Teologia

domingo, 27 de abril de 2014

RESPOSTA ÀS DECLARAÇÕES ESTAPAFÚRDIAS DE LEANDRO QUADROS SOBRE BATERIA NA IGREJA



Ricardo André

No final do ano de 2013, o jornalista Leandro Quadros, apresentador do programa Na Mira da Verdade na TV Novo Tempo (Canal 14 na Sky), participou de uma entrevista realizada na Igreja Adventista do Sétimo Dia Central de Sobradinho, em Brasília/DF.  (Veja aqui o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=bmzVtfOKqlk) Uma das perguntas feitas a ele foi se era errado tocar bateria ou instrumentos de percussão dentro da igreja. Citamos aqui alguns trechos de sua resposta, colhida do vídeo postado no youtube:

1) “(...) Eu não creio que nós devamos avaliar alguma coisa, se é certo ou errado simplesmente pelos nossos gostos pessoais, mas precisamos avaliar  à luz da Bíblia. (...) Se eu não gosto de percussão, eu não posso usar o meu gosto como padrão para dizer que a percussão é errada. Eu  preciso diferenciar entre gosto pessoal e aquilo que a que a Bíblia realmente diz”.

2) “(...) Dizer que a Bíblia proíbe a percussão, com todo respeito aos irmãos que o dizem, eu acho uma hipocrisia. (...) Agora, se a Comissão decidir que não deve, que não seja hipócrita! E diga assim: ‘olha, nós não queremos porque não gostamos’.  É mais sincero do que dizer que não queremos porque a Bíblia proíbe. 

3) “problema não é o instrumento em si, mas quem toca o instrumento”.

É lamentável que, em pleno contexto em que a igreja enfrenta uma crise de identidade adventista, porque um número cada vez maior de crentes adventistas está adotando o estilo de adoração com música ritmada e o estilo de vida de outros cristãos, o jornalista Leandro Quadros, durante sua entrevista, a partir de sua leitura superficial do Salmo 150 promove seus pontos de vista, no caso em lide, o uso da percussão na igreja, contribuindo, desse modo, para agravar ainda mais a crise, e confundindo a cabeça de centenas de jovens que assistiram o vídeo, jogando-os contra a direção da Igreja, com declarações estapafúrdias.

1) Ao dizer que aqueles que rejeitam  a bateria e outros instrumentos de percussão na adoração, o fazem com base no gosto pessoal, o jornalista fala uma clamorosa inverdade. É pena que o jornalista se tenha louvado em inverdade tal.  De fato, o gosto pessoal não é um critério válido para definirmos o que é apropriado ou não no culto. Cremos profundamente que o critério para se estabelecer quais elementos do culto é certo ou errado é o infalível: "Assim diz o Senhor." Depois o Espírito de Profecia. Esta é a norma. Portanto, rejeitamos a percussão na adoração a Deus com base na Bíblia e no Espírito de Profecia.

Se o jornalista tivesse feito a leitura das Escrituras desprovido de ideias pré-concebidas, teria descoberto que instrumentos de percussão como tambores, tamboris e pandeiros nunca foram usados na adoração a Deus no Templo, na sinagoga e na igreja apostólica. Estudos feitos por diversos teólogos e músicos revelam, que a Bíblia relata que tambores foram usados apenas em ocasiões festivas populares e não em cultos ou adoração. Eles foram sistematicamente excluídos do Templo e não fazem parte da música celestial descrita no Apocalipse. É errado pensar que os instrumentos de percussão citados na adoração bíblica poderiam ser tocados da mesma maneira que a bateria é tocada hoje. Desafiamos aqui ao jornalista que ele nos mostre um único texto bíblico em que os tambores eram usados nos cultos de adoração no Templo. O único instrumento de percussão usado no Templo era o címbalo (I Cr 16:5). “Os címbalos eram constituídos por dois pratos de metal com suas beiras dobradas, medindo, aproximadamente, 27 a 42 centímetros de largura. Quando golpeados verticalmente em conjunto, eles produziam um toque, como um tinido” (Samuele Bacchiocchi, O Cristão e a Música Rock, 206). Mas esse instrumento era utilizado apenas pelo líder do coro, não para acompanhar a música e dar ritmo a ela, mas como instrumento de sinalização, para indicar o fim de uma linha e não o ritmo dentro de um verso. (BACCHIOCCHI, p. 207).

Portanto, de acordo com os estudiosos do assunto, os címbalos não eram utilizados para a marcação rítmica, mas sim para a sinalização de finais de frases ou partes da música (ver http://musicaeadoracao.com.br/28276/o-cristao-e-a-musica-rock-capitulo-7/).

As Escrituras Sagradas deixam claro que a bateria é um instrumento inadequado para o culto de adoração a Deus. Transcrevo aqui trecho do livro “Cristãos em busca de Êxtase”, do Pr. Vanderlei Dorneles, que esclarece melhor essa questão: “Davi quis fazer uma casa para Deus, mas não lhe foi permitido. O rei era músico e Deus lhe deu orientações para que tomasse todas as providências para o templo, que Salomão edificaria. Entre essas orientações, Deus determinou os instrumentos (címbalos, alaúdes e harpas) que deveriam fazer parte da música do templo. Em 2 Cr 29:25 é dito que os levitas foram estabelecidos “NA CASA DO SENHOR COM CÍMBALOS, ALAÚDES E HARPAS ... PORQUE ESTE MANDADO VEIO DO SENHOR, POR INTERMÉDIO DOS SEUS PROFETAS”. Davi fez os instrumentos para serem usados pelos levitas. É significativo, como esses instrumentos são designados em 2 Cr 7:6: “os instrumentos músicos do Senhor, que o rei Davi tinha feito para deles se utilizar nas ações de graças ao Senhor”. O artigo plural definido “os” indica um grupo específico de instrumentos, que são qualificados como “do Senhor”. A lista desses instrumentos aparece em diversas ocasiões, sempre sem inclusão do tambor ou adufe (ver também I Cr 16:5; 25: 1, 6; Cr 5:12-13). Na purificação do templo, empreendida por Ezequias, os levitas músicos são colocados em sua função com os mesmos instrumentos feitos por Davi. Na cerimônia, a música destes instrumentos é outra vez chamada de “CÂNTICOS DO SENHOR” (2 Cr 29:27). Os únicos instrumentos que aparecem nas listas dos usados no templo, além dos que foram confeccionados por Davi, são as trombetas (2 Cr 5:12-13; 29:27).

“A exclusão do tambor no templo pode indicar que Deus não quis que o instrumento na música de adoração por causa de sua relação direta com o misticismo pagão e por sua influência no sentido de excitar as danças e embotar a consciência e o juízo. O ritmo do tambor que inclinava as pessoas à dança deveria estar fora do culto que requer a lucidez da mente para a compreensão da vontade de Deus. Além disso, uma vez que o templo era uma representação do santuário celestial e do trono de Deus, a música a ser usada ali deveria distinguir-se daquela usada nas celebrações profanas” (págs. 192 e 193). (Grifo nosso).

No livro Mensagens Escolhidas, vol. 2, págs. 31-39, a irmã Ellen G. White condenou o movimento da “Carne Santa”, uma heresia que surgiu no meio do adventismo. Aquela experiência serve não apenas como um exemplo histórico da maneira pela qual tendências pentecostais se insurgiram na denominação adventista, mas fornece um vislumbre do futuro paradigma na adoração adventista. Ela condena alguns elementos dessa falsa adoração, entre eles estão os tambores. Notemos o que Ellen White comenta:

“As coisas que descrevestes como ocorrendo em Indiana, o Senhor revelou-me que haviam de ocorrer imediatamente antes da terminação da graça. Demonstrar-se-á tudo quanto é estranho. Haverá gritos com tambores, música e dança. Os sentidos dos seres racionais ficarão tão confundidos que não se pode confiar neles quanto a decisões retas. E isto será chamado operação do Espírito Santo. […]

“Não entrarei em toda a triste história; é demasiado. Mas em janeiro último o Senhor mostrou-me que seriam introduzidos em nossas reuniões campais teorias e métodos errôneos, e que a história do passado se repetiria. Senti-me grandemente aflita. Fui instruída a dizer que, nessas demonstrações, acham-se presentes demônios em forma de homens, trabalhando com todo o engenho que Satanás pode empregar para tornar a verdade desagradável às pessoas sensatas; que o inimigo estava procurando arranjar as coisas de maneira que as reuniões campais, que têm sido o meio de levar a verdade da terceira mensagem angélica perante as multidões, venha a perder sua força e influência."

No contexto dos últimos dias, Ellen White afirma que manifestações como a ocorrida em Indiana serão a regra, não a exceção. De alguma forma, “gritos”, “tambores”, música” e “dança” acompanharão o repertório de nossa música. Obviamente, a autora relaciona essa mudança de valores musicais como um estratagema de Satanás, para confundir “os sentidos dos seres racionais”. Essa aproximação satânica com a maneira pagã de adorar seria considerada “operação do Espírito Santo”.

E, ela condenou não somente a maneira do uso desses instrumentos (como quer o jornalista), mas o instrumento em si. Senão vejamos: 1) Na época em que ela escreveu essa mensagem, na Igreja Adventista do Sétimo Dia não se usava tambores ou bateria em hipótese alguma. Aliás, diga-se de passagem, não se usava tambores em muitas igrejas cristãs protestantes. Na época de Ellen G. White apenas algumas poucas igrejas usavam tal instrumento a exemplo da Igreja Exército da Salvação. Os senhores sabem por que à época a Igreja Adventista não usava os tambores nos seus cultos? É muito simples: porque comumente eram usados nos cultos místicos, espiritualistas e sobrenaturais, principalmente na região de Nova Orleans(EUA). 2) É por demais importante observar que por ocasião do louvor e adoração em Indiana, havia muitos instrumentos sendo usados como “um órgão, um contrabaixo, três violinos, duas flautas, três tamborins, três trompas e um grande tambor”, conforme testemunhado por alguns e descrito no livro “Música, sua Influência na Vida do Cristão”, pp. 36-38. Agora gostaria de perguntar: Se havia tantos outros instrumentos que integrava o louvor naquele momento, POR QUE ELLEN WHITE CITOU APENAS OS TAMBORES EM SUAS OBSERVAÇÕES DE COISAS ESTRANHAS QUE OCORRERAM NAQUELE LOUVOR? RESPONDAM-ME, POR FAVOR. Vejam, ela não citou mais nem um outro, APENAS OS TAMBORES. ENTENDERAM? É óbvio que havia algo de errado com tal instrumento, pois se o problema fosse com a maneira de se usar todos os demais instrumentos e com a pessoa (como querem alguns que Ellen White diga no texto) com certeza ela não colocaria apenas este em suas considerações. Notem: “O que você escreveu como tendo acontecido em Indiana, o Senhor revelou-me que haveria de ocorrer imediatamente antes da terminação da graça. Demonstrar-se-á tudo quanto é estranho. Haverá gritos com tambores, música e dança”. (ME, Vol. 2, p. 36 e Música, Sua Influência na Vida do Cristão, págs. 38 e 39). Portanto a revelação recebida pela Serva do Senhor a respeito do ocorrido em Indiana deixa claro que por alguma razão tal instrumento não deveria fazer parte da adoração a Deus. Esta é uma conclusão lógica, não forçada, mas clara da situação dos tambores e da música rítmica na visão de Ellen G. White. Qualquer argumento construído objetivando a introdução da bateria na Igreja, com endosso da Bíblia ou dos Testemunhos são completamente descontextualizados, e é contrário a expressa verdade das Sagradas Escrituras.

2) Na inglória tentativa de dar uma fundamentação bíblica à sua opinião, o jornalista apela para o uso dos címbalos e adufes (tamborins) no Salmo 150:4, 5, para argumentar que a Bíblia não proíbe instrumentos de percussão na igreja hoje, desconsiderando o contexto do Salmo 150. Mas  tudo inteiramente destituído de fundamento. Tal argumento ignora dois fatos importante para a compreensão do mesmo: a)  A época em que fora escrito. Segundo estudiosos no assunto, Davi teria escrito o Salmo no período anterior ao Templo de Salomão? Como sabemos disso? Uma vez que no templo a partir de Salomão os tambores não entraram (II Cr 29:25 e 26), é óbvio que o Salmo 150 tenha sido escrito antes do templo ser construído. Período em um momento histórico da vida de Israel onde não havia ainda uma nítida orientação acerca da forma apropriada para a adoração litúrgica. Este amadurecimento e transformação do culto de adoração ocorreria primeiramente no transporte da arca para Jerusalém (Vanderlei Dorneles, Cristãos em Busca de Êxtase, p. 192,) e depois, de forma plena, quando foram feitos os preparativos para o serviço levítico do templo a ser construído por Salomão. (Idem, p. 193-194). Estudos revelam que ao longo da história de Israel, o povo progressivamente foi abandonando os velhos costumes egípcios e babilônicos. Entre esses costumes que foram abandonados, destacamos as danças e o uso de tambores. Se lermos as histórias em suas sequências lógicas, tendo como base a liturgia, perceberemos claramente tal fato. Para um estudo pormenorizado sobre a cronologia do Salmo 150 veja o artigo do Pr. Gilberto Theiss, intitulado “Danças e Tambores no Salmo 150” (http://musicaeadoracao.com.br/20153/dancas-e-tambores-no-salmo-150/).

b) Outro fato ignorado pelo jornalista é a linguagem figurativa presente nos salmos. Esse livro da Bíblia foi escrito em linguagem poética, usando muitas expressões figurativas.  

O bom estudante da Bíblia observará que esses salmos usam linguagem poética, ou figurada, para enfatizar a importância de louvar ao SENHOR. 

No verso 5 do salmo 149 encontramos uma expressão difícil de ser colocada em prática: "Exultem de glória os santos, cantem de alegria nos seus leitos." Como isso deveria ser posto em prática? Deveríamos nos deitar em nossas camas só para cantar ou deveríamos começar a cantar no intervalo do nosso sono, às 2 ou 3 horas da madrugada? Será que esse verso estaria recomendando aos que forem hospitalizados para que cantem em seus leitos enquanto o vizinho da cama ao lado estiver tendo um enfarte? Nada disso, é claro.

Observemos ainda como seria complicado interpretar tal salmo fora da linguagem poética, especialmente os versos 6-9: "Estejam na sua garganta os altos louvores de DEUS, e na sua mão espada de dois gumes, para exercerem vingança sobre as nações, e castigos sobre os povos; para prenderem os seus reis com cadeias, e os seus nobres com grilhões de ferro; para executarem neles o juízo escrito; esta honra será para todos os santos. Louvai ao SENHOR!" Alguém seria louco o bastante para afirmar que o salmo 149 estaria mandando os filhos de DEUS o louvarem enquanto se transformam em um grupo de extermínio ou em um novo esquadrão da morte?

É bom observar no entanto que, embora cite o adufe, o salmo não diz que o mesmo devesse ser tocado no templo. Será que o jornalista e as demais pessoas que desculpam o uso da bateria com esse texto gostariam de levar armas de guerra para a igreja? E os grilhões de ferro citados no salmo, seriam para ser usados na igreja também?

O mesmo se dá com o salmo 150. Já no primeiro verso encontramos a frase: "louvai-o no firmamento, obra do seu poder!" A Bíblia nunca usa a expressão firmamento para o lugar em que DEUS está, no céu; tampouco o salmo foi escrito para ensinamento dos anjos. Se o firmamento é esse céu que nós vemos, onde estão as nuvens, e o avião não havia sido inventado quando o salmo foi escrito, o que o salmista pretendia dizer? Será que as pessoas daquela época tinham a capacidade de usar os braços como asas e voar até as nuvens para cantar? 

Como explica o Pastor Bacchiocchi: “Por exemplo, não há nenhuma maneira no qual o povo de Deus, na terra, possa louvar o Senhor “no firmamento, obra do seu poder”. O propósito do salmo não é especificar o local e os instrumentos a serem usados para o louvor durante o culto divino, mas sim convidar a tudo o que respira ou emite som a louvar o Senhor em qualquer lugar. O salmista está descrevendo com linguagem altamente figurativa a atitude de louvor que deveria caracterizar o crente a toda hora e em todos os lugares. Interpretar este salmo como uma licença para dançar, ou tocar tambores na igreja, é interpretar de forma errada sua intenção.” (O Cristão e a Música Rock, p. 33)

Quando o jornalista cita o Salmo 150:4 para justificar a presença da bateria na igreja ("Louvai-o com adufes e danças ... com címbalos retumbantes"), não percebeu está automaticamente sancionando a prática da dança, visto que também existe essa orientação no referido texto. Com base nessa afirmação, certamente não seria errado alguns irmãos planejar formas "equilibradas" de dançar na igreja.

3) Numa clara demonstração de arrogância, ausência de respeito e amor cristão, o jornalista chamou de hipócritas os irmãos leigos, pastores, professores de seminários e músicos (denominados por ele de “conservadores” e “ultraconservadores”) que, baseando-se na Bíblia e no Espírito de Profecia, tem posição contrária ao uso da percussão na adoração. 


Atacando de início os "hipócritas conservadores e ultraconservadores" que tem posição contrária ao uso da percussão no louvor a Deus, o jornalista, além de revelar completo desconhecimento das razões daqueles que rejeitam a bateria, foi descaridoso e deselegante  para  com seus próprios irmãos de fé.

Afinal, a Bíblia traz uma série de reflexões muito intrigantes a respeito disso. Por exemplo, este instrumento não foi aceito por Deus no serviço do templo, mas tolerado fora dele até a inauguração do Templo de Salomão, como já foi mostrado anteriormente.  Interessante notar que, na inauguração do templo de Salomão, o próprio Deus escolheu os instrumentos a serem ali tocados. Então, faço a seguinte indagação ao caro jornalista: Por que Deus não escolheu instrumentos de percussão antimelódicos, como é o caso do tambor? E por que as manifestações de "culto" com palmas, danças e tambores não aparecem mais na Bíblia depois desse momento? Então temos que, no mínimo, respeitar a opinião daqueles que usam a Bíblia para prudentemente excluir este instrumento da música de adoração.

Por que o jornalista é um ardoroso defensor da percussão na adoração a Deus? Encontramos, talvez, a resposta na sua própria fala, quando afirmou que “é adventista há 17 anos e que antes de sua ''conversão" ele só escutava heavy metal, rock pesado”. Como se vê, sua opinião é baseada no seu gosto pessoal, não nas Sagradas Escrituras.

É por demais importante que pensemos seriamente nestas questões:

a) Qual o efeito do uso da bateria e outros instrumentos de percussão sobre o caráter do culto? Ela contribui para a solenidade e reverência? Ou é o oposto? As igrejas que adotaram seu uso nos cultos tiveram um incremento em sua experiência espiritual ou apenas no número de membros? Qual é, realmente, a razão de buscarmos adotar instrumentos de percussão, além de desejarmos fazer um estilo de música mais semelhante às práticas musicais do mundo? A experiência tem mostrado que em vários lugares onde se introduziram a bateria o resultado foi divisão e confusão.

b) A bateria não produz melodia tampouco harmonia. Ela só serve para dar ritmo, produzir só agressivo, que causa forte resposta física e emocional, provado cientificamente. É importante ler o que a ciência diz a respeito dos efeitos no corpo quando ficamos expostos à música com ritmo acentuado e ao ruído produzido por instrumentos que não emitem sons. É isso que Deus quer do seu povo, que o adorem com músicas barulhentas e ritmadas pela bateria? De acordo com as Sagradas Escrituras, o culto que Deus quer é um culto “racional” (Rm 12:1, 2).

c) Segundo Karl Tsatalbasidis, um ex-baterista de banda Jazz que estudou com os maiores músicos do Canadá e hoje é cristão adventista, “A bateria foi inventada para o único propósito de fortalecer a música jazz, blues, rhythm and blues e todas as variedades de rock-n-roll. Por isso, não pode ser separada da origem da música rock e jazz. Nenhuma música pode incorporar a bateria sem, automaticamente, transformar-se em rock, jazz ou seus híbridos” (Drums, Rock and Worship – Modern Music in Today’s Church, Amazing Facts, Roseville, CA, USA, 2003).

Transcrevo aqui um trecho de uma interessante entrevista do Dr. Wolfang Hans Martin Stefani, Ph.D, concedida ao prof. Renato Stencel, durante o 8º Encontro de Músicos, realizado no UNASP, Campus 2, e publicado na Revista Adventista, de março de 2003, pp. 5-7. Nunca é demais dizer que o Dr. Stefani é uma das poucas pessoas que pode falar com muita autoridade e equilíbrio sobre o tema, pois é especialista na área da música sacra. Notem:RA: O Que o senhor pensa do uso da percussão (bateria) na igreja.

Dr. Stefani: Esta é uma pergunta contemporânea e universal. Para mim a resposta está relacionada ao argumento da neutralidade. Da mesma forma em que a música em si não é neutra, tanto no significado como na estrutura estilística, os instrumentos também não são neutros. Diferentes instrumentos foram feitos e aperfeiçoados para propósitos específicos. Quando me perguntam sobre o uso da bateria na igreja, primeiramente sugiro: “Por que não usar um tímpano? É um tipo de percussão. Se tambores são neutros, o tímpano deveria ser tão bom quando o tambor de uma bateria”. Eles olham para mim perplexos e dizem: “Bem, não era esse o tipo de tambor que eu tinha em mente. Eu quero a bateria que é usada numa banda de música popular”. É claro que a razão pela qual querem este tipo de tambor é o fato de desejarem tocar determinado tipo de música.

Há razões pelas quais determinados instrumentos são mais apropriados para certos propósitos. A bateria foi desenvolvida para produzir um som agressivo, fortemente rítmico, a fim de ser cultivado na música popular. Mas, pela mesma razão que as pessoas normalmente não querem órgãos de tubos em bandas de rock, uma bateria não é apropriada para a igreja, especialmente quando sentimentos como reverência e contemplação estão em jogo. O som percusivo “pesado”, produzido por esses instrumentos, não se harmonizam com o tipo de música que deveria ser enfatizado na adoração de Jeová (ver Isaías 6:1-8), onde reverência, paz alegria, arrependimento e compromisso formam a essência das emoções apropriadas.

RA: O senhor mencionou mais de uma vez em suas palestras que Deus está interessado em desenvolver um tipo singular de adoração e talvez um testemunho musical singular entre os adventistas do sétimo dia. Explique melhor isso.

Dr. Stefani: Deus sempre escolheu Seu povo levando em conta que 1) Ele os ama a quer ter um relacionamento pessoal com eles, mas também 2) busca uma oportunidade para demonstrar através deles como é que Ele age em meio à batalha do Grande Conflito. Ele, obviamente, deseja prover um testemunho àqueles que quer atrair para Si. Seu desejo quanto à adoração singular é bem claro em Deuteronômio 12:3- 4, 29-31. Seu convite geral para que as pessoas saiam e estejam separadas da cultura secular também está claro em Apocalipse 18:4. Mas também está claro que Ele quis estabelecer algo singular com respeito à música. Os livros de Crônicas documentam como o desenvolvimento da música seria levado a cabo sob orientação profética. (II Crônicas 29:25-26). Deus considerava o ministério da música como algo muito importante (I Crônicas 9:33) e desejava que a música fosse parte integral do verdadeiro culto. Mas, ao ler a Bíblia, posso testificar que em várias ocasiões seus escritores registram que Deus nos convida a cantar-Lhe um “cântico novo” (Salmos 96:1; 33:3; 40:3; etc.).

É claro que há uma ideia de que todo aquele que é convertido canta um “cântico novo” em seu coração; um cântico de gratidão e louvor por tudo aquilo que Deus fez por ele. Porém, eu fico imaginando se não há também um significado mais profundo nesses textos. Será que Deus não está convidando Seu povo a deixar para trás a música típica deste mundo e aprender um “Cântico Novo”, muito mais semelhante ao que é cantado no céu?

O grande desafio para os compositores e músicas de nossa igreja, atualmente, é terem uma visão de algo distinto, que seja um testemunho singular no mundo da música. Como adventistas do sétimo dia, cremos ter uma mensagem completa para todo aspecto da natureza humana; um testemunho doutrinário sobre Deus e o relacionamento que podemos ter com Ele; um testemunho de saúde que motiva nossos programas de saúde, hospitais e clínicas; uma filosofia educacional que motiva nossas escolas; uma mensagem de preocupação social comunicada pela ADRA. Mas qual é a nossa mensagem no campo estético? Infelizmente, se formos honestos, temos que admitir que somos os seguidores, e não os líderes nesta área. Em geral, tendemos apenas a seguir e copiar o que todo mundo está fazendo.

Às vezes, até justificamos seguir o que o mundo está fazendo na área da música, pois pensamos que dessa maneira vamos levar pessoas aos pés de Cristo. E me surpreendo com a clareza das palavras de Ellen White sobre tal raciocínio. Por três vezes, em três dos seus principais livros, ela faz alusão a este ponto. No O Grande Conflito, pág. 509, lemos: “A conformidade aos costumes mundanos converte a igreja ao mundo; jamais converte o mundo a Cristo.” (Comparar com outras declarações em Profetas e Reis, pág. 570, e Patriarcas e Profetas, pág, 601.) Oro para que os músicos adventistas possam desenvolver essa visão e implementá-la em nossa esfera religiosa.

RA: Que conselho o senhor daria aos pastores e líderes que lidam com esse assunto tão delicado?

Dr. Stefani: Antes de mais nada, precisamos entender que este assunto é delicado e complexo. Não podemos abordá-lo de uma maneira simplista. Primeiro, precisamos estar convencidos e convictos de que a música e as artes fazem realmente parte da esfera moral, ou seja, elas não são moralmente neutras. Portanto, não estão acima do domínio moral. Uma vez que esta convicção tenha sido estabelecida, estaremos aptos para lidar com essas difíceis questões a respeito de onde e como a queda (pecado) humana influenciou a arte.

Segundo, há a necessidade de um programa de educação para músicos e pastores, para que haja uma unidade de abordagem e propósito.

Terceiro, leigos também precisam se atualizar nesta área através de seminários sobre música. A abordagem poderia ser semelhante à usada na apresentação de nossa mensagem de saúde. Neste contexto, encorajamos as pessoas a fazerem o que é certo (por exemplo, deixar de fumar, adotar uma dieta livre de carne, abandonar o álcool, etc.), pois o seu corpo é o templo do Espírito Santo. Em outras palavras, tomam-se decisões sobre o que está em harmonia com os princípios bíblicos, não por causa do gosto ou daquilo que produz bem-estar momentâneo. O gosto pode mudar com o tempo, passando a preferir o que é bom, mas inicialmente, não se pode confiar no gosto, pois ele pode ter se acostumado a coisas que não são boas para nós. De muitas formas, a música está ligada a nós pelo gosto, da mesma forma que o alimento. Mudar a dieta musical pode ser tão difícil quanto mudar os hábitos alimentares. Mas isso pode acontecer após uma renovação de nossos hábitos.

Quarto, talvez a igreja precise pensar em designar e apoiar sábios e comprometidos ministros da música, os quais, como sugere I Crônicas 9:33, tenham um trabalho de tempo integral nesta área.

Enquanto isso, o que pode fazer um leigo que não tem nenhum treinamento musical? Não há nada que os impeça de orar por sabedoria e discernimento com relação ao tipo de música que devem ouvir. Creio que o Espírito Santo pode nos orientar sobre o que devemos evitar e fazer, a fim de que descubramos aquilo que é melhor para nós.
Talvez o capítulo três de Daniel enfatize a urgência de uma ação nesta área. esta passagem apresenta um vislumbre do que acontecerá no tempo do fim. Creio que é clara a evidência de que a música terá uma parte a desempenhar nos últimos eventos do Grande Conflito. A música é uma força social aglutinadora e poderosa e um fator determinante para a ação. Por isso, torna-se imperativo que aprendamos hoje um “cântico novo” para que não sejamos atraídos à prática de uma falsa adoração. não há dúvida de que estamos sendo preparados para isso.

É fascinante notar no Antigo Testamento que nos cultos a Baal a música e a dança desempenharam um papel preponderante em conduzir Israel à falsa adoração (ver Patriarcas e Profetas, pág. 454; compare esta declaração com o comentário da página 594: “O amor pela música leva os incautos a unir-se com os amantes do mundo nas reuniões de diversões aonde Deus proibiu a Seus filhos irem.”) Oro para que a igreja esteja fazendo sua parte em preparar pessoas para este tempo. Infelizmente o relato de Daniel capítulo 3 nos mostra que apenas três adoradores resistiram à pressão. Que possamos fazer parte deste grupo, o qual permanecerá firme até o fim, e que terá a oportunidade de cantar o cântico de Moisés e o cântico do Cordeiro, no mar de vidro.

A Bíblia relata sobre os bereanos em Atos capítulo 17:11: “Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.” (BÍBLIA SAGRADA. Tradução, Almeida, João Ferreira de. Edição corrigida e revisada fiel ao texto original, 1995), assim, são definidos como um povo cuja convicção era formada nos ensinamentos da Bíblia. Precisamos mais do que nunca desenvolvermos o espíritos desses cristãos nesses dias finais da história, para não sermos enredados nos enganos de Satanás, pois ele que procura num esforço ingente desvirtuar e perverter a nosso louvor e adoração a Deus. Lidar com esse assunto controvertido no contexto do Grande Conflito requer muita oração, muito estudo, muito discernimento e, acima de tudo, muita prudência.

Para aprofundar mais sobre esta temática veja também os artigos “Tambores e dança da Bíblia” – Paul Hamel (http://comportamentodocristao.blogspot.com.br/2009/06/debate-tambores-e-danca-na-igreja.html) e “Música na Bíblia e a dança”, do músico Levi de Paula Tavares: http://musicaeadoracao.com.br/20267/o-uso-da-percussao-na-adoracao-a-luz-da-biblia/






segunda-feira, 21 de abril de 2014

FALANDO DE ESPERANÇA - OS ADVENTISTAS E A GRANDE ESPERANÇA

Assista esse e vídeo e veja o que significa ESPERANÇA para os Adventistas do Sétimo Dia. Neste episódio da série Falando de Esperança, o líder sul-americano adventista, Pastor Erton Kohler, explica que a verdadeira esperança para a humanidade está na volta de Cristo a esta terra, o qual trará fim ao sofrimento e ao pecado.

O LIVRO DE MÓRMON - DE JOSÉ SMITH OU DE DEUS?



Por Floyd McElveen 

Assim como Deus pôde dar sua Palavra também a pôde preservar. Ele tem inculcado uma fidelidade fervente à sua Palavra nos corações de muitos eruditos e tradutores retos. Através dos séculos, muitos de seu povo verdadeiro têm dado a vida para preservar a pureza da Palavra de Deus. 

Exatidão e Harmonia da Bíblia 

Tem se encontrado mais de 5.000 manuscritos e pedaços de manuscritos da Palavra de Deus praticamente por toda a Europa e Ásia. Portanto não precisamos depender da tradução de um só manuscrito. A harmonia e a exatidão desses manuscritos são espantosas. 

Os escritos dos pais da igreja, alguns deles contemporâneos do apóstolo João, contêm o texto de praticamente todo o Novo Testamento. Estes escritos conferem exatamente como os manuscritos do Novo Testamento que usamos. Os rolos do mar Morto também harmonizam com as versões mais recentes. Isto comprova que temos a Palavra de Deus como foi dada originalmente. 
 
A exatidão das Escrituras é confirmada por muitos eruditos bíblicos. Um destes é Robert Dick Wilson, antigo membro da universidade Princeton e gênio ilustre. Robert Wilson, cristão devoto e de grande linguista que conhecia mais de 26 línguas, dizia duvidar de que uma única palavra em mil tivesse sido mudada ou traduzisse em significado diferente do original dado por Deus.

Robert Dick Wilson gastou a vida em estudo cuidadoso da Palavra de Deus na línguas originais. Ele foi professor de Filologia Semítica em Princeton e indubitavelmente um dos maiores estudiosos de todo o mundo. 

Robert Dick Wilson resumiu suas convicções a respeito da Bíblia em seu livro A Scientific Investigation of the Old Testament (Uma investigação cientifica do Antigo Testamento), dizendo: "Concluindo, deixe-me reiterar minha convicção de que ninguém sabe o suficiente para mostrar que o verdadeiro texto do Antigo Testamento em sua verdadeira interpretação não é verdadeiro."[1]

Robert Dick Wilson é apenas um dos muitos eruditos da Bíblia que confirmaram a exatidão da Bíblia assim como a temos hoje. Essas pessoas provaram, pela pesquisa, o que Jesus declarou: "Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão" (Mateus 24:35). E o infalível Filho de Deus não está enganado nem mente. 

Com frequência lemos a respeito de Sócrates, e sua  história  é  amplamente  aceita  sem  questionamento. 

Entretanto a prova de que Sócrates tenha existido vem de um só manuscrito por uma única pessoa, Platão! 

Outra referência que temos deste filósofo grego está contida no manuscrito de uma peça cômica escrita por um autor grego chamado Aristófanes. Ainda assim ninguém duvida da existência de Sócrates. 

Muito da história que comumente aceitamos como verdade, vem-nos de fontes muito antigas. A história de Júlio César e das guerras gálicas está registrada em vários manuscritos, mas o mais antigo é datado de 900 anos depois da época de César. Mesmo assim aceitamos, como fato inconteste, a veracidade dessa história. 

Por outro lado, temos milhares de  manuscritos e porções de  manuscritos que vêm de  lugares diferentes concernentes a Jesus Cristo e à sua Palavra. Isto significa que algum escriba, mesmo que Deus o tivesse permitido, poderia ter mudado alguma coisa na tradução sem que tal mudança tivesse sido verificada por outro estudioso da Bíblia. Pois estes manuscritos têm sido comparados assiduamente, vezes sem conta, tanto pelos inimigos como pelos amigos de Jesus Cristo. 

Os Mórmons e a Bíblia 

A despeito da prova esmagadora da exatidão e harmonia da Bíblia, os mórmons professam crer na Bíblia "o quanto seja correta sua tradução".[2] Entretanto não impõem tal restrição à sua aceitação do Livro de Mórmon o qual declaram ser a própria Palavra de Deus. 

Questionar a Bíblia é questionar a autoridade e a fidelidade do Senhor Jesus Cristo. Para mostrar até que ponto os mórmons têm usado de evasão em seus "Articles of Faith" (As regras de fé) para negar a Bíblia como a Palavra infalível de Deus, leia o que o apóstolo Orson Pratt da igreja dos Santos dos Últimos Dias diz em seus comentários acerca da Bíblia: "Quem sabe que até mesmo um único versículo da Bíblia tenha escapado à poluição, de modo que transmita o mesmo sentido agora que teve no original?"[3]
 
Esperamos que nos desculpem por mostrar que esse tipo de lógica parece um tanto suspeita. Pratt escrevia para provar que o Livro de Mórmon é a inspirada Palavra de Deus, sem erro. Uma vez que centenas de versículos da Bíblia "poluída" foram copiados palavra por palavra da versão do Rei Tiago no Livro de Mórmon, dificilmente isto ajudaria seu argumento! Não se introduz água de um rio poluído em um rio puro e claro e continua-se a chamar um de poluído e outro de puro! 

José Smith copiou versículos e capítulos da Bíblia. O segundo livro de Nefi, capítulos 12 a 24 no Livro de Mórmon, em sua maior parte foi copiado, palavra por palavra, de Isaías, capítulos 2 a 14, da versão do Rei Tiago. 
 
Revelação para O Livro de Mórmon 

No Pérola de Grande Valor, páginas 60-64, José Smith faz um relato de uma visão que teve em 1823. O "mensageiro enviado da presença de Deus", Moroni, lhe disse que Deus tinha um trabalho para ele. Devia encontrar algumas placas de ouro sobre as quais estava escrito um livro que José Smith devia traduzir. O mensageiro disse-lhe onde as placas estavam escondidas e deu-lhe instruções a respeito delas. 

Também preservados, com as placas de ouro, estavam o Urim e o Tumim que são mencionados no Antigo Testamento. (Ver Êxodo 28:30; Números 27:21; Esdras 2:63.) Segundo José Smith, o Urim e o Tumim era um tipo de óculos divino (duas pedras em arco de ouro) que Deus havia conservado por milhares de anos e colocado numa caixa com as placas de ouro para ajudá-lo a interpretar e traduzir a língua na qual o livro estava escrito. Esta língua era o egípcio reformado. Segundo Doutrina e Convênios, José Smith declarou que Deus lhe dera poder para traduzir os hieróglifos do egípcio reformado para o inglês e produzir o Livro de Mórmon. 

José Smith, usando o Urim e o Tumim poderia traduzir a mensagem das placas de ouro. Depois de Smith ter traduzido as primeiras 116 páginas do Livro de Mórmon, que se perderam ou foram roubadas, um "anjo" aparentamente levou esses óculos embora. Então José usou a "pedra do vidente" ou pedra da caçada a tesouros, que era propriedade comum naquela época de muitos adivinhos e buscadores de tesouro, para traduzir os hieróglifos do egípcio reformado. Esta pedra também é chamada de Urim e Tumim pelos escritores mórmons.

Pergunto-me por que Deus se incomodou em providenciar os óculos depois de preservá-los por tantos séculos para que José Smith os usasse quando foram usados tão pouco e tão facilmente substituídos por alguma outra coisa.

Segundo as três testemunhas de O Livro de Mórmon David Whitmer, Oliver Cowdery e Martin Harris, Smith punha essa pedra num chapéu, então colocava o rosto no chapéu e começava a traduzir das placas de ouro. As placas de ouro raramente estavam presentes, se é que alguma vez estiveram! Que estranho Parecem elas tão supérfluas quanto os óculos do Urim e Tumim. Novamente, pergunto-me por que José Smith até mesmo se deu ao trabalho de desenterrá-las. 

David Whitmer, no Address to All Believers in Christ (Proclamação a todos os crentes em Cristo), diz que quando José Smith colocava o rosto no chapéu com a pedra do vidente, "algo parecido com pergaminho aparecia". (4) Os hieróglifos apareciam um de cada vez, com a interpretação em inglês por baixo. José Smith a lia e Oliver Cowdery ou quem quer que fosse o amanuense ou secretário nessa hora a escrevia. Se tivesse sido escrito corretamente, o sinal ou a frase desaparecia. Se não, permanecia até ser corrigida. Significa que cada letra, cada sinal, era exatamente o que Deus havia dito, letra por letra, palavra por palavra. Não podia haver erro porque o sinal ou palavra não desaparecia até que estivesse cem por cento exata. 

A palavra escrita era perfeita. E quando se fez esta publicação de 1830 do Livro de Mórmon, José Smith disse que o livro era perfeito ou "correto". Ele devia saber, se era verdadeiro profeta de Deus. 

Alguns problemas do Livro de Mórmon 

José Smith dizia que esse egípcio reformado era uma língua que homem algum conhecia, mas era a língua na qual Mórmon (o pai de Moroni) escreveu as placas de ouro ao redor do ano 384 a 421 A.D., pouco antes de morrer. Para muitos constitui um problema que esta língua fosse reproduzida no Livro de Mórmon com as mesmas palavras da Bíblia do Rei Tiago de 1611, em centenas e milhares de lugares. 

Não parece provável que o egípcio reformado, uma língua não conhecida de homem algum e que havia desaparecido da terra por mais de mil anos antes do ano 1611, ano em que foi publicada a Bíblia do Rei Tiago, conteria milhares das mesmas palavras e frases, na ordem exata em que são encontradas na versão da Bíblia do Rei Tiago. Até as palavras em itálicos da versão do Rei Tiago aparecem no Livro de Mórmon. José Smith não as sublinhou mas incluiu-as no texto do Livro de Mórmon como se fossem as palavras de Deus. 

Os eruditos que fizeram a versão do Rei Tiago sublinharam certas palavras para prevenir o leitor de que elas não se encontravam no texto original grego ou hebraico mas foram acrescentadas para um leitura mais fluente ou para explicações. Alguns dos muitos exemplos de palavras sublinhados contidas na versão do Rei Tiago e no Livro de Mórmon podem ser vistas comparando Isaías 53:2, 3, 4 com Mosíah 14:2, 3, 5.
Outro problema que encontramos no Livro de Mórmon é a gramática pobre com a qual parte dele é escrita.

Ora, alguns dos santos mais amados que já conheci têm gramática pobre. Isso, em si mesmo, não é o ponto; culpar a Deus por gramática pobre, não é o ponto. Mesmo quando Deus deu Sua palavra inspirada mediante vasos tais como o rude e ignorante Pedro, ele não usou gramática pobre. 

José F. Smith, sexto presidente da igreja mórmon declarou: "José não reproduziu o escrito das placas de ouro na língua inglesa em seu próprio estilo como muitos creem, mas cada palavra e cada letra foram-lhe dadas pelo dom e poder de Deus."(5) 

O próprio José F. Smith declarou, em 1841, no livro História da Igreja: "Eu disse aos irmãos que no Livro de Mórmon era o livro mais correto sobre a face de terra." (6) 

Se a palavra traduzida era perfeita, e se o Livro de Mórmon de 1830 era perfeito, por que os mórmons fizeram cerca de 4.000 correções em gramática, pontuação e ortografia no perfeito Livro de Mórmon? Estes mórmons posteriores, um pouco mais instruídos, ficaram cada vez mais embaraçados por causa de erros gramaticais no Livro de Mórmon; de modo que fizeram mudanças em edições posteriores.

Temos tanto uma reprodução do Livro de Mórmon de 1830 como também do atual Livro de Mórmon e podemos ver as mudanças com nossos próprios olhos. Vários estudiosos do mormonismo têm contado as mudanças e os resultados foram anotados em livro, particularmente por Arthur Budvarson, Marvin Cowan, Jerald Tanner e muitos outros. 

A seguir damos somente alguns exemplos de mudanças que têm sido feitas do Livro de Mórmon de 1830 (os itálicos foram acrescentados): Edição de 1830, página 52: "que surgiste das águas de Judá, o qual juras pelo nome do Senhor." Edição de 1963, 1 Nefi 20:1: "que surgiste das águas de Judá ou das águas do batismo; que juras em nome do Senhor." 

Edição de 1830, página 303: "Sim, sei que ele concede aos homens, sim, decreta-lhes decretos inalteráveis, segundo o seu desejo." Edição de 1963, Alma 29:4: "Sim, sei que ele concede aos homens segundo o seu desejo." 

Edição de 1830, página 31: "Tampouco permitirá o Senhor Deus que os gentios para sempre permaneçam nesse estado de ferimento horrível." Edição de 1963, 1 Nefi 13:32: "Tampouco permitirá o Senhor Deus que os gentios permaneçam para sempre nesse horrível estado de cegueira." 

Edição de 1830, página 555, "...seus filhos e filhas, que não eram, ou que não visam sua destruição." Edição de 1963, Éter 9:2: "...seus filhos e filhas que não visaram sua destruição." 

Edição de 1830, página 262: "E sucedeu que ele começou a pleitear por eles daquele momento em diante; mas isso o insultou, dizendo: Estás também possuído pelo Diabo? E aconteceu que cuspiram nele." Edição de 1963, Alma 14:7: "Ele começou a pleitear por eles daquele momento em diante; mas eles o insultaram, dizendo: Estás também possuído pelo Diabo? E cuspiram nele." 
 
Outra mudança do Livro de Mórmon de 1830 refere-se a Mosíah 21:28. O Rei Benjamim já havia morrido (Mosíah 6:5; página 186 de edição brasileira de 1975) na edição de 1830 do Livro de Mórmon. Evidentemente, Smith esqueceu-se disso e em Mosíah 21:28,  disse que o Rei Benjamim ainda estava vivo!  Mais tarde, mórmons envergonhados mudaram o nome de rei para Rei Mosíah, assim removendo a contradição óbvia! 

Certa noite contava eu estes fatos a um jovem  formado  pela  Universidade  Brigham  Young.  Um jovem inteligente e fino; um linguista que conhece bem quarto ou cinco línguas e que serviu como missionário mórmon no Líbano e também na Suíça. Agora instrui os sacerdotes mórmons no sacerdócio Aarônico.

Sua resposta? Depois de procurar, por algum tempo, várias tentativas que percebeu serem falhas, disse ele: 

"Você sabe como é difícil traduzir de uma língua para outra. Além disso, temos de levar em consideração a gramática pobre de José Smith e o seu vocabulário um tanto limitado. Isto pode explicar alguns dos problemas." 

Como podemos ver facilmente, isto não é de modo algum resposta ou solução para o problema. Fiquei grandemente surpreso de que esse fosse o argumento mais convincente que meu douto amigo mórmon pudesse encontrar. Se Deus tivesse dado a José Smith uma tradução, letra por letra, palavra por palavra, de sua Palavra pura e perfeita, certamente te-la-ía dado com a gramática correta. 

É muito interessante que a gramática de José Smith é excelente enquanto copia textualmente do Rei Tiago. Por que não seria ela excelente se copiasse do "Pergaminho de Deus" como alegava? 

É o Livro de Mórmon uma revelação de Deus ou José Smith copiou versículos e capítulos da Bíblia do Rei Tiago e acrescentou material de sua própria imaginação e de outras fontes disponíveis? Quem realmente escreveu o Livro de Mórmon?
 
Se os mórmons dizem que Deus dirigiu José Smith na tradução do Livro de Mórmon, então acusam Deus de usar gramática deficiente e de cometer outros erros que mais tarde necessitaram de correção. Não parece sábio, para dizer pouco, fazer esta acusação ao Deus onisciente do Universo.

Se dissermos que José Smith escreveu o livro, com seus erros gramaticais e outros, negamos o que José Smith reivindicava, o que as três testemunhas reivindicavam, e que o presidente Joseph F. Smith reivindicava. Isto significaria que o testemunho de José Smith de que o Livro de Mórmon é uma tradução sem erros, letra por letra, palavra por  palavra,  pelo  poder  de  Deus,  é  falso.  Esta acusação prejudicaria irreparavelmente  sua reivindicação de ser um profeta de Deus. 

As Testemunhas 

Nas primeiras páginas do Livro de Mórmon está o "Depoimento de três testemunhas". Diz-se que essas três testemunhas, Oliver Cowdery, David Whitmer e Martin Harris, "viram as placas que contêm estes sinais...e...as gravações sobre as placas." Entretanto, quando interrogadas mais diretamente, as testemunhas disseram nunca terem realmente visto as placas de ouro a não ser embrulhadas ou cobertas. Usaram termos como "visão", ou "vi-as com os olhos da fé".

Também, na página que contém os nomes das três testemunhas, está "o depoimento de oito testemunhas". Essas testemunhas foram: Christian Whitmer, Jacob Whitmer, Peter Whitmer Filho, John Whitmer, Hiram Page, Joseph Smith, Pai, Hyrum Smith e Samuel H. Smith. Destas onze testemunhas, mais da metade apostataram da igreja mórmon. Quando digo apostataram não quero dizer que negaram a igreja como Pedro, em momento de temor e fraqueza,  negou  a  Cristo;  logo  depois  arrependeu-se  como  todo  cristão  verdadeiro,  chorou amargamente e dentro de algumas horas procurou seu Salvador de novo. Estas testemunhas afastaram-se da igreja mórmon. Dentre elas estavam Cowdery, Whitmer, Harris e cinco das oito testemunhas. As três que permaneceram pertenciam à família Smith. (Até mesmo um ou dois dos filhos de José Smith finalmente deixaram os Santos dos Últimos Dias e se filiaram à Igreja Reorganizada dos Santos dos Últimos Dias.) Os mórmons dizem que algumas destas testemunhas voltaram para a igreja. E isto é verdade, em parte. 

Alguns destes que apostataram chegaram a dizer que tinham tido revelações de Deus de que o mormonismo era falso e que deviam deixá-lo. É claro que os mórmons não aceitam suas revelações, embora suas visões pareçam tão críveis quanto às de José Smith. Perguntamo-nos por que os mórmons tão prontamente aceitam a visão de um menino de 14 anos de idade e tão rapidamente rejeitam as visões de vários destes homens. 

David Whitmer, uma das três testemunhas originais, disse que Deus falou-lhe com sua própria voz dizendo "que me separasse dos Santos dos Últimos Dias". (7)
Existem registros de que José Smith e outros oficiais mórmons chamaram suas três testemunhas principais de "ladrões e mentirosos." (8) No livro História da Igreja, José Smith disse: "Tais personagens como...David Whitmer,  Oliver  Cowdery  e  Martin  Harris,  são  demasiadamente  maus  até  para  serem  mencionados,  e gostaríamos de tê-los esquecido. (9) 
 
Segundo as Doutrinas da Salvação, Cowdery e Harris retornaram à igreja na sua velhice e morreram em comunhão completa. 

Pode você imaginar Jesus chamando suas testemunhas, Mateus, Marcos, Lucas, João e Paulo, de um punhado de mentirosos e ainda assim pedindo que crêssemos nelas assim como José Smith nos pediu que acreditássemos nas testemunhas do Livro de Mórmon? Pode você imaginar Jesus Cristo dizendo que gostaria de esquecer os escritores dos evangelhos e Paulo, assim como José Smith disse que gostaria de esquecer suas testemunhas principais da verdade do Livro de Mórmon? 

Há ainda outro fato que achamos por bem incluir. José Smith foi julgado e condenado por ser "cristalomante" (ler bola de cristal, adivinhar a sorte e andar à caça de fortuna) por um juiz em Bainbridge, Nova Iorque, em1826, seis anos depois de ele supostamente ter tido sua primeira visão em 1820. A acusação foi feita, segundo registros do julgamento, por um certo Peter G. Bridgemen, que dizia ter sido Josiah Stowell enganado por Smith na procura de objetos e tesouros perdidos. Ele disse que Smith dizia possuir poderes ao olhar através de uma pedra - o mesmo processo pelo qual José Smith traduziu o Livro de Mórmon, segundo as três testemunhas.

Uma fotografia do registro do processo original pode ser encontrada no livro de Jerald e Sandra Tanner, Joseph Smith's 1826 Trial (Julgamento de José Smith de 1826). (10)
R. Hugh Nibley, na página 142 de The Myth Makers (Os criadores de Mito), admitiu que se tal registro pudesse ser encontrado, seria um "golpe devastador" para José Smith. Pois foi encontrado por Wesley P. Walters, no dia 28 de julho de 1971.
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Notas
[1] Robert Dick Wilson, A Scientific Investigation of the Old Testament (Investigação científica do Antigo
Testamento) - (Chicago: Moody Press).
Citado por John R. Rice, em Our God-Breathed Book - The Bible (Nosso livro inspirado por Deus - a Bíblia)
(Murfreesboro, Tenn: Sword of the Lord Pub., 1969).
[2] "Articles of Faith" ("As Regras de Fé"), Pérola de Grande Valor, Artigo #8, p.70.
[3] Orson Pratt, Divine Authenticity of the Book of Mormon, pp. 45-47. Citado por Marvin Cowan, Mormon
Claims Answered (Salt Lake City: Marvin Cowan Pub., 1975), p.21,22.
[4] David Whitmer, An Address to All Believers in Christ (Richmond, Mo., 1887). p. 12; reimpresso por Bales
Bookstore, Searcy, Ark., 1960.
[5] Journal of Oliver B. Huntington, p.168. Exemplar datilografado na Utah State Historical Society.
[6] Smith, History of the Church, vol. 4. p.461.
[7] Whitmer, An Address to All Believers in Christ, p.27.
[8] Times and Seasons, vol. 1. p.81; Elders Journal, p.59; Senate Document 189, pp. 6,9.
[9] Smith, History of the Church, vol. 3. p. 232.
[10] Jerald and Sandra Tanner, Joseph Smith's 1826 Trial (Salt Lake City: Modern Microfilm Company, 1971).

Extraído do livro A Ilusão Mórmon, Editora Vida: 1981.Capítulo 04, pp. 17-22 (Tradução de João Barbosa Batista)