Teologia

segunda-feira, 20 de abril de 2015

VALE A PENA SEGUIR A JESUS?



Ricardo André

Encontramos na Bíblia Sagrada um interessante e honesto diálogo entre Jesus e Pedro. Ela revela que uma intrigante questão pairava na mente de Pedro. “Então Pedro lhe respondeu: "Nós deixamos tudo para seguir-te! Que será de nós? "Jesus lhes disse: "Digo-lhes a verdade: Por ocasião da regeneração de todas as coisas, quando o Filho do homem se assentar em seu trono glorioso, vocês que me seguiram também se assentarão em doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. E todos os que tiverem deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos, por minha causa, receberão cem vezes mais e herdarão a vida eterna” (Mateus 19:27-29, NVI). O texto apresenta uma das muitas conversas de Pedro com Jesus. Impulsivo como sempre, ele estava intrigado. Havia acompanhado o encontro do jovem rico com Jesus e viu o momento quando Ele lhe orientou a vender tudo o que tinha, para ter um tesouro no Céu.

A pergunta de Pedro foi direta, diante daquilo que havia visto e ouvido: “Nós deixamos tudo para seguir-te! Que será de nós?” (19:27). Se o jovem rico precisava vender tudo e dar aos pobres, para ter um tesouro no Céu, a preocupação de Pedro era com a situação dele e dos outros discípulos. Eles haviam deixado tudo para trás. Será que receberiam alguma recompensa por isso?

Alguns têm questionado a vontade de Deus, dizendo que suas proibições são tantas, que se forem segui-Lo do jeito certo a vida vai perder a graça e a liberdade. Em outras palavras, não se ganha nada com isso.

Precisamos responder essa questão: “vale a pena seguir a Jesus? O que nós ganhamos quando tomamos esta decisão?

Pedro foi corajoso em expressar um questionamento que muita gente guarda no coração: Será que compensa deixar tantas coisas que são populares, ou mesmo interessantes, para seguir a Jesus? É bem possível que algumas pessoas tenham vontade de olhar para Jesus e perguntar: “Senhor, nós deixamos amigos, hábitos, lugares, roupas, alimentos, músicas para te seguir, e o que receberemos em troca?

Quatro Grandes Recompensas que o Cristão Recebe

Apesar de muitos identificarem os crentes em Cristo como o povo do “NÃO”, na realidade somos o povo do benefício, porque ganhamos muito mais do que deixamos quando seguimos a Cristo. Isto foi o que Cristo confirmou a Pedro, ao responder sua pergunta. Vejamos apenas três dentre tantas grandes recompensas que recebemos, quando deixamos de lado alguma coisa para seguir a Jesus. Só por estas três recompensas já é possível entender que não temos uma visão negativa da vida cristã.

1) Liberdade
É possível até que alguém questione: “Mas é exatamente isso que eu perco. Me sinto preso a tantas proibições!” Será que esta é a verdade? Foi Cristo quem disse: “E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará" (João 8:32, NVI). A verdade liberta, não aprisiona ninguém!

Você quer uma prova de que isso é real? Imagine dois jovens, com 18 anos. Um cristão fiel e o outro sem religião, e consequentemente sem ter que deixar nada. O jovem que não tem religião bebe, fuma, usa drogas e curte bandas de heavy metal. É livre para fazer tudo isso, e gosta do que faz. Já o jovem cristão, foi educado dentro dos princípios da Bíblia, não bebe, naõ fuma, não usa drogas e ouve músicas equilibradas. Parece proibido de experimentar o que o outro faz. Vamos resolver a questão, avaliando o que aconteceria se os dois resolvessem trocar de lugar. O garoto que não é cristão, deseja se tornar cristão e o outro, que é cristão, resolve abandonar a fé e seus princípios.

Qual dos dois teria maior facilidade para mudar seus hábitos? Qual dos dois é realmente dono de suas decisões, e está livre para toma-las? É fácil para o garoto não cristão deixar de beber? Fumar? Usar drogas? Ouvir heavy metal? Sim, vai ser possível pelo poder de Deus, mas vai haver muita luta para isso.

E o garoto cristão fiel? É fácil começar a fumar? A beber? A usar drogas? A ouvir música pesada? Claro, você sabe que é muito fácil! É fácil a gente concluir que aquele que segue o caminho de Deus é livre de verdade. É dono de suas próprias decisões! Aquele que segue um caminho sem Deus e parece livre, descobre que as coisas não são bem assim, quando resolve mudar de vida. Quem deixa tudo para seguir a Cristo sempre recebe a verdadeira liberdade como recompensa. É dono de seu destino.

2) Felicidade
Você já parou para pensar no que é felicidade? Felicidade é viver bem! Ter equilíbrio nas horas fáceis e difíceis!

Imagine quando você compra um eletrodoméstico. Ele vem com um manual do fabricante, que sempre está cheios de “nãos”. “Não ligue na voltagem errada, não exponha ao sol, não use determinado produto para sua limpeza”. Enfim, vários “nãos”. Eles são colocados porque o fabricante, que conhece o produto nos mínimos detalhes, sabe exatamente como ele deve ser usado para funcionar bem. Seus “nãos” foram apresentados visando evitar desconforto ao usuário, e não atrapalhar sua vida.

Nossa realidade é muito semelhante. Deus, que nos criou, sabe o que devemos fazer para funcionar bem. Por isso Ele nos deu o Seu Manual do fabricante, que é a Bíblia Sagrada. Ela apresenta todos os caminhos para nossa felicidade. Nela, você vai encontrar vários “nãos”, mas sempre procurando evitar problemas ao nosso “funcionamento”. Se escolher fazer diferente do que é apresentado em Seu “manual do fabricante”, o resultado será o desconforto dos problemas. Sempre que você deixar tudo para seguir as orientações de Deus, vai viver em harmonia e equilíbrio, e isso é felicidade.

3) Proteção
A proteção vem como resultado da escolha certa. Esse é um grande benefício! Para tudo o que você deixa quando segue a Cristo existe uma consequência positiva, como resultado da proteção divina.

De que os jovens cristãos são protegidos?  Dos problemas enfrentados pela maioria dos jovens não cristãos no século 21, decorrentes do sexo livre, drogas e Rock’n Roll, a exemplo da gravidez indesejada entre adolescentes, abortos e a violência. Milhões de jovens são assassinados no Brasil por causa das drogas, brigas, rixas de gangues ou torcidas. No sábado passado (18/04), os jornais noticiaram a chacina de 8 jovens na sede da torcida Pavilhão Nove, do Corinthians, em São Paulo. Mydras Schmidt, de 38 anos, Ricardo Junior Leonel do Prado, de 34 anos, André Luiz Santos de Oliveira, de 29 anos, Mateus Fonseca de Oliveira, de 19 anos, Fabio Neves Domingos, de 34 anos, Jhonatan Fernando Garzillo, de 21 anos, Marco Antônio Corassa Junior, de 19 anos, e Jonathan Rodrigues do Nascimento, de 21 anos, foram assassinados. A maioria deles envolvidos com o tráfico de drogas. É duro ver jovens antecipando a própria morte. Todos sabemos que um dia vamos morrer, e estamos vulneráveis a qualquer momento. Porém, quando seguimos as orientações de Deus quanto aos amigos que temos, às músicas que ouvimos, aos lugares que frequentamos, estamos livres de antecipar a própria morte, se envolvendo em atos de violência.

O jovem que deixa tudo e segue as orientações de Cristo, não têm estes problemas. Estão livres da gravidez na adolescência, não faz parte do grupo de usuários de drogas. Está livre deles. A pergunta que surge, então, é óbvia: nós perdemos ou ganhamos? Com certeza, estamos protegidos destas consequências. Conheço garotas e rapazes, cristãos, que enfrentam o drama de serem pais na adolescência, mas isso aconteceu porque seguiram um caminho diferente daquele que Deus orientou. Deus os ama, mas terão de enfrentar as consequências.

4) Esperança de Vida Eterna
Seguir a Jesus pode ter um preço alto: Tudo aquilo que nos embaraça no caminho para o Céu precisa ser destruído. Ídolos pessoais e paixões precisam ser derrotados. Sofrimento físico e emocional produzido pela perseguição e desprezo do mundo, privação financeira também representam o custo do discipulado.

Mas uma coisa é certa: o que quer que ganharmos ou perdermos neste mundo, tudo o que realizarmos, tudo o que fizermos para nós mesmos, será apenas temporário. Essas coisas desaparecerão para sempre. Em contraste com isso, aquilo que ganhamos por meio de Jesus Cristo aqui neste mundo e no futuro, a vida eterna, em um novo Céu e em uma nova Terra, vale muito mais do que tudo o que este mundo jamais poderá oferecer.

Seguimos a Jesus porque temos a promessa, a esperança de redenção, de uma nova vida num mundo novo, sem pecado, sofrimento e morte (Jo 14:1-3; 2Co 3:13; Ap 21:15; 22:1-5). O que as alegrias e as boas coisas deste mundo significam em comparação com a eternidade ao lado de Cristo? Absolutamente nada! (Rm 8:18).

Caro amigo leitor, talvez você esteja em dúvida, como Pedro, acerca de sua escolha. Quem sabe, esteja preocupado por ter deixado tantas coisas para ficar com Jesus. Lembre sempre de que andar com Cristo vale apena. É uma vida positiva e vitoriosa. Tem muito mais benefícios do que proibições, porque Ele sempre busca o nosso bem. Deus lhe concederá as bênçãos e prosperidade neste mundo, e no futuro, a vida eterna. Esse é o melhor resultado de seguir a Jesus!

Novamente temos que responder: perdemos ou ganhamos? A resposta é imediata, ganhamos! Compensa seguir a Jesus!



domingo, 19 de abril de 2015

LIVRO ADVERTE SOBRE AMEAÇAS À VIDA NOS ENSINOS DAS “TESTEMUNHAS DE JEOVÁ”



Quando o líder religioso norte-americano Jim Jones induziu cerca de 900 pessoas ao suicídio coletivo na selva da Guiana, autoridades civis e religiosas por todo o mundo ficaram alarmadas. Em vários lugares cresceu a preocupação com seitas religiosas fanáticas que levem pessoas a atitudes anti-sociais ou que ponham em risco a integridade física e mental de seus adeptos.

Para os católicos e membros de outras igrejas cristãs “regulares”, o problema das seitas sempre se constituiu um desafio, não só pelos riscos derivados do fanatismo que acompanha tais cultos, mas pelo proselitismo incansável da maior parte de tais religiões. Seus agentes especializam-se em arrebanhar membros dessas corporações em favor de sua causa, tornando-os apóstolos de suas idéias e instrumentalidade para aumentar-lhes as fileiras em detrimento das igrejas tradicionais. O problema não passou despercebido do Papa João Paulo II em sua última visita ao Brasil, que numa de suas alocuções referiu-se ao crescimento vertiginoso das seitas entre nós como ameaça ao catolicismo brasileiro.

 “Maior número de pessoas do que no suicídio coletivo de Jim Jones já morreu, ou corre risco de vida, ao se acatarem as teorias de certa corporação religiosa bem ativa no Brasil e outros países—os ensinos da Sociedade Torre de Vigia de Bíblia e Tratados, que dirige os trabalhos das Testemunhas de Jeová, com sede em Brooklyn, Nova Iorque, E.U.A.”  A afirmação é de Azenilto G. Brito, jornalista de Belo Horizonte, autor de O Desafio da Torre de Vigia, obra de pesquisa da seita das “Testemunhas de Jeová”.

“Queremos estabelecer um debate completo e profundo sobre o assunto, pois sendo que as ‘Testemunhas de Jeová’ divulgam literatura de grande tiragem de porta em porta, contendo artigos que buscam convencer as pessoas a preferirem a morte a tomarem sangue numa transfusão, o tema já adquire importância social”, explica Brito, que também escreveu O Desafio das Drogas, com prefácio do Deputado Elias Murad, já traduzido para o espanhol.
 
Brito coordenou recentemente uma manifestação com membros de várias denominações evangélicas em frente ao Ginásio Mineirinho, onde 20 mil “Testemunhas de Jeová” encerravam um congresso de três dias. Portavam cartazes e folhetos com mensagens dirigidas àqueles religiosos, no que chamou “campanha de esclarecimento e conscientização às vítimas da lavagem cerebral e das distorções dos fatos praticada pela Torre de Vigia”.

Alega o pesquisador que “uma seita que leve uma mãe a preferir ver seu filhinho morrendo sobre um leito hospitalar a permitir que lhe seja aplicado o sangue que lhe preservaria a vida constitui uma ameaça constante a muitas pessoas por todo o mundo”. E prossegue: “O número dos que já morreram assim desnecessariamente em muito superou a marca do fanatismo de Jim Jones”. Também assinala que entre 1931 e 1952 a organização das “Testemunhas de Jeová” proibia que seus seguidores se vacinassem, e durante 13 anos, de 1967 até 1980, a mesma organização proibiu que fossem submetidos a transplantes, tidos como “canibalismo” em artigo de sua revista Despertai!. “As ‘testemunhas’ eram instruídas a preferirem a cegueira a um transplante de córnea e a morte a um transplante de rins até que, em 1980, a Sociedade Torre de Vigia finalmente passou a admitir que as pessoas são ‘ajudadas’ pelos transplantes”, conta Brito. E indaga: “Por que não recuam também com a proibição das transfusões de sangue?”

Na nova edição de seu livro ele reproduz uma carta anônima de dirigentes dentre as próprias “testemunhas” tentando debater o tema entre seus irmãos e fazer com que sua liderança mude de atitude. A certa altura da carta, chegam a comentar que a razão por que a organização Torre de Vigia não recua quanto a esta questão é por temor das ações judiciais que isso poderia acarretar. Familiares de “Testemunhas de Jeová” mortas devido a tal proibição poderiam exigir indenização de parte dessa organização religiosa pois daí ficaria claro que a proibição para transfusões de sangue não é mais um dogma religioso, tendo sido ensinada por mero equívoco, como se deu com a questão das vacinas e dos transplantes de órgãos.

Insistindo em que não há base bíblica para a proibição das transfusões sangüíneas, “desde que se estude o livro básico da fé cristã sem a influência da verdadeira ‘lavagem cerebral’, que a Sociedade Torre de Vigia submete aos quase 5 milhões de seguidores pelo mundo afora”, Brito—que tem bacharelado em Teologia e mestrado em ensino de inglês, com cursos nos Estados Unidos—discute em seu livro esta questão à luz da Medicina e da tradição religiosa de cristãos e judeus. Ele também demora-se em examinar aspectos históricos da seita, num capítulo ironicamente intitulado “Histórias Malcontadas Pela Torre de Vigia”. Noutra seção analisa até se tem fundamento a proibição de uma pessoa celebrar seu aniversário ou participar de uma festa de Natal, o que também se proíbe aos que se tornam “Testemunhas de Jeová”.

 “A história das “Testemunhas de Jeová” é uma sucessão de contradições, falsas predições e distorção dos fatos, o que é ignorado pela grande massa de membros da seita, pois a sua organização, Sociedade Torre de Vigia, trata de ocultar o melhor que pode esses fatos embaraçosos de sua história, muitas vezes agindo cinicamente ao recapitulá-la”, aduz o pesquisador. E exemplifica com a declaração muito repetida pelas Testemunhas de Jeová em sua abordagem de porta em porta, especialmente aos sábados e domingos de manhã, de que “muitos anos antes de 1914 a sua organização religiosa já dizia tratar-se aquele de um ‘ano marcado’”.

Brito explica em seu livro, com farta documentação na forma de reprodução de páginas de livros das “testemunhas” fora de circulação, que 1914 era data marcada pelo fundador da Torre de Vigia, o americano Charles Russell, para ser basicamente o fim do mundo, com a ascensão dele e seus seguidores para o Reino Ceslestial. “No entanto, essa organização se empenha por deixar seus membros hoje com a impressão de que seus líderes anteciparam os marcantes acontecimentos daquele ano, quando eclodiu a I Guerra Mundial, com todos os seus efeitos no campo político, social e econômico. Não fica claro que 1914 de fato foi ‘marcado’ para então dar-se o fim da história humana, como esperavam. Assim, ludibriando os membros sobre este ponto, faz com que saiam por aí repetindo essa meia-verdade para impressionar as pessoas, e os utiliza como inocentes repetidores da falsa informação”, declara.

Citando muitos livros antigos e modernos editados pela própria corporação da Torre de Vigia, Azenilto Brito indica como Russell acreditava e ensinava que importantes acontecimentos mundiais estavam todos preditos nas medidas da pirâmide de Gizé no Egito. Os livros da série Estudos das Escrituras, que o fundador da organização das Testemunhas de Jeová produziu, traziam esquemas, gráficos e tabelas com dados sobre as medidas da pirâmide e a extensão de anos proféticos que representariam. “Ele cria tanto nisso que até seu túmulo, num cemitério próximo de Pittsburgh, E.U.A., tem uma pequena pirâmide ornamental de concreto com os símbolos da Torre de Vigia gravados em baixo relevo”, revela o pesquisador.

Brito continua historiando que as exóticas teorias sobre a pirâmide egípcia foram totalmente descartadas pelo sucessor de Russell à frente da organização das Testemunhas de Jeová, J. F. Rutherford. Este, gostava de criticar os eruditos da “cristandade” e até chegou a referir-se jocosamente aos doutores em divindade, designados pela abreviação D.D., dando a entender que as iniciais D.D. sigificariam “dumb dogs”, ou seja, cães tolos.

Mas parece que a despeito de seu desprezo pelos teólogos de seu tempo, Rutherford não se revelou de muito maior capacidade do que eles ao expor as Escrituras. Em 1920 escreveu um livro chamado Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão em que especulava sobre os sentidos dos jubileus festivos de Israel e com base nisso marcava a data de 1925 para a restauração do mundo, quando Jerusalém seria tornada a capital do planeta com os heróis bíblicos do passado, Abraão, Isaque, Davi, Salomão, etc. ressuscitados. “As Testemunhas de Jeová modernas duvidam ter existido tal livro, pois a Sociedade Torre de Vigia mandou, após 1925, que seus adeptos os queimassem, pois era um embaraço às suas pretensões de Organização Teocrática, isto é, diretamente dirigida por Deus. Mas descobri um raro exemplar ainda disponível na Biblioteca Municipal de S. Paulo. No meu trabalho de pesquisa reproduzo as págs. 110, 111 e 122 de dita obra, contendo a falsa profecia de Rutherford sobre a restauração do mundo e volta dos heróis bíblicos na data de 1925”.

Segundo Brito, passando o ano de 1925 sem que se cumprissem tais predições, Rutherford mandou que se construísse em San Diego, Califórnia, uma rica propriedade com fundos da Sociedade Torre de Vigia para servir de morada aos heróis bíblicos que ao ressuscitarem ocupariam a casa, o que se daria “em breve”, ele garantia. Enquanto eles não ressuscitassem, porém, o presidente das “Testemunhas de Jeová” passou a residir ali por boa parte de cada ano. Dando à ampla casa o nome hebraico Beth-Sarim, que quer dizer “Casa dos Príncipes”, Rutherford utilizava-a frequentemente como uma espécie de “palácio de inverno”, ali vivendo principescamente até sua morte, em 1942. Ele contava adicionalmente com dois Rolls-Royce postos à sua disposição, enquanto seus compatriotas amargavam as durezas dos anos da Depressão, pois os “príncipes” nunca ressuscitaram para reivindicar sua bela mansão. “Mas uma pergunta surge daí”, continua o autor: “Sendo que o livro escrito por Rutherford predissera que no mundo restaurado (em 1925) Jerusalém seria a capital, de onde os heróis bíblicos governariam a Terra, por que a ‘Casa dos Príncipes’ foi erigida em San Diego, aprazível cidade costeira da Califórnia, e não na velha capital palestina?”

E para quem duvidar da veracidade desta história, Brito oferece em O Desafio da Torre de Vigia a reprodução das págs. 275 e 276 do livro Salvação, editado pela própria Torre de Vigia em 1939, onde aparece o desenho da propriedade e a explicação dos objetivos de sua edificação, confirmando o fato.

 Azenilto Brito tenciona promover o seu livro entre as mais diversas corporações cristãs. “Sou de formação evangélica”, explica, “mas atuo numa entidade interconfessional onde trabalham harmonicamente católicos e protestantes. No meu escrito busco esclarecer os fatos sobre esta seita sutil e desafiadora para benefício de todos os que aceitam a Bíblia como livro básico, sem direcionar o leitor para nenhuma igreja em particular”. Ele afirma esperar que os católicos leiam e tirem bom proveito do livro: “Posso afirmar que o seu conteúdo filosófico está em perfeita consonância com o que reza a tradicional prece do ‘Credo dos Apóstolos’, proferida cada domingo na missa” e revela ter até feito contato com um líder católico carismático para que divulgue a obra nesse meio. Quanto a sua promoção entre os evangélicos, diz estar tranqüilo—“O prefaciador é o conhecido evangelista Caio Fábio d’Araújo Filho que declara ser o meu  livro ‘o mais forte em provas, o mais denso em argumentos e o mais preciso em dados históricos que já foi escrito no Brasil a respeito da questão das “Testemunhas de Jeová”’”.

 
Professor Azenilto G. Brito
Ministério Sola Scriptura



Caso deseje obter informações sobre como obter a versão virtual do livro O Desafio da Torre de Vigia ou um artigo relacionado clique aqui  otabrito@aol.com



sábado, 18 de abril de 2015

A ALMA CATÓLICA DOS EVANGÉLICOS DO BRASIL



Augustus Nicodemos Lopes

Os evangélicos no Brasil nunca conseguiram se livrar totalmente da influência do Catolicismo Romano. Por séculos, o Catolicismo formou a mentalidade brasileira, a sua maneira de ver o mundo (“cosmovisão”). O crescimento do número de evangélicos no Brasil é cada vez maior – segundo o IBGE, seremos 40 milhões neste ano de 2006 – mas há várias evidências de que boa parte dos evangélicos não tem conseguido se livrar da herança católica.

É um fato que a conversão verdadeira (arrependimento e fé) implica uma mudança espiritual e moral, mas não significa necessariamente uma mudança na maneira como a pessoa vê o mundo. Alguém pode ter sido regenerado pelo Espírito e ainda continuar, por um tempo, a enxergar as coisas com os pressupostos antigos. É o caso dos crentes de Corinto, por exemplo. Alguns deles haviam sido impuros, idólatras, adúlteros, efeminados, sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados, maldizentes e roubadores. Todavia, haviam sido lavados, santificados e justificados “em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus” (1 Co 6.9-11), sem que isso significasse que uma mudança completa de mentalidade houvesse ocorrido com eles. Na primeira carta que lhes escreve, Paulo revela duas áreas em que eles continuavam a agir como pagãos: na maneira grega dicotômica de ver o mundo dividido em matéria e espírito (que dificultava a aceitação entre eles das relações sexuais no casamento e a ressurreição física dos mortos – capítulos 7 e 15) e o culto à personalidade mantido para com os filósofos gregos (que logo os levou a formar partidos na igreja em torno de Paulo, Pedro, Apolo e mesmo o próprio Cristo – capítulos 1 a 4). Eles eram cristãos, mas com a alma grega pagã.

Da mesma forma, creio que grande parte dos evangélicos no Brasil tem a alma católica. Antes de passar às argumentações, preciso esclarecer um ponto. Todas as tendências que eu identifico entre os evangélicos como sendo herança católica, no fundo, antes de serem católicas, são realmente tendências da nossa natureza humana decaída, corrompida e manchada pelo pecado, que se manifestam em todos os lugares, em todos os sistemas e não somente no Catolicismo. Como disse o reformado R. Hooykas, famoso historiador da ciência, “no fundo, somos todos romanos” (Philosophia Liberta, 1957). Todavia, alguns sistemas são mais vulneráveis a essas tendências e as absorveram mais que outros, como penso que é o caso com o Catolicismo no Brasil. E que tendências são essas?

1) O gosto por bispos e apóstolos

Na Igreja Católica, o sistema papal impõe a autoridade de um único homem sobre todo o povo. A distinção entre clérigos (padres, bispos, cardeais e o papa) e leigos (o povo comum) coloca os sacerdotes católicos em um nível acima das pessoas normais, como se fossem revestidos de uma autoridade, um carisma, uma espiritualidade inacessível, que provoca a admiração e o espanto da gente comum, infundindo respeito e veneração. Há um gosto na alma brasileira por bispos, catedrais, pompas, rituais. Só assim consigo entender a aceitação generalizada por parte dos próprios evangélicos de bispos e apóstolos autonomeados, mesmo após Lutero ter rasgado a bula papal que o excomungava e queimá-la na fogueira. A doutrina reformada do sacerdócio universal dos crentes e a abolição da distinção entre clérigos e leigos ainda não permearam a cosmovisão dos evangélicos no Brasil, com poucas exceções.

2) A idéia de que pastores são mediadores entre Deus e os homens

No Catolicismo, a Igreja é mediadora entre Deus e os homens e transmite a graça divina mediante os sacramentos, as indulgências, as orações. Os sacerdotes católicos são vistos como aqueles através de quem essa graça é concedida, pois são eles que, com as suas palavras, transformam, na Missa, o pão e o vinho no corpo e no sangue de Cristo; que aplicam a água benta no batismo para remissão de pecados; que ouvem a confissão do povo e pronunciam o perdão de pecados. Essa mentalidade de mediação humana passou para os evangélicos, com poucas mudanças. Até nas igrejas chamadas históricas, os crentes brasileiros agem como se a oração do pastor fosse mais poderosa do que a deles e como se os pastores funcionassem como mediadores entre eles e os favores divinos. Esse ranço do Catolicismo vem sendo cada vez mais explorado por setores neopentecostais do evangelicalismo, a julgar por práticas já assimiladas como “a oração dos 318 homens de Deus”, “a prece poderosa do bispo tal”, “a oração da irmã fulana, que é profetisa”, etc.

3) O misticismo supersticioso no apego a objetos sagrados

O Catolicismo no Brasil, por sua vez influenciado pelas religiões afro-brasileiras, semeou misticismo e superstição durante séculos na alma brasileira: milagres de santos, uso de relíquias, aparições de Cristo e de Maria, objetos ungidos e santificados, água benta, entre outros. Hoje, há um crescimento espantoso, entre setores evangélicos, do uso de copo d’água, rosa ungida, sal grosso, pulseiras abençoadas, pentes santos do kit de beleza da rainha Ester, peças de roupa de entes queridos, oração no monte, no vale; óleos de oliveiras de Jerusalém, água do Jordão, sal do Vale do Sal, trombetas de Gideão (distribuídas em profusão), o cajado de Moisés… é infindável e sem limites a imaginação dos líderes e a credulidade do povo. Esse fenômeno só pode ser explicado, ao meu ver, por um gosto intrínseco pelo misticismo impresso na alma católica dos evangélicos.

4) A separação entre sagrado e profano

No centro do pensamento católico existe a distinção entre natureza e graça, idealizada e defendida por Tomás de Aquino, um dos mais importantes teólogos da Igreja Católica. Na prática, isso significou a aceitação de duas realidades coexistentes, antagônicas e freqüentemente irreconciliáveis: o sagrado, substanciado na Santa Igreja, e o profano, que é tudo o mais no mundo lá fora. Os brasileiros aprenderam durante séculos a não misturar as coisas: sagrado é aquilo que a gente vai fazer na Igreja: assistir Missa e se confessar. O profano – meu trabalho, meus estudos, as ciências – permanece intocado pelos pressupostos cristãos, separado de forma estanque. É a mesma atitude dos evangélicos. Falta-nos uma mentalidade que integre a fé às demais áreas da vida, conforme a visão bíblica de que tudo é sagrado. Por exemplo, na área da educação, temos por séculos deixado que a mentalidade humanista secularizada, permeada de pressupostos anticristãos, eduque os nossos filhos, do ensino fundamental até o superior, com algumas exceções. Em outros países, os evangélicos têm tido mais sucesso em manter instituições de ensino que, além de serem tão competentes como as outras, oferecem uma visão de mundo, de ciência, de tecnologia e da história oriunda de pressupostos cristãos. Numa cultura permeada pela idéia de que o sagrado e o profano, a religião e o mundo, são dois reinos distintos e freqüentemente antagônicos, não há como uma visão integral surgir e prevalecer, a não ser por uma profunda reforma de mentalidade entre os evangélicos.

5) Somente pecados sexuais são realmente graves

A distinção entre pecados mortais e veniais feita pelo catolicismo romano vem permeando a ética brasileira há séculos. Segundo essa distinção, pecados considerados mortais privam a alma da graça salvadora e a condenam ao inferno, enquanto que os veniais, como o nome já indica, são mais leves e merecem somente castigos temporais.

A nossa cultura se encarregou de preencher as listas dos mortais e dos veniais. Dessa forma, enquanto se pode aceitar a “mentirinha”, o jeitinho, o tirar vantagem, a maledicência, etc., o adultério se tornou imperdoável. Lula foi reeleito cercado de acusações de corrupção. Mas, se tivesse ocorrido uma denúncia de escândalo sexual, tenho dúvidas de que teria sido reeleito ou de que teria sido reeleito por uma margem tão grande. Nas igrejas evangélicas – onde se sabe pela Bíblia que todo pecado é odioso e que quem guarda toda a lei de Deus e quebra um só mandamento é culpado de todos – é raro que alguém seja disciplinado, corrigido, admoestado, destituído ou despojado por pecados como mentira, preguiça, orgulho, vaidade, maledicência, entre outros. As disciplinas eclesiásticas acontecem via de regra por pecados de natureza sexual, como adultério, prostituição, fornicação, adição à pornografia, homossexualismo, etc., embora até mesmo esses estão sendo cada vez mais aceitáveis aos olhos evangélicos. Mais um resquício de catolicismo na alma dos evangélicos?

O que é mais surpreendente é que os evangélicos no Brasil estão entre os mais anticatólicos do mundo. Só para ilustrar (e sem entrar no mérito dessa polêmica), o Brasil é um dos países onde convertidos do catolicismo são rebatizados nas igrejas evangélicas. O anticatolicismo brasileiro, todavia, se concentrou apenas na questão das imagens e de Maria e em questões éticas como não fumar, não beber e não dançar. Não foi e não é profundo o suficiente para fazer uma crítica mais completa de outros pontos que, por anos, vêm moldando a mentalidade do brasileiro, como mencionei acima. Além de uma conversão dos ídolos e de Maria a Cristo, os brasileiros evangélicos precisam de conversão na mentalidade, na maneira de ver o mundo.

Temos de trazer cativo a Cristo todo pensamento, e não somente os nossos pecados. Nossa cosmovisão precisa também de conversão (2 Co 10.4-5). Quando vejo o retorno de grandes massas ditas evangélicas às práticas medievais católicas de usar no culto a Deus objetos ungidos e consagrados, procurando para si bispos e apóstolos, imersas em práticas supersticiosas, me pergunto se, ao final das contas, o neopentecostalismo brasileiro não é, na verdade, um filho da Igreja Católica medieval, uma forma de neocatolicismo tardio que surge e cresce em nosso país, onde até os evangélicos têm alma católica.