Teologia

sexta-feira, 30 de setembro de 2022

VOLTA DE JESUS: A ÊNFASE ESQUECIDA


 por Rubens Lessa*

Quando se prega ou escreve sobre a volta de Jesus, a tendência é girar em torno de assuntos periféricos

Quando eu era criança, quase todas as pregações sobre a volta de Jesus me deixavam assustado e com medo. E pensava: "Quando eu me tornar adulto, esse temor vai desaparecer." Ledo engano. Na adolescência e juventude, fui perseguido pelo mesmo sentimento: expectativa, sensação de despreparo, ideia de perigo à vista.

Tenho pensado muito sobre isso, ultimamente, e noto que a maioria das pessoas de minha faixa etária passou pela mesma experiência.

Por quê?

Ao buscar uma resposta que me pudesse convencer, fiz duas coisas: puxei gavetas do arquivo da memória e examinei exemplares antigos da Revista Adventista e de O Atalaia. Examinei também as edições mais recentes de nosso órgão denominacional. Conclusão: a ênfase dos artigos publicados em nossas revistas e dos sermões que tenho ouvido ao longo do tempo, recai num chavão: sinais e iminência da volta de Jesus.

Mas o leitor deve estar perguntando: Não devemos falar sobre esses aspectos? Sim, devemos, mas sem nos esquecermos da ênfase que a volta de Jesus merece.

Relembrando

Em setembro de 1917, quando a Primeira Guerra Mundial estava em andamento, a Revista Mensal, precursora da Revista Adventista, publicou um artigo de F. S. Spies, intitulado: "Acaso não virá logo?" O autor conta que, numa campal realizada na América do Norte, estava presente um idoso irmão que havia durante quase toda a sua vida cooperado na proclamação da terceira mensagem. Ele estava triste e abatido, sentado no fundo de sua barraca. Ao passar por ali, um dos dirigentes perguntou-lhe: "Que tem o irmão? Parece triste e desanimado."

- Sim - respondeu o velho. - Já há quase 50 anos que estou a pregar a este povo que Jesus logo virá. Esta verdade tem esforçado minha alma nas lutas e tentações. Ainda creio nela tão firmemente como nunca antes. Mas estou ficando cada dia mais velho e mais fraco. Eu contava que havia de ver a Jesus vindo nas nuvens do céu, sem primeiro morrer, mas esta esperança vai-se desvanecendo. E isto que me faz abatido e triste. Ah , acaso não virá logo?

Um pouco antes de estourar a Segunda Guerra Mundial, em 1939, L. H. Christian escreveu um artigo na Revista Adventista, sobre "Sinais do dia por vir". Ele menciona os marcos proféticos, os sinais que proclamam a proximidade do fim e "nossa relação com o Céu". No segundo parágrafo, adverte: "A humanidade vive hoje uma atmosfera de intensa expectação. Por toda a parte o povo diz: Alguma coisa vai suceder, algum grande acontecimento tem que ocorrer', mas não sabe qual é."

Em maio de 1942, J. E Wright fez veemente apelo aos leitores de nossa Revista, ressaltando as palavras de Jesus: "Estai vós apercebidos". O artigo, de forte conteúdo espiritual, alertava: "Oh, se pudéssemos avaliar, na íntegra, compreender profundamente a solenidade da hora presente! Estamos na hora do juízo; a tríplice mensagem está atingindo agora os remotos confins da Terra. Estamos mais próximos do fim, do que pensamos."

"Está chegando a hora zero", foi o título de um artigo escrito por Valdemar R. da Silva, em O Atalaia de julho de 1944. Esse título, na verdade, é uma frase dita por Churchill, referindo-se à invasão da Europa pelos aliados. O Pastor Silva diz inicialmente: "Isto nos leva a pensar seriamente numa outra 'hora zero', decisiva para toda a humanidade, e que rapidamente se aproxima: a 'hora zero' para o mundo, a qual está mais próxima do que pensam muitos descuidados e procrastinadores."

O assunto da volta de Jesus sempre teve espaço nobre em nossas publicações. O Atalaia de setembro de 1939 trazia na página 7: "Prepara-te para te encontrares com o teu Deus"; Revista Adventista: "Quando vem Jesus?" (março de 1940); "Guarda, que houve de noite?" (outubro/1940); "Por que desejo a volta de Jesus" (dezembro/1940); "Jesus voltará" (maio/1943).

Todos os artigos publicados por nossas revistas, durante as duas guerras mundiais, são interessantes, mas o único a dar a ênfase adequada foi o de dezembro de 1940. N . P. Nielsen começa dizendo: "Alguém me fez a pergunta: Por que o senhor deseja que Jesus venha outra vez?"

Qual foi a resposta? Bem, controlemos nossa curiosidade por alguns instantes...

Ênfase recente

No dia 9 de julho de 1990, na cidade de Indianapolis, o Pastor Enoch de Oliveira, de saudosa memória, pregou eloquentemente sobre o tema: "Nos O veremos no cumprimento da profecia". Antes do apelo, disse: "A hora está avançada. Dias de tribulação há muito preditos acham-se diante de nós. O dia eterno em breve raiará. O que fazemos, temos de realizar depressa. Se perdermos este sentido de urgência, perderemos a própria essência do adventismo." Numa assembleia daquela natureza, a mensagem foi oportuna. Eu estava presente. Senti-me comovido.

Explorando outro ângulo, Francisco Lemos afirmou na Revista Adventista de novembro de 1991: "É lastimável que continuemos a vincular o preparo para o segundo Advento com as nossas obras e nosso esforço próprio". Na mesma edição, Paulo Pinheiro analisou "como a igreja vê a volta de Jesus". Várias crianças de uma escola adventista foram entrevistadas.

Alguns trechos:

"Se Ele vier hoje, não estarei preparado para um lugar tão bonito como aquele" (Bruno, 10 anos).

"Se Jesus vier hoje, não vou estar preparado, porque há muitas coisas para fazer e não as fiz ainda" (Daniel, 10 anos).

"Eu espero Jesus feliz, alegre, contente e, às vezes, triste" (Eliane, 10 anos).

"Jesus pode vir hoje, amanhã, qualquer dia; mas que vou com Ele, eu vou" (Felipe 10 anos).

E o que pensam os adultos? Na Casa Aberta de 1991, uma pesquisa realizada em nome da Revista Adventista, mostrou as tendências de nosso povo. Dos 455 entrevistados:

• 83,8% disseram que o assunto da volta de Jesus lhes causa alegria;

• 94,2% afirmaram que somente Deus sabe o dia;

• 95,7% acharam que Cristo não veio porque a igreja não está preparada como deveria;

87,6% disseram que crer em Cristo e depender inteiramente dEle é a condição para estar preparado.

Luz no final do túnel

Outro artigo que despertou minha atenção para o enfoque que precisamos dar ao tema da volta de Jesus, foi escrito por Lester Bennett, na edição de janeiro de 1988. Logo no início, ele afirma: "Vejo na Igreja Adventista não apenas uma crença na Segunda Vinda, mas uma fascinação a respeito do tempo em que ela deverá ocorrer."

Aqui está o nó górdio. Precisamos desatá-lo, sob pena de continuarmos no mesmo diapasão. Nosso erro é o seguinte: falamos mais sobre o tempo, ou a iminência do evento, do que sobre a "bendita esperança". Foi por isso que, na infância, adolescência e juventude, eu ficava com medo e assustado. A volta de Jesus era apresentada como um dia de juízo. Além disso, os pregadores salientavam muito a perseguição, as pragas, o tempo de angústia. Passei a depositar minha fé nos "sinais", e não em Cristo e Suas promessas. O fato é que ouvi muito pouco sobre a promessa: "Virei outra vez" (João 14:3). Por que se prega tão pouco sobre João 14:1-3?

Quando meu pai descansou em Cristo, a volta de Jesus passou a ter mais significado para mim. O desejo de rever esse ente querido, que me inspirou a trabalhar na obra do Senhor, despertou em mim outras expectativas. Passei a falar menos sobre os acontecimentos que precederão a volta de Jesus, para falar mais e mais sobre o encontro com Ele. Sim, os sinais são ainda importantes para mim, pois foram preditos pelo próprio Jesus, mas Jesus é mais importante do que os sinais! É importante saber que Jesus está às portas, mas será muito mais significativo encontrá-Lo na nuvem de glória.

Cumprindo o que prometi linhas atrás, volto agora à pergunta dirigida ao Pastor Nielsen: "Por que o senhor deseja que Jesus venha logo?" Sua resposta foi sublime e inteligente: "Porque Ele é meu Amigo. Perdoou os meus pecados. Ele me ama e aprendi a amá-Lo. Desejo vê-Lo como Ele é. Ouvi a Seu respeito, mas quero contemplá-Lo face a face e estar em Sua presença. Doces são as histórias de Seu maravilhoso amor, e elas me cativaram a alma. Quero vê-Lo em toda a Sua formosura e deleitar-me nos sorrisos de Seu amor. Sim, alegro-me de que Ele virá outra vez, pois é meu Amigo."

Meus irmãos, o encontro com Jesus é o assunto que deve conquistar todas as nossas afeições, e não questões periféricas. Neste sentido, Paulo deixou-nos um grande exemplo. Se, diante do carrasco, o apóstolo tivesse posto os olhos na espada que ia decepar sua cabeça, teria sucumbido. Notemos, porém, o que ele fez: "O apóstolo estava a olhar para o grande além, não com incerteza ou terror, mas com esperança gozosa e anelante expectativa. Ao encontrar- se no lugar do martírio, não vê a espada do carrasco ou a terra que tão “logo lhe há de receber o sangue; olha, através do calmo céu azul daquele dia de verão, para o trono do Eterno” (Atos dos Apóstolos, p. 511 e 512).

Muitos adventistas estão sucumbindo porque só olham para os "sinais". O que os sinais lhes dizem? Que haverá perseguição, fome, angústia e sofrimento, antes da volta de Jesus. Ao pensarem nessas coisas, perdem a visão do Salvador e do feliz companheirismo com Ele, através da eternidade. Essa maneira de encarar os acontecimentos do fim é obra de Satanás, que, com astúcia, leva muitos adventistas a desenvolver uma perspectiva pessimista quanto aos temas escatológicos.

O que é mais importante para noivos que verdadeiramente se amam: os preparativos para o casamento, ou o momento a partir do qual estarão juntos para sempre?

Na casa paterna

Se o filho pródigo, ao tomar a decisão de retornar à casa paterna, tivesse pensado nos perigos do caminho e duvidasse da possibilidade de o pai recebê-lo com alegria, teria permanecido na "terra longínqua". Ele, no entanto, estava convicto de que o pai estava ansioso por sua volta.

"O pai disse aos seus servos: Trazei depressa o melhor vestido, e vesti-lhe, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés; e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos; porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se" (Lucas 15:22-24).

A volta de Jesus será a maior festa de todos os tempos. Doenças, defeitos físicos e mentais, tristezas e angústias, guerras e desavenças, desigualdades e injustiças, sofrimento e morte - tudo estará no passado. Na presença do Rei dos reis, haverá alegria eterna.

Quando passarmos a falar mais do encontro com nosso Redentor, entenderemos os sinais como avisos de que nosso Amigo está às portas. E, com alegria, anunciaremos ao mundo esta empolgante notícia.

Que o Dono e Anfitrião da festa seja a nossa paixão suprema, a nossa esperança, a alegria e motivação de nossa vida! "Ora vem, Senhor Jesus" (Apoc. 22:20).

 

*Rubens da Silva Lessa, editor da Revista Adventista

 

FONTE: Revista Adventista, maio 1997, p. 08-10.

 

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

TATUAGENS DO CORAÇÃO


 Mais do que uma tatuagem, Deus promete escrever a Sua lei, a lei do amor, no coração e na mente dos seres humanos que Lhe forem fiéis. Essa é a motivação certa para guardar o sábado do sétimo dia como uma resposta de amor e um ato de adoração inteligente.

Em 1769, o Capitão James Cook, da Marinha Real Britânica, documentou a prática do “tatau” realizada pelas tribos das ilhas taitianas durante uma viagem ao Pacífico Sul. Ele transliterou a palavra tatau para o inglês como tatoo [tatuagem, em português]. De acordo com Elisha Belden, a tatuagem era inexistente no mundo ocidental, naquela época, tendo a prática sido banida pelo Papa Adriano I desde meados dos anos 700,1 pois era “considerado um sacrilégio desfigurar ou modificar a semelhança da imagem de Deus (o corpo humano), colocando marcas permanentes no corpo”2. As pessoas pertencentes às culturas cristãs assimilaram essa ideia e evitaram tatuar-se. Em partes da Ásia, a prática foi evitada devido à sua associação com a criminalidade.

Hoje as tatuagens não são mais vistas como uma prática exótica da Polinésia ou uma marca de condenados e marinheiros. Elas se tornaram moda e uma tendência popular para homens, mulheres, artistas, apresentadores, humoristas, atletas e pessoas comuns. Em 2021, havia 31.196 empresas de artistas tatuadores nos Estados Unidos (EUA).3 Uma pesquisa de 2021 nos EUA descobriu que 41% dos Millennials (nascidos entre 1981-1996) possuíam uma ou mais tatuagens.4 Na Itália, 48% das pessoas relataram ter sido tatuadas em 2018, seguidas por 47% na Suécia e 46% nos EUA. No Reino Unido, 65% dos empregadores relataram que preferiam funcionários tatuados em 5 carreiras da indústria da beleza.5

A prática das marcações corporais com o uso de tintas remonta ao tempo das culturas do passado. As múmias egípcias do período pré-faraônico, há mais de 5.000 anos, foram encontradas com tatuagens.6 Múmias femininas do período posterior ao Império Novo (c. 1570-1069 a.C.) foram encontradas com tatuagens, como o Olho de Horus simbolizando proteção.7 Além de servir como um amuleto protetor, a tatuagem parecia também ter uma finalidade decorativa para as mulheres egípcias de todas as classes sociais.8

Na cultura Berbere Amazigh, a tatuagem é chamada de jedwel, que significa “talismã”. Acredita-se que o objetivo das tatuagens feitas nas mulheres amazigh seja invocar a proteção mágica de maus espíritos e maus-olhados, como também um sinal de fertilidade, para adornar a mulher e identificar os membros do grupo.9 No entanto, a tatuagem está em declínio entre os berberes, pois a prática é considerada haram, ou proibida pelo Islã, não só por alterar permanentemente o corpo, mas também por causa das imagens de qualquer coisa animada que elas possam retratar.

Em outras partes do mundo: a palavra japonesa irezumi significa “tinta de inserção”, e horimono é uma tatuagem de corpo inteiro com um design japonês tradicional único que começa nas costas e pode se estender até o peito, ombros e pernas.10 As tatuagens ainda continuam sendo valorizadas para transmitir a identidade sociorreligiosa na cultura maori, na Nova Zelândia, e entre os samoanos. Além disso, na Índia, milhões são tatuados para expressar a filiação dos clãs, o simbolismo religioso e os valores hindus. O hinduísmo não proíbe a prática de tatuar-se − na verdade, com milhares de imagens de deuses à disposição na cultura hindu, a expressão religiosa por meio das tatuagens é sem limites para eles.

Na África subsaariana, a escarificação assemelhava-se à tatuagem. Garve et al. descobriram que essa escarificação era realizada tendo como objetivo uma “filiação permanentemente visível e irrevogável” em uma comunidade.11 Ela poderia ser usada para indicar os méritos ou o status de uma pessoa, para comemorar experiências significativas de vida, como resultado de um tratamento médico, ou para aumentar a robustez e a atratividade da pessoa, segundo acreditava-se.

Nos EUA e em outros países individualistas, a possibilidade de expressar a própria individualidade de forma original é uma poderosa motivação para fazer uma tatuagem. Reef Karim, professor clínico de psiquiatria da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, comentou a respeito das razões psicológicas pelas quais as pessoas podem querer ser tatuadas nos EUA hoje. Essas razões envolvem a “atenção, autoexpressão, liberdade artística, rebelião, a exibição visual de uma narrativa pessoal, lembretes de tradições espirituais/culturais, motivação sexual, vício, identificação com um grupo ou mesmo a impulsividade da embriaguez”.12 O Dr. Karim observou ainda: “Nossa sociedade atual anseia pela individualidade e pela autoexpressão [...] Nós não temos que falar, nós só temos que olhar. Nosso corpo passou a ser como uma geladeira em que colocamos citações, provérbios e lembretes.” Para alguns, a tatuagem se torna um vício. Segundo outro autor, pode ser “um grito de permanência em um mundo não permanente; ou a busca da identidade externa onde um sentido interno da própria identidade é frágil, duvidoso.”13

Durante a Segunda Guerra Mundial, foi imposta a tatuagem obrigatória nos campos de concentração nazistas de Auschwitz, Birkenau e Monowitz, onde os detidos foram despojados de seu nome em troca de um número tatuado em seu braço, tratados como se fossem animais marcados.14 Devido à incapacidade de realizar escolhas e aos riscos à saúde, a escarificação ou a tatuagem em bebês e crianças não deve ser praticada hoje.15

A POSIÇÃO BÍBLICA

O mandamento bíblico − “Não façam cortes no corpo por causa dos mortos, nem tatuagens em si mesmos” (Levítico 19:28)16 − é relevante ainda hoje? Em um artigo intitulado “Por que a Bíblia proíbe tatuagens?”,17 Lívia Gershon sugere que a proibição estava em oposição à prática egípcia de marcar cativos e escravos com o nome de um deus, “marcando-os como se fossem pertences dos sacerdotes ou do faraó”. Os devotos de um deus também podiam escolher voluntariamente ser marcados com o nome do deus que eles adoravam como um sinal de submissão. A autora cita Isaías 44:5 para descrever os filhos de Jacó submetendo-se a Deus: “Alguns dirão: ‘Eu pertenço ao Senhor’ [. . .] Outros ainda escreverão em suas mãos ‘Do SENHOR.’” Talvez alguém se pergunte se isso seria uma tatuagem, mas se fosse, seria aceitável fazer uma tatuagem contanto que estivesse bem visível: “DO SENHOR” ou um símbolo cristão?18 Será que o problema é o símbolo retratado, ou o processo e o resultado?

Moisés foi reconhecido como o primeiro oficial de saúde pública, com um código de saúde dado por Deus a ele para promover a saúde e o bem-estar do povo que ele levou para fora do Egito em condições desérticas e insalubres por 40 anos. Será que a proibição de Levítico 19:28, dada a Moisés, se aplica ainda hoje, mesmo nos casos em que os instrumentos de higiene podem ser utilizados sob condições estéreis? E se a pessoa que deseja fazer a tatuagem for maior de idade e não estiver sob a influência do álcool ou das drogas? E se a tatuagem for feita por uma boa razão, como recriar as sobrancelhas para um paciente com câncer?19

No caso da escarificação, a área afetada é esfregada com terra, argila, plantas ou esterco para deliberadamente causar uma infecção, de modo a criar cicatrizes com queloides salientes. Mas mesmo nos estúdios de tatuagens do Ocidente, que utilizam instrumentos modernos, pode haver condições infecciosas como as cicatrizes, queloides e granulomas, distorção da imagem da ressonância magnética e, raramente, desconforto na pele e complicações por causa do forte campo magnético da ressonância,20 bem como alergia aos corantes da tatuagem, mesmo anos depois. Os riscos em sua forma mais aguda envolvem as doenças infecciosas causadas por bactérias e vírus, inclusive o MRSA21; Tetani de Clostridium, que é o agente causador do tétano; a hepatite; e até mesmo HIV.22 As infecções cutâneas locais incluem abscessos, difteria cutânea, eritema, fascite necrosante ou necrose tecidual, pústulas e celulite, entre outras infecções. A infecção sistêmica pode causar endocardite e choque séptico.23 A hepatite viral é um fator de risco para o desenvolvimento posterior do carcinoma hepatocelular.24 Há riscos, mesmo nas melhores situações, porque as próprias tintas podem estar contaminadas, serem tóxicas ou, possivelmente, incluírem agentes cancerígenos.25 As tatuagens desaparecem porque os pigmentos são excretados ou migram para outras partes do corpo, como os gânglios linfáticos. Os riscos a longo prazo incluem fototoxicidade, possível migração de substâncias e conversão metabólica de ingredientes da tinta de tatuagem em substâncias tóxicas e clivagem de pigmentos em compostos perigosos por remoção assistida por laser de tatuagens.26

E quanto à preocupação de que a prática esteja associada a rituais agora esquecidos, associados a mortes no Antigo Oriente Próximo? O pesquisador John Huehnergard e o antigo especialista em Israel, Harold Liebowit, viram a proibição bíblica como uma reação à tatuagem ser “o símbolo da servidão” do Egito e, mais tarde, durante o período rabínico, como estando associada ao paganismo.27 No entanto, em muitas culturas e religiões, as tatuagens estão ligadas à crença na vida após a morte até hoje.28 E que mal há em ter uma tatuagem que proclama suas crenças religiosas?

A BÍBLIA E O NOSSO CORPO

Talvez a verdadeira questão não seja se há um dano absoluto em ter uma tatuagem. Em vez disso, considere o que as Escrituras dizem sobre o nosso corpo e o espaço psicológico e espiritual ocupado pelas tatuagens.

Primeiramente, as leis de saúde mosaicas foram instituídas para promover o bem-estar holístico. Além disso, a clara instrução de 1 Coríntios 6:19 e 20 é de que o nosso corpo é “o templo do Espírito Santo”. Nós não somos de nós mesmos. Devemos cuidar de nossa saúde e honrar a Deus com o nosso corpo.

Para aqueles que podem se arrepender de já terem feito uma tatuagem, a remoção das tatuagens em si envolve riscos à saúde.29 O conselho prático de Paulo sobre a circuncisão nos faz refletir: “Foi alguém chamado sendo já circunciso? Não desfaça a sua circuncisão. Foi alguém chamado sendo incircunciso? Não se circuncide. A circuncisão não significa nada, e a incircuncisão também nada é; o que importa é obedecer aos mandamentos de Deus. Cada um deve permanecer na condição em que foi chamado por Deus.” (1 Coríntios 7:18-20).

Em segundo lugar, de uma forma ou de outra, os seres humanos revelam a que grupo estão filiados por meio de sinais visíveis, pelas roupas que usam e inúmeros outros sinais. Deus designou um sinal visível encrustado no tempo para indicar se O amamos e somos leais a Ele quando nos lembramos do dia do sábado e o santificamos (Êxodo 20:8). Esse “sinal” dá ao não-conformista uma causa verdadeiramente nobre pela qual permanecer fiel (Êxodo 31:17; Ezequiel 20:20). Guardar o sábado significa crer em Deus como o Criador. O sábado afirma que Deus é Aquele que libertou os hebreus da escravidão no Egito e Aquele que ainda liberta da escravidão do pecado e da punição da morte. A observância do sábado é o reconhecimento de que é o Senhor e não outro que santifica e redime.

Em Apocalipse 13:16, o poder da besta no tempo do fim também imprimirá um sinal ou uma marca naqueles que adoram a besta. Esse sinal não é uma tatuagem ou um cartão de vacinação. Esse é um sinal que revela a submissão à besta, assim como guardar o sábado do sétimo dia demonstra fidelidade e submissão ao Criador.

Mais do que uma tatuagem, Deus promete escrever a Sua lei, a lei do amor, no coração e na mente dos seres humanos que Lhe forem fiéis.30 Essa é a motivação certa para guardar o sábado do sétimo dia como uma resposta de amor e um ato de adoração inteligente. Durante a pandemia, a escola sabatina e o culto de adoração foram forçados a serem transmitidos pelo Zoom e pela Internet. Onde os cultos públicos foram retomados, os hinos e os corais foram abafados pelas máscaras faciais ou, em alguns lugares, silenciados completamente. Tendo o amor de Deus e a Sua Lei inscritos em nosso coração e em nossa mente, renovemos o nosso testemunho e demonstremos a nossa fidelidade a Deus na companhia de outros que Lhe são leais. Essa é uma mensagem que os adventistas do sétimo dia devem proclamar em palavras e atos, fazendo uso dos vários ministérios da igreja, tanto on-line quanto pessoalmente.

Terceiro, não precisamos de um talismã, de um amuleto ou de um símbolo marcado com tinta para nos guardar e proteger dos maus-olhados, do maligno, ou mesmo da própria morte. Dia e noite, durante todas as fases da vida, Deus é suficientemente poderoso para atender todas as nossas necessidades de proteção e prover tudo o mais de que necessitamos também. A certeza da compaixão e cuidado de Deus são repetidos em toda a Escritura. As promessas que Ele fez de estar presente, de proteger e de ajudar foram dadas a Noé, a Abraão, ao povo hebreu, a Josué, a Davi, a Salomão, a Isaías, a Jeremias, a Miquéias e aos Seus discípulos.31 Quando ansiamos por uma lembrança visível da profundidade do Seu amor, podemos olhar para Cristo na cruz, refletir sobre as cicatrizes em Suas mãos e ouvir as palavras de Isaías 49:16: “Eis que nas palmas das Minhas mãos te gravei.”

Começando com o Salmo 120, pensava-se que os “cânticos da ascensão” eram cantados por peregrinos enquanto subiam a encosta e os degraus do templo em Jerusalém a fim de participarem dos festivais anuais. Jerusalém está cercada por sete picos de montanhas32 e do outro lado do Jordão, coberto de neblina, está o Monte Nebo, onde Moisés morreu depois de contemplar a Terra Prometida. Enquanto a minha mãe ainda estava viva, sofrendo e morrendo lentamente com a doença de Parkinson, eu lia para ela um daqueles salmos, o Salmo 121, mas substituía o nome de “Israel” pelo nome dela. Seja qual for o perigo, e ainda que a morte nos alcance pelo caminho, Deus é o nosso refúgio seguro:

Elevo os olhos para os montes:

de onde me virá o socorro?

O meu socorro vem do Senhor,

que fez o Céu e a Terra.

Não deixará vacilar o teu pé;

Aquele que te guarda não tosquenejará.

Eis que não tosquenejará

nem dormirá o Guarda de Israel.

O Senhor é quem te guarda;

o Senhor é a tua sombra à tua direita.

O sol não te molestará de dia,

nem a lua, de noite.

O Senhor te guardará de todo mal;

Ele guardará a tua alma.

O Senhor guardará a tua entrada e

a tua saída, desde agora e para sempre.”

Salmo 121 – ARC

Lisa M. Beardsley-Hardy Phd pela Universidade do Havaí; Havaí, EUA; MPH pela Universidade de Loma Linda, Califórnia, EUA, é diretora do Departamento de Educação na Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, Silver Spring, Maryland, EUA, e a editora-chefe da Revista Diálogo. E-mail: beardsleyl@gc.adventist.org.

 

Citação Recomendada

Lisa M. Beardsley-Hardy, "Tatuagens do coração," Diálogo 34:2 (2022): 5-8

 

NOTAS E REFERÊNCIAS

1. Armando R, Favazza, Bodies Under Siege: Self-mutilation and Body Modification in Culture and Psychiatry (Baltimore, Md.: Johns Hopkins University Press, 1996), 151. Constantino proibiu determinados tipos de tatuagem em 315 a.D, enquanto o papa Adriano I fez um decreto contra a tatuagem em 787 a.D. Ver Lauren M. Hobbs, “The Religion of Constantine I: An Analysis of the Modern Scholarly Hypotheses and Interpretations of the Contemporary Evidence”, MA Thesis, Universidade de Ottawa, 2014, p. 59, referindo-se ao Codex Theodosianus 9.40.2, no qual Constantino “declarou em 315 que quaisquer tatuagens colocadas em criminosos condenados à escolas de gladiadores ou às minas deveriam ser restritas às mãos ou às panturrilhas para não mutilar o rosto humano [. . .] a fim de preservar a semelhança da beleza celestial que existe na face do homem.” Pensou- se nisso ao se referir a Gênesis 1:26 e 27 sobre os seres humanos sendo criados à imagem e semelhança de Deus. Ver https://ruor.uottawa.ca/ bitstream/10393/31413/3/Hobbs_Lauren_2014_thesis.pdf.

2. Elisha Belden, “Captain James Cook and His Contribution to Tattooing” (n.d.), tattoo.com: https://www.tattoo.com/blog/captain-james-cook-and-his-contribution-tattooing/

3. “Tattoo artists in the U.S – Number of businesses 2002 – 2027” (30 de julho de 2021): https://www.ibisworld.com/industry-statistics/ number-of-businesses/tattoo-artists-united-states/

4. “Share of Americans with one or more tattoos as of 2021, by generation and number of tattoos”, Statista, 2022: https://www.statista.com/statistics/1261721/americans-with-at-least-one-tattoo-by-number-and-generation/

5. Ljubica Cvetkovska, “Tattoo Statistics to Intrigue, Impress & Even Encourage,” Modern Gentlemen (11 de abril de 2021 blog): https://moderngentlemen.net/tattoo-statistics

6. Sarah Gibbens, “Earliest Ancient Egyptian Tattoos Found on Mummies”, National Geographic (1 de março de 2018): https://www.nationalgeographic.com/history/article/ancient-egyptian-mummy-tattoos-spd

7. Anne Austin, “Tattooing in Ancient Egypt” (n.d.), American Research Center in Egypt: https://www.arce.org/resource/tattooing-ancient-egypt; Jason Daley, “Infrared Reveals Egyptian Mummies’ Hidden Tattoos," Smithsonian Magazine (5 de dezembro de 2019): https:// www.smithsonianmag.com/smart-news/infrared-revean-egyptian-mummies-hidden-tattoos-180973700/

8. Joshua J. Mark, “Tattoos in Ancient Egypt”, World History Encyclopedia (9 de janeiro de 2017): http://worldhistory.org/article/1000/tattooes-in-ancient-egypt/

9. Sarah Corbett, “Facial Tattooing of Berber Women”, Ethnic Jewels Magazine (n.d.): http://ethnicjewelsmagazine.com/facial-tattooing-of- berber-women-by-sarah-corbett/; Hannah Mesouani, “Inked Bodies, Blank Pages: A Study of Amazing Tattooing”, tese de mestrado. Universidade Estadual de Illinois, 4 de abril de 2019: https://ir.library. illinoisstate.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=2096&context=etd.

10. Ryan Fan, “Irezumi: The history of tattoos in Japan”, History of Yesterday, 4 de julho de 2020: https://historyofyesterday.com/irezumi-the-history-of-tattoos-in-japan-a0e77d9a81e9

11. Roland Garve et al., “Scarification in Sub-Saharan Africa: Social Skin, Remedy and Medical Import,” Tropical Medicine and International Health 22:6 (junho de 2017): 708-715: https://onlinelibrary.wiley.com/ doi/full/10.1111/tmi.12878.

12. Reef Karim, “Tattoo Psychology: Art or Self-Destruction? Modern- day Social Branding” The Blog, Huffpost (atualizado em 9 de janeiro de 2013): https://www.huffpost.com/entry/psychology-of-tattoos_b_2017530

13. Simon Parke, “A Craze That Disgusts”, Church Times (27 de setembro de 2013): https://www.churchtimes.co.uk/articles/2013/27-september/comment/columnists/a-craze-that-disgusts

14. Ritu Prasad, “The Tattooist of Auschwitz-and His Secret Love”, BBC News (8 de janeiro de 2018): https://www.bbc.com/news/stories-42568390

15. Garve et al., “Scarification in sub-Saharan Africa: Social Skin, Remedy and Medical Import.”

16. Salvo indicação em contrário, todas as referências bíblicas neste artigo são citadas da Nova Versão Internacional da Bíblia Sagrada.

17. Livia Gershon, “Scarification in sub-Saharan Africa: Social Skin, Remedy and Medical Import." JSTOR Daily (2 de janeiro de 2021): https://daily.jstor.org/why-does-the-bible-forbid-tattoos/

18. David Briggs, “Christians Show Faith Through Tattoos”, Tampa Bay Times (14 de setembro de 2005): https://www.tampabay.com/archive/1998/12/12/christians-show-faith-through-tattoos/

19. A microblagem (tatuagem cosmética) cria sobrancelhas que duram de 12 a 24 meses, mas não é recomendada durante a quimioterapia ou quando a pessoa está imunossuprimida. Mesmo quando uma razão desejável é apresentada para a tatuagem, não é realizada sem riscos potenciais para a saúde. Ver WebMD, “Microblading Health Risks” (Revisado em 18 de dezembro de 2018): https://www.webmd.com/beauty/microblading-health-risks#1

20. Ibid.; Kasper Køhler Alsing et al., “Tattoo Complications and Magnetic Resonance Imaging: A Comprehensive Review of the Literature”, Acta Radiologica 61:12 (1 de dezembro de 2020): 1.695-1.700: https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0284185120910427.

21. O Staphylococcus aureus resistente à Meticilina (MRSA) é uma variante de bactérias que se tornou um “superinseto” através de mutação para se tornar resistente aos antibióticos normalmente utilizados no tratamento das infecções por estafilococos. A SARM está associada à morbidade, mortalidade, tempo de permanência hospitalar e carga de custos significativos. Ver: Centers for Disease Control (CDC), “Methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA)” (atualizado em 5 de fevereiro de 2019): https://www.cdc.gov/mrsa/index.html; “Methicillin-Resistant Staphylococcus Aureus Skin Infections Among Tattoo Recipients-Ohio, Kentucky, and Vermont, 2004- 2005”, CDC MMWR Weekly 55:24 (23 de junho de 2006): 677-679: https://www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhl/mm5524a3.htm.

22. U.S. Food & Drug Administration, “Tattoos & Permanent Makeup: Fact Sheet”: (24 de agosto de 2020): https://www.fda.gov/cosmetics/cosmetic-products/tattoos-permanent-makeup-fact-sheet; Ahmed Messahel e Brian Musgrove, “Infective Complications of Tattooing and Skin Piercing”, Journal of Infection and Public Health 2:1 (2009): 7-13: https://www. sciencedirect.com/science/article/pii/S1876034109000070.

23. Ralf Dieckmann, et al., “The Risk of Bacterial Infection After Tattooing: A Systematic Review of the Literature," Deutshes Ärzteblatt International 113:40 (outubro de 2016): 665-671: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5290255/

24. Saleh A. Alqahtani y Massimo Colombo, “Viral Hepatitis as a Risk Factor for the Development of Hepatocellular Carcinoma”, Hepatoma Research 6:58 (2020): https://hrjournal.net/article/view/3628.

25. Wolfgang Bäumler, “Tattoos and their potential health consequences”, Deutsches Ärzteblatt International 113:40 (outubro de 2016): 663, 664: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5400116/; U.S. Food and Drug Administration, “FDA Advises Consumers, Tattoo Artists, and Retailers to Avoid Using or Selling Certain Tattoo Inks Contaminated With Microorganisms" (atualizado em 24 de Agosto de 2020): https://www.fda.gov/cosmetics/cosmetics-recalls-alerts/fda-advises-consumers-tattoo-artists-and-retailers-avoid-using-or-selling-certain-tattoo-inks.

26. Peter Laux et al., “A Medical-toxicological View of Tattooing,” The Lancet 387:10016 (23 de janeiro de 2016): 395-402: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(15)60215-X/references.

27. John Huehnergard and Harold Liebowitz, “The Biblical Prohibition Against Tattooing”, Vetus Testamentum 63:1 (1 de Janeiro de 2013): 59-77: https://brill.com/view/journals/vt/63/1/article-p59_5.xml.

28. Margo DeMello, Inked: Tattoos and Body Art Around the World (Santa Barbara, Calif.: 2014), 1:9, 10: https://books.google.com/books?id=V mRyBAAAQBAJ&pg=PA211&lpg=PA211&dq=Emperor+Constantine+ banned+facial+tattoos&source=bl&ots=dkU-Fkefy5&sig=Acfu3u2ba kxpmdstul9mqom5qzhpvjdrzw&hl=en&sa=X&ved=2ahUKEwiijpyDzN TzAhWvmuAKHTBEAbEQ6AF6BAgrEAM#v=onepage&q=Emperor%20 Constantine%20banned%20facial%20tattoos&f=false.

29. Niti Khunger, Anupama Molpariya e Arjun Khunger, “Complications of Tattoos and Tattoo Removal: Stop and Think Before You Ink”, Journal of Cutaneous and Aesthetic Surgery 8:1 (Janeiro-Março de 2015): 30-36: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4411590/.

30. Ver Jeremias 31:33; Hebreus 10:16.

31. Ver Génesis 9:12-17; Gênesis 12:1-3; Deuteronômio 31:6, 8; Josué 1:5, 9; 1 Crônicas 28:20; Salmo 55:22; 91; Isaías 41:10; Jeremias 31:1; Miqueias 7:7, 8; Mateus 28:20; Lucas 21:28; Romanos 8:28; Filipenses 4:6, 7; Hebreus 4:16; 13:5, 6; 1 Pedro 2:9, 10; 5:7.

32. Sar-El Tours & Conferences, “Mountains Surrounding Jerusalem: A Biblical Overview of Jerusalem’s Location” (4 de outubro de 2020): https://sareltours.com/article/mountains-surrounding-jerusalem.

 

FONTE: Revista Diálogo Universitário