Teologia

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

A DOUTRINA DA IMORTALIDADE DA ALMA - A MAIOR DE TODAS AS MENTIRAS



Ricardo André

"É certo que não morrereis." Gênesis 3:4. Essas poucas palavras, pronunciadas a alguns milênios atrás, constituem a semente da MAIOR DE TODAS AS MENTIRAS. Com as mais variadas formas e sob rótulos diferentes, é nisso que praticamente toda a humanidade tem crido por centenas de anos. Essa é a base de todas as religiões pagãs do passado e do presente. O próprio Cristianismo foi contaminado com esse engano e é hoje seu maior adepto. Trata-se DO MAIOR DE TODOS OS ENGANOS, pois conseguiu envolver, em sua rede, praticamente toda a humanidade: A DOUTRINA DA IMORTALIDADE DA ALMA.

Embora quase todos creiam nessa falsa doutrina, subsiste muita dúvida no tocante à morte. Dizem alguns que, ao morrer o indivíduo, sua alma terá algum dos três possíveis destinos: o céu, o inferno ou o purgatório. Já outros afirmam que o espírito passa por um processo evolutivo mediante reencarnações. Mas, o que dizem as Escrituras? Há alguma informação segura a esse respeito?

Disse Jesus, certa vez, a um grupo de judeus quando lhe questionaram sobre a ressurreição: "Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus." Mateus 22:29. Assim, não somente os judeus, mas toda a humanidade tem alimentado falsas ideias acerca da morte exatamente porque não se dá a devida atenção às Escrituras Sagradas. É à Bíblia que devemos recorrer em busca de uma resposta segura a essa questão. Se foi Deus Quem criou o ser humano, ninguém melhor do que Ele para nos explicar o mistério da morte. Voltemos nossos olhos à Bíblia e deixemos que ela projete luz sobre o assunto. Para entendermos o ensino bíblico concernente à morte, seria de grande utilidade examinarmos primeiramente o relato da criação. Vejamos o que dizem as Escrituras.

"Então formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra, e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente." Gênesis 2:7. Ao criar o ser humano, Deus empregou dois elementos básicos: pó da terra e fôlego de vida. Tendo formado aquela espécie de boneco do pó da terra, dizem as Escrituras que Deus soprou o fôlego de vida em suas narinas. Então é feita a seguinte assertiva: "e o homem passou a ser alma vivente". Deve-se notar que a Bíblia não diz que o homem recebeu uma alma, mas que, como resultado da união do pó da terra com o fôlego de vida, ele passou a ser alma vivente. Não diz que passou a "ter", mas que passou a "ser" uma alma vivente. Portanto, o ser humano não tem uma alma dentro de si; ele próprio é uma alma. A seguinte ilustração pode nos auxiliar no entendimento desse assunto: uma lâmpada não tem luz por si só, mas produz luz quando está em ordem e em conexão com a energia elétrica, e ao mesmo tempo a energia elétrica sozinha não ilumina a menos que esteja conectada com a lâmpada. Da mesma forma, a alma não é apenas o pó ou o fôlego, mas a união harmoniosa de ambos. Não havendo um dos dois elementos, a alma não existirá, não vida consciente. É claro que um ser humano é muito mais complexo do que uma lâmpada e energia. Isso é inegável. Mas o princípio é o mesmo. Agora já estamos aptos a entender o que ocorre quando uma pessoa morre.

A alma é mortal

A morte é o oposto da vida. Na morte ocorre o contrário daquilo que se deu na criação. A alma é o ser humano completo e só existirá enquanto o pó da terra e o fôlego de vida permanecerem unidos. No momento em que essa união for rompida, a alma deixará de existir. Ela não vai para o céu, nem para o inferno. Tampouco passa por processos de reencarnações. O corpo, feito do pó, se desfaz e retorna à terra: "Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; porquanto és pó, e ao pó tornarás." Gênesis 3:19. O espírito, que nada mais é senão o sopro vital, volta para Deus; "E o pó volte para a terra como o era, e o espírito volte a Deus que o deu." Eclesiastes 12:7. E o que acontece? Simples: o homem (alma vivente) morre, deixa de existir. Como diz Ezequiel 18:4 e 20: "A alma que pecar, essa morrerá.". Portanto, embora muitos digam o contrário, biblicamente é inegável: a alma é mortal. Em lugar nenhum a Bíblia se refere a alma como uma entidade imortal, capaz de viver independentemente de nosso corpo. Nem fala de espírito como uma entidade que possa existir à parte de nossa natureza física. Não fomos criados com partes independentes temporariamente interligados, mas com corpo, alma e espírito em um todo indivisível. A ideia de possuir o homem uma entidade espiritual, consciente e imortal é estranha às Escrituras Sagradas.

A origem da crença na imortalidade da alma

Como vimos, o ponto de vista bíblico da natureza humana é holístico (integral), e não dualístico. O corpo e a alma, a carne e o espírito, são características da mesma pessoa, e não componentes independentes que “se separam” na morte. O dualismo clássico provém dos escritos dos filósofos gregos, a exemplo de Platão e Aristóteles, que consideravam o corpo provisório e mau, mas a alma (psychê), eterna e boa. Tal ideia foi comprada pela Igreja Católica e é ensinada até hoje por quase todas as igrejas cristãs.

Influenciados pelo antibíblico ponto de vista dualístico da natureza humana, os cristãos são levados a acreditar num destino em que almas imortais sobrevivem à morte do corpo e passam a eternidade, na felicidade do paraíso ou num tormento de um inferno ardente. Tudo isso tem servido para apoiar a confiança na mentira de Satanás de que, não importa o que as pessoas façam, “certamente não morrerão” (Gêneses 3:4).

Os mortos estão inconscientes.

Façamos, pois, a devida separação dos termos. Alma não é a mesma coisa que espírito. Alma é o ser vivo completo, com todas as suas faculdades. Espírito é meramente o fôlego de vida, ou seja, a respiração; quando se diz, portanto, que o espírito volta para Deus, entenda-se que é meramente o sopro de vida, no qual não há consciência.

Ao romper-se a harmoniosa ligação entre o corpo e o espírito, os pensamentos cessam e o indivíduo entra num estado de inconsciência. Bastante esclarecedoras são as palavras de Salomão a esse respeito: "Para o que está entre os vivos há esperança; porque mais vale um cão vivo do que um leão morto. Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tão pouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol." "Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma." Eclesiastes 9:4-6 e 10. Relevantes também se mostram as palavras do Salmo 146:4: "Sai-lhes o espírito e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia perecem todos os seus desígnios". Jesus também encarou a morte dessa maneira, comparando-a com o sono. Certa ocasião, tendo falecido um amigo Seu, assim Se expressou: "Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo." João 11:11. A Bíblia declara que eles não podem voltar a sua casa: "Tal como a nuvem se desfaz e passa, aquele que desce à sepultura jamais tornará a subir. Nunca mais tornará a sua casa, nem o lugar onde habita o conhecerá jamais." Jó 7:9 e 10. Não podem glorificar a Deus: "Os mortos não louvam o Senhor, nem os que descem à região do silêncio." Salmos 115:17. É lógico que assim seja, pois para todas essas coisas é necessária a consciência. Tudo isso pode parecer estranho à primeira vista, mas é precisamente o ensino das Escrituras.



Há esperança para os mortos

"Mas, se é assim," dirão alguns, "que objetivo há na vida? Se ao findar a respiração, a alma morre e cessa a consciência, qual a razão de tudo? Não há esperança?" A mesma questão repousou certa vez sobre a mente de Jó: "Morrendo o homem, porventura tornará a viver? Todos os dias da minha milícia esperaria, até que eu fosse substituído." Jó 14:14. Segundo as Escrituras, a resposta a essa pergunta é afirmativa. O próprio Jesus prometeu: "Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a Sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo." João 5:28 e 29. Na ressurreição, o corpo é reconstituído pelo poder de Deus e revitalizado pelo Seu sopro. Corpo (pó) e espírito (fôlego) novamente se unem e a vida consciente ressurge. A alma ressuscita. Os pensamentos recomeçam do ponto em que foram interrompidos por ocasião da morte. Para o indivíduo, a sensação será de que sua passagem pela sepultura não demorou mais do que um piscar de olhos, mesmo que lá tenha estado por séculos! O profeta Ezequiel pôde contemplar a maravilhosa cena da ressurreição. Você poderá ler seu impressionante relato em Ezequiel 37:1-14.

Quando se dará esse tão maravilhoso acontecimento? Por ocasião do regresso de Jesus, pois assim se expressou o apóstolo inspirado: "Porquanto o Senhor mesmo, dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor." I Tessalonicenses 4:16 e 17. Quando Jesus voltar, todo aquele que aceitou o maravilhoso plano da salvação e procurou harmonizar sua vida com a vontade divina, segundo a melhor luz que possuía, será trasladado para as mansões celestiais. Os mortos ressuscitarão e nós reencontraremos nossos entes queridos que partiram e poderemos tê-los em nossa companhia por todo o sempre. Quão grandioso será aquele dia! Poder conversar com Adão, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Daniel, Paulo, João e tantos milhares de filhos e filhas de Deus que hoje se encontram no pó. Poder abraçar familiares e amigos que nós pensávamos nunca mais rever. Essa é a maravilhosa esperança da ressurreição. Nossa esperança não se baseia numa vida logo após a morte, nem em processos de reencarnação, mas na ressurreição dos mortos. Que tal se preparar para aquele inesquecível e glorioso dia? Você pode hoje mesmo tomar a sua decisão. Que Deus o abençoe e que nos conceda a graça de estarmos juntos, em breve, nas mansões eternas! Amém!

domingo, 27 de agosto de 2017

É POSSÍVEL GUARDAR O SÁBADO NAS REGIÕES POLARES DA TERRA?



Ricardo André

Nosso amado Deus, o Criador, em Sua infinita sabedoria, no final da semana da Criação estabeleceu o sábado para o homem descansar e manter íntima comunhão com Ele nesse dia (Gn 2:3, 4). Aliás, Ele colocou esse plano dentro de Sua lei eterna, onde o quarto mandamento diz:

"Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo. Trabalharás seis dias e neles farás todos os teus trabalhos, mas o sétimo dia é o sábado dedicado ao Senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teus filhos ou filhas, nem teus servos ou servas, nem teus animais, nem os estrangeiros que morarem em tuas cidades. Pois em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles existe, mas no sétimo dia descansou. Portanto, o Senhor abençoou o sétimo dia e o santificou” (Êxodo 20:8-11, NVI).

A escritora cristã Ellen G. White comentando os atos de Deus no sétimo dia, afirmou:

“Depois de repousar no sétimo Dia, Deus o santificou, ou pô-lo à parte, como Dia de repouso para o homem. Seguindo o exemplo do Criador, deveria o homem repousar neste santo dia, a fim de que, ao olhar para o céu e para a Terra, pudesse refletir na grande obra da criação de Deus; e para que, contemplando as provas da sabedoria e bondade de Deus, seu coração pudesse encher-se de amor e reverência para com o Criador” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, pág. 47).

É importante ressaltar que, descansar no dia escolhido por Deus, o sábado, traz-nos um duplo benefício: a recuperação física das fadigas e dos embates da semana; e a alegria que transborda de nosso coração pela satisfação de cumprir o que Deus estabeleceu. Guardar esse dia significa deixar de lado nossos “próprios interesses” (Isaías 58:13) para descansar nos méritos da graça divina e nos alegrar nas obras do nosso Maravilhoso Criador-Redentor. Ao comungarmos com Deus nesse dia, descobrimos por que foi ele abençoado e santificado; e há algo indescritível que ocorre em nossa alma que não acontece em outros dias. É muito bom e agradável observar o sábado como dia de repouso!

Os Limites do Sábado

Mas, quando começa e termina o sábado? Para compreendermos esta questão é preciso considerarmos o que é dito a respeito da semana da criação. Antes de ser dito: “Haja luz (Gn 1:3)”. Está escrito que: “havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas”. (Gen. 1:2). Mas no verso 1 diz que o Criador criou  os “Céus e a Terra”. Então, logicamente, neste caso foi Ele que também criou as trevas que cobriam o nosso Planeta Terra (Isaías 45:7). Sendo assim, ela é a primeira parte do período de 24 horas do dia (do hebraico yôm). A duração da noite (lailâ; chōshek - trevas) é de 12 horas, como afirmou Jesus: “O dia não tem doze horas? Quem anda de dia não tropeça, pois vê a luz deste mundo” (João 11:9, NVI). No contexto Ele está opondo o dia à noite (João 11:10 e 9:4).

Por isso, em função de Gen. 1:1-2, é que temos a ordem de Levítico 23:27 e 32. "O décimo dia deste sétimo mês é o Dia da Expiação” (v. 27, NVI). No verso 32: “Desde o entardecer do nono dia do mês até ao entardecer do dia seguinte vocês guardarão esse sábado" (v. 32, NVI).

Esse princípio de observação do sábado – dia da expiação, segue o mesmo princípio da observação do sábado, sétimo dia da criação, em função do tempo que inicialmente existiu em nosso Planeta – período de doze horas de trevas (noite) seguido por um período de doze horas de luz (dia). Portanto, tanto a noite quanto a manhã estão situadas entre a tarde do nono dia e a tarde do décimo dia.

O que foi dito em Neemias 13, cujo contexto começa no verso 15, é importantíssimo. Ele descreve nos versos 15-16 o que estava acontecendo em Jerusalém no dia (yôm - nas 24 horas) de sábado, o sétimo dia. No verso 17 ele diz que o que estava sendo feito (comercialização) era um grande mal (Transgressão direta do quarto mandamento: “Nem tu, (...) nem o teu servo, (...) nem teu animal, nem o estrangeiro que está dentro das tuas portas”). Isso era uma profanação do sábado (v. 18). Já no verso 19 ele ratificou, de acordo com Gên. 1:2 e Lev. 23:27 e 32, os limites do sábado para cidade de Jerusalém.

Disse ele: “ao começar a fazer-se escuro nas portas de Jerusalém, antes do sábado, eu ordenei que elas fossem fechadas, e mandei que não as abrissem até passar o sábado (...) para que nenhuma carga entrasse no dia de sábado”.

Se as horas sagradas do sábado fossem apenas a parte clara do dia, qual o problema de entrar mercadorias durante a noite? Ainda mais, que ele, no mesmo verso deixou claro em duas expressões: “antes do sábado” (antes do pôr-do-sol da noite de sábado), e “até passar o sábado” (após o pôr-do-sol do dia de sábado). Por que os vendedores não poderiam entrar durante a noite do sétimo dia da semana, mas poderiam entrar durante a noite do primeiro dia da semana? Por essa parte, após passar o sábado, está explicito que o sábado começa e termina com um pôr-do-sol.

Esse princípio também era observado nos dias de Jesus, tanto por parte dos discípulos quanto por parte dos judeus em geral.

Isso é claramente observado no que diz respeito à morte de Jesus: “Era o dia da preparação, e ia começar o sábado. (...) Então voltaram e prepararam especiarias e unguentos. E no sábado repousaram, conforme o mandamento”. (Luc. 23:54 e 56).

O que significa esta afirmação: “Era o dia da preparação, e ia começar o sábado”? Qual o objetivo de tal preparação? A resposta para tal pergunta apenas pode ser encontrada em Êxodo 16:5: “Mas ao sexto dia prepararão o que colherem; e será o dobro do que colhem cada dia”. No verso 22 foi dito: “Mas ao sexto dia colheram pão em dobro”. E o verso 23 é conclusivo: “Amanhã é repouso, sábado santo ao Senhor”.

A palavra preparação é encontrada nos quatro livros que compõem o Evangelho. Em Mateus 27:62 encontramos: “Ao cair da tarde, como era o dia da preparação, isto é, a véspera do sábado”.

Em João 19:31: “Ora, os judeus, como era a preparação, e para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, pois era grande aquele dia de sábado, rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados dali”. Portanto, todos esses versos são enfáticos ao afirmando a mesma coisa.

Os líderes judeus procuravam condenar Jesus porque, segundo eles, Jesus era um transgressor do sábado, por isso o povo não levava os seus enfermos para serem curados durante as horas do mesmo. Mas ao cair da tarde, já nas primeiras horas do primeiro dia da semana eles procuravam a Cristo com os seus enfermos, a fim de que Ele os curasse. Marcos 1:32 afirma: “Sendo já tarde, tendo-se posto o sol, traziam-lhe todos os enfermos, e os endemoninhados”. (Leia os versos 21-34 e Lucas 4:31-41).

Portanto, de acordo com as Escrituras Sagradas, o descanso semanal começa ao pôr-do-sol da sexta-feira e se estende até ao pôr-do-sol do sábado, perfazendo um período de 24 horas. E que, o princípio que determina o começo do sábado é o mesmo que fundamenta o primeiro dia e as primeiras horas da criação.

O sábado nas regiões polares

Sabendo que as Escrituras Sagradas ensinam a observância do Sábado do pôr-do-Sol ao pôr-do-Sol, muitas pessoas que não amam o santo sábado e, numa tentativa de justificar sua desobediência a Deus, argumentam ser isso impossível nas regiões polares da Terra, onde há todos os anos um período durante o qual o Sol permanece no alto, e outro em que ele permanece oculto abaixo do horizonte, durante as completas vinte e quatro horas do dia.

É verdade que nos polos do Planeta, por causa da inclinação de 23º27’ do eixo da Terra em relação ao plano da eclíptica (caminho da Terra em torno do Sol), o sol, em certos meses, nunca se põe e, em certos meses, nunca nasce. No Cabo Norte, por exemplo, extremo norte da Noruega, o sol permanece acima do horizonte, não se põe, de 10 de maio a 31 de junho e permanece abaixo do horizonte, não chega a nascer, não aparece, de 18 de novembro a 24 de janeiro. Já Longyearbyen, a cidade mais setentrional do mundo, localizada a 1.000 km do Cabo Norte, a 78º 15’N, capital do arquipélago de Svalbard, de soberania norueguesa, durante quatro meses é noite e durante outros quatro é dia.

A igreja de Svalbard permanece aberta 24 horas e acolhe todas as confissões religiosas.

Conforme mostramos acima, a Bíblia ensina que o sábado começa ao pôr-do-sol. Mas, como pode alguém saber quando ocorre o pôr-do-sol nessas regiões, uma vez que há meses que o Sol permanece acima do horizonte e há meses que ele não nasce? A questão é simples, os habitantes das regiões polares determinam o fim e o começo do dia, do seguinte modo: durante os dias em que o sol não se põe, coisa que ocorre no verão, ele descreve um círculo no céu cada 24 horas. Há um ponto alto no círculo, o zênite (é a região do céu que está acima da cabeça do observador), e há um ponto baixo, o nadir (é a região do céu que fica na direção abaixo dos pés do observador). Quando o sol atinge o ponto mais baixo, o nadir, isso corresponde ao pôr-do-sol, e também ao nascer do sol. Esse momento assinala o fim do dia e o começo do novo dia. No inverno quando o sol não aparece, não sobe acima do horizonte, ele não obstante sobe até bem próximo da linha do horizonte. Quando está no ponto mais alto, embora ainda oculto atrás do horizonte, ele produz um clarão qual o que vemos quando ele está para nascer. A máxima intensidade desse clarão indica que o sol está no seu ponto mais alto. Isso assinala o fim de um dia e o começo de outro. Naturalmente há também o auxílio dos relógios acertados pelo rádio e que dão em todo o tempo a hora exata. Nenhum habitante das regiões polares tem a menor dificuldade em determinar quando começa e quando finda o dia. Com efeito, se um visitante lhes pergunta como o determinam, eles o olham com expressão de surpresa.


Sol da meia-noite na Noruega

“E mesmo na terra do ‘Sol da meia-noite’, pergunte-se a um explorador dos polos e ele achará ridícula a ideia de não ter ali noção do dia, seu começo e fim. Os exploradores árticos mantêm a exata contagem dos dias e semanas em seus diários, relatando o que fizeram em determinados dias. Eles dizem que naquela estranha e quase desabitada terra, é possível notar a passagem dos dias durante os meses em que o Sol está acima do horizonte, pelas posições variáveis do Sol, e durante os meses em que o Sol está abaixo do horizonte, pelo vestígio perceptível do crepúsculo vespertino. E se um sabatista se encontrasse lá no polo, e tivesse algum receio de perder a contagem das semanas, bastar-lhe-ia dirigir-se, por exemplo, a uma missão evangélica entre os esquimós, e lá obteria a informação do que deseja, pois os missionários sem dúvida saberiam quando é domingo para nele realizarem sua Escola Dominical (…) Certamente que eles não perderiam o ciclo semanal.” (Arnaldo B. Christianini, Subtilezas do Erro, pág. 177-178).

Portanto, os adventistas dos sétimo dia que residem no extremo Norte do Planeta não tem dificuldade nenhuma para determinar os limites do sábado. “Em dois períodos do ano o visível pôr-do-Sol serve de sinal para marcar o princípio e o fim do sétimo dia para os adventistas na região ártica. E nos dias em que o Sol não aparece acima do horizonte, o Sábado é observado de sexta-feira, ao meio-dia, até o meio-dia do Sábado, por isso que essa hora corresponde ao tempo do pôr-do-Sol, segundo o prova o último pôr-do-Sol visível ocorrido no princípio do período, e o primeiro pôr-do-Sol visível ocorrido no final do período. Mas durante o tempo em que o Sol está no Céu continuamente, o Sábado é observado de sexta-feira à meia-noite, até meia-noite do Sábado, porque o Sol está em seu nadir nesse momento do dia, como o provam o último pôr-do-Sol visível no princípio do período, e o primeiro visível pôr-do-Sol ocorrido no final do período.” (R.L. Odom, The Lord’s Day On a Round World, págs. 121, 122,138,140,141,143,144. Citado em Consultoria Doutrinária, pág. 154).

Dizer que pelo fato do Extremo Norte da Terra possuir essa circunstância descrita acima justifica a não observância do sábado nas demais regiões do Planeta, ou que enfraquece a importância da guarda do sábado não passa de pretexto para não obedecer a Deus.  Infelizmente, tal pensamento só existe na mente dos que não querem obedecer aos mandamentos do Senhor. Por que, em lugar de criar desculpas como esta para escapar-se do mandamento do sábado não observam o dia que o Senhor Jesus descansou, abençoou e santificou (Gn 2:1-3; Êx 20:8-11; Is 58:13)? 

A verdade é que, quando muitos cristãos grosseiramente falam contra aqueles que na atualidade guardam o sábado, na realidade o que fazem é blasfemar contra Paulo e contra o nosso Senhor Jesus Cristo uma vez que é comprovado que eles guardavam o sábado. Leia Lucas 4:16 e Atos 13:42; 18:1-4. Quero dizer, pois para sermos imitadores de Paulo assim com ele o era de Jesus Cristo (1 Co 11:1), devemos guardar o sábado, assim como todo o restante da lei moral de Deus. Não para nos salvar, mas como fruto de nosso relacionamento salvífico com Deus. A base de nossa religião é Cristo, e este crucificado. A justificação é inteiramente pela fé, não pelas obras, como diz Paulo em Efésios. 2:8, 9. Este texto é acompanhado por outro que os evangélicos se “esquecem” de mencionar junto com estes dois: “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que andássemos nelas”. Em outras palavras, fomos salvos por Cristo Jesus para obedecer, descrito pelo apóstolo “boas obras”.

O sábado é parte dos mandamentos de Deus sobre que Paulo, o próprio grande campeão da mensagem de salvação somente pela fé, disse: “A circuncisão nada é, e a incircuncisão nada é, senão o guardar os mandamentos de Deus” (1 Co. 7:19). A obediência aos mandamentos de Deus não entra no campo da justificação, senão no da santificação, que os calvinistas chamam de “perseverança dos santos”.