Ricardo
André
Percebemos que nestes
últimos 20 anos, a prática de fazer modificações no corpo tem atraído a muitos,
principalmente jovens e adolescentes. Um pouco menos radical e bem mais comum
entre os jovens, está o uso de piercings e tattoos. Nas décadas passadas, a tatuagem
sempre esteve associada às drogas e a rebeldia. Sempre esteve relacionados à
atitude de agressividade e rebeldia, com uma conotação de rompimento com os
pais, o núcleo familiar e a sociedade vigente. Uma maneira de externar
descontentamento e o desejo de uma vida alternativa, marginal, contrária à
ordem estabelecida. Hoje em dia parece que todo o mundo está se tatuando, e já
faz algum tempo que tatuagem deixou de ser um gesto de rebeldia ou alguma coisa
que diferencia a pessoa. Muitos jovens cristãos são tentados a também fazer
tatuagens e colocar piercings. Muitos perguntam: Podem os cristãos se tatuar ou
colocar piercings em seu corpo?
É preciso que se diga,
antes de tudo, que a Bíblia Sagrada deve ser a nossa “regra de fé e prática”.
Não podemos decidir o que fazer ou usar, ou fazer nossas escolhas com base nos
nossos “achismos” e “preconceitos”, mas no infalível: “Assim diz o Senhor”.
Essa é a norma. Então, o que a Bíblia diz a respeito da tatuagem e o uso do
piercing?
O
Que Diz a Bíblia?
A Bíblia Sagrada não
menciona, direta ou literalmente, a questão das tatuagens, mas algumas
passagens estão relacionadas ao tema. Vejamos o que a Escritura tem a dizer: “Pelos mortos não dareis golpes na vossa
carne; nem fareis marca alguma sobre vós. Eu sou o Senhor” (Levítico 19:28)
"Não
façam cortes em seus corpos por causa dos mortos, nem tatuagem em si mesmos. Eu
sou o Senhor” (Levítico 19:28, NVI)
Pelo contexto do texto
do Levítico (e também de Deuteronômio 14,1-2) vemos que as marcas no corpo
tinham relação com os rituais pagãos que envolviam a necromancia (consulta aos
mortos: o mesmo que hoje é chamado de 'mediunidade'). As marcas no corpo faziam
parte da vinculação da pessoa à crença nos deuses e na prática dos seus rituais
pagãos, e os simbolizavam. Elas foram consideradas erradas no antigo Israel por
causa de sua associação com práticas pagãs.
Não há em nenhum outro
lugar da Bíblia, além desse texto da Lei Mosaica, algo que indique ser pecado o
ato de “fazer marcas no corpo”. MAS a Bíblia, a Palavra de Deus é
explicitamente contra fazer QUALQUER COISA, sejam elas o que for (Tatuagens,
pircings, brincos, fumar, beber, dançar, jogar, malhar. Ouvir músicas, etc) se
as mesmas tiverem qualquer tipo de relação com:
a) Homenagem a mortos,
Hedonismo, idolatria.
O hedonismo (do grego
hedonê, “prazer”, “vontade”) é uma teoria ou doutrina filosófico-moral que
afirma ser o prazer o supremo bem da vida humana. Surgiu na Grécia, e
importantes representantes foram Aristipo de Cirene e Epicuro.
O significado do termo
em linguagem comum, surgiu no iluminismo e designa uma atitude de vida voltada
para a busca egoísta de prazeres momentâneos. Com esse sentido, “hedonismo” é
usado para designar o culto ao corpo, à beleza, à personalidade etc.
b) Com práticas pagãs. De acordo com estudos feitos por antropólogos
usar a pele para tatuar imagens e introduzir adornos é um costume que vem de
civilizações muito antigas. Achados arqueológicos (alguns com mais de 4 mil
anos) comprovam seu uso em várias culturas primitivas, como Egito, Índia,
Nepal, Malásia, Tailândia, Maia, Asteca, Nova Zelândia, entre outros.
A origem dos piercings
e tatuagens está ligada a costumes de muitas civilizações antigas, e possuem
vários significados de acordo com cada época e cultura. Por exemplo, no Egito,
piercings no umbigo eram identificadores de realeza e beleza. Uma forma de cultuar
o corpo e a sensualidade. Os Maias usavam tatuagens e piercings por motivos
religiosos, estéticos e também para inibir os inimigos. No oriente (China,
Japão), a tatuagem era uma espécie de homenagem a uma determinada divindade.
E preciso entender que
não é recomendável que um cristão marque seu corpo para o resto da vida com
tatuagens, pois o seu corpo é Templo do Espírito Santo, como afirma o apóstolo
Paulo em sua primeira carta aos coríntios:
"Não sabeis que o
vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus,
e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom Preço;
glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem
a Deus." (1Cor 6,19,20)
Como cristãos, devemos
buscar e nos identificar com Jesus e seguir o seu exemplo, e não com os
modismos do mundo: "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me
convêm; todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas edificam"
(1Cor 10,23).
"Rogo-vos, pois,
irmãos, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável
a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos adapteis a este mundo, mas sede
transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual
seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Rm 12,1,2).
Afora os princípios
bíblicos delineados acima, alguns setores profissionais simplesmente não
contratam funcionários que tenham qualquer tipo de modificação em seu corpo,
alegando que alguns adereços transgridem a visão de seriedade que a empresa ou
instituição deseja transmitir.
A classe médica também
tem suas restrições. Inúmeros estudos e pesquisas têm apontado os riscos de
tais práticas que, mesmo seguindo todas as prescrições de higiene e realizadas
por profissionais devidamente habilitados, podem acarretar infecções das mais severas,
abscessos, alergias, quelóides e até hemorragias.
Atitude
do Cristão
O texto de 1 Coríntios 6:12 alerta: “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”.
Nem tudo é conveniente para o cristão, mesmo não sendo pecado. Há que se usar o
bom senso em cada situação.
Penso que o jovem cristão
que pensa em praticar algo ou se utilizar de algum tipo de adorno que
transforme permanentemente – ou não – o seu corpo, precisa antes ponderar séria
e demoradamente sobre algumas questões:
1. Por que quero fazer
isso no meu corpo? “(…) quer vocês
comam, bebam, ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para glória de Deus.”
(I Co 10:31)
2. Isto prejudicará
outras pessoas? “(…) façamos o bom
propósito de não colocar pedra de tropeço ou obstáculo no caminho do irmão.” Rm
14:13
3. Visa o Bem estar de
nossos semelhantes? “Não vos torneis
causa de tropeço, nem para Judeus, nem para gentios, nem tão pouco, para a
igreja de Deus”.
A advertência aqui é
que não usemos nossos direitos que são legítimos, de modo que sejamos causa de
tropeço para outros.
4. Esta decisão viola
de alguma maneira a autoridade dos meus pais, dos meus líderes espirituais ou
governo? A Bíblia nos diz: “Aquele que
se rebela contra a autoridade está se colocando contra o que Deus instituiu”
(Rm 13.2)
5. Vai causar algum
tipo de mal ao meu corpo? “O homem bom
cuida bem de si mesmo, mas o cruel prejudica o seu corpo.” (Pv 11:27). A Sra.
Ellen White afirmou:
“Não sabeis vós”,
pergunta Paulo, “que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em
vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de
Deus, que sois vós, é santo.” O homem é obra das mãos de Deus, Sua obra-prima,
criada para elevado e santo desígnio; e em toda parte do tabernáculo humano Deus
deseja escrever Sua lei. Todo nervo e músculo, todo dote mental e físico, deve
ser conservado puro. É desígnio de Deus que o corpo seja um templo para Seu
Espírito. Quão solene, então, é a responsabilidade que repousa sobre toda alma!
... Quantos há, beneficiados com razão e inteligência, talentos que devem ser
empregados para glória de Deus, os quais deliberadamente degradam alma e corpo!
Sua existência é contínua série de excitações. (Temperança, p. 142).
6. Vai deformar de
alguma forma a minha dignidade humana? “Vivam de maneira digna da vocação que
receberam.” (Ef 4:1)
7. Apresenta alguma
aparência do mal? Fugi da aparência do
mal é uma recomendação expressa de Paulo aos cristãos: “Fujam da aparência do
mal.” (I Ts 5:22) Isto invalida qualquer possibilidade de associação com
práticas que possam causar danos à imagem do evangelho.
8. A natureza do que
pretendo fazer é para satisfazer desejos carnais ou é para satisfação espiritual? “Tudo
o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus”
(Cl 3.17)
9. Trará edificação ou
a glória de Deus? “Vocês foram comprados
por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o seu próprio corpo.” (1 Co
6.20). Nosso corpo "é o templo do Espírito Santo" , logo devemos
glorificar Deus no nosso corpo. Pertencemos a Deus, somos testemunhas da Sua
graça. Precisamos de procurar manter-nos na melhor forma física e mental, para
podermos desfrutar a Sua comunhão e glorificar o Seu nome.
10. Posso testemunhar
da minha fé enquanto faço isso? “Estejam sempre preparados para responder a
qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês.” (1 Pe
3.15)
11. Minha consciência terá
paz se eu fizer assim? “Combata o bom
combate, mantendo a fé e a boa consciência…” (I Tm 1:18-19)
Uma resposta honesta a
cada uma dessas perguntas é o que deverá definir a escolha de um cristão
sincero. São questões pessoais e diretamente ligadas à consciência,
personalidade, ao seu caráter de cristão, e principalmente a sua fidelidade a
Palavra de Deus.
Lembrando que o cristão
é chamado a consagrar a Deus todos os aspectos de sua vida. Como está escrito:
“Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente
na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo. Como filhos
da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância;
pelo contrário, segundo é santo Aquele que vos chamou, tornai-vos santos também
vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos,
porque Eu sou santo” (1Pe 1:13-16). Ao fazer a vontade do Mestre, “precisamos
chegar ao ponto de reconhecer plenamente o poder e a autoridade da Palavra de
Deus, quer ela concorde ou não com nossas opiniões preconcebidas. Temos um
perfeito livro-guia. O Senhor nos falou a nós; e, sejam quais forem as
consequências, devemos receber Sua Palavra e praticá-la na vida diária. De
outro modo estaremos escolhendo nossa própria versão do dever e fazendo
exatamente o oposto daquilo que nosso Pai celestial nos mandou fazer” (Ellen G.
White, Manuscrito 148, 1902; ver Medicina e Salvação, p. 255, 256).
Diante do exposto, não aconselharíamos ninguém a se tatuar, mas é
claro que nós não devemos considerar uma pessoa tatuada como pecadora, nem
julgar alguém por conta de uma tatuagem. Ninguém deve deixar de se aproximar de
Deus por possuir ou não tatuagens. Deus é Pai Misericordioso; Afinal, a Bíblia
afirma enfaticamente que “Deus é amor” (1 Jo 4:8).
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