Ricardo
André
Não tenho muita fé na
lógica como solução dos problemas do mundo, mas quero uma fé lógica. Não exijo
que minha fé corresponda à “lógica científica” como concebida no presente, mas
espero que ela seja inteiramente consistente. A minha fé não é cega. Deus
oferece fortes evidências de sua existência de que criou todas as coisas. Ele,
porém, “não removeu a possibilidade da dúvida. A fé deve repousar sobre
evidência e não sobre demonstração. Os que desejam duvidar terão oportunidade
para isso. Aqueles, porém, que desejarem conhecer a verdade, encontrarão
terreno amplo para a fé” (Ellen G. White, Educação, p. 169).
Estou falando aqui da
lógica interior da Escritura e doutrina, naturalmente. Quero crer o que a
Bíblia ensina, mas também quero que essa crença seja lógica — não quero crer em
“fábulas engenhosamente inventadas” (II Pedro 1:16).
Recuso crer em qualquer
“doutrina cristã” que não possa, para minha satisfação, ser provada pela
Bíblia. Todavia, também recuso abandonar qualquer doutrina cristã apoiada na
Bíblia, mesmo que ela seja impopular ou seja chamada “não científica”. Fazê-lo
seria ilógico.
Muitos cristãos tem uma
fé ilógica. Creem na existência de Deus, em Jesus Cristo como seu Salvador, no
nascimento virginal e na vida eterna — mas não creem na Criação. A meu ver,
isso faz da fé dessas pessoas um absurdo ilógico. Elas creem que Gênesis 1 é um
tipo de gênero literário diferente da narrativa histórica, permitindo a compreensão
dos dias da Criação como não literais e em harmonia com cronologias longas, e que,
numa tentativa de conciliar a teoria bíblica da criação com a teoria científica
atual da evolução, defendem que Deus criou através de processos evolutivos.
No dia 27 de outubro,
numa segunda-feira, o Papa Francisco comentou em seu discurso na Pontifícia
Academia de Ciências, sobre temas, como a Teoria da Evolução e o Big Bang. Ele
surpreendeu o mundo cristão com declarações polêmicas que negam a Criação literal
descrita no Gênesis. Nos seus comentários Francisco também disse que a teoria
do big bang sobre as origens do universo não estão em contradição com Deus. Ele
explicou que "quando lemos a respeito da criação em Gênesis, corremos o
risco de imaginar que Deus era um mágico, com uma varinha de condão capaz de
fazer tudo. Mas não é assim... Deus não é um mágico, mas o Criador que trouxe
tudo à vida. A evolução na natureza não é incompatível com a noção de criação,
pois a evolução exige a criação de seres que evoluem".
Esse tipo de tratamento
representa um ataque à autoridade das Escrituras. Muitos cristãos supostamente
lógicos partilham esta fé ilógica do Papa Francisco. Gostaria de explicar
porque é ilógico biblicamente e doutrinalmente não crer que Deus criou a vida
na Terra em seis dias literais.
Estou assumindo, como
base da discussão, que a Bíblia é a inspirada Palavra de Deus, que nos foi dada
mediante palavras escolhidas por homens, mas infalível quanto à doutrina no
autógrafo original. Se não é, se é apenas as especulações humanas de escritores
piedosos, então não temos nenhuma base lógica ou autorizada para fé e doutrina,
o que quer que creiamos.
Eis o problema: Muitas
doutrinas cristãs são baseadas parcialmente sobre textos que também dizem de
modo claro e inequívoco que Deus nos criou. Embora digam ou não, os textos
assumem que a criação ocorreu em seis dias — os escritores bíblicos não tinham
outra teoria sobre o tópico. Assim, logicamente, se Deus não criou como a
Bíblia diz que Ele o fez, então esses textos, errados em parte, bem podem ser
errados noutra parte qualquer. Como podemos argumentar que uma frase que
identifica Jesus como Salvador é inspirada, mas a frase seguinte, que o
identifica como Criador, é apenas lenda? Tal compreensão arbitrária da inspiração
é um engano ilógico.
A Bíblia não oferece
espaço para a evolução teísta ou outras teorias que buscam integrar um longo
processo evolucionário à obra de Deus ao criar a vida na Terra, especialmente a
vida humana.
Se atribuirmos uma
interpretação não literal ao início de Gênesis, teremos que fazer o mesmo com o
restante dele, posto não haver quaisquer precedentes na narrativa para se fazer
concessão aos primeiros momentos da história - o problema ficaria ainda maior
já que Noé, Abraão, Isaque, Jacó, tudo o mais no primeiro livro da Torá, teria
que ser revisto.
De fato nossa maneira
de interpretar Gênesis 1-4 exerce grande impacto em nossa maneira de entender o
restante das Escrituras. Se os acontecimentos descritos ali são “fábulas
engenhosas” inventadas pela comunidade religiosa e não um registro histórico
inspirado, então restante das Escrituras entra em questão. Se os autores
posteriores fundamentaram sua compreensão teológica, em parte, nas Escrituras
anteriores que não são historicamente exatas, como seus conceitos teológicos
podem ser confiáveis? A Bíblia estabelece a fé nos atos históricos reais de
Deus na história da Terra.
O "Big Bang"
é tão somente uma "teoria"! Uma sugestão científica apenas, baseada
em elementos que não podem ser provados/comprovados empiricamente (em laboratório)
por não termos como saber quais eram e sob que circunstâncias agiram (é que não
havia ninguém lá para dar uma checadinha!). Nesse sentido é preciso tanto ou
mais "fé" para se crer que o Universo é autocriado ou, que tudo
evoluiu de um processo aleatório e independente do Criador. Não nos esqueçamos
que "não vida" não pode gerar "vida" (Lei da Biogênesis) e
que os "elos" estão, de fato, "perdidos".
A verdade é que os
comentários desastrosos do Papa Francisco serve ao inimigo de Deus, Satanás, que
trabalha muito para afastar o mundo do Deus verdadeiro. Um de seus métodos é o
de pôr dúvidas em nossa mente quanto à veracidade da Bíblia. O próprio livro de
Gênesis está sob um ataque feroz. Se ele puder enfraquecer nossa fé nesse
livro, tão fundamental para compreendermos nossas origens, seria fácil
enfraquece-la em tudo mais.
Examine as afirmações
seguintes e os textos que as apeiam. Se estas passagens das Escrituras são
aceitas como um apoio autêntico e inspirado de doutrina e fé, então como
cristão, não tenho outra alternativa lógica para afirmar a validez de sua
implicação de que Gênesis 1 é um relato inspirado por Deus e verdadeiro de que
Deus criou a vida na Terra em seis dias.
1)
Se Deus não nos criou, não temos base lógica para a crença de que Jesus é o
Messias, o Salvador e o Filho de Deus:
“Assim
diz o Senhor, o que vos redime, o Santo de Israel (...) Eu sou o Senhor, vosso
Santo, o criador de Israel, vosso rei” (Isaías 43:14, 15).
“Todas
as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se
fez” (João 1:3).
“Todavia,
para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem
existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós
também por ele” (I Coríntios 8:6; ver também Hebreus 1:1-3, Colossenses
1:15-20, I Pedro 1:18-20).
2)
Se Deus não nos criou, não temos base lógica para crer na volta de Cristo e o
fim do mal:
“Temei a Deus e dai-lhe
glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a
terra, e o mar, e as fontes das águas” (Apocalipse 14:7).
“Pois
que eu crio novos céus e nova terra. (...) e nunca mais se ouvirá nela nem voz
de choro nem de clamor” (Isaías 65:17-19).
“Então
dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! entrai
na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mateus
25:34).
3)
Se Deus não nos criou, não temos base lógica para crer nos Dez Mandamentos como
a lei de Deus:
“Porque
em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao
sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia de sábado e o
santificou” (Êxodo 20:11).
Os antigos hebreus não
tenham dúvida quanto à natureza do dia de sábado. Era um dia de duração normal,
mas trazia uma bênção especial de Deus. Observe a comparação explícita da
semana de seis dias de trabalho do Senhor com nossa semana de trabalho de seis
dias, e a comparação correspondente do dia de descanso para Deus e para nós (veja
Lv 23). Até mesmo muitos estudiosos que rejeitam a ideia de que esses dias
foram dias literais costuma admitir que os
escritores da Bíblia entendiam que o texto se referia a dias literais.
No Novo Testamento, o
autor de Hebreus aponta para o descanso de Deus no sétimo dia, após a conclusão
das obras da criação do mundo (Hb 4:3, 4). Essa é uma clara referência do Novo
Testamento ao relato da criação em Gênesis, e provê evidência adicional para a
verdade histórica da criação em seis dias, seguida por um dia de descanso.
4)
Se Deus não nos criou, não temos base lógica para crer na santidade do
casamento:
“Não
tendes lido que o Criador desde o princípio os fez homem e mulher,” e disse,
“Por esta causa deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, tornando-se
os dois uma só carne. De modo que já não são mais dois, porém uma só carne.
Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mateus 19:4-6).
Em resposta à pergunta
dos fariseus sobre o divórcio, Jesus citou Gênesis 1:27 e 2:24, afirmando que,
no princípio, Deus criou o homem e a mulher, estabelecendo o casamento,
conforme relato de Gênesis, confirmando a verdade histórica de Gênesis 1 e 2.
De quantas provas ainda precisamos sobre o fato de que Gênesis 1 e 2 são
relatos harmoniosos da criação, doutrina que forma a base da nossa existência e
propósito? Não estamos aqui por acaso, nem por acidente. Fomos criados a imagem
e semelhança de Deus, e o relato da criação em Gênesis, revelado em Gênesis nos
capítulos 1 e 2, é a revelação especial dEle para nós acerca de nossas origens.
5)
Se Deus não nos criou, não temos base lógica para crer no novo nascimento, na
regeneração:
“Não
mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus
feitos, e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento,
segundo a imagem daquele que o criou” (Colossenses 3:9, 10).
6)
Se Deus não nos criou, não temos base lógica para crer que a vida é um dom de
Deus:
“Se
ocultas o teu rosto, eles se perturbam; se lhes cortas a respiração, morrem, e
voltam ao seu pó. Envias o teu Espírito, eles são criados, e assim renovas a
face da terra” (Salmo 104:29, 30).
7)
Se Deus não nos criou, não temos base lógica para crer na revelação de Deus ao
mundo mediante a natureza:
“Porque
os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder como também a sua
própria divindade, claramente se reconhecem desde o princípio do mundo, sendo
percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são por isso
indesculpáveis” (Romanos 1:20).
“Tendo
em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os
seus escárnios, andando segundo as suas próprias paixões, e dizendo: Onde está
a promessa da sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas
permanecem como desde o princípio da criação. Porque deliberadamente esquecem
que, de longo tempo, houve céus bem como terra, a qual surgiu da água e através
da água pela palavra de Deus, pelas quais veio a perecer o mundo daquele tempo,
afogado em água. Ora, os céus que agora existem, e a terra, pela mesma palavra
têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o dia do juízo e destruição
dos homens ímpios (II Pedro 3:3-7; ver também Isaías 41:17-20).
8)
Se Deus não nos criou, não temos base lógica para crer na existência de Deus
como regente do universo:
“Tu
és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque
todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e
foram criadas” (Apocalipse 4:11).
9)
Se Deus não nos criou, não temos base lógica para crer na onisciência de Deus:
“E
não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas
as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de
prestar contas” (Hebreus 4:13).
Se não cremos que a
vida foi criada na Terra em seis dias, como Gênesis 1 ensina, então é
naturalmente ilógico crer que Adão e Eva jamais pecaram, como Gênesis 3 ensina.
Se evolvemos, seja por “evolução teísta” ou “por desígnio”, então a morte
sempre existiu na Terra. Deus, se é que Ele existe, torna-Se um Deus de “dentes
e garras”, oferecendo-nos “sobrevivência do mais apto” em vez de “salvação pela
fé”. Se a morte sempre existiu, então a morte não entrou no mundo como
resultado do pecado. Portanto, se evolvemos, não pode haver pecado que leva à
morte, e assim não há necessidade de um Salvador do pecado, mas também não
temos razão para esperar o fim da morte. Se Cristo é identificado como o
Criador por João e Paulo, mas eles estavam errados, então não temos base para
esperar que tivessem razão quando escreveram que Ele morreu pelos nossos
pecados, ressuscitou, ascendeu a Seu Pai e voltará para nos salvar e recriar
aquilo que Ele originalmente criou.
“Se
a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais
infelizes de todos os homens” (I Coríntios 15:19).
Não penso que podemos
ter as duas coisas. Se aceitamos que Deus criou o mundo do modo como a Bíblia
ensina, então é lógico esperar por Sua volta. Se não aceitamos a Criação, então
fé em Cristo é mero devaneio, a Igreja de Cristo é um mero clube social.
Caro amigo leitor,
vamos ouvir os críticos, que vêm com todos os tipos de “evidências” para
questionar a veracidade histórica do Gênesis, ou vamos seguir a direção
daqueles que, como Jesus, Paulo e Pedro, mostraram fé inabalável nesse livro?
(Mt 19: 3-8; Lc 17:26-30; Rm 4:3, 9-21). Realmente, o questionamento do Gênesis
significa o questionamento da veracidade do Novo Testamento, que vez após outra
se refere ao Gênesis. Como poderíamos confiar no Novo Testamento se ele
estivesse errado sobre o Gênesis? Se começarmos a duvidar da veracidade
histórica do Gênesis, todo o edifício da fé se desintegrará. Evidentemente, é
isso que Satanás quer.
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