por Dr.
Cesar Vasconcellos de Souza*
As bebidas alcoólicas
têm se tornado um problema social gravíssimo para pessoas cada vez mais jovens.
Na França se consome 30 litros de álcool por habitante por ano, na Itália são
14 litros, na Suiça, 12 e na Inglaterra 8 ½ . Nos Estados Unidos nove milhões
são alcoólatras confirmados. A incidência na população geral no mundo é entre
10% e 15%. É muita coisa.
O álcool atua como um
psicotrópico, ou seja, vai aos centros cerebrais e atua como um calmante, dá a
sensação de liberar a criatividade, desinibe o tímido, tranqüiliza o nervoso,
reduz a ansiedade. Assim, ele é muito utilizado para facilitar a comunicação.
Mas, também pode produzir impulsos agressivos, sendo causa de acidentes no
trabalho, no trânsito, na família. Diminui o senso de responsabilidade, deteriora
as faculdades intelectuais humanas. Destrói a pessoa, lentamente, e suas
relações familiares.
No Brasil cerca de 54%
dos acidentes de trabalho, 51% dos de trânsito e 60% das ocorrências policiais
são frutos do consumo de álcool. Cada pessoa alcoólica acaba atingindo, de
algum modo, mais 3 ou 4 pessoas, em média, que são os familiares.
Fumantes que bebem têm
uma incidência muito maior de câncer da boca e da faringe do que fumantes que
não bebem. O câncer no esôfago é 18 vezes mais provável de ocorrer em bebedores
(que ingerem 80 gramas ou mais de etanol por dia. Um litro de vinho a 10% tem
80 gramas de álcool puro, e uma cerveja pequena a 4,5% tem 8 gramas). Se
bebedores forem fumantes também (20 gramas ou mais de fumo por dia) o risco
daquele tipo de câncer sobe para 44,4% a mais de chances de desenvolve-lo. O
etanol aumenta os efeitos maléficos das substâncias produtoras de câncer.
Cientistas afirmam que barris de madeira usados para estocar e envelhecer
bebidas alcoólicas, podem se tornar fontes de substâncias que causam câncer.
O álcool – etanol –
altera as membranas das células e favorece a transformação de substâncias pró-carcinógenas em carcinógenas,
aumentando seu efeito destrutivo. Como ele é um falso alimento, o bebedor pode
se alimentar mal, ter carências vitamínicas e de sais minerais como
conseqüência, e isso facilitar o câncer.
O álcool etílico (em
soluções que contêm mais de 8 gramas por 100ml, como no caso do uísque,
cachaça, vodca), retarda o esvaziamento do estômago, altera o fluxo de sangue
na região do estômago, perturba todo o processo digestivo.
Cerca de 90% das
pancreatites crônicas no Brasil são de origem alcoólica. Segundo alguns
autores, ingerir 80 gramas de álcool por dia leva a lesão do fígado, e se esta
ingestão for de 80 a 160 gramas por dia, a lesão hepática sobe pelo menos cinco
vezes mais. Se for superior a 160 gramas diárias, o risco aumenta 25 vezes.
Porém, há indivíduos com fígado mais sensível ao álcool, e que com doses
menores diárias, em cerca de um ano, podem apresentar doença hepática grave,
podendo ser fatal.
É importante pensar que
há lesões do fígado (órgão mais importante para metabolizar o álcool)
reversíveis (esteatose e hepatite alcoólica), porém a cirrose é irreversível.
Além das varizes de
esôfago, câncer, cirrose hepática, esofagite de refluxo, alterações da produção
de saliva e muco (alterando a digestão dos alimentos), o álcool lesa o cérebro,
seu órgão vital, que o mantém em contato consciente com o mundo.
O Dr. Guilherme B.
Terhune, autor do livro “The Safe Way to Drink” (A Forma Segura de Beber),
afirma: “Em todas as circunstâncias, o álcool é uma má medicina. Não existe
nenhuma justificação científica para seu uso medicinal. São atribuídas a ele
virtudes médicas que não possui. O álcool não ajuda o coração, não evita a
insuficiência coronária, nem provê força. É pobre como estimulante do apetite,
estorva a digestão; e como antídoto da fadiga, é simplesmente o mesmo que
açoitar um cavalo cansado. Não é ‘o consolo dos velhos’, uma vez que estorva
ainda mais o funcionamento do cérebro desgastado.” (citado em “Newstart”,
Vernon Foster, M.D., Weimar Institute, Califórnia, USA, p.131, 1990.)
O mais seguro para sua
saúde não é beber com moderação. É não usar bebidas alcoólicas.
*Dr. Cesar Vasconcellos
de Souza, médico psiquiatra e psicoterapeuta, membro da Associação Brasileira
de Psiquiatria, membro da American Psychosomatic Society, consultor psiquiatra
da revista Vida & Saúde onde mantém coluna mensal, professor de Saúde
Mental, visitante, do College of Health Evangelism e "Institute of Medical
Ministry" do Wildwood Lifestyle Center and Hospital, Estados Unidos,
Diretor Médico do Portal Natural, autor dos livros "Casamento: o que é
isso?" e "Consultório Psicológico".
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