Teologia

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

CREIO NA CRIAÇÃO EM SEIS DIAS E POSSUO UMA FÉ LÓGICA




Ricardo André

Não tenho muita fé na lógica como solução dos problemas do mundo, mas quero uma fé lógica. Não exijo que minha fé corresponda à “lógica científica” como concebida no presente, mas espero que ela seja inteiramente consistente. A minha fé não é cega. Deus oferece fortes evidências de sua existência de que criou todas as coisas. Ele, porém, “não removeu a possibilidade da dúvida. A fé deve repousar sobre evidência e não sobre demonstração. Os que desejam duvidar terão oportunidade para isso. Aqueles, porém, que desejarem conhecer a verdade, encontrarão terreno amplo para a fé” (Ellen G. White, Educação, p. 169).

Estou falando aqui da lógica interior da Escritura e doutrina, naturalmente. Quero crer o que a Bíblia ensina, mas também quero que essa crença seja lógica — não quero crer em “fábulas engenhosamente inventadas” (II Pedro 1:16).

Recuso crer em qualquer “doutrina cristã” que não possa, para minha satisfação, ser provada pela Bíblia. Todavia, também recuso abandonar qualquer doutrina cristã apoiada na Bíblia, mesmo que ela seja impopular ou seja chamada “não científica”. Fazê-lo seria ilógico.

Muitos cristãos tem uma fé ilógica. Creem na existência de Deus, em Jesus Cristo como seu Salvador, no nascimento virginal e na vida eterna — mas não creem na Criação. A meu ver, isso faz da fé dessas pessoas um absurdo ilógico. Elas creem que Gênesis 1 é um tipo de gênero literário diferente da narrativa histórica, permitindo a compreensão dos dias da Criação como não literais e em harmonia com cronologias longas, e que, numa tentativa de conciliar a teoria bíblica da criação com a teoria científica atual da evolução, defendem que Deus criou através de processos evolutivos.

No dia 27 de outubro, numa segunda-feira, o Papa Francisco comentou em seu discurso na Pontifícia Academia de Ciências, sobre temas, como a Teoria da Evolução e o Big Bang. Ele surpreendeu o mundo cristão com declarações polêmicas que negam a Criação literal descrita no Gênesis. Nos seus comentários Francisco também disse que a teoria do big bang sobre as origens do universo não estão em contradição com Deus. Ele explicou que "quando lemos a respeito da criação em Gênesis, corremos o risco de imaginar que Deus era um mágico, com uma varinha de condão capaz de fazer tudo. Mas não é assim... Deus não é um mágico, mas o Criador que trouxe tudo à vida. A evolução na natureza não é incompatível com a noção de criação, pois a evolução exige a criação de seres que evoluem".

Esse tipo de tratamento representa um ataque à autoridade das Escrituras. Muitos cristãos supostamente lógicos partilham esta fé ilógica do Papa Francisco. Gostaria de explicar porque é ilógico biblicamente e doutrinalmente não crer que Deus criou a vida na Terra em seis dias literais.

Estou assumindo, como base da discussão, que a Bíblia é a inspirada Palavra de Deus, que nos foi dada mediante palavras escolhidas por homens, mas infalível quanto à doutrina no autógrafo original. Se não é, se é apenas as especulações humanas de escritores piedosos, então não temos nenhuma base lógica ou autorizada para fé e doutrina, o que quer que creiamos.

Eis o problema: Muitas doutrinas cristãs são baseadas parcialmente sobre textos que também dizem de modo claro e inequívoco que Deus nos criou. Embora digam ou não, os textos assumem que a criação ocorreu em seis dias — os escritores bíblicos não tinham outra teoria sobre o tópico. Assim, logicamente, se Deus não criou como a Bíblia diz que Ele o fez, então esses textos, errados em parte, bem podem ser errados noutra parte qualquer. Como podemos argumentar que uma frase que identifica Jesus como Salvador é inspirada, mas a frase seguinte, que o identifica como Criador, é apenas lenda? Tal compreensão arbitrária da inspiração é um engano ilógico.

A Bíblia não oferece espaço para a evolução teísta ou outras teorias que buscam integrar um longo processo evolucionário à obra de Deus ao criar a vida na Terra, especialmente a vida humana.

Se atribuirmos uma interpretação não literal ao início de Gênesis, teremos que fazer o mesmo com o restante dele, posto não haver quaisquer precedentes na narrativa para se fazer concessão aos primeiros momentos da história - o problema ficaria ainda maior já que Noé, Abraão, Isaque, Jacó, tudo o mais no primeiro livro da Torá, teria que ser revisto.

De fato nossa maneira de interpretar Gênesis 1-4 exerce grande impacto em nossa maneira de entender o restante das Escrituras. Se os acontecimentos descritos ali são “fábulas engenhosas” inventadas pela comunidade religiosa e não um registro histórico inspirado, então restante das Escrituras entra em questão. Se os autores posteriores fundamentaram sua compreensão teológica, em parte, nas Escrituras anteriores que não são historicamente exatas, como seus conceitos teológicos podem ser confiáveis? A Bíblia estabelece a fé nos atos históricos reais de Deus na história da Terra.

O "Big Bang" é tão somente uma "teoria"! Uma sugestão científica apenas, baseada em elementos que não podem ser provados/comprovados empiricamente (em laboratório) por não termos como saber quais eram e sob que circunstâncias agiram (é que não havia ninguém lá para dar uma checadinha!). Nesse sentido é preciso tanto ou mais "fé" para se crer que o Universo é autocriado ou, que tudo evoluiu de um processo aleatório e independente do Criador. Não nos esqueçamos que "não vida" não pode gerar "vida" (Lei da Biogênesis) e que os "elos" estão, de fato, "perdidos".

A verdade é que os comentários desastrosos do Papa Francisco serve ao inimigo de Deus, Satanás, que trabalha muito para afastar o mundo do Deus verdadeiro. Um de seus métodos é o de pôr dúvidas em nossa mente quanto à veracidade da Bíblia. O próprio livro de Gênesis está sob um ataque feroz. Se ele puder enfraquecer nossa fé nesse livro, tão fundamental para compreendermos nossas origens, seria fácil enfraquece-la em tudo mais.

Examine as afirmações seguintes e os textos que as apeiam. Se estas passagens das Escrituras são aceitas como um apoio autêntico e inspirado de doutrina e fé, então como cristão, não tenho outra alternativa lógica para afirmar a validez de sua implicação de que Gênesis 1 é um relato inspirado por Deus e verdadeiro de que Deus criou a vida na Terra em seis dias.

1) Se Deus não nos criou, não temos base lógica para a crença de que Jesus é o Messias, o Salvador e o Filho de Deus:

“Assim diz o Senhor, o que vos redime, o Santo de Israel (...) Eu sou o Senhor, vosso Santo, o criador de Israel, vosso rei” (Isaías 43:14, 15).

“Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (João 1:3).

“Todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também por ele” (I Coríntios 8:6; ver também Hebreus 1:1-3, Colossenses 1:15-20, I Pedro 1:18-20).

2) Se Deus não nos criou, não temos base lógica para crer na volta de Cristo e o fim do mal:

“Temei a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (Apocalipse 14:7).

“Pois que eu crio novos céus e nova terra. (...) e nunca mais se ouvirá nela nem voz de choro nem de clamor” (Isaías 65:17-19).

“Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mateus 25:34).

3) Se Deus não nos criou, não temos base lógica para crer nos Dez Mandamentos como a lei de Deus:

“Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou” (Êxodo 20:11).

Os antigos hebreus não tenham dúvida quanto à natureza do dia de sábado. Era um dia de duração normal, mas trazia uma bênção especial de Deus. Observe a comparação explícita da semana de seis dias de trabalho do Senhor com nossa semana de trabalho de seis dias, e a comparação correspondente do dia de descanso para Deus e para nós (veja Lv 23). Até mesmo muitos estudiosos que rejeitam a ideia de que esses dias foram dias literais costuma admitir que os  escritores da Bíblia entendiam que o texto se referia a dias literais.

No Novo Testamento, o autor de Hebreus aponta para o descanso de Deus no sétimo dia, após a conclusão das obras da criação do mundo (Hb 4:3, 4). Essa é uma clara referência do Novo Testamento ao relato da criação em Gênesis, e provê evidência adicional para a verdade histórica da criação em seis dias, seguida por um dia de descanso.

4) Se Deus não nos criou, não temos base lógica para crer na santidade do casamento:

“Não tendes lido que o Criador desde o princípio os fez homem e mulher,” e disse, “Por esta causa deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne. De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mateus 19:4-6).

Em resposta à pergunta dos fariseus sobre o divórcio, Jesus citou Gênesis 1:27 e 2:24, afirmando que, no princípio, Deus criou o homem e a mulher, estabelecendo o casamento, conforme relato de Gênesis, confirmando a verdade histórica de Gênesis 1 e 2. De quantas provas ainda precisamos sobre o fato de que Gênesis 1 e 2 são relatos harmoniosos da criação, doutrina que forma a base da nossa existência e propósito? Não estamos aqui por acaso, nem por acidente. Fomos criados a imagem e semelhança de Deus, e o relato da criação em Gênesis, revelado em Gênesis nos capítulos 1 e 2, é a revelação especial dEle para nós acerca de nossas origens.

5) Se Deus não nos criou, não temos base lógica para crer no novo nascimento, na regeneração:

“Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos, e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Colossenses 3:9, 10).

6) Se Deus não nos criou, não temos base lógica para crer que a vida é um dom de Deus:

“Se ocultas o teu rosto, eles se perturbam; se lhes cortas a respiração, morrem, e voltam ao seu pó. Envias o teu Espírito, eles são criados, e assim renovas a face da terra” (Salmo 104:29, 30).

7) Se Deus não nos criou, não temos base lógica para crer na revelação de Deus ao mundo mediante a natureza:

“Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são por isso indesculpáveis” (Romanos 1:20).

“Tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as suas próprias paixões, e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. Porque deliberadamente esquecem que, de longo tempo, houve céus bem como terra, a qual surgiu da água e através da água pela palavra de Deus, pelas quais veio a perecer o mundo daquele tempo, afogado em água. Ora, os céus que agora existem, e a terra, pela mesma palavra têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o dia do juízo e destruição dos homens ímpios (II Pedro 3:3-7; ver também Isaías 41:17-20).

8) Se Deus não nos criou, não temos base lógica para crer na existência de Deus como regente do universo:

“Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas” (Apocalipse 4:11).

9) Se Deus não nos criou, não temos base lógica para crer na onisciência de Deus:

“E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” (Hebreus 4:13).

Se não cremos que a vida foi criada na Terra em seis dias, como Gênesis 1 ensina, então é naturalmente ilógico crer que Adão e Eva jamais pecaram, como Gênesis 3 ensina. Se evolvemos, seja por “evolução teísta” ou “por desígnio”, então a morte sempre existiu na Terra. Deus, se é que Ele existe, torna-Se um Deus de “dentes e garras”, oferecendo-nos “sobrevivência do mais apto” em vez de “salvação pela fé”. Se a morte sempre existiu, então a morte não entrou no mundo como resultado do pecado. Portanto, se evolvemos, não pode haver pecado que leva à morte, e assim não há necessidade de um Salvador do pecado, mas também não temos razão para esperar o fim da morte. Se Cristo é identificado como o Criador por João e Paulo, mas eles estavam errados, então não temos base para esperar que tivessem razão quando escreveram que Ele morreu pelos nossos pecados, ressuscitou, ascendeu a Seu Pai e voltará para nos salvar e recriar aquilo que Ele originalmente criou.

“Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (I Coríntios 15:19).

Não penso que podemos ter as duas coisas. Se aceitamos que Deus criou o mundo do modo como a Bíblia ensina, então é lógico esperar por Sua volta. Se não aceitamos a Criação, então fé em Cristo é mero devaneio, a Igreja de Cristo é um mero clube social.

Caro amigo leitor, vamos ouvir os críticos, que vêm com todos os tipos de “evidências” para questionar a veracidade histórica do Gênesis, ou vamos seguir a direção daqueles que, como Jesus, Paulo e Pedro, mostraram fé inabalável nesse livro? (Mt 19: 3-8; Lc 17:26-30; Rm 4:3, 9-21). Realmente, o questionamento do Gênesis significa o questionamento da veracidade do Novo Testamento, que vez após outra se refere ao Gênesis. Como poderíamos confiar no Novo Testamento se ele estivesse errado sobre o Gênesis? Se começarmos a duvidar da veracidade histórica do Gênesis, todo o edifício da fé se desintegrará. Evidentemente, é isso que Satanás quer.

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