Ricardo André
O ano de 2020 está
terminando. Ele foi um ano muito difícil para a humanidade, que foi
surpreendida pelo surgimento do corona vírus causador da Covid-19. O mundo
ficou em pavoroso com esta doença, que se propagou rapidamente pelo mundo
inteiro. Por conta disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou no dia
11 de março, pandemia de Covid-19. Milhares de pessoas já morreram no mundo e
outros milhões estão infectadas pelo vírus. Essa doença obrigou os governos do
mundo todo a adotar medidas restritivas, a fim de conter a disseminação do
vírus, como o distanciamento social, fechamento do comércio, das igrejas,
escolas, faculdades, locais de eventos, entre outros. Essas medidas, por sua
vez, gerou falências de centenas de pequenas empresas, desemprego e fome.
Perdemos amigos e ente queridos, não somente pela Covid-19, mas por outras
doenças, bem como por acidentes. Há tão pouco tempo festejamos a entrada do Ano
Novo, e nem imaginávamos que iríamos enfrentar esse turbilhão de problemas e
dificuldades. E, os prognósticos são de que essa crise sanitária e econômica se
prolongará pelo ano 2021.
Certamente, muitos de
nós ao longo desse ano vivemos momentos de desapontamentos e reveses;
sentimo-nos sós em nossa luta contra o pecado. Viveu momentos de tormento,
agonia e dor. É possível que tivemos a tentação de desistir.
Há razões para
renovarmos nossa esperança e certezas? Tenho uma mensagem para você, já que
começamos a pensar em um Ano Novo.
Lemos em Êxodo7:14-17: “Disse o Senhor a Moisés:
"O coração do faraó está obstinado; ele não quer deixar o povo ir. Vá ao
faraó de manhã, quando ele estiver indo às águas. Espere-o na margem do rio
para encontrá-lo e leve também a vara que se transformou em serpente. Diga-lhe:
O Senhor, o Deus dos hebreus, mandou-me dizer-lhe: Deixe ir o meu povo, para
prestar-me culto no deserto. Mas até agora você não me atendeu. Assim diz o
Senhor: Nisto você saberá que eu sou o Senhor: com a vara que trago na mão
ferirei as águas do Nilo, e elas se transformarão em sangue” (NVI)
Este é o encontro de
Moisés com Faraó no momento da primeira praga, e este encontro se dá as margens
do rio Nilo, “aonde o rei costumava dirigir-se. Sendo o transbordamento do Nilo
a fonte dos alimentos e riqueza para todo o Egito, era o rio adorado como um
deus, e o monarca ia para ali diariamente a fim de render as suas devoções”
(Ellen G. White, Patriarcas e Profetas,
p. 265). Diz o texto sacro que naquela manhã as águas de todo o Egito foram
transformadas em sangue.
O
encontro memorável no rio Nilo
O local deste encontro
com Faraó, o rio Nilo, era muito significativo para Moisés: Podemos imaginar
que ele olha para aquele rio e começa a trazer à sua memória a sua própria
história: “Há oitenta anos atrás eu era um bebezinho e minha mãe na esperança
de me salvar me colocou dentro de um cesto de junco e eu fui salvo pela filha
de Faraó que tinha o costume de se banhar nesta praia fluvial.”
Aliás, seja dito de
passagem, que Moisés gostava de recordar fatos históricos. Basta ler o livro de
Deuteronômio 1:1-6 quando ele dirige
o primeiro discurso ao povo no final do êxodo e pouco antes da ocupação da
terra de Canaã. O texto diz assim: Estas são as palavras ditas por Moisés a
todo o Israel no deserto, a leste do Jordão, na Arabá, defronte de Sufe, entre
Parã e Tofel, Labã, Hazerote e Di-Zaabe. Em onze dias se vai de Horebe a
Cades-Barnéia pelo caminho dos montes de Seir. No quadragésimo ano, no primeiro
dia do décimo primeiro mês, Moisés proclamou aos israelitas todas as ordens do
Senhor acerca deles. Isso foi depois que ele derrotou Seom, rei dos amorreus,
que habitava em Hesbom, e em Edrei derrotou Ogue, rei de Basã, que habitava em
Asterote. A leste do Jordão, na terra de Moabe, Moisés tomou sobre si a responsabilidade
de expor esta lei: O Senhor, o nosso Deus, disse-nos em Horebe: "Vocês já
ficaram bastante tempo nesta montanha”.
E então ele começa a
trazer à memória daquele povo os episódios da sua história, amarrando o passado
com o presente e preparando os ouvintes para o futuro glorioso que Deus haveria
de dar.
E agora Moisés está
diante do Rio Nilo e a sua memória é acionada e o filme da sua vida começa a se
desenrolar: Talvez ele tenha se lembrado da mãe hebréia, da mãe egípcia (ou seja
a mãe natural e a mãe adotiva): de Joquebede (tia de seu pai) e da princesa
(filha de Faraó). Talvez tenha se lembrado daquele caudal enorme de cultura
palaciana que recebeu por fazer parte da elite que governava o país mais
progressista e poderoso da época.
Talvez tenha se
lembrado de suas lutas íntimas antes de ter a coragem de abdicar as glórias do
Egito e os prazeres transitórios do pecado, para perfilar com os seus irmãos
oprimidos. Talvez, naquela manhã, diante do rio Nilo ele traz a memória aquela
estranha arte de ver o invisível e de contemplar à distância o galardão que Deus
costumava distribuir com os que vivem pela fé. É por isso que Hebreus 11:27 nos diz: “Foi pela fé que
Moisés saiu do Egito, sem ter medo da raiva do rei, e continuou firme, como se
estivesse vendo o Deus invisível (NTLH).”
Talvez ele tenha se
lembrado da sua impetuosidade não domesticada que o fizera matar o egípcio que
estava espancando um de seus parentes distantes. Talvez tenha se lembrado da
incompreensão dos hebreus; se lembrado dos quarenta anos passados não na
metrópole, mas na terra de Midiã, onde se casara, onde se tornara pai de dois
meninos e onde trabalhara como pecuarista. Talvez tenha se lembrado do estranho
fenômeno da sarça que se queimava e não se consumia e daquele tremendo e
decisivo encontro com Deus no monte Horebe, quando a vocação esquecida voltara
à tona de modo irreversível.
Eu acredito amigo que
todas essas lembranças se elucidavam porque Moisés estava ali à margem do rio
Nilo e agora, à espera de Faraó, oitenta anos depois de ter sido descoberto
pela princesa. E acredito que o seu coração se encheu de gratidão e de
determinação!
Nós temos muitas razões
para agradecer a Deus pelo ano 2020, apesar das tragédias! Recebemos muitas
bênçãos de Deus ao longo desse ano, que tentar descreve-las seria como explicar
como é ser feliz! E, felicidade a gente não explica, a gente sente e acaba
transmitindo aos outros. Por isso o Salmista se expressa assim no capítulo
126:1 “Quando o Senhor trouxe os cativos de volta a Sião, foi como um sonho”
(NVI). Só o fato de estarmos vivos é uma grande bênção! O
Senhor e Salvador em nossos momentos de aflições e tristezas estava "à
distância de apenas uma prece" e que cada anjo no Céu aguardava Sua ordem
para encorajar-nos e dar-nos força para superarmos as decepções e sofrimento e
atingirmos o "topo da montanha".
Ainda que tenhamos
perdidos alguns amigos e entes queridos neste ano, temos a esperança bíblica de
que um dia, o Senhor virá. Então, veremos nossos queridos que foram arrebatados
pela morte. E o melhor: veremos a face Daquele que nos sustentou em meio às
mais duras provas da vida. Que alegria será!
Ao adentrarmos no novo
ano precisamos possuir a mesma confiança que tinha Ellen G. White expressa em suas
palavras finais, três meses antes de descansar no Senhor: “Nada temos que
recear quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos
tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado” (Testemunhos Seletos, v. 3, p. 443).
Mas como podemos
esquecer? Você sabe o que estou dizendo. É fácil esquecer aquilo que Deus fez
no passado quando algumas novas provações nos sobrevêm. Os israelitas se
esqueceram vez após vez, e nós também. Se parar para relembrar a maneira como
Deus atuou em sua vida no passado, com certeza você também terá motivos para
confiar, e muito que agradecer ao Senhor nesta hora. Moisés teve muitas lutas e
dificuldades, mas quando ele coloca tudo isso na balança, naquele momento em
que ele olha os oitenta anos que se passara, ele verifica que tinha muito que
agradecer ao Senhor.
Portanto, tome tempo
para relembrar! Fazer isso traz uma bênção dupla. Primeira, lembramos daquilo
que Deus tem feito em nossa vida. Segunda, mostra-nos que, se Deus já o fez
antes, pode fazê-lo de novo. Isso nos dá muita coragem e força para enfrentar o
que vier.
Eu convido você, neste
momento especial quando vamos inaugurar um novo ano, a terceira década do
século XXI, a trazer à sua memória aquilo que te dá esperança e saber que você
pertence a um Deus de amor, e que você pode confiar, descansar e esperar nEle,
e declarar que o Deus a quem você serve nunca falhou e nunca falhará!!!
A
história de John N. Andrews
John Nevins Andrews
(1829-1883), foi o mais influente erudito da IASD em sua fase inicial. Esteve
intimamente associado com Tiago e Ellen White na liderança da Igreja Adventista
e em sua obra evangelística. “Nascido em Poland, Maine, John ‘encontrou o
Salvador’ em fevereiro de 1843 e começou a observar o sábado do sétimo dia
alguns anos depois. Ele conheceu os White quando o casal visitou Paris, Maine,
em setembro de 1849. Durante essa visita, os White repreenderam firmemente o
fanatismo que prevalecia entre alguns adventistas. Foi nesse contexto que o
jovem Andrews exclamou: ‘Eu trocaria mil erros por uma verdade’” (Enciclopédia Ellen G. White, p. 322). Era
um profundo estudioso das Sagradas Escrituras. Quando adulto, sabia ler a
Bíblia em sete idiomas e afirma ser capaz de recitar o Novo Testamento de cor.
Sua vida foi de constante aprendizado até sua morte precoce de tuberculose, aos
54 anos, em 1883.
Em 1850, John começou a
trabalhar como pastor. Em cinco anos, porém, encontrava-se “completamente esgotado”
por causa dos estudos intensivos e da agenda cheia. Depois de perder a voz e
prejudicar sua visão, foi trabalhar na fazenda de seus pais, para recuperar a
saúde. Em 1861, publicou a primeira edição de seu livro mais conhecido, The
History of the Sabbath and the First Day of the Week (A História do sábado e do
primeiro Dia da Semana).
Em 1867, tornou-se o
terceiro presidente da Associação Geral dos ASD. No dia 14 de setembro de 1874,
em companhia de seus filhos, Charles e Mary (sua esposa havia falecido de um
AVC, em 18 de março de 1871) tomou um navio de Boston para Liverpool, Inglaterra,
em rota para a Suíça, como o primeiro missionário oficial da igreja em terras
estrangeiras. Ellen G. White escreveu que eles haviam enviado “o homem mais
capaz de todas as nossas fileiras” (Ct 2a, 1878).
Em 1878, infelizmente,
sua filha Mary contraiu tuberculose e morreu “logo depois de chegar ao
sanatório de Battle Creek para tratamento” (Enciclopédia Ellen G. White, p. 323). Em uma carta, datada de 5 de
dezembro de 1878, dirigida ao Pastor J. N. Andrews, quando o caminho parecia
acidentado e íngreme, quando trabalhava na Europa, logo após a morte de sua
filha Mary, Ellen White escreveu: “Tu achas que se não fosse essa grande perda
serias um homem relativamente feliz. Mas pode ser que a própria perda de tua
filha neste mundo seja para ti, e não somente para ti mas para muitos na Suíça,
algo que contribua para a salvação de almas. [...] O Senhor te ama, meu prezado
irmão. Ele te ama. ‘Os montes se retirarão, e os outeiros serão removidos; mas a
Minha misericórdia não se apartará de ti. E a aliança da Minha paz não será
removida'. Is 54:10’. ‘Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a
Deus’. Rm 8:28. Se teus olhos pudessem ser abertos, verias teu pai celestial
inclinando-Se sobre ti com amor, e se pudesses ouvir-Lhe a voz, isso se daria
em tons de compaixão por ti, que estás prostrado em sofrimento e aflição.
Firma-te em Sua força; há descanso para ti que estás cansado” (Este Dia com Deus [MM 1980], p. 346).
“‘Mary, querida e preciosa
criança, descansa’, escreveu Ellen White ao pai dela. ‘Pelos olhos penetrantes
da fé, você pode antever [...] sua Mary junto à mãe e aos outros membros da
família atendendo ao chamado do Doador da vida e saindo do seu cárcere,
triunfantes sobre a morte’ (Carta 71, 1878)” (Enciclopédia Ellen G. White, p. 324).
Não é de surpreender
que o Senhor nos tem dito que, assim como entregamos nossas vidas a Ele, "através das mais maravilhosas
operações da divina providência, montanhas de dificuldades serão removidas e
lançadas no mar." (Ellen G. White, Profetas e Reis, pág. 223).
Caro amigo leitor,
avante! Você pode enfrentar 2021 com coragem!