Teologia

domingo, 8 de junho de 2014

POR QUE DEUS APARENTA SER TÃO SEVERO NO ANTIGO TESTAMENTO?





Confesso que nem sempre compreendo as atitudes de Deus. Isso não me preocupa necessariamente, porque sei que Suas atitudes derivam de Seu amor, santidade, misericórdia e justiça, ou seja, de Sua natureza singular. Reconheço que os valores morais humanos encontram um ponto de contato no caráter de Deus e, no entanto, eu devo ser capaz de compreender parte da – senão toda a – dimensão moral e implicações de Suas ações. Portanto, eu devo sempre procurar compreender. A preocupação expressada pela sua pergunta é que, em alguns casos, nossa compreensão do que é bom ou mau parece entrar em contradição com o que lemos nas Escrituras. Não vou lidar com um caso específico, mas vou dar-lhe algumas orientações gerais que podem ser úteis.

1. Existe Apenas um Deus: O texto bíblico deixa muito claro que o Deus do Antigo Testamento é o mesmo do Novo Testamento. Esse ponto quase não necessita de elaboração. No entanto, não podemos confrontar um com o outro, sugerindo que no Antigo Testamento Deus é um Deus irado e que no Novo Testamento é um Deus de amor. O Deus das Escrituras é um Deus de misericórdia, cujo amor é eterno. A ira não é um atributo divino, mas Sua reação ao pecado e rebelião humanos enquanto busca salvar os pecadores (veja Êxodo 34:6-7).

2. Estude Cada Caso: Há um bom número de casos, principalmente no Pentateuco (os cinco livros de Moisés), em que a ira divina parece ser implacável, e algumas punições à violação de certas leis parecem muito severas (por exemplo, Êxodo 21:15 e 17). Apenas uma explicação é insuficiente para esclarecer todas elas; é necessário estudar cada uma dentro de seu contexto. Na maioria dos casos, encontramos uma lógica moral adequada para a ação ou legislação. Outros casos permanecem obscuros. Porém, se compararmos a legislação bíblica com as práticas do antigo Oriente Médio, concluiremos que as leis bíblicas eram muito mais humanas. Isso indica que Deus desejava elevar os valores morais de Seu povo.

3. Condescendência de Deus: Deus abordava Seu povo dentro do contexto cultural e jurídico em que viviam, a fim de elevá-los a um novo padrão moral e espiritual. Esse era um processo lento e, muitas vezes, doloroso, por meio do qual Deus Se aproximava o máximo possível da condição humana sem sacrificar Sua integridade moral. Ele não escolheu uma das nações da terra para ser Seu povo; Ele decidiu criar uma para Si. Ele chamou Abrão e dele surgiram doze tribos. A lei dos clãs e tribos era muito rigorosa, e, no caso de violação, rapidamente executada. A união dessas tribos em uma nação não foi uma tarefa fácil, mesmo para o Senhor. As leis das tribos eram sancionadas e modificadas pelo Senhor, que era também quem cobrava sua execução. Nas mãos dEle, a intenção da lei era proteger os interesses não de uma tribo ou clã, mas da nação como um todo. Deus era o responsável pela preservação e restauração da ordem dentro da comunidade. Insubordinação e rebelião que colocavam em risco a própria existência da comunidade não eram toleradas dentro da teocracia (o governo de Deus). A severidade da punição revelava a seriedade com a qual Deus tratava o pecado e a rebelião, e servia como uma intimidação social. A inescrutabilidade da vontade e das ações divinas permanece conosco. Há maneiras de ler o texto revelando seu significado moral e ético, mas reconheço que nem tudo é bastante claro. No entanto, os atos e as leis de Deus no Antigo Testamento eram manifestações de Seu caráter, que foi plenamente expresso na Pessoa de Seu Filho. A resposta final expressa na Bíblia é a cruz de Jesus e Seu papel no juízo final. O julgamento cósmico deixará claro que Deus era justo correto no modo como lidou com o problema do pecado ao responder à pergunta: “Não agirá com justiça o Juiz de toda a Terra?” (Gênesis 18:25, NVI). A resposta, então, como agora, será: Sim, Ele agiu com justiça!

Angel Manuel Rodríguez, Revista “Adventist World” – Março 2011

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