Por Ricardo André
Neste
artigo destacamos um dos elementos do culto a Deus que desempenha papel muito
importante no conjunto da adoração: a música. Martinho Lutero, grande
reformador do século XVI, acreditava que a música só é inferior à teologia e,
Ellen G. White afirmou: “Como parte do
culto, o canto é um ato de adoração tanto como a oração” (Educação, p.
167).
Indubitavelmente,
a música é uma tremenda fonte de poder. É por esse motivo que tanto Deus quanto
Satanás tem procurado usar este instrumento. Eles conhecem perfeitamente o seu
alcance. A Mensageira para a Igreja Remanescente abre nossos olhos para esta
realidade:
“É
um dos meios mais eficazes para impressionar o coração com as verdades
espirituais. Quantas vezes à alma oprimida duramente e pronta a desesperar, vêm
à memória algumas das palavras de Deus — as de um estribilho, há muito esquecido,
de um hino da infância — e as tentações perdem o seu poder, a vida assume nova
significação e novo propósito, e o ânimo e a alegria se comunicam a outras
almas!
(Ellen
G. White, Educação, p. 168).
Segundo
esse extrato do Espírito de Profecia, o poder da música é tão grande, que ela é
capaz de muitas coisas, entre elas:
1)
Gravar mensagens na memória (a pessoa, após ouvir a música algumas vezes, é
capaz de lembrá-la pelo resto da vida);
2)
Provocar lembranças (resgatar situações, emoções e outras lembranças que
estejam vinculadas a ela);
3)
Impressionar o coração com a verdade espiritual;
4)
Vencer a tentação (o inimigo não resiste às palavras de um hino que exalta o
poder de Deus);
5)
Afetar o humor (Se uma música for calma, pode relaxar, descansar e se recompor
fisicamente. Até se concentrar melhor. Se, por outro lado, a música é mais
forte, pode se irritar, perder a concentração e até a atitudes violentas).
No
entanto, provavelmente nenhum outro aspecto da adoração pode inspirar mais
controvérsia e ardorosa discussão na Igreja Adventista do Sétimo Dia do que que
este. Que música utilizaremos quando buscamos a Deus, como um grupo? Que estilo
de música deve fazer parte na experiência da adoração?
Certamente
a maior causa do problema é que a maioria das músicas religiosas contemporânea
têm se assemelhado muito à música popular, secular, mundana, o que tem sido um
risco e um prejuízo para a vida cristã. Logo, nem toda música considerada sacra
ou religiosa pode ser aceitável para um cristão adventista do sétimo dia. É por
conta disso que se tem gerado tanta confusão e questionamento na Igreja
Adventista.
I – Conceito Filosófico de Música
Evangélica
Há
um conceito filosófico de música evangélica que defende a ideia de que é
preciso alcançar a pessoa no nível em que se encontram, em sua cultura e seus
costumes. Portanto, se um jovem gosta de rock, faça-se um rock evangélico para
atraí-lo e agradá-lo, se outro gosta de forró, faça-se um forró evangélico; se
outro aprecia música romântica, ofereça-lhe uma suave balada gospel.
Como
se vê, uma mudança substancial na forma de adorar está acontecendo no meio
evangélico, podemos perceber que a fé cristã está sendo trocada sutilmente por
alguma moda que tem um colorido cristão e o nome gospel. Essa mudança é
revelada pelo estilo de música gospel adotada pela grande maioria das igrejas
evangélicas.
A
música gospel é um gênero musical
com mensagens cristãs, surgida no início do século XX, nos Estados Unidos da
América. O termo Gospel tem as suas
origens na língua inglesa, e deriva de “God-spell",
que significa "boas novas". A expressão é uma alusão à chegada de
Cristo ao mundo, e disseminou-se na comunidade protestante negra americana, no
começo do século passado. A origem deste estilo musical está nas músicas carregadas
de tristeza cantadas por escravos negros norte-americanos ainda no século XIX,
e que deu origem ao blus e a partir
deste, ao rock and roll, o funk e
o reggae. (Ver A ORIGEM DA MUSICA GOSPEL- gênero nascido nas
fazendas de escravos no sul dos Estados Unidos. Afrokut – Afro-Brasilida &
Afro-Humanitude).
Desde
então, a música gospel vem passando por uma grande transformação rítmica e
tecnológica. Estúdios modernos e arranjos sofisticados, cantores e músicos
aperfeiçoam suas técnicas, mas infelizmente grande parte dessas pessoas estão
deixando de lado o principal, o verdadeiro louvor e a mais sincera adoração a
Deus.
São
os grandes shows, a tietagem, faixas com o nome do cantor ou da banda, botons,
cantores e bandas que só se apresentam sob cachês extremamente exagerados, são
conhecidos como os "pop stars" evangélicos.
Esses
e outros modismos têm distraído a atenção de jovens, adolescentes e adultos
para que não percebam que estão deixando de pregar e viver o real evangelho e
então, descubram que estão abraçando valores carnais e mundanos.
O
que os cantores e músicos evangélicos estão fazendo é colocar letras religiosas
em estilos musicais mundanos, a exemplos do rock, pop, forró, funk, entre
outros. Colocar uma letra sacra numa música declaradamente satânica é um
sacrilégio. É uma blasfêmia! O próprio Raul Seixas, certa vez, afirmou que “o diabo
é o pai do rock”.
Quem
visita hoje uma igreja evangélica ouve rock, rock mesmo. Bateria, guitarra, e o
som inconfundível do rock. O barulho é o mesmo, a ginga, o balanço e a dança
são os mesmos, tudo igualzinho.
O
curioso é que essa prática recebe o endosso de padres, bispos, pastores e
missionários. Mas que isso, aprovam, usam e difundem a música em seus cultos como
se fosse a coisa mais natural do mundo. E levam o povo a bailar ao som do rock.
A
questão que levantamos é: Isso representa o método de Deus para alcançar as
pessoas? Não! Absolutamente!! Jesus desceu à Terra, misturou-se com os piores
pecadores, conviveu com eles, mas nunca rebaixou suas normas e padrões para conquistá-Lo.
Infelizmente a imensa maioria daqueles que fazem essa simbiose, não são
consciente de que o resultado é uma mensagem contraditória. Não compreendem que
a letra religiosa, não santifica um estilo musical profano, e que tal
combinação é uma desonra e uma ofensa a Deus (2 Co 6:14-16). A mistura de
palavras religiosas com estilos musicais seculares, criados com um propósito
contrários aos valores cristãos, é comparável ao pecado de Nadabe e Abiú, que
introduziram “fogo estranho” no
santuário (Lv 10:1,2). O Senhor não tolerou tal proceder, e explicou que os
líderes devem ter a mente lúcida “para
discernir entre o santo e o profano” (Lv 10:10). Na verdade, Deus tolerou a
poligamia, oficializou o divórcio no Antigo testamento, mas puniu radicalmente
o descaso de Nadabe e Abiú. Ele usou “tolerância zero” sempre que se tratou de
adoração. Portanto, esse tema é muito sério na Bíblia, e tem muita gente brincando
com fogo.
Aos
que gostam e promovem estes novos estilos gopel, letras evangélicas com
melodias mundanas (rock, samba, country, jazz, pop gospel, entre outros),
alertamos: “As forças das
instrumentalidades satânicas misturam-se com o alarido e barulho, para ter um
carnaval, e isto é chamado de operação do Espírito Santo. (...) Essas coisas
que aconteceram no passado hão de ocorrer no futuro. Satanás fará da música um
laço pela maneira porque é dirigida” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas,
vol. 2, p. 36 e 38).
A
irmã Ellen White diz-nos que essa mistura do bem com o mal foi a mesma técnica
usada por Satanás para causar a queda do homem. “Pela mistura do mal com o bem, sua mente tornou-se confusa” (Educação,
p. 25).
II – Música Gospel Entra na Igreja
Adventista
Temos
percebidos, com tristeza, que ao longo dos últimos vinte anos o estilo de
adoração neopentecostal, com músicas ritmadas, pop rock está encontrando seu
espaço cada vez maior dentro de um crescente número de igrejas adventistas em
diversas partes do mundo, provocando uma evidente crise de identidade
adventista. Lamentavelmente, cada vez mais nossos músicos e cantores estão sendo
levado por essa onda do pop gospel e, compondo e cantado músicas pop e rock
gospel, portanto, músicas contaminadas pelo mundanismo, sob o pretexto de que
dessa maneira vão levar os jovens aos pés de Cristo, e mantê-los na igreja.
Muitos
dão aquela velha e surrada desculpa de que temos que estar sempre atualizados,
que devemos ser progressistas, que temos que acompanhar a modernidade e
ficarmos na vanguarda e não na retaguarda, que temos que seguir as tendências,
fazer o que todo mundo está fazendo.
Isto
não passa de uma bela desculpa para competir com o pecado usando a mesma arma
com o mesmo poder diabólico. Você já viu alguém falando de Jesus com um cigarro
na boca? O mundo que deve vir para a igreja ou a igreja que deve ir para o
mundo? Vamos promover baile na igreja?
Eu
me surpreendo com a clareza das palavras da Pena Inspirada no tocante a esse
raciocínio: “A conformidade aos costumes
do mundo converte a igreja ao mundo; jamais converte o mundo a Cristo” (O
Grande Conflito, p. 509; ver também Profetas e Reis, p. 570; Patriarcas e
Profetas, p. 601).
O
documento sobre a Filosofia de Música Adventista, aprovado pela DAS, 2005,
afirma que a música “não deve ser
rebaixada a fim de obter conversões, mas deve elevar o pecador a Deus” (p. 4).
Os
pais adventistas e lideres da Igreja prestam um grande desserviço aos nossos
jovens quando obscurecem a distinção entre a música aceitável e a
não-aceitável, e toleram uma baixa qualidade de música e apresentação dentro do
contexto da igreja, a fim de manter os jovens na igreja. A Igreja nunca presta
um serviço ao pecador comprometendo-se com o mundo.
III – Princípios Norteadores da Música
na Adoração
Talvez
você, caro leitor, esteja agora se perguntando: Já que a música gospel é
inadequada para a adoração, por ser instrumentalizada por Satanás, que música
devemos usar no louvor a Deus? Quais são os critérios ou os padrões de escolha
de uma música religiosa? O gosto pessoal ou os princípios bíblicos?
Primeiro,
é preciso entender que o critério de avaliação de uma música nunca deve ser o gosto pessoal ou preferência pessoal, pois ele é afetado por influências culturais e
sociais, e por isso mesmo contaminado pelo pecado. Esse assunto não é uma
questão de preferência pessoal, mas de princípios. O gosto nem sempre é guia
seguro. Tampouco apenas pelo uso do nome de Jesus na música. Isso deixa portas
abertas para mensagens perigosas, para um estilo carismático e uma proposta
musical pop gospel, e os seus
consequentes enfraquecimento da fé nos pilares da mensagem bíblica, a colocação
da música numa posição recreativa dos desejos e sensações do homem em lugar da
adoração a Deus. É preciso que entendamos que não basta pôr uma letra falando
de Deus, com citação de textos bíblicos ou expressando ideias religiosas para
que uma música se torne apropriada para a adoração.
As
Sagradas Escrituras e o Espírito de Profecia apresentam alguns princípios infalíveis
que governam e transcendem todas as questões étnicas, culturais e de gerações.
Vejamos:
1) Estabelecer a diferença entre o
santo e o profano (Lv 10:10).
A
palavra chave nesse texto é diferença.
Deus deseja que aquilo que está a Ele associado seja diferente do mundo, e por
este motivo claramente disse, através das Escrituras: “Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis
nada imundo, E eu vos receberei” (2 Coríntios 6:17). O texto sugere de
forma categórica que, se desejamos as bênçãos de Deus, devemos não apenas fazer
diferença entre santo e profano, especialmente em nossa música, mas devemos nos
apartar daquilo que Deus não aceita.
Note
o que diz o Manual da Igreja Adventista: “Grande
cuidado deve ser exercido na escolha da música. Toda melodia que pertença à
categoria do ‘jazz’ ou formas correlata e toda expressão de linguagem que se
refira a sentimentos tolos ou triviais, serão evitadas. Usemos apenas a boa
música, em casa, nas reuniões sociais, na escola e na igreja” (p. 180).
Como
podemos nós, que nos denominamos “cristãos adventistas”, embaixadores de
Cristo, apresentar na Igreja, música contaminada pelo “mundanismo, tudo em nome
da adoração? O Documento da Filosofia de
Música Adventista DAS/2005, orienta-nos: “Cumpre-nos aceitar o desafio de ter uma visão musical diferenciada e viável, como parte de nossa mensagem profética,
dando assim uma contribuição musical adventista importante e mostrando ao mundo
um povo que aguarda a breve volta de Cristo”. (p. 3).
2) A música deve apelar ao espírito
e não à carne, porque Deus é Espírito (Jo 4:23, 24).
Toda
música tem ritmo, mas algumas não favorecem a adoração. Obviamente, uma canção
não precisa ser fúnebre, como lembra a Sra. Ellen White: “Não firais uma nota dolorosa; não canteis hinos fúnebres” (Carta 311,
1905). Ela pode ser alegre sim, mas há que se evitar o apelo físico.
Músicas ritmadas, dançantes com o uso de instrumentos de percussão, como a
bateria, apela para o físico. A ciência comprova que a acentuação rítmica apela
para o físico. A bateria acentua o ritmo e o compasso. Logo, ela se sobrepõe à
melodia e a harmonia. E, segundo o Documento
da Filosofia de Música Adventista DAS/2005, a música deve ser compatível com a
mensagem, mantendo o equilíbrio entre o ritmo, melodia e harmonia (I Crôn.
25:1, 6, 7)” (p. 4).
A
bateria não é moralmente neutra, como muitos pensam. Ela foi desenvolvida para
produzir som agressivo, fortemente rítmico, a fim de ser cultivado na música
popular e não sacra. Portanto, uma música ritmada pela bateria não é adequada
para o culto na igreja. O som percussivo “pesado”, produzido por esse
instrumento, não se harmonizam com o tipo de música que deveria ser enfatizado
na adoração ao nosso grandioso Deus( Is 6:1-8), onde reverência, paz, alegria,
arrependimento e compromisso forma a essência das emoções apropriadas.
Portanto,
é preciso que entendamos ainda que Deus não pode falar ao coração através de um
método que acentua o físico. Veja o diz-nos o Documento da Filosofia de Música Adventista DAS/2005: “Deve haver
cuidado especial para não serem utilizados músicas que apenas agradem os
sentidos, tenham ligação como o carismatismo,
ou tenham predominância de ritmo”
(p. ).
Quando
numa igreja ou em qualquer auditório os presentes contemplam cantores com
microfones na mão, e ouvem os sons amplificados de guitarras e baterias na
marcação de ritmos balanceados pedindo movimento, e vozes meio “assoprados”, ou
com “pigarrinhos”, quase entoando com voltinhas e garganteios em sincope e descompassos
as palavras de “alguma mensagem musical, com expressões faciais e trejeitos
copiados de algum mestre que seja ídolo do momento para comunicar melhor”,
podem ter certeza de que não estão em presença de música sacra, e sim de música
popular autêntica.
3) Deve produzir frutos de reverência
e humildade.
Somente
as músicas suaves e puras podem produzir tais frutos.
“Em nosso falar, nosso canto, e em
todos os nossos cultos espirituais, devemos revelar a calma e a dignidade, e o
piedoso temor que atua em todo verdadeiro filho de Deus”
(Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol. 2, p. 43).
4) Devem inspirar santidade, porque
Deus é santo (LV 19:2).
A
música do culto não deveria lembrar em nada as canções seculares, quer seja no ritmo,
na melodia, na harmonia ou no estilo.
5) Devem ser suaves e puros.
Diz
a Serva do Senhor: “Que haja cântico no
lar, de hinos que sejam suaves e puros, e haverá menos palavras de censura e
mais de animação, esperança e alegria” (Educação, p. 167).
6) Devem ser dominados e
melodiosos.
“Pensam
alguns que, quanto mais alto cantarem, tanto mais música fazem; barulho, porém,
não é música. O bom canto é como a melodia dos pássaros - dominado e melodioso”
(Evangelismo,
p. 510).
IV – Conclusão
Os
salmistas registram que Deus convida Seu povo a cantar-Lhe um “cântico novo” (Sl 96:1; 33:3; 40:3).
Há um significado muito profundo nesses textos. Os mesmos sugere a ideias de
que Deus Jeová está convidando Seu povo a deixar para trás a música típica de
mundo e aprender um “Cântico Novo”, muito
mais semelhante ao que é cantado no Céu. Diz-nos a irmã Ellen G. White: “(...) Devemos esforçar-nos, em nossos
cânticos de louvor, por nos aproximar tanto quanto possível da harmonia dos
coros celestiais.” (Ellen G. White - Educação, p. 166) Quais os resultados
quando o povo de Deus aproxima-se do canto correto, harmonioso? Deus é
glorificado, a igreja beneficiada e os incrédulos favoravelmente
impressionados.
“E quanto mais perto o povo de Deus
puder aproximar-se do canto correto, harmonioso, tanto mais é Ele glorificado,
a igreja beneficiada, e os incrédulos favoravelmente impressionados” (Testemunhos
Seletos. Vol. 1, p. 45).
A
música na igreja deve ser diferente da do mundo, e não uma continuação do
mesmo.
Esse
assunto não é uma questão apenas de preferência ou gosto pessoal, mas de
princípios. Que Deus ajude Sua igreja a usar os princípios constantes nas
Sagradas Escrituras e no Espírito de Profecia, para que possamos aprender a
cantar um “Cântico Novo”, ofertando
desse modo uma oferta de louvor que Deus possa aceitar. Deus quer e merece o
nosso melhor, e sei que podemos melhorar nosso louvor.
Oremos
para pedir poder para discernir entre o santo e o profano.
'-' Ouço Lady GaGa me ajuda!!! ela é a pomba-gira em pessoa, mas eu não vivo sem ouvir as músicas dela!!!
ResponderExcluirÉ muito bom saber que DEUS não está em silêncio quanto a esse assunto. Quero parabenizar o irmão por esse trabalho tão importante.Se tiver mais material por favor publique para crecer-mos ainda mais e podermos prestar um culto a DEUS com inteligência.
ResponderExcluirÉ muito bom saber que DEUS não está em silêncio quanto a esse assunto. Quero parabenizar o irmão por esse trabalho tão importante.Se tiver mais material por favor publique para crecer-mos ainda mais e podermos prestar um culto a DEUS com inteligência.
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