Teologia

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

O REMANESCENTE DE DEUS DO FIM DOS TEMPOS E ACUSAÇÕES DE EXCLUSIVISMO E TRIUNFALISMO


pela Associação Ministerial

Os adventistas encontraram Apocalipse 12:17 e 14:6-12 para descrever sua identidade e missão como povo remanescente de Deus no tempo do fim. Mas essa interpretação levou muitas pessoas a concluir que a compreensão adventista do conceito de remanescente é ofensiva, exclusivista e triunfalista. Por sua vez, esta opinião baseia-se numa compreensão distorcida dos fatos bíblicos e na forma como os adventistas aplicam os textos acima mencionados a si próprios. Existem algumas coisas específicas que podemos dizer em resposta à acusação acima mencionada.

1. O remanescente como um grupo específico.

A aplicação do conceito de remanescente a um grupo específico de pessoas, através do qual Deus está cumprindo o seu propósito para a raça humana, está presente em todas as Escrituras.

Há Noé, o único considerado justo em sua geração (um remanescente fiel), proclamando julgamento contra a humanidade (Gn 7:1). Elias e os 7.000 israelitas que permaneceram fiéis a Deus durante a apostasia nacional de Israel (1 Reis 19:10, 18). Na verdade, Elias falou contra a apostasia e anunciou o julgamento de Deus contra o seu povo.

Seria correto dizer que, quando os profetas e aqueles que se juntaram a eles na preservação e prática da verdade divina se consideravam fiéis, estavam sendo ofensivos, exclusivistas e triunfalistas? O mesmo se aplicaria a Jesus e à sua mensagem, ao trabalho dos discípulos e à comunidade cristã apostólica constituída por ele e pelo seu remanescente fiel.

Ao longo da história, o povo remanescente apenas cumpriu a tarefa que lhe foi designada pelo Senhor. Ao fazê-lo, revelaram a sua verdadeira identidade e o seu profundo compromisso com o seu Redentor. A sua fidelidade os separou daqueles que escolheram uma vida de rebelião e violação da aliança.

2. A crise espiritual e o remanescente.

As Escrituras deixam claro que o povo remanescente de Deus muitas vezes enfrentou momentos de crise social e espiritual. Isto aconteceu no contexto de apostasia e opressão, como durante o ministério de Elias (1 Reis 17-19, ver também Sof 3:11-13). Na Bíblia encontramos referências significativas ao remanescente, antes, durante e depois do exílio. Nestes períodos históricos, Israel e Judá violaram a aliança feita com o Senhor, mas ele preservou para si um remanescente entre os que permaneceram fiéis.

Nesse contexto, uma das funções do remanescente era o serviço. Eles foram chamados por Deus para servir aos seus semelhantes, convidando-os a exercer serviço indiviso (por exemplo, Is 66:18-20). Na verdade, às vezes eles próprios tiveram que ser conduzidos através de uma experiência de purificação, sugerindo que também estavam em constante necessidade da graça de Deus (Sof 3:9, 13; Ap 3:14-22). Portanto, o povo remanescente de Deus foi chamado, através de sua graça, para um humilde serviço a ele. No conceito bíblico de remanescente não há espaço para autoglorificação e triunfalismo.

3. Inclusão e Remanescente.

A existência de um remanescente não significa que a salvação seja exclusivamente para eles. É verdade que a história do conceito de remanescente mostra que este foi marcado por ideias exclusivistas. Esse foi particularmente o caso da comunidade de Qumran, localizada perto do Mar Morto. Mas a verdade é que o povo de Deus não está restrito a um determinado grupo social, étnico ou religioso. Eles são encontrados em todos os lugares.

Uma eclesiologia bíblica do remanescente pressupõe que Deus está ativamente engajado na salvação de pessoas fora do remanescente. A obra do Espírito Santo atinge cada indivíduo, mesmo na ausência de uma expressão concreta do povo de Deus. O Espírito, como o vento, “sopra onde quer” (João 3:8). Podemos sugerir que a totalidade do povo de Deus é maior que o remanescente (cf. Apocalipse 12:17; 18:4). Isto deveria pôr fim de uma vez por todas a qualquer acusação de exclusivismo na eclesiologia e soteriologia adventista.

4. Mensagem do Remanescente.

O remanescente bíblico sempre teve uma mensagem de grande relevância e importância para o povo de Deus em determinado momento histórico. Muitas vezes, essa mensagem continha elementos de julgamento contra a comunidade religiosa mais ampla, mas a sua intenção era proclamar a salvação (cf. Is 58, 9-14). O foco principal da mensagem do remanescente sempre foi a salvação e poderia ter incluído a restauração da verdade e a rejeição da apostasia (Is 8:16-20, Ap 14:6-12). Isto é o que encontramos nos profetas bíblicos, em Jesus e na igreja apostólica.

5. Ameaças comuns a todos os cristãos.

Qualquer comunidade religiosa que afirme ter uma identidade e missão específicas (isto é, que afirme possuir uma mensagem de valor e relevância universal, e exija que os potenciais membros aceitem crenças e práticas específicas consideradas inegociáveis ​​na vida dessa comunidade), corre o risco de ser acusado de arrogância, triunfalismo e exclusivismo. Por outro lado, tal acusação pode ser impertinente.

Como adventistas, devemos fazer todo o possível para evitar atitudes e discursos que, na opinião de alguns, possam dar razão aos que nos acusam. Consequentemente, ao interagir com outros cristãos, é importante expressar claramente a nossa eclesiologia.

Não há necessidade de ofender ninguém através da proclamação da nossa mensagem. Caso as acusações continuem, é importante não se deixar intimidar por elas nem considerá-las válidas. Se sabemos quem somos e também sabemos que a acusação é incorreta, tudo o que temos a fazer é continuar a cumprir a nossa missão como povo remanescente de Deus para o tempo do fim.

 

FONTE: Pastor Adventista

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

BARNABÉ – O APÓSTOLO QUE ACOLHIA E ACREDITAVA NAS PESSOAS REJEITADAS


Texto bíblico: "Notícias desse fato chegaram aos ouvidos da igreja em Jerusalém, e eles enviaram Barnabé a Antioquia. Este, ali chegando e vendo a graça de Deus, ficou alegre e os animou a permanecerem fiéis ao Senhor, de todo o coração. Ele era um homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé; e muitas pessoas foram acrescentadas ao Senhor" (Atos 11:22-24, NVI).

INTRODUÇÃO

Para você, qual é o homem mais influente do Novo Testamento? Hoje eu quero lhe apresentar Barnabé. Sem dúvida foi um grande homem, um dos maiores líderes da igreja primitiva, mas pouco conhecido pelos cristãos atuais. Sua piedade era notória. Seu exemplo e seu ministério fizeram diferença. Seu nome era na verdade, José, e ele era filho de pais judeus, descendentes da tribo de Levi, e natural de Chipre, uma das maiores ilhas do mar Mediterrâneo (Atos 13:1-4). Existem várias excelentes lições que podemos extrair da vida deste discípulo relativamente obscuro de Jesus.  

José era uma pessoa tão amorosa, companheira e parecida com Jesus, que a comunidade cristão e os apóstolos mudaram seu nome para Barnabé. O nome tem a ver com ele, significa: “filho de consolação”, “filho de exortação” ou “filho de encorajamento” (At 4:36, 37). Que apelido bom! Obviamente, este homem não vivia atacando e caluniando os outros. Ele sempre tinha  uma palavra de ânimo aos fracos e abatidos.

Além de ser extremamente acolhedor, generoso e amigo Barnabé, também possuía outras características espirituais. A bíblia diz que “era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé…” (At 11.24). Três verdades sobre Barnabé são colocadas em destaque e servem de inspiração para todos os cristãos hoje.

I - UM CRISTÃO DEVE INVESTIR SUA VIDA NA VIDA DE OUTROS

Barnabé é o único homem da Bíblia chamado de bom. E por quê? Porque quase sempre ele está investindo sua vida na vida de alguém. As pessoas o amavam. Respeitavam seus posicionamentos e sempre queriam ouvi-lo. Ele levou muitas pessoas ao Senhor Jesus não apenas com palavras, mas sobretudo com atitudes de bondade.

Em Atos 4:36, 37 ocorre a primeira citação do seu nome, e revela que ele está investindo recursos financeiros para abençoar pessoas. Diz o texto sacro que ele vendeu um campo e doou o dinheiro para ajudar os irmãos necessitados na igreja em Jerusalém. Diferente do egoísmo e interesse próprio que domina a vida de muitas pessoas, Barnabé e outros discípulos no início da igreja mostraram o amor sacrificial que Jesus ensinou.

Barnabé deu oportunidades para pessoas quando os outros não confiavam nelas. Ele era um homem que insistia em acreditar no melhor dos outros. Dois episódios ilustram este aspecto do trabalho de Barnabé. Em Atos 9:27 ele está investindo na vida de Saulo de Tarso, quando todos os discípulos fecharam-lhe a porta da igreja, não acreditando em sua conversão. Um dos maiores problemas enfrentados por Paulo no princípio da sua caminhada cristã foi a desconfiança (At 9:26, 27). Não obstante seu testemunho fosse muito forte – ele viu Jesus e foi chamado por Ele (At 9:4, 5) – a igreja primitiva não conseguia confiar nele. Isso era compreensível, até porque Paulo havia encarcerado e participado no assassinato de muitos cristãos, inclusive Estêvão um dos líderes da igreja (At 7:55-58). Ao conhecer a história de Paulo, seu testemunho, Barnabé assumiu a responsabilidade pela sua vida, arriscando sua própria reputação, sua vida e sua igreja. Não desconfiou como os demais. Apresentou-o as lideranças da Igreja como um verdadeiro cristão (Atos 9:26-30).

Resultado: Dos 27 livros que compõem o Novo testamento, 13 foram escritos por Paulo. Tornou-se um dos gigantes do cristianismo. Tornou-se o maior ganhador de almas e plantador de igrejas de todos os tempos.

A relevância do apóstolo Paulo para a igreja é sem precedente. Mas tudo isso aconteceu porque Barnabé, que era uma pessoa amorosa, acreditava nas pessoas, investia nelas e estava sempre disposto a ajudá-las.

Qual é a nossa situação? É mais fácil para nós, por natureza, fazer comentários maldosos sobre outros. Quem de nós se dispõe a se dirigir a uma pessoa, conversar com ela e ajudá-la? Em nossas igrejas e círculos familiares locais precisamos de homens e mulheres, jovens e idosos que se aproximem de outras pessoas, que coloquem a mão amistosamente sobre o ombro delas, que se preocupem com elas, que as incluam nos círculos de comunhão, que tenham palavras de consolo para elas e que as apoiem. Efésios 4:2 nos exorta: “Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor” (NVI). A sentença “Sejam pacientes...” deveria abalar o nosso coração.

Em Atos 11:19-26, a igreja de Jerusalém o vê como o melhor obreiro a ser enviado para Antioquia. Ao chegar lá, vê a graça de Deus prosperando naquela grande metrópole. Percebeu que havia muito trabalho e não podia desenvolvê-lo sozinho. A partir daí, mais uma vez ele investe na vida de Saulo e vai buscá-lo em Tarso, sua cidade natal. Catorze anos depois que Barnabé tinha recomendado Paulo aos líderes da igreja de Jerusalém, ele encontra-se novamente com ele e leva-o para Antioquia (Gl 2:1). O reencontro entre Barnabé e Paulo resultou em um ano inteiro de pregações empolgantes, fervorosas e apaixonadas em Antioquia (At 11:25, 26).

O resultado foi um grande número de conversões e uma igreja atuante, sincera e forte.

Em Atos 13:2 o Espírito o separa como o líder regente da primeira viagem missionária. Ele e Paulo chegaram na ilha de Chipre para pregar as boas novas de Jesus. A missão em Chipre marcou uma transição importante. Pela primeira vez Lucas mencionou “Saulo, também chamado Paulo” (At 13:9). A partir daí o nome “Saulo” desaparece, como se fosse para mencionar que Paulo, o apóstolo dos gentios, havia chegado. Durante a viagem pela Ásia, Paulo alcança um grande destaque na pregação do evangelho. A sabedoria, intrepidez e o poder com os quais ele falava sobre Jesus arrebatava os corações dos ouvintes.

Mas a parte mais virtuosa e mais emocionante da narrativa é a resposta submissa e humilde de Barnabé ao avanço de Paulo. Até aquele momento, Barnabé tinha sido o número um e, sem ele, talvez Paulo tivesse se tornado um elemento esquecido. Mas o homem que havia trazido Paulo para se juntar a ele passou a ocupar humildemente o segundo lugar sem murmurar. Em nenhum momento as Sagradas Escrituras mostram Barnabé com ciúmes, desprezo ou rancor com relação a Paulo. Para Barnabé, a missão era mais importante do que quem a realizava. O seu coração convertido tinha apenas uma preocupação, que o Senhor Jesus fosse glorificado. Que lição de humildade!

Em Atos 15:37-41 Barnabé mais uma vez está investindo na vida de alguém; desta feita na vida de João Marcos. Quando Paulo, Barnabé e João Marcos chegaram a Perge, no caminho para Antioquia da Pisídia, um evento triste aconteceu: João Marcos decidiu abandonar a missão e voltar para casa em Jerusalém. O texto sacro não apresenta nenhuma razão para isso. Porém, Ellen White aponta as possíveis razões: “Pouco habituado a sacrifícios, desanimaram-no os perigos e privações do caminho. Trabalhara com êxito sob circunstâncias favoráveis, mas agora, em meio a oposição e perigos que tantas vezes cercam o missionário pioneiro, não suportou as dificuldades como bom soldado da cruz. Devia aprender ainda a enfrentar valorosamente os perigos, perseguições e adversidades. À medida que os apóstolos avançavam, encontrando dificuldades cada vez maiores, Marcos intimidava-se, e perdendo todo o ânimo, recusou-se a prosseguir, retornando a Jerusalém” (Atos dos Apóstolos, p. 169, 170).

A partida de Marcos se tornou tão controversa que, quando os apóstolos planejavam a segunda viagem missionária cerca de três anos depois, Paulo recusou-se a levar marcos. Barnabé, no entanto, insistiu para que levassem consigo Marcos. Paulo não quis ceder com base nos seus motivos. Barnabé também não. O conflito ficou tão intenso que o resultado foi a separação de uma das duplas missionárias mais produtivas da história da Igreja de todos os tempos. Barnabé acreditou em João Marcos, seu primo (Cl 4:10), dando-lhe uma segunda chance. Levou-o consigo para Chipre, e Paulo seguiu com Silas, seu novo companheiro, para Síria e Cilícia.

Isso me ensina duas preciosas lições: 1) Não importa quão espiritual sejamos, continuaremos humanos falhos. Todos nós! 2) Por sermos todos falhos, precisamos dar uma segunda chance a quem erra, ajudando-lhe a ergue-se. Ellen G. White afirma: “Muitos através da estrada da vida, pensam demais em seus erros e faltas e decepções, ficando com o coração cheio de amargura e desânimo” (Caminho a Cristo, p. 116). Como precisamos de pessoas na igreja que deem aos outros uma segunda oportunidade, e que com coragem e denodo cristãos não receiem ajudar e apoiar os que a princípio vacilam em sua experiência cristã! Uma pessoa pode superar suas falhas.

Indubitavelmente, a paciência de Barnabé contribuiu para o crescimento de João Marcos. O Espírito Santo acabou por usar João Marcos em uma tarefa não menos importante: ele escreveu o Evangelho que leva seu nome, aliás o primeiro Evangelho a ser escrito. Anos depois, Paulo, agora um velho prisioneiro em Roma, escreveu a Timóteo: “Toma consigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério” (2 Tm 4:11). Paulo demorou bastante tempo para reconhecer que a graça significa dar segundas chances. Um cristão pode falhar em um momento, mas pode se refugiar no “esconderijo do Altíssimo” (Sl 91:1, 2; 37:24; Pv 24:16). Assim, nenhuma das nossas quedas precisa ser permanente.

Deus precisa de homens e mulheres que sejam bons, homens e mulheres que dediquem seu tempo e seu coração para investir na vida de outras pessoas.

II -  UM CRISTÃO DEVE ESVAZIAR-SE DE SI PARA SER CHEIO

DO ESPÍRITO SANTO

Barnabé era um homem cheio do Espírito Santo. Sua vida, suas palavras e suas atitudes eram governadas pelo Espírito de Deus. Um cristão cheio do Espírito tem o coração em Deus, vive para a glória de Deus, ama a obra de Deus e serve ao povo de Deus. Barnabé foi um homem vazio de si mesmo, mas cheio do Espírito Santo.

Ellen G. White afirma: “Se pensássemos e falássemos mais sobre Jesus e menos sobre o eu, teríamos muito mais de Sua presença” (Acima de Todo Nome [MD 2022], p. 150).

Amigos, a plenitude do Espírito não é uma opção, mas uma ordem divina. Não ser cheio do Espírito é um pecado de negligência. Precisamos de homens e mulheres que transbordem do Espírito, homens e mulheres que sejam vasos de honra, exemplo para os fiéis, bênção para o rebanho de Deus.

Quando os cristãos andam com Deus, eles influenciam seus liderados a também andarem com Deus. Por isso, a sua vida (vida do líder) vai influenciar a vida dos que cercam você (é a vida da sua liderança).

Deus está mais interessado em quem você é do que no que você faz. Vida com Deus precede trabalho para Deus. O seu relacionamento com Deus é mais importante do que você faz para Ele.

III - UM CRISTÃO DEVE COLOCAR SEUS OLHOS EM DEUS E

NÃO NAS CIRCUNSTÂNCIAS

Barnabé era um homem cheio de fé. Ele vivia vitoriosamente mesmo diante das maiores dificuldades, porque sabia que Deus estava no controle da situação.

A fé tira nossos olhos dos problemas e os coloca em Deus que está acima e no controle dos problemas. A fé é certeza e convicção. É certeza de coisas e convicção de fatos (Hb 11:1). É viver não pelo que vemos ou sentimos, mas na confiança de que Deus está no controle.

Lembra o que está escrito em Habacuque 2:4? A fé nos leva a confiar mesmo diante das dificuldades, não porque somos fortes, mas porque embora sejamos fracos, confiamos naquele que é onipotente.

CONCLUSÃO

José Barnabé, filho de exortação, deixou um excelente exemplo por meio de uma vida dedicada ao Senhor e aos outros homens. Seguia Jesus e ensinava os outros a andarem no mesmo caminho!

Precisamos ser homens e mulheres que ousem crer no Deus dos impossíveis. Precisamos ser homens e mulheres que olhem para a vida na perspectiva de Deus, que abracem os desafios de Deus e realizem grandes projetos no reino de Deus.

Caros irmãos e irmãs, querem ser como Barnabé? Quer você hoje investir sua vida para salvação das pessoas ao seu redor? Esvazie-se de si mesmo e permita que o Espírito Santo lhe preencha com Seu poder. Peça que Deus lhe ajude! Olhe sempre para Deus e não para as circunstâncias!

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

DOM DE LUZ

Wellington Barbosa*

Percepções a respeito do ministério de Ellen White

Desde seu período formativo, o movimento adventista sabatista reconheceu que Ellen White havia recebido do Senhor o ministério profético característico do povo de Deus no tempo do fim (Ap 14:12; 19:10). Apesar dessa compreensão ser uma crença distintiva da Igreja Adventista do Sétimo Dia, os escritos da mensageira do Senhor nem sempre são interpretados e considerados de maneira correta. De fato, podemos classificar quatro atitudes básicas quanto ao dom de profecia.

Superior à Bíblia.

Algumas pessoas estimam os escritos de Ellen White como uma revelação superior às Escrituras. Provavelmente, ninguém que pertença a esse grupo assuma isso em teoria, mas, na prática, age dessa maneira. A partir de interpretações equivocadas de seus textos, distorcem conceitos apresentados na Palavra de Deus, subjugando-os àquilo que pretensamente Ellen White falou, promovem um ambiente de dissensão na igreja e ajudam a reforçar o estigma sectário que alguns nutrem em relação ao adventismo.

Contrária à Bíblia.

Por outro lado, há também aqueles que não aceitam o dom profético de Ellen White e criticam seus escritos, afirmando que muitas de suas ideias contradizem as Escrituras e são resultado de doença psiquiátrica, distúrbios psicológicos, fanatismo e plágio. Em realidade, a maior parte dessas acusações foi feita ainda no período em que ela estava viva, e todas já foram amplamente contestadas. No entanto, de tempos em tempos, essas críticas são reapresentadas com uma abordagem diferente, lançando dúvidas especialmente àqueles que pouco conhecem a respeito do ministério de Ellen White, ou tenham convivido com pessoas cuja visão sobre seus escritos é desequilibrada.

Igual à Bíblia.

Temos também um grupo que tem uma visão positiva sobre o ministério de Ellen White, mas nutre pressupostos equivocados quanto ao dom profético. Alguns membros da igreja consideram seus escritos uma adição ao cânon sagrado, substituindo a leitura da Bíblia, servindo como fundamento doutrinário, esgotando o significado das Escrituras e, por fim, assumindo um papel de autoridade final da fé. Isso não corresponde à maneira como a Igreja Adventista crê (link.cpb.com.br/b4d27e). Embora reconheçamos que sua inspiração e autoridade proféticas sejam iguais às dos escritores bíblicos, entendemos que a aplicação de suas orientações seja direcionada ao nosso tempo e à nossa igreja, à semelhança daquilo que ocorreu com os profetas não canônicos como, por exemplo, Natã, Gade, Semaías e Ido (1Cr 29:29; 2Cr 12:15). Isso está em harmonia com o propósito central da manifestação do dom de profecia na igreja remanescente.

Luz menor que conduz à Bíblia.

Ellen White jamais considerou suas mensagens superiores ou iguais às Escrituras, muito menos contrárias a elas, mas compreendia que seu ministério visava conduzir as pessoas a um entendimento mais profundo da Palavra de Deus. Ela afirmou: “Por meio dos testemunhos, o Senhor Se propõe advertir, repreender e aconselhar Seus filhos e impressionar-lhes a mente com a importância da verdade de Sua Palavra. Os testemunhos não estão destinados a comunicar nova luz, mas sim a imprimir fortemente na mente as verdades da Inspiração que já foram reveladas. […] Não se trata de escavar verdades adicionais, mas, pelos Testemunhos, Deus tem facilitado a compreensão de verdades importantes já reveladas e posto estas diante de Seu povo pelo meio que Ele próprio escolheu, a fim de despertar e impressionar com elas sua mente, para que todos fiquem sem desculpa” (Testemunhos Para a Igreja [CPB, 2021], v. 5, p. 565).

O Senhor escolheu revelar mensagens especiais para o povo remanescente por intermédio de uma mulher simples, cristã e que enfrentava vários desafios pessoais, mas que se deixou ser usada para abençoar a igreja com seu dom especial. Valorizemos seu ministério e cumpramos seu propósito: ser cristãos plenamente comprometidos com a Bíblia, envolvidos na missão e preparados para a vinda de Jesus.

 

*WELLINGTON BARBOSA é editor da Revista Adventista

 

FONTE: Editorial da Revista Adventista de novembro/2023