Com seus 170 milhões de habitantes, mais
de 70% declarando-se católicos-romanos, o Brasil é considerado demograficamente
o maior país católico do mundo. Não obstante, entre os brasileiros, uma
religião que cresce extraordinariamente é o espiritismo.
Isto se dá tanto em sua forma
refinada, chamada de Kardecismo (pautando os seus ensinos e práticas segundo os
escritos de Allan Kardec, chamado de (“codificador do Espiritismo”), também
conhecido como “alto espiritismo”, como em sua forma popular, ou “baixo
espiritismo”, com elementos oriundos do espiritismo de Kardec, do animismo
indígena e africano, e do próprio catolicismo-romano.
É fato bem sabido ser comum que
pessoas de formação católica freqüentam as reuniões espíritas, tanto do chamado
“alto” quanto do “baixo espiritismo”. Assim, aos domingos assistem à missa, e
em outros dias da semana participam regularmente de sessões espíritas. Com isso,
alguns chegam a alegar que o Brasil não é mais exatamente “o maior país
católico do mundo”, vindo a ser talvez o maior país espírita do planeta!
Ocorre, nesse aspecto, um verdadeiro
sincretismo religioso que atrai pessoas adeptas da própria religião principal,
o catolicismo, quanto aqueles que se empolgam com as teorias kardecistas. É o
caso da Umbanda, Quimbanda ou Candomblé, praticado nas mais diversas regiões do
país, com participação tanto de pessoas humildes e sem cultura, quanto de figurões
da política e das artes. Nessas religiões, os santos da Igreja Católica recebem
nomes diferentes, e são identificados e cultuados como deuses da mitologia
desses cultos.
Mas não é só no Brasil que esse
fenômeno pode ser testemunhado. Nos Estados Unidos, as seitas e crenças
exóticas, inspiradas em filosofias orientais que contêm muitos elementos do
espiritismo clássico, vêm tendo crescente aceitação nestas últimas décadas. Os
próprios jovens oriundos do movimento hippie adotaram em massa as religiões da
Índia, China e Japão, de onde procedem alguns dos alicerces do espiritismo
moderno. Uma famosa ex-artista de Hollywood passou a escrever livros defendendo
teses de reencarnação e comunicação com os mortos, popularizando ainda mais tal
filosofia.
Num giro pela Europa em uns anos
passados, observei publicidade em estações de rádio na Itália e França
proclamando as virtudes de certos indivíduos dotados de capacidade supostamente
sobrenatural, inclusive com acesso aos que morreram, para ajudar os que
precisam de ajuda, obviamente mediante pagamento.
Os
Princípios Básicos da Fé Espírita
Alegando não se tratar meramente de
religião, mas ser três coisas — religião, filosofia e ciência — o espiritismo
prega a caridade como básica para o aprimoramento do indivíduo em preparação
para uma vida superior no além.
Tendo por fundamento a idéia da
reencarnação e, subjacente a ela, a da imortalidade da alma, os espíritas
ensinam que o corpo não passaria de uma prisão material da verdadeira essência
do indivíduo, sua alma, ou espírito. E segundo o admitido princípio da evolução, o homem vai superando
gradativamente suas deficiências e purificando-se, através de muitas vidas
sucessivas, em diferentes épocas e mesmo formas, até chegar à pureza absoluta.
Nessa linha de pensamento, os que vivem agora em sofrimento é porque certamente
foram maus na vida pregressa e estão sendo refinados para uma existência
superior e mais feliz numa outra vida.
O espiritismo também promove a consulta
aos que morreram, como não só uma possibilidade real, mas um privilégio a
qualquer pessoa que consiga recorrer a seus médiuns, que seriam indivíduos
superdotados com a capacidade de evocar os espíritos dos que se foram,
atraindo-os mesmo à visão dos que os busquem.
Tendo elementos do cristianismo e de
outras religiões antigas, os espíritas chegam a citar a Bíblia como base de
tais idéias. Mas o Mestre Jesus é tido por um grande filósofo, como outros
grandes fundadores de religiões e promotores de idéias revolucionárias—a
exemplo de Buda, Maomé, Confúcio, etc.—e guru de superior intelecto e
espiritualidade.
Quando Jesus se entrevista com o líder
judaico Nicodemos e lhe diz — “importa-vos nascer de novo” (João 3:7), os
espíritas não têm dúvida de que isto representa a reencarnação sendo admitida
pelo Cristo. O problema nessa concepção é o costume de partir de idéias
preconcebidas como premissa básica e buscar a comprovação para tais idéias em
qualquer trecho que tenha a mais leve referência a elas, mesmo indireta.
João 3:7
7 “Não te admires de eu te haver
dito: Necessário vos é nascer de novo.”
Respeitando
o Contexto
Alguém já disse que um texto fora do
contexto não passa de um pretexto. Se o estudioso do assunto se der ao trabalho
de examinar os ensinos de Cristo globalmente, em lugar de apanhar segmentos
isolados que aparentemente lhe favoreçam a idéia, não encontrará harmonia de
Seus ensinos com o que pregaram os mestres do passado a respeito da morte.
Cristo fala em ressurreição, não
reencarnação. A própria idéia de “novo nascimento” é tornada clara no verso 5
ao Jesus falar em “nascer da água”. Tendo por base um costume já existente
entre os judeus de uma lavagem purificadora para indicar renovação espiritual, fica
claro pelo contexto literário e histórico que a referência é ao batismo,
simbolizando a morte para a vida pecaminosa, e um renascer para nova vida
segundo o Espírito de Deus. O apóstolo Paulo tornou isto bem claro em Romanos,
capítulo 6.
João 3:5
5 “Jesus respondeu: Em verdade,
em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode
entrar no reino de Deus.”
A evidência de que ressurreição não é
o mesmo que reencarnação se acha nos relatos dos Evangelhos ao descreverem como
Jesus miraculosamente trouxe de volta à vida pessoas que haviam exalado o
último suspiro. Há o episódio da filha de Jairo, do filho da viúva de Naim, e,
de modo destacado, a volta à vida de seu amigo Lázaro, que já estava sepultado
há quatro dias e até “cheirava mal”, todos sobrenaturalmente trazidos de volta
à vida por Jesus, com seus mesmos corpos (ver Lucas 8: 41-56; 7: 11-16; João,
cap. 11).
Portanto, por uma questão de coerência,
uma vez que se recorra à Bíblia como documento comprobatório de uma tese, todo
o seu contexto deve ser levado em conta para validar ou negar a idéia.
Lucas 8: 41-56
41 “E eis que veio um homem
chamado Jairo, que era chefe da sinagoga; e prostrando-se aos pés de Jesus,
rogava-lhe que fosse a sua casa;
42 porque tinha uma filha única,
de cerca de doze anos, que estava à morte. Enquanto, pois, ele ia, apertavam-no
as multidões.
43 E certa mulher, que tinha uma
hemorragia havia doze anos [e gastara com os médicos todos os seus haveres] e
por ninguém pudera ser curada,
44 chegando-se por detrás,
tocou-lhe a orla do manto, e imediatamente cessou a sua hemorragia.
45 Perguntou Jesus: Quem é que me
tocou? Como todos negassem, disse-lhe Pedro: Mestre, as multidões te apertam e
te oprimem.
46 Mas disse Jesus: Alguém me
tocou; pois percebi que de mim saiu poder.
47 Então, vendo a mulher que não
passara despercebida, aproximou-se tremendo e, prostrando-se diante dele,
declarou-lhe perante todo o povo a causa por que lhe havia tocado, e como fora
imediatamente curada.
48 Disse-lhe ele: Filha, a tua fé
te salvou; vai-te em paz.
49 Enquanto ainda falava, veio
alguém da casa do chefe da sinagoga dizendo: A tua filha já está morta; não
incomodes mais o Mestre.
50 Jesus, porém, ouvindo-o,
respondeu-lhe: Não temas: crê somente, e será salva.
51 Tendo chegado à casa, a
ninguém deixou entrar com ele, senão a Pedro, João, Tiago, e o pai e a mãe da
menina.
52 E todos choravam e pranteavam;
ele, porém, disse: Não choreis; ela não está morta, mas dorme.
53 E riam-se dele, sabendo que
ela estava morta.
54 Então ele, tomando-lhe a mão,
exclamou: Menina, levanta-te.
55 E o seu espírito voltou, e ela
se levantou imediatamente; e Jesus mandou que lhe desse de comer.
56 E seus pais ficaram
maravilhados; e ele mandou-lhes que a ninguém contassem o que havia sucedido.”
Lucas 7: 11-16
11 “Pouco depois seguiu ele viagem para uma
cidade chamada Naim; e iam com ele seus discípulos e uma grande multidão.
12 Quando chegou perto da porta
da cidade, eis que levavam para fora um defunto, filho único de sua mãe, que
era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade.
13 Logo que o Senhor a viu,
encheu-se de compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores.
14 Então, chegando-se, tocou no
esquife e, quando pararam os que o levavam, disse: Moço, a ti te digo:
Levanta-te.
15 O que estivera morto sentou-se
e começou a falar. Então Jesus o entregou à sua mãe.
16 O medo se apoderou de todos, e
glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós; e: Deus
visitou o seu povo.”
Jesus citava repetidamente o Antigo
Testamento, que era a Escritura vigente em Seu tempo. Reconhecia sua autoridade
como livro histórico e como um manual de instrução da vida prática, e fonte de
doutrina religiosa. No Antigo Testamento fala-se sobre a ressurreição, não
reencarnação, havendo uma detalhada descrição da ressurreição em Ezequiel 37. É
por demais claro que a idéia da imortalidade da alma não encontra apoio ali
(ver Ecles. 9:5, 10; Sal. 146:3,4). Igualmente, a prática comum do espiritismo
de consultar os mortos, muito difundida entre os povos antigos que circundavam
Israel, é claramente condenada nas Escrituras (ver Êxodo 22:18 e Deuteronômio
18:11-14).
Ecles. 9:5, 10;
5 “Pois os vivos sabem que
morrerão, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco têm eles daí em
diante recompensa; porque a sua memória ficou entregue ao esquecimento.
10 Tudo quanto te vier à mão para
fazer, faze-o conforme as tuas forças; porque no Seol, para onde tu vais, não
há obra, nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.”
Sal. 146:3,4
3 “Não confieis em príncipes, nem
em filho de homem, em quem não há auxílio.
4 Sai-lhe o espírito, e ele volta
para a terra; naquele mesmo dia perecem os seus pensamentos.”
Êxodo 22:18
18 “Não permitirás que viva uma
feiticeira.”
Deuteronômio 18:11-14
11 “nem encantador, nem quem
consulte um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos;
12 pois todo aquele que faz estas
coisas é abominável ao Senhor, e é por causa destas abominações que o Senhor
teu Deus os lança fora de diante de ti.
13 Perfeito serás para com o
Senhor teu Deus.
14 Porque estas nações, que hás
de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém, quanto a ti, o
Senhor teu Deus não te permitiu tal coisa.”
O profeta Isaías, muitos séculos depois
que as leis de Moisés foram proclamadas, exorta o povo de Israel a não
contaminar-se com ritos religiosos dos povos pagãos que os rodeavam (Isaías
8:19, 20).
(Isaías 8:19, 20).
19 “Se disserem: Consultai os
encantadores e os adivinhos, que sussurram falando, responde: Não consultará o
povo ao seu Deus? Consultará os mortos pelos vivos?
20 À lei e ao testemunho! Se eles
não falarem conforme a esta palavras, é porque não têm iluminação”.
Evolução
ou Salvação?
Uma das premissas fundamentais do
espiritismo— no que se revelaria o seu aspecto de ciência — é a teoria da
evolução das espécies. Sabe-se hoje que as posições evolucionistas,
popularizadas a partir de Darwin no século XIX— têm sido cada vez mais
disputadas. Não se tem podido demonstrar a existência de “elos perdidos” que
comprovariam que o homem procede de formas inferiores, e os descobrimentos da
Astronomia têm lançado dúvidas sobre as teorias da origem do universo.
Crer que o homem está sempre evoluindo
por meio da reencarnação produz uma dúvida difícil de responder: Como se
explica o aumento do crime, da corrupção, do divórcio, das intrigas políticas,
do consumo de drogas, do suicídio e do desamor em geral, quando tudo isso
contradiz a idéia de que a humanidade está evoluindo moral e espiritualmente há
séculos e milênios?
Finalmente, a idéia de praticar obras
para ganhar a aceitação de Deus e merecer uma vida superior choca-se claramente
com o fundamento da mensagem bíblica e cristã. Contrariamente a essa doutrina
própria de religiões não-cristãs, as Escrituras ensinam que a salvação do
pecador deriva, não de seus próprios atos meritórios, mas da morte de Jesus,
que foi perfeito e obedeceu plenamente a toda a lei divina, tomando o lugar dos
seres humanos falíveis. (Efésios 2:8-10).
Todas as nossas obras estão maculadas
pelo pecado, e somente graças à intercessão dAquele que foi feito pecado por
nós (Romanos 5:6-12) é que lograremos o
perdão e aceitação do Pai, não para continuar tendo existências experimentais e
refinadoras sobre esta Terra de sofrimento e dor, mas para viver eternamente na
companhia de Deus e de Seus anjos. (João 14:1-3, Apoc. 22:3-5).
Efésios 2:8-10
8 “Porque pela graça sois salvos,
por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus;
9 não vem das obras, para que
ninguém se glorie.
10 Porque somos feitura sua,
criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que
andássemos nelas.”
Romanos 5:6-12
6 “Pois, quando ainda éramos
fracos, Cristo morreu a seu tempo pelos ímpios.
7 Porque dificilmente haverá quem
morra por um justo; pois poderá ser que pelo homem bondoso alguém ouse morrer.
8 Mas Deus dá prova do seu amor
para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós.
9 Logo muito mais, sendo agora
justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.
10 Porque se nós, quando éramos
inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais,
estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.
11 E não somente isso, mas também
nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora temos
recebido a reconciliação.
12 Portanto, assim como por um só
homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte
passou a todos os homens, porquanto todos pecaram.”
João 14:1-3
1 “Não se turbe o vosso coração;
credes em Deus, crede também em mim.
2 Na casa de meu Pai há muitas
moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar.
3 E, se eu for e vos preparar
lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver
estejais vós também.”
Apoc. 22:3-5
3 “Ali não haverá jamais
maldição. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o
servirão,
4 e verão a sua face; e nas suas
frontes estará o seu nome.
5 E ali não haverá mais noite, e
não necessitarão de luz de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os
alumiará; e reinarão pelos séculos dos séculos.”
É indiscutível que a Bíblia nos
oferece a alternativa verdadeira e, por conseguinte, a melhor. Estudemo-la,
pois, e sigamos os seus ensinos.
Autor: Prof. Azenilto G. Brito
Fonte: Ministério Sola Scriptura
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