Teologia

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

BALADA GOSPEL, SHOW GOSPEL: O EVANGELHO DA PROFANAÇÃO




Por Ricardo André

Uma denominação religiosa neo-pentecostal em nossa cidade está convocando as pessoas para participarem de uma festa denominada de  “Noite Dance Gospel”. Trata-se de uma “balada Gospel” evangélica (evangélica?), diferente da balada original, mundana, visto que foi “gospelizada” pelos seus frequentadores, pertencentes à “geração gospel”. Balada gospel, arraiá gospel, também conhecido como “festa jesuína”, “carnaval gospel” , o “dia das bruxas gospel” , as “lutas de gladiadores gospel”, “o funk pancadão gospel”   e outros, mostra que a “gospelização” está em alta. Eventos dessa natureza estão se expandindo pelo Brasil e, ganhando espaço cada vez mais entre a juventude evangélica, atraindo pessoas não-evangélica também, e com o apoio das lideranças (pastores, bispos, padres, presbíteros e missionários), nesses tempos pós-modernos. Atualmente, já é bastante comum as igrejas evangélicas terem um “Ministério de Dança”. Nesses bailes usa-se músicas eletrônicas, iluminação e som de casa noturna. Uma balada sem pregação, danças sensuais ou bebida alcóolica, e que mesmo assim, é sucesso de público.

Os frequentadores se dirigem a esses locais, e bailam ao som de rock, pagode, funk, salsa, forró e os famosos remixes de grandes hits da música cristã nacional. Dizem os jovens, que o objetivo desses bailes é a Evangelização, que as pessoas conheçam Deus através de bandas ou mesmo através dos DJs que tocam tais músicas. Nas palavras do pastor William Cosmo, da igreja Aprisco, do Rio de Janeiro, “para pregar o evangelho hoje, a igreja precisa ser inteligente”, os cristãos não estão excluídos das mudanças sociais que ocorrem em novos tempos, consequentemente as instituições religiosas precisam inovar para não perder adeptos”. Para os adeptos dessa modalidade de festa, o baile nada mais é que um ato de “lançar a rede”.

Muitos cristãos (cristãos?) do nosso tempo têm usado o adjetivo “gospel” para “santificar” atitudes, posturas, comportamentos, condutas e eventos que outrora estavam relacionados a pessoas que não conhecem o Evangelho. Parte-se da premissa de que o crente tem liberdade para fazer o que quiser e se divertir do jeito que bem entender — mesmo que imite o mundo —, e ninguém tem nada a ver com isso. Como se depreende da leitura deste artigo, “gospelizar” é, pretensamente, “tornar evangélico”. Uma vez “gospelizado”, o que outrora era considerado pecaminoso pode ser praticado livremente, sem peso de consciência. O lema dos crentes da “geração gospel” é: “Vamos curtir a vida. Afinal, Jesus não é careta”.

Os líderes e membros das igrejas “gospelizadas” se conformaram com o mundo. Seus cantores se inspiram em astros mundanos, como declarou, há algum tempo, o integrante de uma famosa banda gospel: “A gente ouve Bob Marley, mas só para se informar”. A tônica das mensagens “evangelísticas” pregadas nessas igrejas é: “Venha como está e fique como quiser”.

Mas, o que a Bíblia diz sobre show evangélico e baladas gospel? Será este o método de Deus para alcançar os jovens? Jesus Cristo desceu à Terra, misturou-se com os piores pecadores, conviveu com eles, mas nunca rebaixou suas normas e padrões para conquista-los. Apesar do profundo respeito que merecem todos os cristãos adeptos dessas festas, devo dizer que Deus reprova o evangelho-show! Por quê? Primeiro, porque colocar uma letra sacra numa música secular, a exemplo do rock, pop, funk, forró, sertanejo, etc), e depois fazer os jovens dançar é um sacrilégio, blasfêmia, profanação. Infelizmente a imensa maioria daqueles que fazem esta simbiose, não são consciente que o resultado é uma mensagem contraditória. Não compreendem que a letra religiosa não santifica um estilo musical profano, e que tal combinação é uma desonra e uma ofensa a Deus (2 Coríntios 6:14-16).  Onde fica a mensagem da Bíblia quando rebaixamos nossos padrões? Poderemos converter o mundo trazendo música mundana para a igreja? A mistura de palavras religiosas com estilos musicais seculares, criados com um propósito contrário aos valores cristãos, é comparável ao pecado de Nadabe e Abiú, que introduzem “fogo estranho” no santuário (Levítico 10:1, 2). O Senhor não tolerou tal proceder, e explicou que os líderes devem ter a mente lúcida “para discernir entre o santo e o profano” (Levítico 10:10). Aparentemente esse texto sugere de forma enfática que, se desejamos as bênçãos de Deus, devemos não apenas fazer diferença entre o santo e o profano, especialmente na música, mas devemos nos apartar daquilo que Deus não aceita. Me surpreendo com a clareza das palavras da escritora cristã, Ellen G. White sobre o raciocínio de introduzir elementos mundanos na adoração para alcançar os jovens: “A conformidade aos costumes mundanos converte a igreja ao mundo; jamais converte o mundo a Cristo” (O Grande Conflito, p. 509).

O método aprovado por Deus para o evangelismo é a ‘estupidez da pregação’ (I Coríntios 1:21). Ele nos deu o ministério da reconciliação. (II Coríntios 5:18). Nossa responsabilidade é não contaminar esta mensagem com linguagens mundanas, como a música rock. Não há nenhuma necessidade da manipulação e excitação da música rock, nas baladas gospel, para salvar as pessoas. O evangelismo tem sido grandemente auxiliado por uma música semelhante a Cristo apresentada por executantes semelhantes a Cristo, mas no final das contas é a proclamação da Palavra de Deus, acompanhado pelo poder convincente do Espírito Santo que traz as pessoas para uma relação de salvação com Jesus Cristo. Os nossos esforços evangelísticos devem ser centrados na Rocha Eterna, em lugar da música rock de nossa época.

Os pais cristãos e os líderes das igreja que promovem essas baladas, prestam um grande desserviço aos jovens quando obscurecem a distinção entre a música aceitável e a não aceitável, e toleram uma baixa qualidade de música e apresentação com danças dentro do contexto da igreja, a fim de manter os jovens na igreja. A igreja nunca presta um serviço ao pecador comprometendo-se com o mundo. Muitos adolescentes estão tão imersos na música rock que uma balada gospel onde esta música é tocada lhes proporciona uma saída para apreciar a sua música sem a condenação de seus pais ou da igreja.

Segundo, porque o Evangelho deve ser comunicado, não da maneira que as pessoas desejam ouvi-lo, e sim da maneira que precisam ouvi-lo. O evangelho do entretenimento não produz discípulos de Jesus, como ordena a Palavra do Senhor, literalmente, em Mateus 28.19: “fazei discípulos de todos os povos”. Concertos gospel populares não apelam muito por um comprometimento moral ou espiritual. Principalmente oferecem aos jovens o que eles querem – entretenimento. O músico pop-evangélico John Allen reconhece o perigo de tais shows: “Parece inegável que a maioria da plateia está lá simplesmente para desfrutar a música, e não para pensar com profundidade sobre qualquer outra coisa: e há um real perigo do surgimento de ‘cristãos de parque’, consistindo de adolescentes semi-convertidos, superficialmente comprometidos, cujo cristianismo significa pouco mais que o prazer de ir aos festivais.” (John Blanchard, Pop Goes the Gospel: Rock in the Church (Durham, Inglaterra, 1991), 98.

Abram as suas Bíblias em 2 Crônicas 20.18. Viram como Josafá se prostrou com o rosto em terra, adorando a Deus? Agora, abram em 2 Crônicas 29.29 e Neemias 8.6. Depois, em Jó 1.20 e Salmos 95.6. Leiam comigo também Mateus 2.11, a respeito dos magos do Oriente: “e, prostrando-se, o adoravam”.

Onde está a adoração extravagante, tão festejada pelos seguidores do evangelho-show? Em todas as passagens citadas a respeito da adoração, ela é acompanhada de prostração, quebrantamento, choro, humilhação. Isso é o verdadeiro produto do adorador, e não os shows com luzes coloridas, danças, canções de autoajuda, estrelismo, “unção do leão”, “cair no Espírito”, bota de píton, gritinhos frenéticos, ritmos eletrizantes, linguagem chula, falsas profecias, derramamento de azeite sobre a cabeça de alguém e outras futilidades!

Finalmente, o "novo prazer" pode levar a uma adoração hedonista, que é outra forma de idolatria - adorando a experiência, e não a Deus. Portanto, o hedonismo gospel é o evangelho da profanação!!!

Deus reprova o evangelho-show porque este oferece ao povo o que ele deseja, assim como fez Arão (Êx 32.1-6). Por influência desse falso evangelho, os cultos não têm mais espaço para a exposição da Palavra de Deus. No mínimo, dois terços das nossas reuniões de “adoração” são preenchidas com cântico, música e irreverência. Mas o Senhor tem levantado homens e mulheres que, à semelhança de Moisés, têm dado ao seu povo o que ele precisa (Êxodo 32.7-35).

Sim, o Senhor reprova o evangelho-show! O show precisa acabar. O show da falsidade, da mentira, da apelação, do engodo, do amor ao dinheiro. Voltemos a cultuar ao Senhor Jesus em nossas igrejas! Com menos cantoria e mais louvor. Com menos triunfalismo e mais pregação cristocêntrica. Com menos sofisticação e mais simplicidade. Com menos performance gestual e mais quebrantamento do coração. Com menos descontração e mais arrependimento.

Deus sempre será contrário ao evangelho-show, porque show não é culto, e culto não é show. Não precisamos chegar ao Céu (ao contrário do já me sugeriram alguns internautas) para descobrirmos que o Senhor não recebe os shows “evangélicos”. Temos a Bíblia Sagrada. Para que servem os mandamentos, princípios, exemplos, verdades e doutrinas contidos na Palavra de Deus?

O problema é que muitos hoje têm vontade de pular, dançar, gritar, correr... Só não têm vontade de andar segundo as Escrituras. Gostam de ouvir gritinhos frenéticos. E “adoram” quando o seu cantor-ídolo diz: “Tire o pé do chãããão!!!”. Mas, quando alguém os convida a abrir as Escrituras, torcem o nariz e pensam: “Lá vem ele com esse papo de certo ou errado”.

Você também está cansado desse “papo” de certo ou errado, prezado amigo? Saiba que Deus também está cansado desse evangelho-show! Ele quer que nos humilhemos diante dEle: “se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar [...], então, eu ouvirei dos céus” (2 Cr 7.14).

SHOW significa dar às pessoas o que elas querem: a satisfação da carne. Culto significa dar a Deus o que lhe pertence: todo o louvor. Eu digo NÃO ao SHOW GOSPEL! E você?







5 comentários:

  1. amém DEUS abençoe a sua e continue usando sua vida pra falar do verdadeiro e evangelho.

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  2. Migo, só uma pergunta: então a música é é profana? Por exemplo, não pode haver ritmo nas músicas? Eu não entendi...

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  3. Ola Ricardo, obrigado por seu texto, mas muita contradição no que diz, sim temos que louvar e adorar sabendo o quanto somos pecadores, temos que chorar, mas não só isso, Deus também pede para louvar e adorar com alegria, também pede para que dancemos como forma de louvor, Salmo 150, diz bem isso, pede para se usar todos os instrumentos que existiam na época e também pede para dançar como forma de louvor, precisamos aprender a ler a Biblia e entender que foi dito com o que existia na época, hoje existem outros instrumentos e penso que devemos sim, louvar e adorar, com tudo o que temos!

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  4. Que matéria espetacular,exatamente isso, movimento gospel veio pra confundir e afastar e tem milhares de pessoas caindo nessa. Voltemos ao evangelho dos nossos pais. E lembre-se da palavra "enganarao ate os escolhidos".

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