UM DOS ÚLTIMOS DESEJOS
DE DOUGLASS ERA SER LEMBRADO COMO UMA PESSOA BONDOSA, E PESSOAS QUE O CONHECIAM
DIZEM QUE ELE ASSIM ERA
December 18, 2014 |
Silver Spring, Maryland, Estados Unidos | Andrew McChesney / Revista Adventista
Herbert E. Douglass, um
destacado teólogo, administrador e prolífico autor adventista, morreu esta
semana após uma longa doença. Ele tinha 87 anos de idade.
Para alguns, Douglass
será lembrado como o diretor do Atlantic Union College (1967-1970), presidente
do Instituto Weimar (1985-1992), ou um editor-associado do que é hoje a
“Adventist Review” (1970-1976).
Outros podem associá-lo
com os seus mais de 25 livros e dezenas de artigos em revistas centradas em
torno de seus temas favoritos de Jesus como um exemplo, da co-fundadora da
Igreja Adventista, Ellen G. White como mensageira do Senhor à igreja
remanescente de Deus, da preparação das pessoas para o breve retorno de Jesus,
no que é chamado princípio da colheita, e do “tema do Grande Conflito”, que
sustenta que as principais questões da vida giram em torno da resposta humana a
Jesus e Sua lei. Dias antes de morrer na segunda-feira, 15 de dezembro, ele
concluiu o trabalho em seu último livro, um manuscrito, ainda sem título sobre
a Igreja Católica Romana.
Mas Douglass, cuja
eloquente defesa da teologia adventista histórica levou a muitas discussões
acaloradas em toda a Igreja, confidenciou a um amigo pouco antes de sua morte
que o que mais queria era ser lembrado como uma pessoa amável. “Ele me disse
que gostaria de ser lembrado como alguém que foi bondoso”, disse Don
Mackintosh, capelão do Instituto Weimar que passava horas ao lado da cama de
Douglass num hospital da Califórnia.
Douglass, sem dúvida,
será lembrado como desejava. Não importa o que as pessoas pensavam de seu
raciocínio teológico, mas concordavam que ele sempre foi atencioso, respeitoso
e ansioso por oferecer encorajamento. “Ele tomava um forte interesse nas
pessoas e sua compreensão teológica”, disse Ted N. C. Wilson, presidente da Igreja
Adventista a nível mundial, e um amigo de Douglass por muitos anos.
“Ele se importava
profundamente que mantivéssemos a nossa distinção doutrinária como adventistas
do sétimo dia e me incentivou a pensar claramente sobre o que cremos como Igreja”, disse Wilson. “Seu compromisso com a
verdade da Bíblia continuará a inspirar a mim e a muitos outros ao anteciparmos
adiante a breve volta de Cristo--um assunto que ele tanto amava”.
Wilson uniu-se a outros
adventistas de destaque na homenagem a Douglass. “Um grande porta-estandarte
realmente caiu em Israel”, disse o evangelista Doug Batchelor na sua página do
Facebook. “Ele era certamente uma figura emblemática no adventismo”, disse
Edwin Reynolds, biblista e professor da Southern Adventist University. “A sua
sagacidade e sabedoria eram monumentais, mesmo se você não concordasse com ele
em tudo. Sendo tanto um acadêmico quanto um teólogo, ele era um líder de
pensamento. Que a tribo aumente”.
George R. Knight, um
historiador e autor que esteve muitas vezes em desacordo com Douglass, disse
que ele e Douglass escreveram amplamente sobre questões em que discordavam, mas
ainda respeitavam a integridade e honestidade um do outro. “Nós dois
expressávamos fortes opiniões sobre temas sobre os quais discordávamos, mas
nosso relacionamento sempre foi de cordialidade e respeito”, disse Knight.
“Creio que nós dois entendemos que ser um cristão em nosso relacionamento era,
a longo prazo, mais importante do que as questões doutrinais que nos dividia”.
Como
Douglass se tornou adventista
Herbert Edgar Douglass
Jr. nasceu em 16 de maio de 1927, em Springfield, Massachusetts, de Herbert
Edgar Douglass Sr. e Mildred Jennie Munso.
Sendo o mais velho de
cinco rapazes, Douglass se tornou adventista com a idade de 14 ou 15 anos
depois de passar numa caminhada por uma tenda onde estavam sendo realizadas
reuniões evangelísticas certo verão, e por curiosidade ali entrar. Por seu
incentivo, sua mãe uniu-se à Igreja Adventista, seguida por seus quatro irmãos
e, em seguida, seu pai. “Ele se tornou um adventista do sétimo dia e trouxe
toda a sua família para a Igreja”, seu filho, Herb Douglass, lembrou por
telefone.
O Douglass mais velho
tornou-se pastor depois de se formar pelo Atlantic Union College, em 1947, mas
logo entrou para o mundo acadêmico como professor de Teologia no Colégio União
do Pacífico, onde trabalhou de 1953 a 1960. Seu primeiro gosto por escrita
séria veio quando foi convidado a trabalhar com uma equipe de editores para
produzir os oito volumes do “Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia”. Ele
escreveu o comentário de cinco livros da Bíblia de 1954 a 1957.
Douglass tornou-se cada
vez mais envolvido em redação após receber um doutorado em Teologia pela
Pacific School of Religion, em Berkeley, Califórnia, em 1964.
“As pessoas me
perguntavam sobre diferentes pontos de vista sobre este assunto e aquele
assunto”, disse Douglass numa entrevista para a televisão em 2009. “Antes que
percebesse, pediram para eu me tornar editor-associado de uma publicação da
Igreja. Comecei a escrever e ia gostando disso. E outras pessoas pareciam
querer mais, e assim continuei escrevendo”.
Civilidade
Desafiada
Entre seus livros mais
conhecidos estão o “Mensageira do Senhor”, de 1998, amplamente considerado o
mais completo livro escrito sobre o ministério profético de Ellen White, e “Por
que Jesus espera: Como a mensagem do santuário explica a Missão da Igreja
Adventista do Sétimo Dia”, publicado em 1976. Ele também causou sensação com um
artigo da revista “Ministry”, de 1985, intitulado “Que natureza humana Jesus
assumiu?”, em que, escrevendo sob o pseudônimo de Kenneth Gage, defendeu a
ideia de que Jesus tomou a natureza humana pecaminosa e “foi tentado em todos
os pontos como nós, mas sem pecado”.
George W. Reid,
ex-diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral, e amigo de
Douglass, observou que Douglass enfrentou muitos ataques afiados por seus
pontos de vista. “Ele foi profundamente criticado pelos acadêmicos de esquerda,
como os envolvidos com ‘Spectrum’ e publicações similares”, disse Reid.
“Algumas dessas críticas o feriam, embora ele tentasse manter uma relação
civilizada com eles. Trataram-no como um promotor acrítico de Ellen White,
desconsiderando suas falhas, portanto, um porta-voz para a liderança”.
Mas, talvez, numa
indicação da determinação de Douglass em continuar sendo um cavalheiro e manter
o foco em Jesus, ele também contribuiu com uma série de artigos para o ‘Spectrum’
e publicações afins.
Douglass disse que era
motivado por uma coisa só: o breve retorno de Jesus. “Esta para mim é a razão
dominante por que faço qualquer coisa”, disse na entrevista televisiva,
realizada pela rede de TV Better Life, da IASD. “Quero que as pessoas estejam
conscientes de que este gracioso Senhor, que dirige este universo, quer todos
nós em Sua família celestial. E então o que quer que faça, só estou tentando
trabalhar por essa pessoa ou multidão de tal maneira que digam, ‘Ei, isso faz
sentido’”.
Besebol
e o sábado
Seu filho Herb, de 64
anos, disse que essa atitude combinada com o exemplo do pai de praticar o que
pregava muito influenciou a sua vida. “Ele vivia o que cria. Isso é o que me
impressionou como filho”, comentou. “Em uma nota pessoal, ele me trouxe de
volta para o céu, me trouxe de volta para Jesus”.
O Douglass mais jovem
disse que o momento mais memorável com seu pai ocorreu quando ele era um menino
de cerca de 13 anos a jogar uma partida de beisebol da liga júnior numa
comunidade católica em Massachusetts. O árbitro não apareceu para o jogo numa
tarde de sexta-feira, e seu pai, um grande fã de beisebol, ofereceu-se para
entrar em cena depois de uma longa espera. Mas, as sombras começaram a aumentar
e os pais nas arquibancadas começaram a gritar em tom de questionamento e
brincadeira, “Ei, Douglass, o sol está começando a se pôr. Será que vamos ter
que interromper o jogo?”
Herb Douglass disse que
ficou surpreso de que os outros adultos conheciam o seu pai pelo nome e entendiam
as suas convicções. Mas o que aconteceu em seguida o surpreendeu ainda mais. “O
que foi tão profundo para mim é que ele apenas olhou para mim e para a multidão
e disse: “Creio que temos bastante tempo
para começar o jogo. Joguem a bola!’“, ordenou. “Quando saímos do
estacionamento, tivemos que usar nossos faróis”. Com a voz embargada pela
emoção, Herb Douglass acrescentou: “O que me ensinou como criança é que há
muito mais para o cristianismo do que apenas regras”.
Escrevendo
um último livro
A saúde deteriorada o
deixava incapaz de ver as teclas em seu teclado do computador nos últimos seis
meses de vida. Mas ele continuou trabalhando em seu último livro, que seu filho
disse trazer eventos atuais sobre acontecimentos dos últimos dias da Bíblia e
tem por enfoque inteiramente a Igreja Católica.
“Uma vez ele me disse:
‘Trabalhei o dia todo e eu só consegui um parágrafo escrito’“, disse Herb
Douglass. Ele disse que o processo de escrita era doloroso de assistir uma vez
que seu pai tinha sido capaz de completar várias páginas por dia. “Mas ele foi
capaz de terminar esse livro”, disse ele. “Pouco antes de falecer, o editor do
livro chamou a mamãe e disse que estava indo para o prelo”.
O livro será publicado
pela Pacific Press.
Douglass deixa sua segunda
esposa , Norma, que é quatro meses mais velha do que ele, e seis filhos de seus
dois casamentos. Sua primeira esposa, Vivienne, morreu cerca de um ano atrás.
Ele também tem oito netos e nove bisnetos.
Um culto memorial está
previsto para janeiro ou fevereiro.
Perguntado em
entrevista televisiva que conselho tinha para oferecer a outros, Herbert
Douglass apontou para sua passagem bíblica favorita, Provérbios 3: 5-7, que
disse repetir o dia e noite.
Ele recitou em voz
alta, adicionando um pouco de sua própria interpretação: “‘Confia no Senhor de
todo o teu coração e não te apoies em teu próprio entendimento. Reconhece-O em
todos os teus caminhos’ como seu Senhor e seu magnífico Amigo, e como diz o
texto em hebraico, Ele vai suavizar o
teu caminho.
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