Ricardo
André
“Jesus
perguntou aos Doze: "Vocês também não querem ir?" Simão Pedro lhe
respondeu: "Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna”
(João 6:67-68, NVI).
O contexto precedente
desses versos revela que uma multidão acompanhava o Mestre, mas alguns dentre
ela não o seguiam, não estavam dispostos a ouvi-Lo, pois o objetivo maior era
apenas se beneficiar. Cristo ensinava a inabilidade do homem chegar a Deus
pelas suas próprias forças. Por exemplo, em versículo 44, Cristo diz, “Ninguém
pode vir a Mim, se o Pai que Me enviou o não trouxer...”. E é verdade nos dias
de hoje: nós jamais alcançaremos o perdão e aceitação de Deus pelas nossas
próprias forças. É Deus que precisa trazer-nos, ajudar-nos, levar-nos até Si
mesmo.
A narrativa revela que
a multidão ao redor de Cristo começa a murmurar. O versículo 60 afirma:
“Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este
discurso; quem o pode ouvir?” Estes homens que diziam ser seguidores e
discípulos de Cristo, estão ofendidos com a pregação de Cristo. Eles reclamam
que as verdades que Cristo ensinava são duras, e difíceis de ouvir. Eles
desejavam verdades mais suaves. Queriam que Cristo falasse sobre coisas mais
confortáveis, mais bem aceitos entre os homens. Em seguida, muitos abandonam a Jesus
Cristo, alegando os absurdos que estavam descobrindo na chamada vida cristã.
Ellen G. White,
comentando esse momento de crise no ministério de Cristo, acrescentou: “Condoído,
viu Jesus os que haviam sido Seus discípulos afastarem-se dEle, a vida e a Luz
dos homens. A consciência de que Sua compaixão não era apreciada, nem Seu amor
reconhecido, de que Sua misericórdia era desprezada e rejeitada Sua salvação,
enchia-O de inexprimível dor. Foram acontecimentos como esses que O tornaram um
Varão de dores, experimentado nos trabalhos” (O Desejado de Todas as Nações, p. 393).
Aqui temos a primeira
lição que o texto bíblico nos ensina: As verdades do evangelho nunca foi
popular ou bem aceito. Quando a Bíblia fala a respeito de benções, é fácil
prestar atenção. Quando um pregador fala a respeito de promessas, e milagres, e
curas, as pessoas mostram muito interesse e escutam. Porém, quando a Bíblia
mostra qual é a condição natural do homem, as pessoas fazem como fizeram nos
dias de Cristo: eles reclamam que o discurso é difícil de ouvir.
Ao ver Jesus que uma
parte da multidão o deixara, imediatamente se volta para os discípulos e faz
uma interessante pergunta: “quereis vós também retirar-vos?”. Os multidões
estão indo embora, quereis vós também retirar-vos? E realmente, se nós estamos
seguindo a Cristo somente para observar as suas promessas ou a suas benções,
nós também, um dia ou outro, deixaremos de segui-lo. Se nós nos chamamos de
“cristãos” simplesmente porque temos experimentado uma emoção forte ou
frequentado uma igreja, não temos base para afirmar que é Cristo que nos guia.
Certa vez, Cristo disse a um grupo de judeus, em João 8:31, “Jesus dizia, pois,
aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra,
verdadeiramente sereis meus discípulos”. Neste versículo, Cristo ensina que os
verdadeiros seguidores são os seguidores obedientes a Sua palavra. Como já
temos visto, apenas as palavras de Cristo são espírito e vida. Se usamos
experiências ou emoções, para tentar ser aceito por Deus, as nossas tentativas
são sem aproveito, pois a nossa carne para nada aproveita.
Naquele momento todos
pararam, e em meio ao silêncio surge uma voz que interpela veementemente: era
Pedro o mais corajoso do grupo. A resposta dramática dele foi: “Para onde nós
iremos, se somente tu, tens a Palavra da Vida Eterna. E nós temos crido e
conhecido que Tu és o Cristo, o Filho de Deus” Certamente Pedro ao proferir
estas sábias palavras, sabia que não havia outro mestre em quem devia crer.
Isso implicava sua
firme convicção de que Jesus era o Messias e que somente ele era capaz de
salvá-los. É uma das nobres confissões de Pedro – os sussurros instintivos de
um coração piedoso e de amor ardente. Não havia mais ninguém que pudesse
ensiná-los. Os fariseus, os saduceus e os escribas eram corruptos e incapazes
de guiá-los corretamente; e, embora as doutrinas de Jesus fossem misteriosas, elas
eram as únicas doutrinas que poderiam instruí-las e salvá-las. Pedro sabia que
o Caminho era, e é Cristo. “O próprio pensamento de perder esta âncora de sua
alma, enchia-os de temor e pesar. Ser privado de um Salvador, era andar
flutuando em negro e tormentoso mar” (Idem).
Para
onde iremos?
A pergunta é relevante.
Cedo ou tarde todas as pessoas se defrontarão com essa questão. Por isso se faz
mister considerarmos essa pergunta. As Sagradas Escrituras afirmam claramente
que somos pecadores e verdadeiramente destituídos da gloria de Deus (Rm 6:23). Logo,
necessitamos do perdão divino. Como alcançamos esse perdão? Ou para quem iremos
nós em busca de paz, felicidade e salvação?
Hoje em dia, o mundo oferece
inúmeras respostas a esta pergunta. Algumas religiões orientais, a exemplo do
Hinduismo, sugerem o caminho da prática da Yoga (forma de alcançar o equilíbrio
entre o corpo e a mente, assim como de unir a alma individual, a alma universal
(Brahma), a meditação (forma de elevação espiritual), a oração e o ascetismo (a
libertação dos aspectos materiais do mundo), como meios para quebrar o ciclo de
existências sucessivas (reencarnações), alcançando o nirvana, que é o estado de
plenitude e de conhecimento de si mesmo e do universo. Enquanto não alcança o
nirvana, ele se vê obrigado a retornar para uma nova existência, que pode ser
na forma humana ou de animal.
Antigos gregos
desenvolveram a filosofia denominada “hedonismo”, cuja principal ideia é que o
prazer é o único caminho para a felicidade. Influenciados por essa filosofia
milhões de pessoas no mundo buscam encontrar felicidade no prazer, nas orgias,
bebidas, drogas, sexo livre, no consumismo, tornando-se escravos deles. Os
hedonistas dizem: “Pare de se cobrar tanto: qual é o problema em ir a baladas,
shows de rock, usar drogas e praticar o sexo livre? Deus ama a todas as pessoas
de qualquer jeito. No fim das contas, Ele vai salvar todo mundo”, argumentando
que todos os caminhos levam a Deus.
Para os niilistas, que
não acreditam na existência de um Deus supremo absoluto, o sentido da vida está
no “ser”, na capacidade humana e no potencial que o mundo material pode
oferecer como antídoto de satisfação pessoal e finalidade da própria existência.
A tese niilista traz consigo a “filosofia do martelo”, como dizia Nietzsche,
isto é, a qual destrói ídolos, argumentando que as crenças religiosas são
inúteis e que, portanto, a vida real não tem sentido algum, senão a busca
idealizada pelo mundo material. Portanto, de acordo com a cosmovisão niilista, o
real sentido de tudo é a satisfação pessoal aqui e agora.
Muitos procuram a
salvação nas religiões, nas imagens, nas rezas, nas cantigas repetidas, nos
mantras, nos sacrifícios e na peregrinação.
Notamos também uma
outra sugestão que o mundo faz, ao tentar responder a pergunta, “Para quem
iremos nós?”. O mundo sugere que possamos ser salvos através das obras, são
os que dizem: "Fora da caridade não há salvação". É ensinado que possamos alcançar a salvação
se: praticamos boas obras, ou seguimos uma lista de regras, ou se fizermos boas
obras na nossa cidade. Será que é através das nossas próprias mãos que
alcançarmos o favor de Deus? Isaias 64 versículo 6 nos mostra que não. Isaias
64:6: “Mas, todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo
da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades como
um vento nos arrebatam”. Perceba a maneira que a Bíblia refere às nossas obras
de justiça como sendo trapos da imundícia aos olhos de Deus. Não será através
destes “trapos” que chegaremos ao céu.
Nenhum desses atalhos
atrativos e fáceis do mundo podem satisfazer os supremos anseios do nosso
coração e conduzir-nos a vida eterna. Então, a pergunta continua: para quem
iremos nós?
Nós também sabemos
disto, mas quando observamos nossa realidade atual como cristãos ficamos
verdadeiramente perplexos. Indiferença tem sido uma de nossas posturas nos dias
atuais.
Nossas fraquezas e
limites, nosso temor, nosso desejo de agradar a Deus profundamente parecem
estar amortecidos, muitas vezes, tem pessoas que ficam sem direção que até
chegam a duvidar e perguntam: Que caminho eu estou indo?
Porque eu estou
passando por isso? E muitos se perdem no caminho, pois deixaram de olhar para
Jesus, e começaram a seguir seus problemas, suas preocupações, tentando
resolver da sua forma a qualquer custo, e isso até os tem levado a frustrações.
Não desviar jamais o
nosso olhar Dele (Jesus) é fundamental para sabermos para onde ir. O homem
pobre, perdido e pecador não tem outro lugar a não ser Jesus. Ele é o caminho,
a verdade e a vida. Ele é a única porta e o único meio de salvação, somente Ele
tem a Palavra para Vida Eterna, foi Ele mesmo que declarou em João 14:6: “Eu
sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por Mim” E se o
pecador se comprometer com outra maneira, ele vagará e morrerá.
A resposta para onde
iremos é: Estamos indo para Deus por meio de Jesus Cristo, não tem outra forma
de ir, Jesus a única Porta “Eu sou a porta; se alguém entrar por Mim
salvar-se-á” João 10:9.
Cristo
é a resposta
É o próprio Jesus quem
afirma em João 14:6 que ninguém vem ao Pai senão por Ele. Mas, mesmo Ele
fazendo esta afirmação, muitos ainda procuram outros caminhos, outras formas.
Certa vez, Agostinho
escreveu que cada um de nós tem dentro de si um espaço vazio deixado por Deus.
Você pode tentar preencher esse vazio com qualquer coisa que existe no mundo,
mas nunca vai conseguir, pois é imenso, infinito como Deus, e só Ele pode
preencher. Ele afirmou: “Criaste-nos, Senhor, para Ti e nosso coração estará
inquieto enquanto não descansar em Ti”.
Os seres humanos têm
tentado de tudo, na ânsia de preencher esse vazio cavado por Deus. Diz C. S.
Lewis: “O que Satanás pôs na cabeça de nossos primeiros pais foi a ideia de que
eles poderiam ser como Deus, como se fossem independentes e tivessem vida em si
próprios; que eles poderiam inventar algum tipo de felicidade sem Deus. E dessa
tentativa infrutífera surgiu quase tudo na história humana – riqueza, pobreza,
ambição, guerras, prostituição, classes, impérios, escravidão – a longa e
terrível história do homem tentando achar outra coisa, menos Deus, para fazê-lo
feliz. E
por que isso nunca deu certo? É porque Deus nos criou, nos inventou, um como um
fabricante inventa uma máquina. Se um veículo é fabricado para ser movido a
óleo diesel, ele não vai funcionar direito com outro combustível. E Deus criou
a máquina humana para se mover nEle. Ele é o combustível que nos faz agir, o
alimento do qual precisamos para nos nutrir. Não há outro”. Portanto,
a única solução é nEle viver, se mover e existir (At 17:28). Jesus é o tudo da
existência. É o Salvador, mantenedor da vida, fonte de alegria e realização
pessoal. Sem Ele, não podemos ter esperança de nada. Só Ele tem palavras de
vida eterna
A Bíblia descreve em
Provérbios 16:25 “Há um caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim são
os caminhos da morte”.
Na história da Igreja
Adventista do Sétimo Dia encontramos registrados o nome de talentosos líderes
que serviram a Jesus e a Sua igreja, alcançaram postos elevados na
administração da igreja, obtendo influência e prestígio. Todavia, para a surpresa
de muitos esses seguidores de Jesus resolveram palmilhar um caminho
descendente, caindo nos abismos tenebrosos da apostasia. Abandonaram a Jesus.
Entre eles encontra-se Alonzo T. Jones (1850-1923). Após ter participado de uma
série de conferências adventistas, Jones aceitou a mensagem adventista e foi
batizado em 8 de agosto de 1874, “enquanto servia como sargento do exército no
Fort Walla Walla, no estado de Washington, logo começou a estabelecer igrejas
no Noroeste” (Enciclopédia Ellen G.
White, p. 469). Em 1878, foi ordenado ao ministério e se tornou um líder
influente do adventismo. Com Ellet J. Waggoner, desempenhou um papel
fundamental na pregação da justificação pela fé na assembleia da Associação
Geral de 1888, em Mineápolis. Carismático, enérgico, dramático e com tendência
aos extremos, Jones tornou-se uma figura de liderança e um dos mais brilhantes
teólogos no meio adventista durante a década de 1890.
“Suas mensagens, embora
repudiadas por um influente segmento da Igreja, foram recebidas com entusiasmo
e fervor por outros que, em seus temas, discerniram o poder espiritual capaz de
produzir um grande reavivamento e precipitar o derramamento da prometida chuva
serôdia” (Enoch de Oliveira, A Mão de
Deus ao Leme, p. 201). Com Ellet J. Waggoner, desempenhou um papel
fundamental na pregação da justificação pela fé na assembleia da Associação
Geral de 1888, em Mineápolis.
Contudo, depois de 1901,
a amizade com o Dr. John H. Kellogg fortaleceu sua autossuficiência e o
sentimento de amargura antiorganizacional. Jones acreditava que a igreja não
deveria ser dirigida por um presidente, mas por uma comissão executiva. Tinha ojeriza
a centralização da autoridade na figura de um presidente. Ele tentava
incessantemente minar a liderança de Arthur G. Daniells como presidente da
Associação Geral. Não obstante, tornou-se presidente de uma associação na
Califórnia por dois mandatos, mas não obteve sucesso como administrador.
Em 19 de setembro de
1892, Ellen White afirmou: “É bem possível que os pastores Jones ou Waggoner
sejam derrubados pelas tentações do inimigo. Mas se isso acontecer, não
significa que não transmitiram uma mensagem de Deus nem que toda a obra
realizada por eles foi um erro” (Carta 24, 1892). Infelizmente, faltou-lhes
humildade e, como consequência, eles falharam em viver a mensagem que haviam
pregado com tamanha eficácia para milhares de pessoas. Com o tempo, Kellogg,
Waggoner e Jones acabaram saindo da igreja.
Por conta de suas críticas
ácidas contra a Igreja e seus dirigentes, em 1907, Jones recebeu a orientação
de entregar sua credencial ministerial e, no ano seguinte, foi removido do rol
de membros da igreja. Mesmo assim, ele solicitou uma audiência na assembleia da
Associação Geral de 1909, realizada em Washington, DC. Na ocasião, apresentou
um longo discurso em tom acusatório e se reuniu por três vezes com os
principais líderes da igreja. Na última, após um longo apelo por reconciliação,
o presidente, Arthur G. Daniells, estendeu as mãos do outro lado da mesa e
disse: “Venha, irmão Jones, venha.” Jones se levantou e, “aparentando vacilar,
deteve-se em silêncio. Todos esperaram contemplar uma comovente cena de
aproximação, reconciliação e perdão. Desafortunadamente, porém, decorridos
alguns momentos, Jones abruptamente se assentou, repetindo em angústia: “Não!
Nunca!” (Idem, p. 206), e se
assentou, para nunca mais voltar à igreja.
Em 1923, faleceu repentinamente,
vítima de um AVC fulminante. “Alonzo T. Jones desceu à sepultura guerreando
contra o adventismo, contra Arthur G. Daniells e contra toda e qualquer forma
de organização. Para ele, a essência da liberdade religiosa consistia em se
manter livre de organização” (Enciclopédia
Ellen G. White, p. 471). Jones é um
exemplo de alguém que seguiu a Jesus. Mas que em algum momento de sua caminhada
com Ele defrontou-se com a grande questão: "Senhor, para quem iremos?” Diante
das dificuldades, do orgulho e da tentação abandonou a Jesus.
Caro amigo leitor, se
você quer saber para onde está indo, faça como Pedro: não procure fazer seu
próprio caminho, não se afaste de Jesus, continue firme, ainda que sofra críticas,
perseguição, piadinhas, ou descrédito, mas permaneça sempre firme, e tenha a
certeza que Jesus é que tem a Palavra para vida Eterna. Não
deixe sua fé esfriar! Decida ir com o seu Deus até o último dia da sua vida!
Decisões difíceis foram
tomadas naquele dia, na Galiléia, decisões que afetariam as vidas e a
eternidade de todos os envolvidos. Podemos aprender com as escolhas de cada um
dos que lá estavam. Com Jesus, aprendemos a importância de manter em ordem as
prioridades e vemos que a missão do evangelho vai muito além das preocupações
físicas e sociais dos homens. Com Judas e com as multidões, podemos ver a
loucura de tentar Jesus a se encaixar em nossas expectativas. Com a fé corajosa
de Pedro, podemos tirar a força para seguir Jesus pelos motivos certos.
Precisamos dizer ao Mestre, como o fez Pedro: "Senhor, para quem iremos?
Tu tens as palavras da vida eterna" (João 6:68).
Para onde você se
voltará? Para quem você irá? A decisão é sua! Seguir pelo caminho de Jesus é
sempre a melhor opção.