Teologia

terça-feira, 27 de maio de 2014

POR QUE AS VERSÕES DAS BÍBLIAS CATÓLICAS TÊM MAIS LIVROS DO QUE AS BÍBLIAS PROTESTANTES? Razões para a Recusa dos Livros Apócrifos



Ricardo André

Reiteradas vezes diversas pessoas já me perguntaram: por que as Bíblias dos evangélicos são diferentes das dos católicos? Neste estudo apresentaremos as “diferenças” existentes entre as versões bíblicas desses dois segmentos do cristianismo.

A Igreja Católica Romana incluiu ao cânon do Velho Testamento uma série de livros que os protestantes chamam de "Apócrifos" mas os católicos de "Deuterocanônicos" (Segundo conjunto de livros inspirados), os quais não aparecem nas versões evangélicas e hebraica da Bíblia. São sete. Quais sejam: Tobias, Judite, I e II Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque e algumas adições dos livros canônicos de Ester e Daniel. O resultado disto foi que na opinião popular dos católicos existem duas Bíblias: uma católica e a outra protestante. Mas, na realidade, há apenas uma Bíblia, uma Palavra (escrita) de Deus. Em suas línguas originais (o hebraico e o grego), a Bíblia é uma só e igual para todos. O que nem sempre é igual são as versões ou traduções dela aos diferentes idiomas. Neste estudo iremos mostrar porque  os cristãos protestantes, não aceitam os chamados, "Livros Apócrifos", e consequentemente a rejeição com provas sobejas, as alegações romanistas de que tais livros possuem canonicidade e inspiração divina.

O que Significa Apócrifos?

Apócrifos é uma palavra grega apócryphos, que significava "oculto", “secreto” ou "difícil de entender". Foram assim chamados, porque não eram de uso público, ou seja, não eram usados oficialmente na liturgia e na teologia, provavelmente por serem espúrios e de confiabilidade duvidosa. Eram escritos judaico produzidos no período intertestamentário (período entre o último livro das escrituras judaicas, Malaquias e a vinda de Jesus Cristo, cerca de 400 anos). Eles aparecem anexados nas versões Septuaginta e Vulgata Latina. Desde a época da Reforma Protestante, no século XVI, essa palavra tem sido usada para indicar os escritos judaicos não-canônicos.

Foi no Concílio de Cartago, em 397, que se propôs que esses sete livros apócrifos fossem inseridos no Cânon do Velho Testamento. Entretanto, foi somente em 08 de abril de 1546, no polêmico Concílio de Trento, que a Igreja Católica Romana colocou os livros os livros apócrifos em pé de igualdade com os livros inspirados da Bíblia. Os que não aceitam tais livros como de igual valor e autoridade que as Sagradas Escrituras, são amaldiçoados pela Igreja Romana.

No livro Consultas dei Clero, parágrafo 207, se transcreve assim o decreto emitido pelo Concilio de Trento sobre as Sagradas Escrituras:

      "Se alguém não receber como sagrados e canônicos estes livros inteiros, com todas as suas partes, tal como se encontram na Antiga Versão Vulgata, seja anátema."

É importante ressaltar que a aprovação da inclusão desses livros no Cânon da Bíblia, no supracitado Concílio, se deu em um ambiente de grande controvérsia e disputa entre os bispos presentes, e usada como instrumento de combate a Reforma protestante. Nessa época os protestantes combatiam veementemente as doutrinas romanistas do purgatório, oração pelos mortos, salvação pelas obras, entre outros. Os romanistas viam nos apócrifos base para tais doutrinas, e apelaram para eles aprovando-os como canônicos. A primeira edição da Bíblia católico-romana com os apócrifos deu-se em 1592, com autorização do papa Clemente VIII.

Por que os Protestantes rejeitam os Livros Apócrifos?

Os Protestantes não aceitam um segundo grupo de livros inspirados e em consequência não aceitam os sete livros apócrifos pelas seguintes razões:
1) Uma das grandes razões, talvez a principal delas, porque os cristãos evangélicos rejeitam os Apócrifos, é por conta da imensa quantidade de ensinos contrários aos escritos de Moisés e de outros antigos profetas que tais livros apresentam. Os 66 livros da Bíblia se harmonizarem perfeitamente. Não há contradições entre eles. Esse fato deve-se, indubitavelmente, a que a mente divina inspirou a cada um dos seus autores. Se, por exemplo, João houvesse escrito algo que não estivesse de acordo com os livros de Moisés, nos veríamos obrigados a recusar o evangelho e as epístolas de João, como também o livro do Apocalipse. É importante que se diga que, os cinco primeiros livros da Bíblia constituem uma norma para todos os demais escritos que pretendem ser inspirados. Se as doutrinas inseridos nos livros apócrifos não concordam em cada caso com os escritos de Moisés, não devem ser incluídos no Cânon da Palavra inspirada.

2) Nem Jesus e nem os apóstolos usaram jamais qualquer citação dos mesmos

3) A comunidade judaica jamais os aceitou como canônicos e, segundo Rm 3:1, 2 aos judeus foi confiado o cuidado da Palavra de Deus.

4) Os próprios autores destes livros não afirmam terem sidos inspirados.

5) Além dos erros doutrinários contidos nesses livros, existem também lendas absurdas e fictícias e graves erros históricos e geográficos, o que fazem os Apócrifos serem desqualificados como palavra de Deus. A seguir daremos um resumo de cada livro e logo a seguir mostraremos seus graves erros.

TOBIAS - (200 a.C.) - É uma história novelística sobre a bondade de Tobiel (pai de Tobias) e alguns milagres preparados pelo anjo Rafael.

Apresenta:

justificação pelas obras (O dar esmolas purifica do pecado) - 4:7-11; 12:8 e 9: "É boa a oração acompanhada do jejum, dar esmola vale mais do que juntar tesouros de ouro; porque a esmola livra da morte (eterna), e é a que apaga os pecados, e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna".

Refutação: Oferta em dinheiro para perdão do pecado não encontramos em nenhum lugar da Bíblia, isto é coisa diabólica, pois assim somente os ricos teriam o perdão dos pecados. E o pior: tal conceito anula a obra de Cristo na cruz para expiar o pecado do pecador. Se as ofertas de caridade pudesse apagar nossos pecados, Jesus não precisaria derramar Seu sangue na cruz.

I Pd 1:18-20 afirma categoricamente que somos redimidos, não com coisas corruptíveis, tais como prata ou ouro ou esmolas, mas com o precioso sangue de Cristo. A doutrina dos apócrifos é antagônica: justificação pelas obras.

Ef 2:8 e 9 - Somos salvos pela graça de Deus e não por dinheiro. Ver também Is 55:1.
• mediação dos Santos - 12:12
Tolice (Tobias 2:10). As fezes de uma andorinha, caindo nos olhos de Tobias que estava dormindo junto a um muro, deixa-o cego.

• superstições (artes mágicas): Tobias 6.5-9 - "Então disse o anjo: Tira as entranhas a esse peixe, e guarda, porque estas coisas te serão úteis. Feito isto, assou Tobias parte de sua carne, e levaram-na consigo para o caminho; salgaram o resto, para que lhes bastassem até chegassem a Ragés, cidade dos Medos. Então Tobias perguntou ao anjo e disse-lhe: Irmão Azarias, suplico-lhe que me digas de que remédio servirão estas partes do peixe, que tu me mandaste guardar: E o anjo, respondendo, disse-lhe: Se tu puseres um pedacinho do seu coração sobre brasas acesas , o seu fumo afugenta toda a casta de demônios, tanto do homem como da mulher, de sorte que não tornam mais a chegar a eles. E o fel é bom para untar os olhos que têm algumas névoas, e sararão"

Refutação: Tais ensinamentos não são apresentados em nenhuma parte das Escrituras Sagradas. O coração de um peixe não possui tal poder mágico ou sobrenatural que possa afugentar “algum demônio ou espírito mau”. É incrível pensar que Deus haja permitido que algum de seus snjos encorajasse Tobias ou qualquer outra pessoa à prática de tal método mágico.

Satanás não pode ser expulso por algum encantamento de um feiticeiro quem quer que pretenda usar algum sistema semelhante pata efetuar obras sobrenaturais, não está de acordo com os 66 livros inspirados da Bíblia.

Maneiras corretas de enfrentar ou expulsar o diabo e os demônios:

Mc 16:17 – Cristo disse que em Seu nome seria expulso Satanás.

At 16:18 – Paulo ordenou ao demônio em nome de Jesus Cristo, que saísse de uma mulher e ela foi liberta do poder do maligno.

Mt 4:4-10 – O próprio Cristo venceu o diabo com citações bíblicas. Ver também Tg 4:7.

Tudo isto não se harmoniza com os escritos de Tobias.

• um anjo engana Tobias e o ensina a mentir.

Tobias 5.15-19: "E o anjo disse-lhe: Eu o conduzirei e to reconduzirei. Tobias respondeu: Peço-te que me digas de que família e de tribo és tu? O anjo Rafael disse-lhe: Procuras saber a família do mercenário, ou o mesmo mercenário que vá com teu filho? Mas para que te não ponhas em cuidados,, eu sou Azarias, filho do grande Ananias. E Tobias respondeu-lhe: Tu és de uma ilustre família. Mas peço-te que te não ofendas por eu desejar conhecer a tua geração.

Se um anjo de Deus mentisse sobre sua identidade, seria culpado da violação do Nono Mandamento da Santa Lei de Deus. Pondo em contraste esta declaração com o que se relata no livro de Tobias, podemos facilmente compreender Cristo não citou os livros apócrifos.

Entre as inexatidões encontradas neste livro esta a seguinte: O relato diz que Tobias, na sua juventude, viu a revolta das tribos setentrionais, que ocorreu em 997 a. C., após a morte de Salomão (Tobias 1:4, 5, Bíblia de Jerusalém), também que ele foi posteriormente deportado para Nínive, juntamente com a tribo de Naftali, em 740 a. C. (Tobias 1:11-13, BBC, So). Isto significa que ele viveu por mais de 257 anos. No entanto, Tobias 14:1-3, CBC, diz que ele tinha 102 de idade quando morreu.
JUDITE - (150 a.C.) É a História de uma heroína viúva e formosa que salva sua cidade enganando um general inimigo e decapitando-o. Grande heresia é a própria história onde os fins justificam os meios.

Uma mulher que Jejuou a vida toda.

Judite 8:5,6:  "E no andar superior de sua casa tinha feito para si um quarto retirado, no qual se conservava recolhida com as suas criadas, e, trazendo um cilício sobre os seus rins, jejuava todos os dias de sua vida, exceto nos sábados, e nas neomênias, nas festas da casa de Israel"


Refutação: É impossível que uma mulher jejue todos os dias de sua vida, exceto uma vez por semana e outras poucas ocasiões anuais. Cristo jejuou 40 dias, mas não toda a vida.

Ensino da vingança (Judite 9:2).
Refutação: Deus não teve participação alguma na entrega de uma espada nas mãos de Simeão para executar vingança contra os habitantes de Siquém.

O aborrecimento de Jacó, pai de Simeão, pela vingança de Simeão contra os canaanitas. Note o que disse ele em Gn
Jacó, em sua bênção posterior, pronunciou uma maldição tanto sobre Simeão como sobre Levi por sua ação cruel. Disse que seu furor “era forte”, e sua ira “era dura”. Por esta causa havia de ser divididos e espalhados em Israel (Gn 49:5-7).

Rm 12:19 - A vingança pertence a Deus. Ele é quem pagará.

Rm 12:17 – Não paguemos o mal por mal. Simeão fizera justamente o contrário. O livro de Judite deverá ser colocado entre as obras não inspiradas. Não deve figurar no Cânon Sagrado.

Erro histórico (Judite 1:1 e 2). Chama Nabucodonosor rei da assíria cuja capital estava em Nínive.
Refutação: Os nomes e o episódio mencionado não tem qualquer evidência histórica. Nabucodonosor foi rei da Babilônia (604-562) e não de Nínive, capital dos assírios, destruída em 612 a. C. (Dn 1:1; 3:1).

BARUQUE - (100 a.D.) - Apresenta-se como sendo escrito por Baruque, o cronista do profeta Jeremias, numa exortação aos judeus quando da destruição de Jerusalém. Porém, é de data muito posterior, quando da segunda destruição de Jerusalém, no pós-Cristo.

Traz entre outras coisas, a intercessão pelos mortos - 3:4.

Erro histórico. Baruque é dito ser escriba ou secretário de Jeremias e escreve de Babilônia (Baruque 1:1).

Refutação: É sabido que Baruque foi para o Egito (Jer. 43:6, 7).

ECLESIÁSTICO - (180 a.C.) - É muito semelhante ao livro de Provérbios, não fosse as tantas heresias:

• justificação pelas obras - 3:33,34
. Ensinam o Perdão dos pecados através das orações

Eclesiástico 3.4 - "O que ama a Deus implorará o perdão dos seus pecados, e se absterá de tornar a cair neles, e será ouvido na sua oração de todos os dias".

Refutação: O perdão dos pecados não está baseado na oração que se faz pedindo o perdão, não é fé na oração, e sim fé naquele que perdoa o pecado, a oração por si só, é uma boa obra que a ninguém pode salvar. Somente a oração de confissão e arrependimento baseadas na fé no sacrifício vicário de Cristo traz o perdão (Pv. 28.13; I Jo 1.9; I Jo 2.1,2)

• trato cruel aos escravos - 33:26 e 30; 42:1 e 5

• incentiva o ódio aos Samaritanos - 50:27 e 28

SABEDORIA DE SALOMÃO - (40 a.D.) - Livro escrito com finalidade exclusiva de lutar contra a incredulidade e idolatria do epicurismo (filosofia grega na era Cristã). Apresenta:

• o corpo como prisão da alma - 9:15

• A imaculada conceição (8:19 e 20)

Os católicos usam este texto para sustentar seu dogma do nascimento imaculado de Maria.

Refutação: Houve somente uma pessoa, cuja concepção, segundo afirma a Bíblia, foi imaculado, e é nosso Salvador Jesus Cristo. (Lc 1:30-35).

Sl 51:5; Rm 3:23 – Todos nascem em pecado. Este é  mais um exemplo de uma doutrina que os livros da Bíblia não confirmam.
• salvação pela sabedoria - 9:19
Ensina a existência do purgatório (3:1-4; 2:23).
A Igreja Católica funda seu dogma da doutrina do purgatório nestes versículos: “Se aos olhos dos homens suportaram uma correção, a esperança deles era portadora de imortalidade” (v. 4).

Sabedoria 3.1-4:"As almas dos justos estão na mão de Deus, e não os tocará o tormento da morte. Pareceu aos olhos dos insensatos que morriam; e a sua saída deste mundo foi considerada como uma aflição, e a sua separação de nós como um extermínio; mas eles estão em paz (no céu). E, se eles sofreram tormentos diante dos homens, a sua esperança está cheia de imortalidade".

O “tormento” em que sofrem os justos, diz a Igreja é uma referência ao fogo do Purgatório, onde são purificados de seus pecados. Sua esperança é portadora de imortalidade, significa, segundo a Igreja, que depois de sofrer suficiente tempo no fogo, passam para o Céu.

Refutação: Isto é uma deturpação do próprio texto do livro apócrifo. De modo, que a igreja Católica é capaz de qualquer desonestidade textual, para manter suas heresias. Tal ensino aniquila completamente a expiação completa por Cristo. Se o pecado pode ser exterminado pelo fogo, não temos necessidade de nosso Salvador nem de Sua obra expiatória.

1 MACABEUS - (100 a.C.) - Descreve a história de 3 irmãos da família "Macabeus", que no chamado período ínterbíblico (400 a.C. 3 a.D) lutam contra inimigos dos judeus visando a preservação do seu povo e terra.

II MACABEUS - (100 a.C.) - Não é a continuação do 1 Macabeus, mas um relato paralelo, cheio de lendas e prodígios de Judas Macabeu.

Apresenta:

• a oração pelos mortos (12:44 – 46)

A Igreja Católica argumenta dizendo que estes textos lhe concedeu autoridade para sustentar a doutrina do Purgatório. As orações e as missas em favor dos mortos são aceitas e cridas por todos os católicos devotos.
Refutação: O destino está selado ao morrer.

At 2:34: Os mortos não vão para o seu lugar de recompensa. Davi, que foi homem segundo o coração de Deus, não foi ao Céu imediatamente a sua morte. Quando uma pessoa morre, seu destino está selado para toda a eternidade, uns para perdição eterna e outros para a Salvação eterna - não existe meio de mudar o destinos de alguém após a sua morte. Veja Mt. 7:13,13; Lc 16.26. Todas as orações e penitências dos vivos não lhe serão de qualquer benefício (Ecles. 9:5, 6).

Este é novamente um ensino Satânico para desviar o homem da redenção exclusiva pelo sangue de Cristo, e não por orações que livram as almas do fogo de um lugar inventado pelos teólogos católicos romanos.

d) Após a morte o destino de todos os homens é selado, uns para perdição eterna e outros para a Salvação eterna - não existe meio de mudar o destinos de alguém após a sua morte. Veja Mt. 7:13,13; Lc 16.26.

Tolice (II Macabeus 15:40). Beber sempre água é coisa prejudicial.

Visto que os livros de Macabeus ensinam doutrinas contrárias a outras partes da Bíblia, é recusado. “A lei a ao Testemunho: se eles não falrem desta maneira, jamais verão a alva” (Is 8:20). 

• culto e missa pelos mortos - 12:43

• o próprio autor não se julga inspirado -15:38-40; 2:25-27

• intercessão pelos Santos - 7:28 e 15:14.

Conclusão: Submetidos à Prova, os Apócrifos não resistem.

Diante do exposto, torna-se claro as razões pelas quais os cristãos de hoje não fazem uso dos livros apócrifos como se fossem Palavra de Deus, nem os citam em apoio autorizado a qualquer doutrina cristã. Há muitas outras declarações nos livros apócrifos que desmentem sua origem divina. Foram estudados suficientemente para que sejam excluídos do Cânon Sagrado da Bíblia.

Referências:
Teologia Sistemática, Green. Ed. Vida Nova.





















Nenhum comentário:

Postar um comentário