor da pele.”

Poderíamos culpá-la? Afinal, naquele sábado, encolhida ao lado de seus animais de estimação, ela viu horrorizada quando o riacho perto de sua casa transbordou e levou a única ponte que havia para atravessá-lo em segurança.

UM MUNDO EM CRISE

Tragédias como essa são relatadas frequentemente em todo o mundo. Nós que somos portadores das lentes proféticas das Escrituras, conhecemos muito bem os eventos que precederão a segunda vinda de Jesus. “Depois disso”, escreveu João, o Revelador, “vi outro anjo subindo do Oriente, tendo o selo do Deus vivo. Ele bradou em alta voz aos quatro anjos a quem havia sido dado poder para danificar a Terra e o mar: “Não danifiquem, nem a Terra, nem o mar, nem as árvores, até que selemos as testas dos servos do nosso Deus” (Apocalipse 7:2-3).3

Deus enviou quatro anjos para conter as forças demoníacas poderosas demais para que as pudéssemos compreender, conflitos tremendamente assustadores de se contemplar e desastres naturais extremamente devastadores para que se possa calcular. Ao aproximar-se o grande dia do Senhor, essas poderosas sentinelas começarão a afrouxar seu controle sobre as forças demoníacas até então reprimidas e que estão empenhadas em causar a morte e destruição. Deus remove a restrição e expõe a verdadeira realidade, a parte obscura da grande rebelião cósmica.

AS TEMPESTADES QUE ESTÃO PARA VIR

Os ventos tempestuosos que sopram atualmente nada mais são que pequenas reverberações das tempestades mortais que estão por vir. Ao nos aproximarmos do fim, testemunharemos desastres que ocorrerão no ar, na terra e no mar. Entretanto, mais que isso, em Mateus 24, Jesus previu o ciclone do engano e acrescentou: “Cuidado, que ninguém os engane” (verso 4). Ele advertiu os discípulos daquele tempo e também os de hoje: “Pois muitos virão em meu nome, dizendo: “Eu sou o Cristo!” − e enganarão a muitos” (verso 5). Jesus falou também sobre as tempestades da guerra: “Nação se levantará contra nação, e reino contra reino” (verso 7). Em Mateus 24:9 e 10, Jesus descreveu a tempestade da perseguição: “Então eles os entregarão para serem perseguidos e condenados à morte, e vocês serão odiados por todas as nações por Minha causa. Naquele tempo muitos ficarão escandalizados, trairão e odiarão uns aos outros.” O verso 11 prevê o aparecimento de falsos profetas e de adeptos da teoria da conspiração que vão se acercar daqueles que, sentindo coceira nos ouvidos, não suportarão a sã doutrina (ver 2 Timóteo 4:3). No versículo 12, Jesus fala sobre a tempestade de gelo que invade o coração daqueles que se afastam da fé, “e o amor de muitos esfriará”. Daniel viu em visão “um tempo de angústia, como nunca houve desde o início das nações” (Daniel 12:1).

UM RAIO DE ESPERANÇA

Como se quisesse proporcionar um raio de sol aos discípulos daquela época e de hoje também, antes das tempestades que estavam para vir, Jesus prometeu, em Mateus 24:13: “Mas aquele que perseverar até o fim, será salvo.” E Jesus não parou por aí. No versículo a seguir, Ele acrescentou esta profunda verdade que caracterizou e energizou o trabalho realizado pela Igreja Adventista do Sétimo Dia, desde a sua formação até os dias atuais: “E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim” (verso 14).

Qual Evangelho? Este evangelho do reino! Esse é o evangelho do amor de Deus todo-transcendente, todo-consumidor, todo-transformador. Esse é o evangelho da esperança, que alcança o menor destes e daqueles que pensam não ter necessidade de coisa alguma. Esse é o evangelho do Reino, esse é o evangelho da graça, esse é o evangelho da esperança, esse é o evangelho do Salvador do mundo!

Esse evangelho é la raison d’être da nossa existência como Igreja Adventista do Sétimo Dia. É o próprio centro das mensagens sem paralelo que Deus nos confiou para proclamar neste momento culminante da História. Em meio a pandemias e perigos, corrupção e carnificina, assassinatos e o caos, Deus ataca o leão − Satanás − com um rebanho de cordeiros. Talvez já tenha ouvido isso antes, mas posso lembrar você das nossas ordens de marcha como adventistas do sétimo dia, conforme foi descrito por Ellen White:

“Em sentido especial foram os adventistas do sétimo dia postos no mundo como atalaias e portadores de luz. A eles foi confiada a última mensagem de advertência a um mundo a perecer. Sobre eles incide a maravilhosa luz da Palavra de Deus. Confiou-se-lhes uma obra da mais solene importância: a proclamação da primeira, segunda e terceira mensagens angélicas. Nenhuma obra há de tão grande importância. Não devem eles permitir que nenhuma outra coisa lhes absorva a atenção.”4

Nós proclamamos a mensagem do primeiro anjo que “tinha na mão o evangelho eterno para proclamar aos que habitam na Terra” (Apocalipse 14:6), dizendo em alta voz: “Temam a Deus e glorifiquem-No, pois chegou a hora do Seu juízo (Apocalipse, o “evangelho eterno” − (Apocalipse 14:6). “Adorem Aquele que fez os céus, a Terra, o mar e as fontes das águas” (verso 7). Esses versos nos fazem lembrar que a origem da humanidade é divina, não evolutiva. Além disso, não fomos chamados para proclamar um novo evangelho. Temos o “evangelho eterno” − oportuno e atemporal, essencial e eterno, necessário e inesgotável! Os profetas do Antigo Testamento ansiavam por ele, os discípulos conquistaram o mundo com ele, a igreja primitiva deu seu testemunho sobre ele e nós ajudaremos a salvar os perdidos com ele!

Nós também proclamamos a mensagem do segundo anjo de Apocalipse 14:8: “Caiu! Caiu a grande Babilônia!” Essa mensagem chama todos os adoradores do verdadeiro Deus a rejeitarem quaisquer formas de adoração e crença que não estejam totalmente baseadas na Palavra de Deus. Ela nos afasta das crenças montadas aleatoriamente, relacionadas a uma religiosidade que diz que você pode adorar a Deus do seu jeito! “Saiam dela, vocês, povo meu, para que vocês não participem dos seus pecados, para que as pragas que vão cair sobre ela não os atinjam!”, é o que o anjo de Apocalipse 18:4 mais tarde ordena! Essa sagrada mensagem é um chamado para ficarmos longe, para nos afastarmos da falsa adoração sob qualquer forma.

A MENSAGEM DO TERCEIRO ANJO

Embora as duas primeiras mensagens angélicas sejam tão poderosas, Ellen White disse algo bastante surpreendente com relação à mensagem do terceiro anjo: “O poder das mensagens do primeiro e do segundo anjos deve estar centralizado na mensagem do terceiro.”5

Por que o poder dessas mensagens deve estar centralizado na mensagem do terceiro? Porque ela envolve o evangelho eterno da primeira mensagem e o seu chamado para adorar a Deus! Ela envolve também o chamado do segundo anjo para nos afastarmos da falsa adoração e de tudo o que é contrário à vontade de Deus. Entretanto, a proclamação dessa mensagem é diferente das duas primeiras por enviar também uma advertência terrível: “Se alguém adorar a besta e a sua imagem e receber a sua marca na testa ou na mão, também beberá do vinho do furor de Deus que foi derramado sem mistura no cálice da Sua ira” (Apocalipse 14:9, 10). E, ao mesmo tempo em que a mensagem identifica aqueles que foram marcados como adoradores da besta, ela revela também aqueles que foram selados como adoradores de Deus!

“Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus” (Apocalipse 14:12). A respeito dessa mensagem, Ellen White observou ainda: “É a verdade presente. Esta mensagem deve ser levada avante com grande distinção e poder. Não deve ser obscurecida por teorias humanas e sofismas. O sábado deve ser proclamado como o memorial da criação de Deus.”6 Essa é a mensagem para o nosso tempo!

Logo no início, relatei o caso da minha amiga que ficou presa durante as tempestades que devastaram o Tennessee. Disse que ela estava encolhida junto aos seus animais de estimação, em lágrimas, enquanto as chuvas se desabavam e as águas subiam ao seu redor. Disse também que a ponte que possibilitaria a sua ida para um lugar seguro havia sido levada pela enchente. Todas as suas esperanças pareciam perdidas. Mas então, naquela noite, ela ouviu uma forte batida na porta.

Espantada e com medo, ela hesitou por um instante, mas a pessoa batia cada vez mais forte. Em meio às lágrimas, ela correu para a porta e a abriu. Ali, diante dela, estava um policial.

“Senhora”, ele começou dizendo, “a senhora tem que sair agora!” O policial falava com autoridade e de modo inflexível.

“OK”, ela murmurou aliviada, “deixe-me pegar algumas coisas.”

“Senhora”, insistiu o policial, “posso ajudá-la? A senhora precisa sair agora!” Assim, o oficial ajudou-a a juntar seus poucos pertences antes de colocá-la em seu veículo e levá-la para um local seguro.

Amigos, minha Bíblia me diz que um dia, muito em breve, quando as tempestades do inimigo encobrirem o Sol, quando os fogos da perseguição estiverem ardendo, quando os ventos gelados dos geradores do ódio estiverem congelando tudo, quando as tempestades da guerra estiverem em grande agitação e as nevascas da falsa religião envolver a todos, não ouviremos mais as batidas na porta. Em algum momento, porém, por volta da meia-noite, depois de tudo o que vivenciamos, a Esperança do mundo no tempo do fim romperá através das nuvens! Aquele a Quem tanto amamos, Aquele a Quem temos proclamado, Aquele a Quem temos seguido irá nos saudar dizendo: “Venham, benditos de Meu Pai! Recebam como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo” (Mateus 25:34). Ele nos exalta, coloca-nos junto à multidão dos remidos e nos leva a todos para o nosso lar eterno. Aquele que disse aos Seus discípulos, quando aqui esteve, e aos Seus discípulos adventistas do sétimo dia: “[...] mas não tenham medo” (Mateus 24:6) − por causa das tempestades que precederão a Sua vinda, nos chama a todos para nos mantermos fiéis ao Seu chamado. Temos uma mensagem para proclamar, um mundo a vencer, um povo para amar e uma esperança para compartilhar. E essa esperança é Jesus!

 

Dwain N. Esmond MA pela Universidade Estadual de Pittsburg, Kansas, EUA, é o diretor associado e editor do Ellen G. White Estate, em Silver Spring, Maryland, EUA, onde supervisiona o preparo e a publicação do conteúdo relacionado ao White Estate.

 

Citação Recomendada

Dwain N. Esmond, "Das tempestades à esperança do tempo do fim," Diálogo 34:1 (2022): 16-19

 

NOTAS E REFERÊNCIAS

1. Jonathan Mattise, AP News, “EXPLAINER: How Did Tennessee Flooding Downpour Fall So Fast?” (August 23, 2021): https://apnews.com/article/science-floods-tennessee- f8a0fe83c1ef8a8fdfc481ef881bb2ad#:~:text=(AP)%20 %E2%80%94%20A%20rural%20Tennessee,left%20a%20trail%20 of%20destruction.

2. CBS News, “Pelo menos 22 pessoas foram mortas e mais de 50 estão desaparecidas devido às enchentes no Tennessee” (23 de agosto de 2021): https://www.cbsnews.com/news/tennessee- flood-death-toll-missing/

3. A não ser quando de outra forma indicado, todas as referências bíblicas deste artigo foram citadas da Nova Versão Internacional da Bíblia Sagrada.

4. Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2006), Vol. 9, p. 19.

5. _________, Carta 209, 1899.

6. _________, Carta 20, 1900.

 

FONTE: Revista Diálogo Universitário