Por
Pr. Pedro Apolínário
Os que acreditam no
purgatório assim o definem: lugar onde as almas dos justos são purificadas
através de padecimentos. As almas que lá se encontram são chamadas de “pobres”
por estarem padecendo; de outro lado são também denominadas “santas”, porque se
arrependeram profundamente de seus pecados.
Seus defensores assim o
justificam:
Após a morte os que
cometeram pecado mortal irão para o inferno. Aqueles que estiverem na graça de
Deus e livres de pecados venais ou mortais irão diretamente para o paraíso. As
pessoas cujas faltas não foram expiadas cabalmente, permanecerão no purgatório
até estarem em condições de irem para o céu.
Segundo os teólogos
católicos as pessoas necessitam pagar através do sofrimento as penas devidas
aos seus pecados.
Argumentos
Católicos em Defesa do Purgatório:
1º)
Declarações Bíblicas:
a) Mateus 12:32 - Esta
declaração bíblica admite que há pecados que serão perdoados em outra vida.
b) II Timóteo 1:18 - O
apelo a Cristo, para obter misericórdia junto de Deus, no dia do juízo, em
favor de Onésimo, supõe a convicção de que também após a morte ainda é possível
uma sentença mais favorável que a estritamente merecida.
c) I Coríntios 3:12-15
d ) Mateus 5:26
e) II Macabeus 12:39-43
- Nos versos deste livro há referências aos sacrifícios expiatórios pelos que
morreram. A Igreja Católica baseada neste relato sentencia: Há um lugar de
expiação e pode-se orar pelos mortos, mesmo porque é santo e salutar este
procedimento.
Esta declaração por ser
de um livro apócrifo não é inspirada, por isso contradiz os ensinos dos livros
canônicos.
2º)
O ensino da tradição e da constante doutrina da Igreja.
Desde os tempos
apostólicos os pais da Igreja e outros escritores eclesiásticos pregam tal
doutrina. Cipriano, Tertuliano, Cirilo de Jerusalém, Crisóstomo, Santo
Agostinho e outros foram defensores deste ensinamento.
Os concílios da Igreja,
começando com o de Cartago, que faz referência ao assunto, prosseguindo com os
de Florença (1439-1445) e o de Trento (1545-1563), que o consideraram como
dogma de fé, contribuíram para a difusão desta crença.
3º)
Por um raciocínio lógico.
Se para o céu vão as
almas limpas e para o inferno as que deixaram este mundo com pecado mortal,
naturalmente sobram aquelas que não podem entrar no céu por não estarem ainda
purificadas de pecados leves e venais, e de igual modo também, não podem ir
para o inferno por não terem cometido pecados mortais.
Provas
Bíblicas Contrárias ao Purgatório
1ª) A passagem de
Mateus 12:32 jamais pode ser usada como argumento de que os pecados poderão ser
perdoados na outra vida.
A doutrina da “Segunda
Oportunidade” defendida pelos católicos (missa, purgatório), pelos espíritas
(reencarnação) e pelas Testemunhas de Jeová, (durante o milênio existe outra
oportunidade para a salvação) é um ardil do inimigo, que leva à descrença nas
Escrituras.
As seguintes passagens
bíblicas são suficientes para provarem a inconsistência dessa doutrina: II Cor.
6:2 “… eis aqui agora o tempo sobremodo oportuno, eis aqui agora o dia da
salvação.”
Hebreus 3:7-8 “Assim,
pois, como diz o Espírito Santo: Hoje se ouvirdes a sua voz não endureçais os
vossos corações.”
2ª) I Cor. 3:13
“Manifesta se tornará a obra de cada um; pois o dia a demonstrará, porque está
sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o
provará.”
Os exegetas católicos
se baseiam especialmente nesta passagem para justificar a sua doutrina do
purgatório.
O fogo mencionado neste
verso será originado pela glória de Cristo ao retornar à Terra. Os que o
rejeitaram serão destruídos pelo fogo, mas os que o aceitaram como seu Salvador
pessoal serão preservados. O exemplo dos três hebreus na fornalha ardente é a
confirmação de que os crentes não serão atingidos pelas chamas destruidoras do
juízo final.
No verso 15 Paulo
escreveu: “Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano, mas esse mesmo
será salvo, todavia, como que através do fogo.”
Ser salvo através do
fogo parece ser valioso argumento em prol do purgatório. Esta declaração está
longe de afirmar que o fogo ou o sofrimento salvará a pessoa, pois se o fizesse
seria a salvação pelas obras condenada por Paulo. Ele afirma que a pessoa será
provada ao máximo.
O comentarista Adão
Clarke afirma sobre este texto: “O fogo aqui mencionado destina-se a provar a
obra do homem e não a purificar sua alma, não havendo aqui referência a nenhum
suposto purgatório. Acrescentando que é possível haver aí alusão à purificação
de diferentes espécies de vasos, segundo a lei dos judeus. Os elementos que
resistem ao fogo são purificados enquanto substâncias como a madeira e a palha
são facilmente consumidas.”
Outros comentaristas
afirmam que o apóstolo tem em vista os ensinadores judaizantes, que pregavam a
circuncisão e outros ritos abolidos por Cristo na cruz, em vez de pregarem o
evangelho. As verdadeiras e as falsas doutrinas serão reveladas naquele grande
dia.
A Bíblia de Jerusalém
(tradução católica) traz a seguinte nota sobre I Cor. 3:13: “O purgatório não é
diretamente considerado aqui, mas este texto, juntamente com outros serviu de
base à explicitação de tal doutrina por parte da Igreja.”
3ª) Mateus 5:26 que
afirma: “Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último
centavo” é outra passagem usada em defesa do purgatório.
Cristo com estas
palavras, jamais poderia referir-se a um hipotético purgatório, ensinamento que
não encontra nenhuma base bíblica. Seria inconcebível alguém deduzir de Mat.
5:25 e 26 a existência do purgatório. O que encontramos aqui é a ilustração de
um delinquente que deve endireitar o mal que cometeu para não ser encerrado na
prisão.
O comentário da Bíblia
de Matos Soares apresenta para Mat. 5:26 a seguinte aplicação espiritual:
“Jesus mostra a necessidade que temos de nos reconciliar com o próximo
ofendido, antes de aparecermos no tribunal de Deus.”
A hierarquia de pecados
não é apregoada pela Bíblia, que declara de maneira enfática: “A alma que
pecar, essa morrerá.” Ezeq. 18:20.
Não existem provas
bíblicas para classificar os pecados como fazem os comentaristas católicos. As
Escrituras nos esclarecem:
a) “Todo o que comete
pecado é escravo do pecado.” João 8:34.
b) A única solução para
o estado miserável do homem (Rom. 7:24) é o perdão provido por Cristo e
alcançado pelos seus méritos.
Conclusão:
As provas bíblicas
apresentadas pelos paladinos de um lugar de purificação para os pecados após a
morte são trechos retirados dos livros apócrifos, comprovadamente falsos por
terem origem em ensinamentos pagãos. Os textos bíblicos retirados dos livros
canônicos são apresentados sem levar em consideração os princípios exegéticos,
especialmente este: uma passagem jamais deve ser usada fora do seu contexto.
A Bíblia é bastante
clara ao afirmar que muitas passagens, como a de I Cor. 3:13-15 e II Cor. 5:10
que todos no juízo final serão julgados conforme suas obras. O erro doutrinário
do purgatório católico é o ensino antibíblico, de que o castigo se seque
imediatamente após a morte, e ainda mais que será concedida uma segunda
oportunidade para muitos.
Um dos maiores absurdos
relacionados com o purgatório é a crença pagã de que o sofrimento dos que lá se
encontram pode ser aliviado por missas e orações feitas pelos vivos, mediante
pagamento em dinheiro. Não é possível conseguir a salvação negociando com
coisas sagradas. O apóstolo Pedro condenaria a simonia moderna com a mesma
veemência que a desaprovou em seus dias.
Texto de Autoria de
Pedro Apolinário extraído da Apostila
Leia e Compreenda Melhor a Bíblia.
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