Lourenço
Gonzalez
Com relação ao dom de
línguas, há flagrante desvirtuação na atualidade, pois milhares são os que creem
que só se recebe o Espírito Santo se falar “língua estranha”. E há mesmo quem
afirme que, quem não fala “língua estranha” é um cristão incompleto, não
restaurado, cristão de segunda classe, etc.
O escritor pentecostal
Grant é categórico: “(...) receber o batismo sem falar línguas estranhas é
impossível (...) a língua Celestial será a senha para a entrada no Céu.” – O
Batismo no Espírito Santo, Grant, págs. 97, 99, 123, 81. (Citado por Elemer
Hasse).
E afirma ainda que os
pentecostais chegarão ao Céu de avião, e os demais crentes que ignoram o
batismo com o Espírito Santo, serão salvos, porém, chegarão de trem (pág. 84).
E que, não falando “língua”, é cristão carnal (pág. 54). Idem.
Meu querido irmão, que
diz a Bíblia? A doutrina de que o cristão que não fala em “línguas” não foi
batizado com o Espírito Santo, não tem fundamento nela, porque, estas pessoas
receberam o Espírito Santo e não falaram línguas:
Os samaritanos Atos 8:
15-17
João, o Batista Lucas
1: 15
Maria, a virgem
virtuosa Lucas 1: 35
Isabel, prima da virgem
Maria Lucas 1: 41
Zacarias, o pai de João
Batista Lucas 1: 67
Jesus Cristo, o Senhor
e Salvador Lucas 3: 22
Os sete diáconos da
Igreja Apostólica Atos 6: 1-7
Estêvão, o primeiro
mártir Atos 6: 5; 7: 55
Finalmente, Paulo, o
apóstolo zeloso dos dons espirituais, nunca falou as línguas que são usadas no
neo-pentecostalismo atual, como sendo a aferição de o crente ter recebido o
Espírito Santo (Atos 9: 1-9, 17-18). Paulo e Barnabé receberam a imposição de
mãos, foram separados para o ministério e batizados com o Espírito Santo, e não
falaram línguas (Atos 13: 2-3).
LÍNGUA
“ESTRANHA” OU IDIOMAS?
Na expressão “línguas
estranhas” em I Coríntios 14: 2, 4-6, pode-se notar que a palavra “estranha”
está grifada, isto é, escrita de forma diferente para informar que o tradutor
não a encontrou no original; ali foi colocada para dar sentido amplo. Porém, no
mesmo capítulo, verso 19, está explícito: “língua desconhecida”, e, esta sim,
está correta, no original.
Para melhor
esclarecimento, leia-se em I Coríntios 12: 10, 28 onde Paulo declina a
expressão “variedade de línguas”, que
sobejamente define tratar-se
de outros idiomas,
e não um
tipo de sons
desconexos e extáticos
que muitos pretendem hoje, como
sendo o dom de línguas.
Sons e enunciações
ininteligíveis sempre foram características do paganismo, e hoje são comuns nas
reuniões espíritas, no candomblé e centros umbandistas. Ali são faladas também
diversas línguas estranhas. E agora, surpreendentemente é um fato real também
na Igreja Católica.
Os termos “língua
desconhecida e variedade de línguas” são mais condizentes do que “línguas
estranhas”, porque, na realidade, a manifestação do dom caído sobre os
discípulos no Pentecostes foi a grande verdade de que eles falaram línguas
desconhecidas, sim, para eles, mas línguas existentes; eram idiomas estrangeiros.
Sobretudo, aquela era uma reunião especial.
O dom era necessário, supremamente necessário. Sabe por quê?
Ouça – Jesus comissionou os discípulos:
Mateus 28: 19
“Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em Nome do Pai, e do
Filho e do Espírito Santo.”
E a quem Jesus deu esta
ordem? A pessoas indoutas, pescadores e camponeses, que falavam apenas o
aramaico, limitado, simples. E no entanto, a ordem de âmbito mundial ecoava:
IDE! Sabe, meu irmão, Deus nunca pediu ou pedirá nada ao homem sem lhe conceder
os meios e condições de cumprir Sua ordem.
Encontravam-se, pois,
os discípulos reunidos em Jerusalém, diante de uma multidão “de todas as nações
que estão debaixo do Céu (...) partos e medos, elamitas; e os que habitavam na
Mesopotâmia; Judéia, Capadócia, Ponto, Ásia, Frígia, Panfília, Egito, Líbia,
Cirene; romanos, cretenses e árabes.” Atos 2: 5, 9-11.
O cenário está pronto,
e, diante do “mundo”, os discípulos. O que fazer cercado desses representantes
de todas as nações da Terra? Como aproveitar a magna oportunidade? Observe a
narração de Lucas: Atos 2: 4 “E todos foram cheios do Espírito Santo, e
começaram a falar NOUTRAS LÍNGUAS
conforme o Espírito
Santo lhes concedia
que falassem.”
Graças a Deus, foi
resolvido o problema; os discípulos falaram OUTRAS LÍNGUAS, não línguas
estranhas. Falaram a língua dos cretenses, árabes, romanos, egípcios, líbios,
enfim, os idiomas daqueles que foram a Jerusalém, procedentes de todas as
nações da Terra. Se lá estivessem brasileiros, certamente o Espírito Santo concederia
o dom de se falar o português.
A preocupação de Lucas
ao fazer lista tão extensa dos países (16) presentes em Jerusalém, deixa
antever claramente tratar-se de idiomas existentes, isto é, línguas
estrangeiras.
Quero que você entenda,
meu irmão, que o termo “língua estranha” é estranho aos propósitos de Deus, porque,
na verdade, os discípulos falaram línguas que não eram
estranhas (esquisitas); eram línguas desconhecidas para eles, porém, existiam, e passaram, pelo poder
de Deus, agora, a falá-las fluentemente. Reafirmo-lhe: Eram as línguas dos estrangeiros
que afluíam para Jerusalém a fim de participar da festa de Pentecostes, e estes
mesmos se maravilharam de que aqueles discípulos, embora indoutos, falassem em
suas próprias línguas, das grandezas de Deus (Atos 2: 11).
Que grande bênção Deus
conferiu aos discípulos, capacitando-os a cumprir o IDE. Quando aqueles
forasteiros voltaram para suas nações, cada um levou, maravilhado, a mensagem
do Jesus que salva e liberta do pecado; e então foram mensageiros aos seus
conterrâneos, dando testemunho vivo a favor do evangelho de Cristo. Aleluia!
Glória a Deus!
EXEMPLO
DE LÍNGUA ESTRANHA
“Reid Simonns (nome
alterado) parou um momento em seu sermão, para dar tempo a que o intérprete
traduzisse suas últimas frases. A multidão de japoneses, reunida naquela
esquina de Tóquio para ouvir o que o soldado americano tinha a dizer, subitamente
deu demonstração de espanto.
Todos mantinham seus olhos
fixos no jovem
ocidental, sem voltarem ao intérprete.
Reid repetiu a sentença e esperou novamente pela tradução. Foi quando alguém
declarou: ‘O senhor não precisa de tradutor. Está falando japonês!’” – Atalaia, 3/76, pág. 4.
Sim, irmão, era o que
realmente acontecia. Ali estava um jovem que, embora tivesse grande paixão
pelos pecadores, ao ponto de deixar sua pátria e atravessar os mares em busca
dos pagãos, nunca falou japonês em sua vida, mas pregava agora nesta língua,
apelando aos nipônicos para aceitarem a Cristo como Salvador.
Nessa reunião, seis
preciosas almas aceitaram a Cristo. Ó, amados, eis aqui o verdadeiro dom de
línguas. Este sim, é o dom de Deus; o dom derramado no Pentecostes. Saiba,
irmão, hoje, se esgotados todos os meios que temos para falar outras línguas,
se fechadas todas as Sociedades Bíblicas ao redor do mundo, impossibilitando-as
de traduzir para a língua materna; se fechadas todas as Universidades, Colégios
e Escolas, onde se preparam missionários para aprender línguas estrangeiras,
Deus voltará a repetir o Pentecostes, e a última alma será advertida do breve
regresso do Senhor Jesus, a quem sejam dadas agora e para todo sempre, honras e
glórias.
Extraído do Livro Assim Diz o Senhor, de Lourenço
Gonzalez, pp. 155-157.
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