Teologia

sexta-feira, 27 de março de 2015

A BÍBLIA: COMO PODE ELA SER ÚNICA?



Peter van Bemmelen

A Bíblia! Nenhum outro livro na história tem sido tão amado e insultado. Milhões colocaram em jogo sua vida e esperança com base em suas promessas, e muitos têm gastado sua vida atacando-lhe a credibilidade. Para muitos, ela provê respostas vitais para questões de vida e morte, presente e futuro, pecado e salvação. Para outros, não é nada mais que um livro de mitos e fábulas.

A despeito daquilo que seus admiradores e críticos possam dizer, um fato se destaca inquestionavelmente: A Bíblia é um livro único — em sua historicidade, origem, monoteísmo, profecias e foco redentor. Outros livros podem conter conceitos semelhantes e exaltar altos princípios morais, mas a Bíblia é diferente de todos os outros em muitos aspectos.

Única na historicidade

A historicidade é uma das características distintivas da Bíblia. Enquanto outra literatura religiosa contém muitos mitos e lendas, a Bíblia apresenta narrativas históricas sérias.1 Os críticos podem alegar que boa parte da Bíblia é mitológica e que suas narrativas históricas estão cheias de erros, mas os fatos contradizem suas pretensões. As descobertas arqueológicas dos últimos dois séculos têm iluminado a natureza histórica das Escrituras de muitas maneiras. A arqueologia não pode provar que a Bíblia é a Palavra de Deus, mas certamente tem iluminado e por vezes provido a verificação dos relatos históricos das Escrituras.2 Respondendo a acusações de que a história bíblica está eivada de erros, Donald Wiseman, respeitado professor de Assiriologia, argumenta que a evidência arqueológica tem na sua maior parte eliminado estes “supostos erros”. Com efeito, “a maioria dos erros pode ser atribuída a erros de interpretação por estudiosos modernos e não a ‘erros’ de fato apresentados por historiadores bíblicos. Esta opinião é ainda mais fortalecida quando nos lembramos de quantas teorias e interpretações das Escrituras têm sido verificadas ou corrigidas pelas descobertas arqueológicas”.3

Única em sua origem

Outra exclusividade da Bíblia é a distinção de sua origem. Por que é o Velho Testamento tão diferente de outra literatura antiga da mesma época? Um salmo oferece a resposta: Deus “mostra a sua palavra a Jacó, os seus juízos a Israel. Não fez assim a nenhuma outra nação; e, quanto aos seus juízos, não os conhecem” (Salmo 147:19-20). Israel estava profundamente consciente do fato de que Jeová, o Criador do céu e da terra, havia-Se revelado a Abraão e a seus descendentes de um modo como não tinha feito a outras nações. O apóstolo Paulo, que foi educado no judaísmo, mas se tornou o apóstolo mais proeminente do evangelho, concorda com a declaração do salmista de que Deus deu uma revelação especial a Israel, quando afirma que a ele “as palavras de Deus lhe foram confiadas” (Romanos 3:1, 2). Os oráculos significam o mesmo que “sagradas letras” (II Timóteo 3:15). Nenhum outro povo — babilônios, egípcios, gregos ou romanos — jamais produziu uma coleção de escritos como a Bíblia. Essas nações deixaram um legado de história, literatura, drama e poesia, mas nenhuma deixou algo semelhante às Escrituras hebraicas — um corpo de escritos coerentes e harmoniosos que compreendem história, biografia, ética e um sistema religioso que abarca um período de mais de mil anos e escrito por muitos autores diferentes. A distinção jaz na fonte da qual o Velho Testamento surgiu: a revelação única e divina dada a Israel.

Naturalmente havia um propósito soberano atrás dessa revelação. Era a intenção divina de que os israelitas, como recipientes privilegiados da revelação de Jeová, partilhassem o seu conhecimento de Deus com outras nações. Desde o início, Deus afirmou Seu propósito de que em Abraão e seus descendentes “todas as famílias da terra” fossem abençoados (Gênesis 12:3; 22:18). Foi plano divino que as Sagradas Escrituras, originalmente confiadas aos judeus, se tornassem afinal a herança comum de “toda nação, e tribo, e língua, e povo” (Apocalipse 14:6). As Escrituras não foram dadas só a Israel, mas através de Israel a toda a família humana.

Única no monoteísmo

O monoteísmo é outro aspecto exclusivo que distingue as Escrituras hebraicas de toda outra literatura religiosa dos tempos antigos. Outras nações antigas eram politeístas, e grande parte de sua literatura sacra consiste de mitos sobre uma multidão de deuses e deusas. Em contraste, o Velho Testamento fala de Jeová como o único Deus verdadeiro e não admite outro: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás pois o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder” (Deuteronômio 6:4, 5). Esta confissão de Jeová como o único Deus, o Deus vivo, o Criador dos céus e da terra, era o fundamento da religião de Israel. É verdade que através dos séculos muitos israelitas sucumbiram à atração do politeísmo. Mas os profetas coerentemente os chamavam de volta à fé na unicidade de Deus. Finalmente, o monoteísmo prevaleceu em Israel. A despeito de negações de críticos modernos, a Bíblia — tanto o Velho como o Novo Testamento — reconhece um só Deus. Este monoteísmo único da Bíblia não é nem o resultado do gênio humano nem o produto final de um processo evolucionário na história da religião de Israel, mas “é uma intuição inspirada revelada por Deus a seu povo”.4 Sem esta revelação especial, Israel teria seguido o caminho de todas as nações antigas. Não haveria uma Escritura Sagrada com sua apresentação distintiva do Deus supremo e soberano.

Única nas predições proféticas

As predições proféticas constituem outra evidência da unicidade da Bíblia. Outras nações tiveram seus profetas, mas nunca fizeram predições que alcançassem centenas de anos no futuro e fossem cumpridas. Por exemplo: a profecia de Daniel 2, descrevendo a marcha da história a partir de Babilônia, passando pela Medo-Pérsia, Grécia, Roma, e o estabelecimento do reino de Deus, é sem paralelo em qualquer literatura. Tal profecia jaz além da sabedoria ou presciência humana. Com efeito, o próprio Daniel reconheceu a fonte divina daquela profecia ao explicá-la ao rei Nabucodonosor: “Há um Deus nos céus, o qual revela os segredos; Ele pois fez saber... o que há de ser no fim dos dias” (Daniel 2:28).

Essa profecia é tomada seriamente nas Sagradas Escrituras como indicando a natureza do Deus verdadeiro, como se vê no desafio que Jeová lança: “Anunciai-nos as coisas que ainda hão de vir, para que saibamos que sois deuses” (Isaías 41:23). Somente o Deus verdadeiro pode revelar o futuro, e somente na Bíblia achamos profecias que se cumpriram literalmente ao longo dos séculos. Isso provê evidência poderosa de que a Bíblia é de modo único a Palavra de Deus.

Os críticos, naturalmente, têm descontado o caráter distintivo das revelações proféticas pretendendo que não são mais do que história escrita depois dos fatos. Para fundamentar essa pretensão, eles com frequência têm de torcer brutalmente as evidências. Por exemplo, pretendem que as profecias de Daniel, incluindo o capítulo 2, foram escritas no segundo século a.C. por um autor desconhecido e não pelo profeta Daniel no sexto século a.C. Nem mesmo isso, contudo, explicaria como esse escritor desconhecido poderia prever que o quarto império, Roma, seria o mais poderoso dos quatro impérios e que seria seguido por uma situação política dividida que duraria 1.500 anos. Assim, contra a clara evidência da história e a evidência interna do livro de Daniel, o quarto império é dito referir-se a Grécia e não a Roma, fazendo a profecia de Daniel 2 (e outras profecias no livro) referir-se a acontecimentos já ocorridos ou que estavam expirando no tempo em que o livro foi escrito. Mas a evidência arqueológica, histórica e linguística fortemente favorece uma data no sexto século a.C. para o livro de Daniel.5 Isso nos leva à conclusão de que a incomparável predição de Daniel 2 ainda testifica do fato de que Deus é seu verdadeiro autor.

Única em seu foco redentor

As profecias da Bíblia nunca visavam a gratificar a curiosidade humana. Foram dadas para revelar o verdadeiro caráter e propósito de Deus de salvar a humanidade do pecado. Esse plano divino para a redenção da raça humana foi desdobrado progressivamente através de centenas de anos — primeiro em antecipação através de revelações dadas aos patriarcas e profetas, e depois de modo completo na encarnação do Filho de Deus. Mais do que qualquer outra coisa, é este foco redentivo que caracteriza o caráter único da Bíblia — tanto do Velho como do Novo Testamento — como a Palavra de Deus. Desde a primeira promessa de redenção em Gênesis 3:15 até à garantia final da graça de Jesus Cristo em Apocalipse 22:21, a Bíblia constitui uma revelação única e coerente de Deus em busca dos seres humanos perdidos.

As promessas do Velho Testamento sobre um Redentor e seu cumprimento na encarnação, vida, morte, ressurreição e exaltação de Jesus de Nazaré conforme o relato no Novo Testamento, provêm evidência suprema de que estes escritos são realmente divinos. Paulo com razão exaltou o caráter redentor único da Palavra de Deus. “Toda a Escritura, divinamente inspirada, é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda boa obra” (II Timóteo 3:16, 17).

Jesus mesmo frequentemente apelou ao Velho Testamento para mostrar que Seu ministério, morte e ressurreição cumpriram aquelas promessas e profecias. Mas muitos dos guias judaicos rejeitaram as pretensões de Jesus e Sua interpretação das Escrituras. Ele disse àqueles guias em termos inequívocos: “Examinais as Escrituras porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de Mim testificam; e não quereis vir a Mim para terdes vida... Não cuideis que eu vos hei de acusar para com o Pai. Há um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais. Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em Mim; porque de Mim escreveu ele. Mas, se não credes em seus escritos, como crereis em Minhas palavras”? (João 5:39, 40, 45-47). Não são essas palavras aplicáveis a muitos eruditos cristãos, que embora pretendam observar uma exegese científica rigorosa da Bíblia, anulam o sentido óbvio das profecias no Velho Testamento e frequentemente atribuem sua interpretação e aplicação no Novo Testamento à compreensão preconcebida e mal informada da igreja primitiva?

Se cremos que Cristo é quem Ele pretende ser — “Eu sou o caminho, a verdade, e a vida” (João 14:6) — então deveríamos, como Ele, aceitar as Escrituras como “a palavra de Deus” (Marcos 7:13), como Escritura Sagrada “que não pode ser anulada” (João 10:35). Não há evidência de que Jesus tenha apelado a quaisquer outros escritos como Escrituras. Em Seu conflito com a tentação de Satanás no deserto, as Escrituras foram Sua única arma. Disse Ele: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mateus 4:4).

Única para mim

Cresci num lar sem religião. Não tínhamos oração, nenhuma leitura da Bíblia, nenhum culto a Deus. Aos 19 anos saí de casa para estudar Direito na Universidade de Groningen na Holanda, minha terra natal. Não compreendia o propósito de minha existência e estava sinceramente procurando um sentido na vida. Pela leitura da Bíblia cheguei a crer que ela continha as respostas para minha busca. Aceitei a Jesus Cristo como meu Salvador e Senhor. Para mim, a Bíblia tornou-se um livro muito precioso, e eu a aceitei de coração como a única Palavra de Deus. Desisti de estudar Direito, preparei-me para o ministério, trabalhei durante 10 anos como pastor e missionário, e então dediquei-me a estudos teológicos avançados.

No seminário teológico, deparei-me com milhares de questões críticas sobre a Bíblia. Escreveu Moisés realmente os livros que lhe são atribuídos? Foi Davi o autor de todos os salmos que levam seu nome? Foi o Livro de Isaías escrito por três ou mais pessoas desconhecidas, em lugar do próprio Isaías? Eram as narrativas no livro de Gênesis mitos e não fatos históricos? Eram os quatro evangelhos eivados de contradições e erros de fato? Minha confiança na Bíblia como revelação divina estava na balança. Comecei a duvidar se a Bíblia era realmente o que eu cria ser quando me converti, 14 anos antes. Reconheci que se eu perdesse a confiança na Bíblia, mais cedo ou mais tarde perderia a fé em Cristo, pois era pelas Escrituras que Ele Se revelava a mim e me falava continuamente.

Depois de muita oração e estudo, resolvi que me apegaria a Cristo e à Sua Palavra, embora não pudesse responder naquele momento a todas as questões críticas. Agora, quase 30 anos mais tarde, anos cheios de estudo e oração, muitas questões foram respondidas; outras permanecem sem resposta. Confio, entretanto, em que Deus um dia me dará as respostas, ou nesta vida ou no mundo vindouro. Mas através dos anos, estudando tanta evidência quanto possível e através de minha relação pessoal com um Salvador amante e compassivo, estou mais do que nunca convencido de que a Bíblia é realmente a Palavra de Deus. Nenhum outro livro merece este título.

Peter van Bemmelen (Th.D., Andrews University) é professor de Teologia no Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia. Seu endereço: Andrews University; Berrien Springs, Michigan 49104; E.U.A.

Notas e referências

1.   Note, por exemplo, o que Ellen White escreveu em 1876, numa época em que a alta crítica tentava minar a veracidade histórica da Bíblia: “As vidas relatadas na Bíblia são histórias autênticas de indivíduos reais. Desde Adão, através das gerações sucessivas até ao tempo dos apóstolos, temos um relato claro, não retocado daquilo que realmente ocorreu e a experiência genuína de indivíduos reais” (Testimonies for the Church [Mountain View, Calif.:Pacific Press Publ. Assn., 1948]. vol. 4, pág. 9).

2.   Ver Kenneth A. Kitchen, Ancient Orient and Old Testament (Downers Grove, Ill.: Intervarsity Press, 1966).

3.   Donald J. Wiseman, “Archaeology and Scripture”, Westminster Theological Journal 33 (1970-1971}: 151, 152.

4.   Ronald Youngblood, “Monotheism”, Evangelical Dictionary of Theology, Walter A. Elwel, ed. (Grand Rapids, Mich.: Baker Book House, 1984), pág. 731.

5.   Ver Frank B. Holbrook, ed., Symposium on Daniel: Introductory and Exegetical Studies (Washington, D.C.: Biblical Research Institute, General Conference of Seventh-day Adventists, 1986).


segunda-feira, 23 de março de 2015

SÁBADO - UM DIA PARA LEMBRAR



Ricardo André

No fim da semana da criação, quando o mundo e seu reino animal, bem como seus dois habitantes humanos tinham saído com absoluta perfeição da mão do Criador, Deus estabeleceu o sábado (Gn 2:1-3). A observância do sábado não era desconhecida antes da entrega da lei no Sinai, como supõem muitos cristãos. Êxodo 16:4, 5 e 13-31 descreve a guarda de um sábado no deserto, antes da experiência do Sinai. O dia da semana foi assinalado especificamente, e a maneira como deveria ser guardado foi definida claramente. “Por meio do milagre do maná, lhes ensinou em termos concretos quão importante era à Sua vista o descanso no sétimo dia” (Nisto Cremos, p. 333). “Adão e Eva, em sua criação, tinham o conhecimento da lei de Deus. Ela fora impressa em seus corações, e compreendiam o que ela exigia deles” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 1, p. 1216). Portanto o sábado já era conhecido, guardado e muito apreciado no Éden. O casamento e o sábado são instituições que existem desde a Criação.

O quarto mandamento da lei declara: "Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo. Trabalharás seis dias e neles farás todos os teus trabalhos, mas o sétimo dia é o sábado dedicado ao Senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teus filhos ou filhas, nem teus servos ou servas, nem teus animais, nem os estrangeiros que morarem em tuas cidades. Pois em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles existe, mas no sétimo dia descansou. Portanto, o Senhor abençoou o sétimo dia e o santificou” (Êxodo 20:8-11, NVI).

De acordo com o mandamento, o sábado é um monumento no tempo e eterno da obra de Deus como Criador e Salvador da humanidade. Como símbolo mais importante de nossas origens, o sábado ajuda a dizer quem somos, por que estamos aqui, e aonde estamos indo. O senhor quer lembrar-nos, cada semana, que estamos aqui não por acaso, mas porque Ele nos criou. Assim o sábado, a cada semana, nos lembra de quem somos realmente. Um dia para ser focado em quem você realmente é, alguém feito à imagem de Deus, para ser Sua alma gêmea.

O sábado é esse lembrete semanal. Se o guardarmos da maneira como Ele quer, nunca estaremos em perigo de esquecermos nossas raízes. Tão importante é essa mensagem que somos solicitados a dedicar um sétimo de nossa vida a lembrar-nos disso. A discussão sobre o sábado não trata de um dia; trata de sermos lembrados – cada semana! – da verdade mais fundamental e mais básica de nossa existência – somos seres criados por Deus com um propósito.

O sábado não é uma instituição privativa dos judeus. Considerando que o sábado é um memorial da criação, e visto que todos os seres humanos, qualquer que seja sua nacionalidade, existem como resultado dessa Criação, por que o Senhor iria limitar esse memorial para um só povo? Se fosse possível achar um grupo cuja origem não viesse do Éden, talvez esses não precisassem guardar o sábado. Mas, como não existe um grupo assim, é lógico que o sábado é para todos aqueles que Deus criou. O filósofo judeu Martin Buber escreveu que, tendo “suas raízes na origem do próprio mundo”, o sábado “é propiedade comum de todos, e todos devem desfrutá-lo sem restrições”.

Isaías 56:1-7 nos mostra que um relacionamento de salvação com o Senhor não estava limitado só aos judeus. A salvação é aberta a todos os que “se chegam ao Senhor”. Isaías mostra que a justiça, a salvação e a vida eterna também eram destinadas aos gentios. E, se a salvação é para todos,  o sábado também é para todos.

Sábado é prazer

Na sexta-feira da semana da Criação, Deus fez Adão. Ele despertou, olhou ao seu redor e percebeu que estava sozinho. Então Deus criou Eva e lhes deu o dom que chamamos de sexualidade, que envolve mais do que o ato físico, sobretudo, o apoio mútuo e o amor entre o casal.

Mas eis aqui o problema: todo mundo gosta de sexo. Mas Deus deu-lhes mais um presente naquela sexta-feira à tarde. O sábado! Por que todo mundo fala sobre um dos presentes e não do outro? O sexo foi designado para o prazer e para a família, assim como o sábado! Isaías 58:13 chama o sábado de deleitoso! As pessoas me perguntam: “Temos ainda de guardar o sábado? O sábado ainda é obrigatório para os cristãos?” Que tipo de perguntas são essas? Ninguém pergunta aos pastores: “Ainda podemos ter sexo? O sexo é obrigatório?” O sábado é considerado como uma incrível dádiva, a melhor que Deus poderia conceder para nosso benefício e prazer.

Jesus disse à mulher samaritana: “Quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede” (João 4:13, 14). Aquela mulher havia tido cinco maridos e não estava satisfeita; continuava à procura da felicidade. E Jesus lhe disse que deveria encontrar satisfação somente tendo relacionamento com Ele. Eis por que guardamos o sábado. Deus deu o sábado a Adão e Eva como um dia em que pudesse manter mais íntima comunhão com Ele. Esse nível mais elevado de companheirismo era o supremo objetivo da criação da humanidade. Não fomos criados para ter meramente amizade somente com animais e seres humanos, mas para manter comunhão com Deus, o Pai Eterno de todos nós.

Sim, Ele o tornou um mandamento. Mas também era um presente – um dia para desfrutar e ser lembrado pelas gerações futuras. “O sábado foi feito por causa do homem” (Marcos 2:27). Ele já era um dom centenas de anos antes de se tornar mandamento.

Um dia para estar com Cristo

Apocalipse 3:20 diz que Cristo está batendo à porta, esperando que a abramos e permitamos que Ele entre. O sábado é, afinal, uma abertura para o nosso relacionamento com Deus. Se você estiver entediado com o sábado, isso é um claro sinal de que está enfadado de Deus. Se o sábado não for um prazer, provavelmente é porque o deleite não faz parte de sua concepção de Deus. “Tenho-vos chamado amigos”, disse Jesus (João 15:15). A essência da amizade é o prazer.

É claro que o sábado tem seu prazer intrínseco, mesmo sem Cristo. Não trabalhar é muito bom! Sair com a família e os amigos é agradável. Os jantares de sábado podem ser muito aprazíveis! Mas o propósito do sábado é a amizade com Cristo!

O sábado é apenas uma parte do ser cristão, um seguidor de Cristo – para viver como Ele, amar como Ele e servir como Ele. Isso é o que deveríamos fazer todos os dias e muito mais no sábado. É o dia de Cristo. É um “templo no tempo,” como Abraham Joshua Heschel notou. Jesus o fez. É um dia para estar com Ele e torná-Lo conhecido. Ele guardou o sábado e assim também devemos fazer (Lc 4:16, 31).

Um gosto de Céu

Há mais de 30 anos que guardo o sábado porque ele me traz um gostinho do Céu. O sábado é o memorial da Criação: “Porque, em seis dias, fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou” (Êxodo 20:11). O Céu oferecerá tudo do modo como era na Criação. O sábado aponta para o futuro, tanto quanto ou mais que para o passado.

Desfrutar aqui a alegria do sábado de Cristo é, na realidade, um antegozo se sua celebração com Ele no povir. No Céu estaremos com Deus o tempo todo. Não trabalharemos aos sábados e estaremos livres para estar com Deus em tempo integral. Ali adoraremos a Deus. Por isso vamos à igreja aos sábados para adorar a Deus. Caminhamos pela natureza, descansamos, comemos com nossa família e amigos, porque essas são as coisas que faremos no Céu. Ali o tempo passará lentamente porque nós o teremos em abundância. E assim, no sábado, reduzimos a velocidade de tudo, em protesto contra a loucura de nossa vida diária. “O sábado rompe com a frenética rotina da vida, permitindo que o ser humano disponha de tempo para a comunhão com Deus, o convívio com a família e os amigos, bem como para ajudar os necessitados” (Alberto R. Timm, O Sábado na Bíblia – Por que Deus faz questão de um dia, p.108).

Isso significa que se você de fato quer ter uma regra definitiva para o que pode fazer no sábado, aqui está: se é certo fazê-lo no Céu, também é próprio fazê-lo no sábado. Daí se conclui que o sábado tem gosto de Céu.

Mas isso realmente importa?

Qual o dia que realmente importa? Vamos ver se esta ilustração ajuda:

Bandeira – você pode pegar alguns retalhos e limpar seus móveis ou esfregar o carro com eles. Mas no momento em que você os costura para fazer a bandeira de seu país, algo acontece. Agora você não pode polir seus sapatos com eles. Eles se tornaram “sagrados”. Pessoas morreram por essa bandeira.

Assim diz Deus: “Trabalhe nos outros seis dias, mas o sétimo dia é o dia de descanso do Senhor seu Deus.” (Êxodo 20:11–BV). Deus o tornou um dia santo, sagrado. Isso representa alguma coisa, semelhantemente ao que a bandeira significa. Ela faz uma declaração de quem você é e de suas lealdades supremas.


Você está pronto para tomar uma posição?

Em Daniel, capítulo 6, lemos que o rei fez uma lei obrigando todos a dirigirem orações somente a ele. Muitas pessoas foram correndo para ver se Daniel mudaria seu modo de adoração. Cremos que algum dia alguém fará outra lei e todos observarão se você ou eu mudaremos nosso dia de adoração.

Mesmo Deus estava no céu observando o que Daniel faria: iria ele orar dentro do armário ou abriria as janelas e oraria do mesmo modo que sempre fizera? Deus observou como Daniel subiu os degraus, e foi até o topo, passou pelo armário e abriu as janelas. E Deus disse: “Sim!” Daniel recusou-se a mudar seu modo de adoração. Algum dia Deus estará observando para ver se iremos recusar mudar nosso dia de adoração.

Caro amigo leitor, você está disposto a ser como Daniel e decidir que Deus é digno de irmos diretamente para a janela, e escancará-la adorando-O no sábado legítimo, sem qualquer vergonha, orgulhosos de tomar uma posição ao lado de Deus?






quarta-feira, 18 de março de 2015

OFERECER FLORES HOJE AOS NOSSOS QUERIDOS, ANTES QUE SEJA TARDE



Ricardo André

Você certamente já ouviu este ditado: “Não deixe para amanhã o que se pode fazer hoje”. Pois bem, entre as coisas que não devemos deixar para depois, estão as palavras bondosas e todas as ações que tornarão nosso semelhante mais feliz. As Sagradas Escrituras nos exortam: “Assim falara o Senhor dos Exécitos: Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e misericórdia cada um a seu irmão” (Zacarias 7:9).

Li certa vez uma linda poesia que falou profundamente ao meu coração, cujo título era: Agora.

Se queres dar-me uma flor,
Faze-o antes que eu morra.

Se podes hoje fazer o milagre
De pôr um sorriso no rosto que chora,
Não coloques flores sobre tumbas:
Se queres dar-me uma flor, faze-o agora

Se conheces o eterno caminho
Que leva ao templo onde a alegria mora,
Não guardes, egoísta, o teu segredo:
Se podes dar-me uma flor, faze-o agora.

Se podes dar-me uma frase linda,
Ao que faça a tristeza ir embora,
Dize-o enquanto posso agradecer sorrindo.
Se podes dar-me dar-me uma flor, faze-o agora.

O que farei das orações, das flores,
Quando no mundo eu já não mais for?

Não esperes o instante da partida.
Se queres me fazer feliz, faze-me agora.
Para que chorar de remorso e saudade?
Custa tão pouco a felicidade:
Dá-me uma flor, antes que eu vá embora.”
(Mirthes Matias)

Realmente, por que mandar flores aos funerais e honrar os que já partiram, se não os fizemos enquanto estavam entre nós? Por que pronunciar palavras bondosas e exprimir gratidão pela maravilhosa influência de seus atos, depois de desaparecidos? Melhor seria apresentar agora nossas flores aos queridos, para que fruíssem seu perfume e beleza. A Bíblia relata que Maria Madalena levou seu precioso vaso de alabastro a Jesus, para ungi-Lo, antes de sua morte. E Ele a elogiou por este ato. O Salvador apreciou seu gesto de consideração e bondade. Ele disse: “Em verdade vos digo que, onde quer que este evangelho for pregado, em todo o mundo, também será dito o que ela fez, para memória sua” (Mt 26:13).

Maria legou-nos lindo exemplo! Por que não falar hoje a palavra bondosa? Por que não dizer a outros quanto os apreciamos? Muitos lutam contra tentações e carecem de uma palavra de animação. Outros se sentem solitários e abandonados. Uma palavra de encorajamento de afirmação ergueria o espírito abatido e os animariam na jornada para o Céu.

Remorso é uma das palavras mais tristes de nossa língua. Quantos desejariam poder dizer a um ente querido que lhe foi arrebatado pela morte, quanto o amavam – mais é tarde!

É desconhecido o autor do texto que segue, mas essas palavras merecem ser decoradas: “Passarei por este mundo apenas uma vez. Portanto, qualquer bem que possa fazer, ou qualquer gesto de bondade que possa mostrar a qualquer ser humano, que o faça agora. Não o protele eu nem o negligencie, pois não passarei outra vez por este caminho.”

A escritora cristã Ellen G. White escreveu: Nossa vida deve ser consagrada ao bem e à felicidade dos outro, como foi a de nosso Salvador. Devemos esquecer-nos a nós mesmos, sempre à espreita de oportunidades – mesmo em coisas pequenas – para mostrar gratidão pelos favores recebidos de outros, e estar atentos para observar oportunidades para animar outros, confortando-os em suas tristezas e aliviando-lhes as cargas por mostras de terna bondade e pequenos atos de amor. Essas atenciosas cortesias, que iniciando-se em nossa família estendem-se até fora do círculo familiar, ajudam a tornar a soma da vida feliz; e a negligência desses pequeninos atos perfaz a soma das tristezas e amarguras da vida” (Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, p. 539, 540).

Querido amigo leitor, se você pode espalhar com fartura o amor que Deus lhe concedeu. Não espere para depois, faça-o agora!