Teologia

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

ENFRENTANDO 2021 COM CORAGEM!


Ricardo André

O ano de 2020 está terminando. Ele foi um ano muito difícil para a humanidade, que foi surpreendida pelo surgimento do corona vírus causador da Covid-19. O mundo ficou em pavoroso com esta doença, que se propagou rapidamente pelo mundo inteiro. Por conta disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou no dia 11 de março, pandemia de Covid-19. Milhares de pessoas já morreram no mundo e outros milhões estão infectadas pelo vírus. Essa doença obrigou os governos do mundo todo a adotar medidas restritivas, a fim de conter a disseminação do vírus, como o distanciamento social, fechamento do comércio, das igrejas, escolas, faculdades, locais de eventos, entre outros. Essas medidas, por sua vez, gerou falências de centenas de pequenas empresas, desemprego e fome. Perdemos amigos e ente queridos, não somente pela Covid-19, mas por outras doenças, bem como por acidentes. Há tão pouco tempo festejamos a entrada do Ano Novo, e nem imaginávamos que iríamos enfrentar esse turbilhão de problemas e dificuldades. E, os prognósticos são de que essa crise sanitária e econômica se prolongará pelo ano 2021.

Certamente, muitos de nós ao longo desse ano vivemos momentos de desapontamentos e reveses; sentimo-nos sós em nossa luta contra o pecado. Viveu momentos de tormento, agonia e dor. É possível que tivemos a tentação de desistir.  

Há razões para renovarmos nossa esperança e certezas? Tenho uma mensagem para você, já que começamos a pensar em um Ano Novo.

Lemos em Êxodo7:14-17: “Disse o Senhor a Moisés: "O coração do faraó está obstinado; ele não quer deixar o povo ir. Vá ao faraó de manhã, quando ele estiver indo às águas. Espere-o na margem do rio para encontrá-lo e leve também a vara que se transformou em serpente. Diga-lhe: O Senhor, o Deus dos hebreus, mandou-me dizer-lhe: Deixe ir o meu povo, para prestar-me culto no deserto. Mas até agora você não me atendeu. Assim diz o Senhor: Nisto você saberá que eu sou o Senhor: com a vara que trago na mão ferirei as águas do Nilo, e elas se transformarão em sangue” (NVI)

Este é o encontro de Moisés com Faraó no momento da primeira praga, e este encontro se dá as margens do rio Nilo, “aonde o rei costumava dirigir-se. Sendo o transbordamento do Nilo a fonte dos alimentos e riqueza para todo o Egito, era o rio adorado como um deus, e o monarca ia para ali diariamente a fim de render as suas devoções” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 265). Diz o texto sacro que naquela manhã as águas de todo o Egito foram transformadas em sangue.

O encontro memorável no rio Nilo

O local deste encontro com Faraó, o rio Nilo, era muito significativo para Moisés: Podemos imaginar que ele olha para aquele rio e começa a trazer à sua memória a sua própria história: “Há oitenta anos atrás eu era um bebezinho e minha mãe na esperança de me salvar me colocou dentro de um cesto de junco e eu fui salvo pela filha de Faraó que tinha o costume de se banhar nesta praia fluvial.”

Aliás, seja dito de passagem, que Moisés gostava de recordar fatos históricos. Basta ler o livro de Deuteronômio 1:1-6 quando ele dirige o primeiro discurso ao povo no final do êxodo e pouco antes da ocupação da terra de Canaã. O texto diz assim: Estas são as palavras ditas por Moisés a todo o Israel no deserto, a leste do Jordão, na Arabá, defronte de Sufe, entre Parã e Tofel, Labã, Hazerote e Di-Zaabe. Em onze dias se vai de Horebe a Cades-Barnéia pelo caminho dos montes de Seir. No quadragésimo ano, no primeiro dia do décimo primeiro mês, Moisés proclamou aos israelitas todas as ordens do Senhor acerca deles. Isso foi depois que ele derrotou Seom, rei dos amorreus, que habitava em Hesbom, e em Edrei derrotou Ogue, rei de Basã, que habitava em Asterote. A leste do Jordão, na terra de Moabe, Moisés tomou sobre si a responsabilidade de expor esta lei: O Senhor, o nosso Deus, disse-nos em Horebe: "Vocês já ficaram bastante tempo nesta montanha”.

E então ele começa a trazer à memória daquele povo os episódios da sua história, amarrando o passado com o presente e preparando os ouvintes para o futuro glorioso que Deus haveria de dar.

E agora Moisés está diante do Rio Nilo e a sua memória é acionada e o filme da sua vida começa a se desenrolar: Talvez ele tenha se lembrado da mãe hebréia, da mãe egípcia (ou seja a mãe natural e a mãe adotiva): de Joquebede (tia de seu pai) e da princesa (filha de Faraó). Talvez tenha se lembrado daquele caudal enorme de cultura palaciana que recebeu por fazer parte da elite que governava o país mais progressista e poderoso da época.

Talvez tenha se lembrado de suas lutas íntimas antes de ter a coragem de abdicar as glórias do Egito e os prazeres transitórios do pecado, para perfilar com os seus irmãos oprimidos. Talvez, naquela manhã, diante do rio Nilo ele traz a memória aquela estranha arte de ver o invisível e de contemplar à distância o galardão que Deus costumava distribuir com os que vivem pela fé. É por isso que Hebreus 11:27 nos diz: “Foi pela fé que Moisés saiu do Egito, sem ter medo da raiva do rei, e continuou firme, como se estivesse vendo o Deus invisível (NTLH).”

Talvez ele tenha se lembrado da sua impetuosidade não domesticada que o fizera matar o egípcio que estava espancando um de seus parentes distantes. Talvez tenha se lembrado da incompreensão dos hebreus; se lembrado dos quarenta anos passados não na metrópole, mas na terra de Midiã, onde se casara, onde se tornara pai de dois meninos e onde trabalhara como pecuarista. Talvez tenha se lembrado do estranho fenômeno da sarça que se queimava e não se consumia e daquele tremendo e decisivo encontro com Deus no monte Horebe, quando a vocação esquecida voltara à tona de modo irreversível.

Eu acredito amigo que todas essas lembranças se elucidavam porque Moisés estava ali à margem do rio Nilo e agora, à espera de Faraó, oitenta anos depois de ter sido descoberto pela princesa. E acredito que o seu coração se encheu de gratidão e de determinação!

Nós temos muitas razões para agradecer a Deus pelo ano 2020, apesar das tragédias! Recebemos muitas bênçãos de Deus ao longo desse ano, que tentar descreve-las seria como explicar como é ser feliz! E, felicidade a gente não explica, a gente sente e acaba transmitindo aos outros. Por isso o Salmista se expressa assim no capítulo 126:1 “Quando o Senhor trouxe os cativos de volta a Sião, foi como um sonho” (NVI). Só o fato de estarmos vivos é uma grande bênção! O Senhor e Salvador em nossos momentos de aflições e tristezas estava "à distância de apenas uma prece" e que cada anjo no Céu aguardava Sua ordem para encorajar-nos e dar-nos força para superarmos as decepções e sofrimento e atingirmos o "topo da montanha".

Ainda que tenhamos perdidos alguns amigos e entes queridos neste ano, temos a esperança bíblica de que um dia, o Senhor virá. Então, veremos nossos queridos que foram arrebatados pela morte. E o melhor: veremos a face Daquele que nos sustentou em meio às mais duras provas da vida. Que alegria será!

Ao adentrarmos no novo ano precisamos possuir a mesma confiança que tinha Ellen G. White expressa em suas palavras finais, três meses antes de descansar no Senhor: “Nada temos que recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado” (Testemunhos Seletos, v. 3, p. 443).

Mas como podemos esquecer? Você sabe o que estou dizendo. É fácil esquecer aquilo que Deus fez no passado quando algumas novas provações nos sobrevêm. Os israelitas se esqueceram vez após vez, e nós também. Se parar para relembrar a maneira como Deus atuou em sua vida no passado, com certeza você também terá motivos para confiar, e muito que agradecer ao Senhor nesta hora. Moisés teve muitas lutas e dificuldades, mas quando ele coloca tudo isso na balança, naquele momento em que ele olha os oitenta anos que se passara, ele verifica que tinha muito que agradecer ao Senhor.

Portanto, tome tempo para relembrar! Fazer isso traz uma bênção dupla. Primeira, lembramos daquilo que Deus tem feito em nossa vida. Segunda, mostra-nos que, se Deus já o fez antes, pode fazê-lo de novo. Isso nos dá muita coragem e força para enfrentar o que vier.

Eu convido você, neste momento especial quando vamos inaugurar um novo ano, a terceira década do século XXI, a trazer à sua memória aquilo que te dá esperança e saber que você pertence a um Deus de amor, e que você pode confiar, descansar e esperar nEle, e declarar que o Deus a quem você serve nunca falhou e nunca falhará!!!

A história de John N. Andrews

John Nevins Andrews (1829-1883), foi o mais influente erudito da IASD em sua fase inicial. Esteve intimamente associado com Tiago e Ellen White na liderança da Igreja Adventista e em sua obra evangelística. “Nascido em Poland, Maine, John ‘encontrou o Salvador’ em fevereiro de 1843 e começou a observar o sábado do sétimo dia alguns anos depois. Ele conheceu os White quando o casal visitou Paris, Maine, em setembro de 1849. Durante essa visita, os White repreenderam firmemente o fanatismo que prevalecia entre alguns adventistas. Foi nesse contexto que o jovem Andrews exclamou: ‘Eu trocaria mil erros por uma verdade’” (Enciclopédia Ellen G. White, p. 322). Era um profundo estudioso das Sagradas Escrituras. Quando adulto, sabia ler a Bíblia em sete idiomas e afirma ser capaz de recitar o Novo Testamento de cor. Sua vida foi de constante aprendizado até sua morte precoce de tuberculose, aos 54 anos, em 1883.

Em 1850, John começou a trabalhar como pastor. Em cinco anos, porém, encontrava-se “completamente esgotado” por causa dos estudos intensivos e da agenda cheia. Depois de perder a voz e prejudicar sua visão, foi trabalhar na fazenda de seus pais, para recuperar a saúde. Em 1861, publicou a primeira edição de seu livro mais conhecido, The History of the Sabbath and the First Day of the Week (A História do sábado e do primeiro Dia da Semana).

Em 1867, tornou-se o terceiro presidente da Associação Geral dos ASD. No dia 14 de setembro de 1874, em companhia de seus filhos, Charles e Mary (sua esposa havia falecido de um AVC, em 18 de março de 1871) tomou um navio de Boston para Liverpool, Inglaterra, em rota para a Suíça, como o primeiro missionário oficial da igreja em terras estrangeiras. Ellen G. White escreveu que eles haviam enviado “o homem mais capaz de todas as nossas fileiras” (Ct 2a, 1878).

Em 1878, infelizmente, sua filha Mary contraiu tuberculose e morreu “logo depois de chegar ao sanatório de Battle Creek para tratamento” (Enciclopédia Ellen G. White, p. 323). Em uma carta, datada de 5 de dezembro de 1878, dirigida ao Pastor J. N. Andrews, quando o caminho parecia acidentado e íngreme, quando trabalhava na Europa, logo após a morte de sua filha Mary, Ellen White escreveu: “Tu achas que se não fosse essa grande perda serias um homem relativamente feliz. Mas pode ser que a própria perda de tua filha neste mundo seja para ti, e não somente para ti mas para muitos na Suíça, algo que contribua para a salvação de almas. [...] O Senhor te ama, meu prezado irmão. Ele te ama. ‘Os montes se retirarão, e os outeiros serão removidos; mas a Minha misericórdia não se apartará de ti. E a aliança da Minha paz não será removida'. Is 54:10’. ‘Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus’. Rm 8:28. Se teus olhos pudessem ser abertos, verias teu pai celestial inclinando-Se sobre ti com amor, e se pudesses ouvir-Lhe a voz, isso se daria em tons de compaixão por ti, que estás prostrado em sofrimento e aflição. Firma-te em Sua força; há descanso para ti que estás cansado” (Este Dia com Deus [MM 1980], p. 346).

“‘Mary, querida e preciosa criança, descansa’, escreveu Ellen White ao pai dela. ‘Pelos olhos penetrantes da fé, você pode antever [...] sua Mary junto à mãe e aos outros membros da família atendendo ao chamado do Doador da vida e saindo do seu cárcere, triunfantes sobre a morte’ (Carta 71, 1878)” (Enciclopédia Ellen G. White, p. 324).

Não é de surpreender que o Senhor nos tem dito que, assim como entregamos nossas vidas a Ele, "através das mais maravilhosas operações da divina providência, montanhas de dificuldades serão removidas e lançadas no mar." (Ellen G. White, Profetas e Reis, pág. 223).

Caro amigo leitor, avante! Você pode enfrentar 2021 com coragem!

 

 

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

O BEBÊ DE BELÉM, UM PRESENTE PARA SEMPRE


 Ricardo André

Não há nada mais emocionante na vida de um casal do que o nascimento de um filho. Minha esposa e eu ficamos realizados e felicíssimos com o nascimento de nosso filho Martin Luther King S. Souza. Ele é o presente de Deus para nós.

Deus também ficou muito contente com o nascimento do Seu Filho. Os coros angelicais anunciaram Sua chegada aos pastores que cuidavam do seu rebanho. “Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador que é Cristo, o Senhor” (Lc 2:10,11, NVI). Os pastores e os magos do Orientes proclamaram o seu nascimento. As profecias dos antigos profetas feitas séculos atrás apontavam para o nascimento do Messias.

O evangelho de Mateus informa que os magos guiados por uma “estrela” encontraram o bebê nascido na manjedoura em Belém ofereceram-Lhe presentes. “Ao entrarem na casa, viram o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram. Então abriram os seus tesouros e lhe deram presentes: ouro, incenso e mirra” (Mt 2:11). O ouro é um presente para um rei. Ele representava todos os nossos bens materiais. No Natal, reconhecemos: “Senhor, todas as minhas posses são Tuas. Tu és o rei dos reis e o meu Rei”.

O incenso é um presente para um sacerdote. Ele era usado pelos sacerdotes no antigo santuário. No natal, nos ajoelhamos e declaramos: “Jesus, Tu és o meu Sacerdote. Tu intercedes por mim. Tu apresentas Tua justiça perfeita diante de todo o Céu, em lugar do meu enorme fracasso”.

A mirra é um presente para quem está para morrer. É um perfume antigamente utilizado nos serviços fúnebres. No Natal, reconhecemos: “Jesus, Tu és o meu Salvador. Tu és o inocente Bebê que nasceu e o meu Redentor que morreu por mim”.

A melhor maneira de celebrar o Natal

A melhor coisa a respeito da época do Natal é seu espírito de dar. Por um breve período, pessoas que passam o resto do ano pensando somente em si mesmas se detém para lembrar-se de um amigo, de um parente, de um ente querido. Muitos demonstram solidariedade aos mais pobres arrecadando e doando roupas calçados, alimentos e brinquedos. Tal atitude está em consonância com a orientação de Ellen G. White, que afirmou: “As festividades de Natal e Ano Novo podem e devem ser celebradas em favor dos necessitados. Deus é glorificado quando ajudamos os necessitados que têm família grande para sustentar” (O Lar Adventista, p. 482).

Podemos nesta época do ano presentear nossos familiares e amigos e as pessoas carentes, mas devemos priorizar Jesus, que é a razão do Natal, é o centro da festa. “Irmãos e irmãs, enquanto vocês estão planejando dar presentes uns aos outros, desejo lembrar-lhes nosso Amigo celestial, para que não passem por alto Suas reivindicações. Ele Se agradará se mostrarmos que não O esquecemos” (Idem, p. 480).

Sempre, porém, que o ato de dar não constitui mera formalidade ou o cumprimento de uma obrigação, sempre que homens e mulheres dão, movidos por um coração de amor e solicitude, o pulso humano bate um pouco mais depressa. Dar genuinamente nos eleva para mais perto de Deus, nos conduz para fora de nosso eu restrito e nos concede um vislumbre de uma vida mais elevada.

Quando damos com sinceridade, refletimos em certa medida o caráter de Deus. Ele é o Doador celestial, que envia Sua luz solar e a chuva sobre justos e injustos, que cuida das aves do céu e adorna os lírios do campo. Disse Jesus: “Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai de vocês, que está nos céus, dará coisas boas aos que lhe pedirem!” (Mt 7:11, NVI).

O supremo Dom do Doador celestial foi Seu próprio Filho. Ele esvaziou o Céu de seu mais precioso tesouro, vertendo a Si mesmo na dádiva do Bebé de Belém. Aquele que Se deleita em ajudar a humanidade, que Se alegra em conceder-nos libertação e paz, concedeu-nos a Pérola de grande preço.

Estejamos bem certos do seguinte: Quando "Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigénito" (S. João 3:16), isso foi um presente genuíno. Ele não O emprestou para nós por uns trinta anos, chamando-O então de volta ao domínio celestial e deixando-nos desolados. Um presente é para sempre. Pelo mistério da encarnação, Deus, em Jesus Cristo, está eternamente ligado à humanidade. A Divindade e a humanidade acham-se unidas pelo vínculo mais estreito.

"Pela Sua vida e morte, Cristo operou ainda mais do que a restauração da ruina produzida pelo pecado. Era o intuito de Satanás causar entre o homem e Deus uma eterna separação; em Cristo, porém, chegamos a ficar em mais íntima união com Ele do que se nunca houvéssemos pecado. Ao tomar a nossa natureza, o Salvador ligou-Se à humanidade por um laço que jamais se partirá. Ele nos estará ligado por toda a eternidade. 'Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito'. S. João 3:16. Não O deu somente para levar os nossos pecados e morrer em sacrifício por nós; deu-O à raça caída. Para nos assegurar Seu imutável conselho de paz, Deus deu Seu Filho unigênito a fim de que Se tornasse membro da família humana, retendo para sempre Sua natureza humana” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 25).

Nesta época do Natal, ao darmos e recebermos presentes, façamos uma pausa para recordar o eterno Dom de Deus, Jesus! Esse é um período próprio para comemorar e rejubilar pelo eterno presente que o pai celeste nos deu. Ao darmos presentes para os outros, não deixemos de partilhar também esse Dom! O Natal provê uma excelente oportunidade para relembrar à raça humana que a Criança que nasceu em Belém está vindo logo (Hb 10:37).

O Significado do Natal

Não há qualquer informação a respeito do dia do nascimento de Jesus. Em face de não termos muita informação bíblica a respeito da data (dia e mês) do nascimento de Jesus, e toda evidência histórica indicar que o 25 de dezembro está relacionado com o culto Romano ao Sol Invencível (Latin, Sol Invictus), o renascimento do sol, que era celebrado nesta data.  Data incorporada pela Igreja Católica durante a Idade Média, para celebrar o nascimento de Jesus. Por conta disso, alguns poderiam julgar oportuna a pergunta: Como Igreja Adventista do Sétimo Dia, temos razões ou justificativas para comemorar o Natal, sendo esta uma festividade de fundo pagão e que honra a autoridade de Roma? Não seria melhor se abolíssemos de nosso meio as programações natalinas?

Tendo em mente o verdadeiro significado do Natal, penso que como igreja fazemos bem em observá-lo. Afinal, o nascimento de Cristo não foi um fato, uma realidade? E esse fato não é até agora o maior e mais sublime acontecimento da História? Não encerra ele a mais doce e mais preciosa mensagem de amor e esperança para cada ser humano? Não constitui o mais poderoso e comovente apelo ao coração humano, ao falar eloquentemente do amor que veio para salvar, enobrecer e glorificar Suas pobres criaturas caídas em pecado? Então, por que não relembrar o nascimento de Cristo? Ao fazê-lo, expressamos como igreja, nosso gesto de simpatia e sociabilidade humana e cristã, ao mesmo tempo em que demonstramos equilíbrio e senso de oportunidade referente àquilo que promove o bem.

Reconhecemos, não obstante, que a sociedade professamente cristã de todo o mundo, no espírito e na prática desvirtuou o Natal, secularizou-o, materializou-o, adulterou seu significado. Para a imensa maioria das pessoas do mundo o Natal tornou-se uma época para o consumo, para gastança, comercialização, bebedice, vendas altas e negócios lucrativos (onde o chamado "espírito do Natal" se impõe não para honrar a Cristo, mas para vender mercadorias). Nas sociedades capitalistas, consumistas, compradores nos shopping e em lojas populares se aglomeram em volta de balcões abarrotados, torturando o cérebro a fim de imaginar quais os presentes que devem ser comprados para amigos que já possuem mais do que necessitam. Uma data tão especial tem sido ofuscada por ideologias capitalistas e campanhas publicitárias, que só concentram o seu olhar para o consumo. É Jesus que nasce, mas quem é lembrado é o papai-noel. São os presentes materiais que ganham mais destaques do que o nascimento do Redentor.

Em tudo isso, em todas essas coisas, não se fala nem se medita na pessoa de Jesus. Não se cogita acerca do propósito para o qual Ele nasceu. Não se procura captar o fato maravilhoso de que Ele veio para revelar o amor, a boa vontade e os pensamentos de paz do Pai, para com Seus pródigos e caídos filhos. Nossa missão é trabalhar para que não haja o esgotamento da comemoração desta data tão importante do calendário cristão, adoração ao Deus que expressou o seu amor pela humanidade enviando o Seu filho Jesus! Esse é o verdadeiro sentido do Natal!

O cântico dos anjos na anunciação aos pastores foi: "Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens"; no entanto, que contraste a realidade que o mundo apresenta hoje! Os homens de boa vontade se tornam cada vez mais raros, a paz se encontra a cada dia mais distante, e os homens buscam sua própria glória, em vez da de Deus.

Corações não se admiram do amor sacrificai do Pai, ao entregar Seu único filho para salvar inimigos; espíritos não se assombram ao considerar as profundezas a que Cristo desceu, renunciando à alteza, à glória e à majestade, para tornar-Se homem, a fim de redimir o que se perdera; e muitos não se sensibilizam com a simplicidade, a pobreza, a abnegação e a humildade manifestas pelo Filho de Deus e Filho do homem.

Tudo isso deixa claro que o Natal só tem sentido quando, de maneira individual, cada um faz do seu coração uma manjedoura para o Salvador, de tal forma que, como Lutero, possa chegar a dizer: "Tu, Senhor, és minha justiça, e eu sou o Teu pecado; tomaste o que era meu, e me deste o que era Teu. O que não foste Te tornaste, para que eu fosse o que não era."

Este é o verdadeiro significado do Natal. Busquemo-lo em nossa experiência.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

QUAL A POSIÇÃO OFICIAL DA IGREJA ADVENTISTA SOBRE VACINAÇÃO?


 Ricardo André

Considerada uma das mais importantes conquistas da medicina, responsáveis pelo desaparecimento de várias e graves doenças, as vacinas são, no entanto, atualmente, alvo de um movimento opositor. Esse movimento já está atuando contra a vacina que irá imunizar contra a Covid-19. A partir do momento em que uma pessoa não se vacina, coloca-se em risco toda uma população. Segundo, os especialistas em saúde pública, as consequências desses movimentos antivacinas podem ser desastrosas, com aumento da morbidade e da mortalidade, não somente de crianças, mas também da população adulta. Portanto, vacinas são garantias para nossas vidas e para vida dos outros. Faz tempo. Vacina é evolução. O resto é teoria da conspiração e fake news.

Impressiona-nos saber que muitos adventistas em diversas partes do país estão embarcando nesse movimento irresponsável e, mesmo antes de iniciar o programa de imunização, já estão manifestando sua vontade de não serem vacinados contra a Covid-19. Tal postura além de representar um negacionismo inconsequente vai na contramão da posição oficial da igreja, que em 2015 aprovou DECLARAÇÃO favorável ao programa de imunização, recomendando inclusive, os membros a se vacinarem. Como cristãos, tomamos decisões baseadas nos princípios delineados nas Sagradas Escrituras, e não há nenhum princípio bíblico que apoie tal decisão. Similarmente, ninguém pode se estribar no Espírito de Profecia para negar ser vacinado.

Leia abaixo a íntegra do Documento:

IMUNIZAÇÃO

A Igreja Adventista do Sétimo-Dia dá forte ênfase à saúde e ao bem-estar. A ênfase adventista na saúde é baseada na revelação bíblica, nos escritos inspirados de E. G. White (cofundadora da Igreja) e na literatura científica revisada por pares. Assim sendo, encorajamos a imunização/vacinação responsável, e não temos nenhuma razão religiosa ou baseada na fé para não incentivar nossos seguidores a participar de forma responsável de programas de imunização preventiva e protetora. Valorizamos a saúde e a segurança da população, o que inclui a manutenção da “imunidade de rebanho”.

Não somos a consciência de cada membro da igreja e reconhecemos as escolhas individuais. Essas são exercidas pelo indivíduo. A escolha de não ser imunizado não é e não deve ser vista como o dogma nem como a doutrina da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

FONTE: Adventista.org

domingo, 6 de dezembro de 2020

SE “O SALÁRIO DO PECADO É A MORTE” (RM 6:23), POR QUE ADÃO E EVA MORRERAM E SATANÁS E OS ANJOS MAUS NÃO?


 Alberto R. Timm*

 A Bíblia não declara explicitamente por que Adão e Eva acabaram morrendo depois de certos anos de vida, enquanto Satanás e os demais anjos maus continuam vivos até hoje. Existem, porém, alguns conceitos bíblicos que nos ajudam a entender essa questão. Devemos reconhecer, inicialmente, que Deus é “o único que possui imortalidade” inerente em Si mesmo (I Tm 6:16), e que Ele concedeu imortalidade condicional aos seres criados. Isso significa que os anjos, bons ou maus, não são imortais por si mesmos.

A existência pecaminosa de Satanás e os anjos maus, bem mais longa do que a de Adão e Eva, deve-se basicamente ao fato de os seres angelicais terem sido criados com atributos e habilidades superiores aos dos seres humanos (ver Hb 2:7). Os anjos são seres espirituais (Hb 1:14) com grande poder (Sl 103:20) e que se locomovem em alta velocidade (Ez 1:14; 10:20; Dn 9:21-23), sem serem detidos por barreiras físicas (At 12:1-11). Embora Satanás e seus anjos sejam seres pecaminosos (Ap 12:7-10; I Jo 3:8), eles ainda retêm grande parte do seu poder (Ef 6:12; I Pe 5:8). Satanás pode se transformar até mesmo “em anjo de luz” (II Co 11:14). Mas os seres humanos não foram criados com essas características.

Além disso, Lúcifer (o nome de Satanás antes de se rebelar contra Deus) tornou-se o autor do pecado (Is 14:12-15; Ez 28:12-19), passando a acusar o próprio Deus de ser injusto em Seu trato com as criaturas (ver Gn 3:1-5). A crise entre Deus e Lúcifer intensificou-se a ponto de haver “peleja no Céu” entre Cristo e os seus anjos, de um lado, e Lúcifer e os seus anjos, do outro (Ap 12:7-9). Deus poderia ter destruído imediatamente os anjos rebeldes, mas, se o fizesse, as demais criaturas do Universo passariam a servi-Lo por temor, sem compreenderem a verdadeira natureza do pecado que ainda estava em sua fase embrionária. Deus preservou a existência de Satanás a fim de tornar evidente, ao longo da história humana, a falsidade de suas acusações (ver Ap 12).

No Jardim do Éden, Satanás, na forma de uma serpente, disse a Eva que ela e Adão não morreriam (Gn 3:4; Ap 12:9). É evidente que essa declaração não passava de uma mentira e de uma contradição direta da advertência divina contida nas palavras “certamente morrerás” (Gn 2:17). Como Satanás e seus anjos haviam pecado e continuavam vivos, ele pode ter imaginado que o mesmo ocorreria com Adão e Eva. Afinal de contas, até então não se havia concretizado plenamente o princípio de que “o salário do pecado é a morte” (Rm 6:23), pois a morte ainda não era conhecida. Ela se tornaria conhecida com a morte do primeiro animal sacrificado (Gn 3:21) e do homicídio de Abel (Gn 4:8).

O relato bíblico diz que Adão, apesar do seu pecado, viveu 930 anos (Gn 5:5). Lúcifer, que também pecou, continua existindo, mas seu fim já está predeterminado. Ele e seus anjos serão lançados no “lago de fogo e enxofre” (Ap 20:10; ver Mt 25:41; Jd 6), que os consumirá completamente, não deixando deles “nem raiz nem ramo” (Ml 4:1; Ap 20:9).

O período de existência dos seres humanos pode variar significativamente, como mostram as genealogias bíblicas (Gn 5:1-32; 11:10-32) e a experiência prática da vida. O fato de Deus ter concedido uma existência bem mais longa a Satanás e seus anjos não significa que eles sejam imortais em si mesmos e que nunca deixarão de existir. Satanás, seus anjos e todos os ímpios serão completamente destruídos quando o mundo voltar finalmente à sua perfeição original (ver Ap 21:1-5).

*Alberto R. Timm é diretor associado do Patrimônio Literário de Ellen G. White na sede mundial da IASD.

FONTE: Revista Sinais dos Tempos, julho/agosto de 2003, p. 30.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

ABIGAIL, UMA MULHER INTELIGENTE QUE PROMOVEU A CULTURA DA PAZ


 Ricardo André

Queremos neste artigo meditar sobre um episódio marcante na vida de uma mulher fantástica, de nome Abigail, que viveu nos tempos do Antigo Testamento. Embora tivesse casada com um homem perverso, era cheia do Espírito de Deus. Ela soube lidar com circunstâncias muito difíceis com muita sabedoria e humildade. Ela é, indubitavelmente, uma pessoa que deve ser imitada. Sua história está registrada no livro de 1 Samuel 25. Nela, encontramos relevantes lições para nós que vivemos no século XXI. Tais lições com certeza nos ajudarão nas mais diversas situações da nossa vida.

Nabal, um rico perverso

Davi e seus homens estavam fugindo de Saul. Enquanto se refugiaram no deserto de Parã, eles se encontraram com os pastores e os animais de um rico proprietário chamado Nabal. Em vez de se aproveitarem dos animais, Davi e seus homens protegeram os pastores e animais. Finalmente, chegou a primavera. Nos tempos bíblicos, comumente esse era o tempo da tosquia das ovelha. As 3.000 ovelhas de Nabal produziam bastante lã, muito provavelmente a maior fonte de sua renda. Esse período de prosperidade financeira produzia um espírito festivo no ar, e Nabal deveria estar de bom humor e feliz. Sabendo disso, Davi enviou dez de seus homens para pedir uma doação de alimento, em reconhecimento de sua parte na proteção do rebanho de Nabal durante o inverno.

Contudo, em resposta à mensagem cortês de congratulações de Davi, e seu pedido de provisões, Nabal insolentemente sugeriu que Davi era um inútil que não merecia bondade, muito menos uma recompensa. Ele afirmou: “Quem é esse tal de Davi?, perguntou-lhes Nabal. Quem esse filho de Jessé pensa que é? Hoje em dia, há muitos servos que fogem de seus senhores. Devo pegar meu pão, minha água e a carne dos animais que abati para meus tosquiadores e entregar a um bando que vem não se sabe de onde?” (1Sm 25:10-11). Com essas palavras, Nabal deixou muito nítido que pensava ser Davi um ninguém. Em sua mente Davi era tão insignificante que não valia a pena perguntar de onde vinha nem o que fazia.

Ao negar provisões a Davi e enviar os dez homens de Davi de mãos vazias Nabal estava, deveras, confirmando o significado de seu nome, que é “tolo” e “sem juízo” (Comentário Bíblico Adventista, v. 2, p. 617). O tolo e mesquinho avarento Nabal, não somente recusou partilhar sua fartura, mas ainda insultou os mensageiros de Davi. Os servos de Nabal reconheceram que seu senhor era “um homem tão cruel que ninguém consegu[ia] conversar com ele” (1Sm 25:17, NVT).

Quando Davi ouviu o relato, se sentiu profundamente ofendido, sua pressão sanguínea se elevou ao chamejante ponto de vingança. Ele e 400 de seus homens mais capazes partiram imediatamente para eliminar Nabal e toda a sua população de servos do sexo masculino (1Sm 25:13).

Abigail, inteligente pacificadora

No meio dessa irascível cena entrou uma mulher de grande encanto, cujas palavras e procedimento calmos salvaram sua casa de destruição certa e guardaram o futuro rei de manchar temerariamente as mãos com sangue inocente. As Sagradas Escrituras dizem que Abigail era uma mulher “inteligente e bonita” (1Sm 25:3), e seus atrativos evidenciavam-se em sua alma porque ela havia escolhido a paz. Me impressiona a Bíblia, que fora escrita numa cultura que inferiorizava a mulher, destacar a capacidade intelectual de Abigail. Ela destaca que Abigail era “inteligente e bonita”, exatamente nessa ordem. Isso é assaz importante. É como quisesse dizer que a mulher deve ser valorizada não pelo seu corpo, como é comum hoje na cultura ocidental, mas pela sua capacidade intelectual.

Essa qualidade de Abigail me faz pensar sobre a posição da mulher em nossa sociedade atual. Ora, se a mulher tem a mesma capacidade intelectual do homem, ela pode e deve ocupar os mesmos espaços historicamente ocupados por eles, inclusive ocupando cargos de direção em empresas. Já vemos isso hoje, mas os indicadores divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em março de 2018, mostram que o caminho a ser percorrido para a igualdade de gênero permanece longo e tortuoso. Embora representem pouco mais da metade (51,7%) dos trabalhadores brasileiros, somente 37,8% delas estão em cargos gerenciais existentes no Brasil. No que se refere a remuneração, apesar da melhora nos últimos anos, uma mulher ainda recebia 76,5% do rendimento dos homens em 2016.

Voltemos a Abigail. Ela só não se deu bem no amor. Não sabemos ao certo como ela pode casar com um brutamonte cruel e mesquinho, como Nabal. Provavelmente seu casamento com Nabal tenha sido arranjado, como era comum nos tempos bíblicos, e em muitas partes do mundo hoje. E então ela não teve escolha a esse respeito.

Uma das mais difíceis de todas as relações humanas é apaziguar a ira. As palavras podem ser muito incitantes. Às vezes parece impossível desviar as pessoas que estão obcecadas pela ira e inclinadas à vingança. Todavia, Abigail fez exatamente isto.

Ao ser informada por um servo do tratamento mau do seu marido dispensado a Davi, Abigail ficou preocupada com a sua casa e com os seus. Ela sabia que dessa vez Nabal havia ido longe demais e colocado em risco a vida dele, a vida dela, da família e de todos os servos. Sem contar nada para seu marido, imediatamente preparou um banquete para Davi e seus homens e foi se encontrar com o guerreiro e seu bando. Note que, ao invés de atear fogo sobre a confusão, ela joga água. Quando encontrou-se com Davi, prostrou-se diante dele e se dirigiu a ele como se já fosse rei. “Eu, tua serva, não vi os rapazes que meu senhor enviou” (v. 25). Por outras palavras, tentava dizer: “Se eu os tivesse visto, tentaria usar a minha influência para evitar este problema”.

 “Nada tendo de ostentação ou orgulho, antes cheia da sabedoria e amor de Deus, Abigail revelou a força de sua devoção para com sua casa, e esclareceu a Davi que o procedimento indelicado de seu marido de nenhuma maneira fora premeditado contra ele como uma afronta pessoal, mas que tinha simplesmente sido a explosão de uma natureza infeliz e egoística” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 666).

O seu apelo, baseado no caráter de Deus e no Seu soberano poder, deixou Davi desarmado. Uma das mais reveladoras características dessa culta e refinada mulher estava em não pretender nenhum mérito por arrazoar calmamente com Davi procurando desviá-lo de seu desejo de vingança. Ao contrário, deu a Deus todo o louvor e glória. Davi aceitou a reprovação com louvor a Deus pelo sábio conselho de Abigail. “Bendito seja o Senhor, o Deus de Israel, que hoje a enviou ao meu encontro. Seja você abençoada pelo seu bom senso e por evitar que eu hoje derrame sangue e me vingue com minhas próprias mãos. De outro modo, juro pelo nome do Senhor, o Deus de Israel, que evitou que eu lhe fizesse mal, se você não tivesse vindo depressa encontrar-me, nem um só do sexo masculino pertencente a Nabal teria sido deixado vivo ao romper do dia". Então Davi aceitou o que ela havia lhe trazido e disse: "Vá para sua casa em paz. Ouvi o que você disse e atenderei o seu pedido" (1Sm 25:32-35). Em lugar de ser impaciente e manter o rancor, permitiu que as palavras calmas e respeitosas de Abigail influenciassem seu coração.

“De manhã, quando Nabal estava sóbrio, sua mulher lhe contou todas essas coisas; ele sofreu um ataque e ficou paralisado como uma pedra. Cerca de dez dias depois, o Senhor feriu a Nabal, e ele morreu” (1Sm 25:37,38). A princípio Abigail escondeu de Nabal, sobre como as coisas se resolveram com Davi. A intenção era boa, o resultado por sua vez, não foi bom para seu marido.

Quando ela contou, ele ficou tão estressado que provavelmente tenha tido um Acidente Vascular Cerebral (AVC), porque a Bíblia afirma que ele “ficou paralisado como uma pedra”. Ao saber disso, Davi louva a Deus e pede Abigail em casamento, ela diz: Sim! (v. 39-42). Daí em diante vai viver uma novidade de vida. Deus, em sua infinita bondade lhe concede um recomeço. De uma mulher casada com um homem tolo e mau, ela se tornou a esposa do rei Davi. E eu fico a pensar em como tudo mudou para ela, e sobre a forma inteligente e sábia com a qual ela venceu sua crise.

As lições da vida de Abigail

A experiência de Abigail de lidar com dois homens difíceis ilustra como a beleza interior da personalidade, impregnada da graça e atmosfera do Céu, pode intervir em circunstâncias difíceis e influenciar outros para o bem. Nos nossos dias há muitas pessoas que promovem a discórdia, confusão, o ódio e a violência. Já pensou se Abigail fosse uma mulher insensata e incendiária, teria incentivado Nabal a “tomar satisfações” com Davi. O resultado seria o de muitas vidas inocentes desperdiçadas. Ellen G. White compara sua piedade com o “perfume de uma flor, [que] exalava de seu rosto, de suas palavras e ações, sem que disso ela se apercebesse” (Idem, p. 667). Como cristãos, somos chamados por Jesus a rodear-nos a nós mesmos e aos outros com a inspiração edificante que vem das flores. E podemos fazer isso sendo bondosos, piedosos e pacificadores. Em nossos relacionamentos interpessoais no lar, na escola, na Faculdade, em nossa vizinhança, na igreja ou em qualquer meio social em que estivermos inseridos, quando houver atritos e tensões, não precisamos alimentar a violência. Devemos iniciar um ciclo de paz e vida. Não façamos guerra em nossa casa ou em nosso ambiente de trabalho.

Vivemos num mundo dividido, com muros, cercas, polarização política, classes sociais, raças, culturas e riquezas, que nos separam uns dos outros. E, é justamente nesse mundo dividido, impregnado pelo ódio, que somos chamados a sermos pacificadores. “Felizes os que promovem a paz, pois serão chamados filhos de Deus” (Mt 5:9), disse Jesus. Vejam como esse texto na Nova Tradução na Linguagem de Hoje ficou com expressões bem mais abarcantes e eternas: “Felizes as pessoas que trabalham pela paz, pois Deus as tratará como seus filhos”. Segundo Jesus, os pacificadores são mais felizes, pois verão o Deus da paz e viverão no eterno reino da paz. Portanto, façamos a paz com nosso semelhante! O teólogo William Barclay disse que “em cada homem há uma tensão; cada homem é uma guerra civil em marcha”.

Caro(a) amigo(a) leitor(a), a única maneira de qualquer um dentre nós se tornar um verdadeiro pacificador como Abigail consiste em termos a paz de Deus em nosso interior, aquela que advém quando, como disse Paulo: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:20). Não quer você abrir seu “coração” para que Cristo entre e viva em você, e promova mudanças radicais em sua vida? Faça isso agora!

Deus te abençoe ricamente!