Por
Dr Jonathan Wells
Jerry A. Coyne é
professor no Departamento de Ecologia e Evolução na Universidade de Chicago. Em
seu livro Why Evolution is True [Por que a Evolução é Verdadeira], ele resume
assim o darwinismo – a teoria moderna da evolução: “A vida na Terra evoluiu gradualmente
com uma espécie primitiva – talvez uma molécula autorreplicante – que viveu há
mais de 3,5 bilhões de anos; e depois se ramificou ao longo do tempo, lançando
muitas e novas espécies diversas; e o mecanismo para a maior parte da (mas não
toda) mudança evolucionária é a seleção natural.”[1]
Coyne explica mais
adiante que a evolução “simplesmente significa que uma espécie sofre mudança
genética ao longo do tempo. Isto é, ao longo de muitas gerações, uma espécie
pode evoluir em algo bem diferente, e essas diferenças são baseadas em mudanças
no DNA, que se originam como mutações. As espécies de animais e plantas vivendo
hoje não estavam por aqui no passado, mas descendem daquelas que viveram muito
antes”.[2]
Segundo Coyne, contudo,
“se a evolução significasse somente mudança genética gradual dentro de uma
espécie, hoje nós teríamos somente uma espécie – um único descendente altamente
evoluído da primeira espécie. Mas temos muitas espécies… Como que essa
diversidade surgiu de uma forma ancestral?” Ela surge por causa da “divisão,
ou, mais exatamente, da especiação”, que “simplesmente significa a evolução de
grupos diferentes que não podem cruzar entre si”.[3]
Se a teoria darwinista
fosse verdadeira, “nós deveríamos ser capazes de encontrar alguns casos de
especiação no registro fóssil, com uma linhagem de descendência se dividindo em
duas ou mais. E nós deveríamos ser capazes de encontrar novas espécies se
formando na natureza”. Além disso, “deveríamos ser capazes de encontrar
exemplos de espécies que se conectariam com os principais grupos suspeitos de
terem uma ancestralidade comum, como as aves com os répteis, e os peixes com os
anfíbios”. Finalmente, existem fatos que “fazem sentido somente à luz da teoria
da evolução”, mas não fazem sentido à luz da criação ou do design. Isso inclui
“os padrões de distribuição das espécies sobre a superfície da Terra, as
peculiaridades de como os organismos se desenvolvem de embriões, e a existência
de características vestigiais que não são de nenhum uso aparente”. Coyne
conclui sua introdução com a afirmação ousada de que “toda a evidência – tanto
velha quanto nova – resulta inelutavelmente na conclusão de que a evolução é
verdadeira”.[4]
Claro, a “evolução” é
inegavelmente verdadeira se ela simplesmente significar que as espécies
existentes podem mudar de modos pequenos ao longo do tempo, ou que muitas
espécies vivendo hoje não existiram no passado. Mas a asserção de Darwin de que
todas as espécies são descendentes modificados de um ancestral comum, e a
asserção de Coyne de que as mutações do DNA e a seleção natural produziram
essas modificações, não são assim tão inegavelmente verdadeiras. Coyne devota o
resto do seu livro a fornecer evidências para elas.
Fósseis
Coyne se volta primeiro
para o registro fóssil. “Devemos ser capazes”, ele escreveu, “de encontrar
alguma evidência para a mudança evolucionária no registro fóssil. As camadas
rochosas mais profundas (e mais antigas) conteriam os fósseis de espécies mais
primitivas, e alguns fósseis deveriam se tornar mais complexos à medida que as
camadas rochosas se tornam mais jovens, com os organismos parecendo as atuais
espécies encontradas nas camadas mais recentes. E nós devemos ser capazes de
ver algumas espécies mudando ao longo do tempo, formando linhagens de ‘descendência
com modificação’ (adaptação).” Em particular, “as espécies posteriores devem
ter traços que as tornam parecidas com os descendentes de espécies mais
antigas”.[5]
Em seu livro A Origem
das espécies, Charles Darwin reconheceu que o registro fóssil apresentava
dificuldades para sua teoria. “Pela teoria da seleção natural”, ele escreveu,
“todas as espécies vivas foram conectadas com as espécies progenitoras de cada
gênero, por diferenças não maiores do que as que nós vemos entre as variedades
naturais e domésticas das mesmas espécies no presente dia.” Assim, no passado,
“o número de elos intermediários e transicionais, entre todas as espécies vivas
e extintas, deve ser inconcebivelmente grande”. Mas Darwin sabia que os
principais grupos de animais – que os biólogos modernos chamam de “filo” –
apareceram plenamente formados no que eram na ocasião as mais antigas rochas
fossilíferas conhecidas, depositados durante um período geológico conhecido
como o Cambriano. Ele considerava isso uma dificuldade “séria” para sua teoria,
pois “se a teoria for verdadeira, é incontestável que antes de o estrato
inferior do Cambriano ser depositado decorreram longos períodos… e que durante
esses vastos períodos o mundo foi enxameado com criaturas vivas”. E quanto “à
pergunta de por que não achamos ricos depósitos fossilíferos pertencentes a
esses períodos tidos como mais antigos anteriores ao sistema Cambriano, eu não
posso dar nenhuma resposta satisfatória”. Desse modo, “o caso no presente
momento deve permanecer inexplicável; e pode ser verdadeiramente levantado como
um argumento válido contra os pontos de vista aqui considerados”.[6]
Darwin defendeu sua
teoria citando a imperfeição do registro geológico. Em particular, ele
argumentou que os fósseis pré-cambrianos teriam sido destruídos pelo calor,
pressão e erosão. Alguns dos seguidores modernos de Darwin têm argumentado
dessa maneira que os fósseis pré-cambrianos existiram, mas foram destruídos
mais tarde, ou que os organismos pré-cambrianos eram pequenos demais ou moles demais
para serem fossilizados em primeiro lugar. Todavia, desde 1859, os
paleontólogos têm descoberto muitos fósseis pré-cambrianos, muitos deles
microscópicos ou de corpo mole. Como o paleontólogo Americano William Schopf
escreveu em 1994, “a noção há muito tempo defendida de que os organismos
pré-cambrianos deveriam ter sido pequenos demais ou delicados demais para terem
sidos preservados em materiais geológicos… [é] agora reconhecida como
incorreta”. Se isso significar alguma coisa, o surgimento abrupto dos
principais filos de animais há cerca de 540 milhões de anos – que os biólogos
modernos chamam de “Explosão Cambriana” ou o “Big Bang da biologia” – é muito
mais bem documentado agora do que no tempo de Darwin. De acordo com o
paleontólogo de Berkeley, James Valentine, e seus colegas, a “explosão é real,
ela é grande demais para ser mascarada por falhas no registro fóssil”. Na
verdade, quanto mais fósseis são descobertos, se torna claro que a explosão
cambriana foi “ainda mais abrupta e extensiva do que antes imaginado”.[7]
E o que o livro de
Coyne tem a dizer sobre isso?
“Cerca de 600 milhões
de anos atrás”, Coyne escreveu, “toda uma gama de organismos relativamente
simples, mas multicelulares, surgiu, inclusive minhocas, medusas e esponjas.
Esses grupos se diversificaram ao longo dos milhões de anos seguintes, com as
plantas terrestres e os tetrápodes (animais de quatro patas, os mais antigos
deles foram os peixes com nadadeiras lobadas) surgindo cerca de 400 milhões de
anos atrás.”[8]
Em outras palavras, o
relato de Coyne da história evolucionária salta de 600 para 400 milhões de anos
atrás, sem mencionar a explosão cambriana de 540 milhões de anos. Nesse
sentido, o livro de Coyne é como um livro-texto moderno de Biologia que foi
escrito para doutrinar os estudantes na evolução darwinista, em lugar de lhes
fornecer os fatos.
Coyne prossegue
discutindo diversas formas “transicionais”. “Um de nossos melhores exemplos de
uma transição evolucionária”, ele escreveu, é o registro fóssil das baleias,
“pois temos uma série de fósseis cronologicamente ordenada, talvez uma linhagem
de ancestrais e descendentes, mostrando seu movimento da terra para a água.”[9]
“A sequência começa”,
Coyne escreveu, “com um fóssil recentemente descoberto de um parente próximo
das baleias, um animal do tamanho de um guaxinim chamado Indohyus. Vivendo há
48 milhões de anos, o Indohyus foi… provavelmente muito próximo do que parecia
o ancestral da baleia.” No parágrafo seguinte, Coyne escreveu: “O Indohyus não
foi o ancestral da baleia, mas quase com certeza foi seu primo. Mas se
recuarmos mais quatro milhões de anos, para 52 milhões de anos atrás, vemos o
que pode muito bem ser aquele ancestral. É um crânio fóssil de uma criatura do
tamanho de um lobo chamada Pakicetus, que se parece muito mais com uma baleia
do que o Indohyus.” Na página que separa esses dois parágrafos, há uma figura
intitulada “Formas transicionais na evolução das baleias modernas”, que mostra
o Indohyus como o primeiro da série e o Pakicetus como o segundo.[10]
Mas o Pakicetus – como
Coyne acabou de nos dizer – é quatro milhões de anos mais velho do que o
Indohyus. Para um darwinista, isso não importa: Pakicetus é “muito mais
parecido com uma baleia” do que o Indohyus, por isso deve ficar entre o
Indohyus e as baleias modernas, apesar da evidência fóssil.
(Coyne usa o mesmo
truque com os fosseis que, supostamente, são ancestrais das aves modernas. O
Archaeopteryx, o ícone dos livros didáticos, com suas asas com penas como uma
ave moderna, mas dentes e cauda como os de um réptil, é datado em 145 milhões
de anos. Mas o que Coyne chama de “fósseis de dinossauros não voadores com
penas” – que deveriam ter vindo antes do Archaeopteryx – são milhões de anos
mais novos. Como os cientistas darwinistas Kevin Padian e Luis Chiappe oneze
anos antes, Coyne simplesmente reorganiza a evidência para encaixar a teoria
darwinista.)[11]
Chega da predição de
Coyne que “as espécies posteriores deveriam ter características que as fizessem
parecer com os descendentes de espécies anteriores”. E chega também com o seu
argumento de que “se a evolução não fosse verdadeira, os fósseis não ocorreriam
numa ordem que faz sentido em termos evolucionários”. Ignorando os fatos que
ele mesmo acabou de apresentar, Coyne conclui descaradamente: “Quando
encontramos as formas transicionais, elas ocorrem no registro fóssil exatamente
onde deveriam ocorrer.” Se o livro de Coyne fosse feito filme, essa cena
deveria mostrar a frase de Chico Marx: “Em quem você vai acreditar, em mim ou
nos seus próprios olhos?”[12]
Há outro problema com a
série de fósseis de baleia (e com todas as demais séries de fósseis) que Coyne
deixou de abordar: nenhuma espécie na série poderia, possivelmente, ser o
ancestral de qualquer outra, porque todas elas possuem características que elas
primeiro teriam que perder antes de evoluir numa forma subsequente. É por isso
que a literatura científica, tipicamente, mostra cada espécie ramificando de
uma suposta linhagem.
Na figura abaixo, todas
as linhagens são hipotéticas. O diagrama à esquerda é uma representação da
teoria evolucionária: a espécie A é ancestral de B, que é ancestral de C, que é
ancestral de D, que é ancestral de E. Mas o diagrama à direita é uma
representação melhor da evidência: as espécies A, B, C e D não estão na linhagem
real que resulta na espécie E, que permanece desconhecida.
Acontece que nenhuma série de fósseis pode
fornecer evidência para a descendência darwinista com modificação. Até mesmo no
caso de espécies vivas, os restos enterrados não podem, geralmente, ser usados
para estabelecer relações de ancestrais-descendentes. Imagine encontrar dois
esqueletos humanos na mesma cova, um trinta anos mais velho do que o outro. O
indivíduo mais velho era pai do mais novo? Sem registros genealógicos escritos
e marcas de identificação (ou em alguns casos o DNA), é impossível responder à
questão. E nesse caso estaríamos lidando com dois esqueletos da mesma espécie
que estão distantes apenas uma geração e na mesma localidade. Com fósseis de
espécies diferentes que agora estão extintas, e bem separadas no tempo e no
espaço, não há como se estabelecer que um é o ancestral do outro – não importa
quantos fósseis transicionais encontremos.
Em 1978, Gareth Nelson,
do Museu Americano de História Natural, escreveu: “A ideia que alguém possa ir
ao registro fóssil e esperar recuperar empiricamente uma sequência
ancestral-descendente, seja de espécies, gênero, famílias, ou seja o que for,
tem sido, e continua sendo, uma ilusão perniciosa.”[13] Henry Gee, escritor de
ciência da Nature, escreveu em 1999 que “nenhum fóssil é enterrado com sua
certidão de nascimento”. Quando chamamos novas descobertas de fósseis de “elos
perdidos”, é como “se a corrente de ancestralidade e descendência fosse um
objeto real para nossa contemplação, e não o que realmente é: uma invenção
completamente humana criada após o fato, modelada da acordo com os preconceitos
humanos”. Gee concluiu: “Pegar uma série de fósseis e afirmar que ela
representa uma linhagem não é uma hipótese científica que possa ser testada,
mas uma afirmativa que carrega a mesma validade de uma história para dormir –
entretém, talvez até seja instrutiva, mas não é científica.”[14]
(Dr. Jonathan Wells, Discovery Institute, 18/5/2009.
Notas:
1. Jerry A. Coyne, Why Evolution Is True (New York:
Viking, 2009), p. 3.
2. Coyne, Why Evolution Is True, p. 3, 4.
3. Coyne, Why Evolution Is True, p. 5, 6.
4. Coyne, Why Evolution Is True, p. 18, 19.
5. Coyne, Why Evolution Is True, p. 17-18, 25.
6. Charles Darwin, The Origin of Species, Sixth
Edition (London: John Murray, 1872), Capítulo X, p. 266, 285-288. Disponível
online (2009) aqui.
7. J. William Schopf, “The early evolution of life:
solution to Darwin’s dilemma”, Trends in Ecology and Evolution 9 (1994):
375-377. James W. Valentine, Stanley M. Awramik, Philip W. Signor & M.
Sadler, “The Biological Explosion at the Precambrian-Cambrian Boundary”,
Evolutionary Biology 25 (1991): 279-356. James W. Valentine e Douglas H. Erwin,
“Interpreting Great Developmental Experiments: The Fossil Record”, p. 71-107,
in Rudolf A. Raff & Elizabeth C. Raff (editores), Development as an
Evolutionary Process (New York: Alan R. Liss, 1987). Jeffrey S. Levinton, “The
Big Bang of Animal Evolution”, Scientific American 267 (novembro 1992): 84-91.
“The Scientific Controversy Over the Cambrian Explosion”, Discovery Institute;
disponível online (2009) aqui. Jonathan Wells, Icons of Evolution (Washington,
DC: Regnery Publishing, 2002), Capítulo 3; mais informação disponível online
(2009) aqui. Stephen C. Meyer, “The Cambrian Explosion: Biology’s Big Bang”, p.
323-402, in John Angus Campbell & Stephen C. Meyer (editores), Darwinism,
Design, and Public Education (East Lansing, MI: Michigan State University
Press, 2003).
8. Coyne, Why Evolution Is True, p. 28.
9. Coyne, Why Evolution Is True, p. 48.
10. Coyne, Why Evolution Is True, p. 49-51.
11. Kevin Padian e Luis M. Chiappe, “The origin and
early evolution of birds”, Biological Reviews 73 (1998): 1-42; disponível
online (2009) aqui. Wells, Icons of Evolution, p. 119-122.
12. Coyne, Why Evolution Is True, p. 25, 53. Chico
Marx in “Duck Soup” (Paramount Pictures, 1933); essa e outras citações do
irmãos Marx Brothers estão disponíveis online (2009) aqui.
13. Gareth Nelson, “Presentation to the American
Museum of Natural History (1969)”, in David M. Williams & Malte C. Ebach,
“The reform of palaeontology and the rise of biogeography – 25 years after
“Ontogeny, phylogeny, palaeontology and the biogenetic law” (Nelson, 1978)”,
Journal of Biogeography 31 (2004): 685-712.
14. Henry Gee, In Search of Deep Time (New York: Free
Press, 1999), p. 5, 32, 113-117. Jonathan Wells, The Politically Incorrect
Guide to Darwinism and Intelligent Design (Washington, DC: Regnery Publishing,
2006).
FONTE: Desafiando a Nomenklatura Científica
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