Wesley P.
Walters
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias foi fundada com base nos
ensinamentos do Livro de Mórmon, e a extraordinária história de sua
tradução, por Joseph Smith, a partir das “placas douradas”, tem
sido o ponto de principal atração do proselitismo Mórmon. Mas hoje, passados
muitos anos desde que disseram que o Livro de Mórmon viera para
restaurar as verdades fundamentais do Cristianismo, os líderes mórmons ainda
crêem em suas declarações doutrinárias?
O Livro de Mórmon e a Doutrina Mórmon
Contemporânea
O Livro de Mórmon ensina, por exemplo, que:
(1) há um único Deus
(2) o qual é Espírito,
(3) é imutável de eternidade a eternidade (Alma
11:26-31; 2 Nefi 31:21;
Mórmon 9:9-11,19; Moroni 7:22; 8:18).
Hoje em dia a doutrina Mórmon, contrariamente,
ensina que:
(1) há três deuses separados responsáveis pelo nosso
planeta,
(2) dois deles têm corpos, outrora foram homens, e
(3) conquistaram o direito de se tornarem deuses
através da fiel obediência ao evangelho mórmon.
Os mórmons agora também acreditam que há milhões e
milhões destes deuses, cada qual tendo obtido natureza divina e criado planetas
a serem regidos por eles. Homens mórmons esperam tornarem-se deuses eles
mesmos, para então formarem e povoarem seus próprios mundos, com a
cooperação de suas esposas.
Joseph Smith, que originalmente ditou as palavras
do Livro de Mórmon, mais tarde rejeitou seu ensinamento de que Deus é
“imutável de eternidade a eternidade” (Moroni 8:18). Próximo do fim de sua
vida, como relatado em Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, ele anunciou: “nós
temos imaginado e suposto que Deus era Deus desde toda a eternidade. Eu irei
refutar esta idéia . . . Ele uma vez já foi homem como nós” (p. 336). Os atuais
deuses mórmons, portanto, são muitos, em vez de um só como criam antes, não são
espírito e não são imutáveis como o próprio Livro de Mórmon ensina.
Além disso, o Livro de Mórmon insiste,
plagiando o que já está na Bíblia, que toda a humanidade tenha que nascer outra
vez, isto é, eles precisam ser mudados de seu estado carnal e decaído, caso
contrário eles poderão de modo algum herdar o Reino de Deus. O livro proclama
ainda uma necessidade de tornar-se uma nova criatura por ter nascido
espiritualmente de Deus e por ter experimentado essa poderosa mudança em seus
corações (Mosíah 27:24-28; Alma 5:14). No entanto, o mormonismo moderno passou
a enfatizar que o batismo na água feito pela igreja Mórmon é indispensável para
receber o novo nascimento, o que é totalmente inaceitável do ponto de vista
bíblico. “Ninguém pode nascer de novo sem batismo” (McConkie, Mormon
Doctrine, p. 101). No próprio Livro de Mórmon, entretanto, o batismo é
desnecessário para crianças e para Gentios (os que estão sem lei) porque para
tal é inútil o batismo (Moroni 8:11-13, 20-22).
Novamente, o Livro de Mórmon declara que há
somente dois destinos para a humanidade: felicidade eterna ou miséria eterna.
Aqueles que morrem rejeitando Cristo recebem tormento eterno, sem uma segunda
chance após a morte. Eles são “lançados no fogo, de onde eles não
retornam” e “vão para um lugar preparado para eles, o lago de fogo” (3 Nefi
27:11-17; Mosíah 3:24-27; 2 Nefi 28:22-23; Alma 34:32-35). Ao contrário de tudo
isso, o mormonismo de hoje passou a crer que qualquer um pode usufruir de algum
nível de glória, e que aqueles que já morreram podem ser resgatados da “prisão”
quando os vivos realizam batismos por procuração em favor deles.
Deste modo, o próprio Livro de Mórmon ensina
haver muito pouco suporte para as pincipais doutrinas mórmons correntes. Muitas
outras mudanças doutrinárias importantes envolvendo a natureza de Deus, oração,
poligamia, autoridade etc. precisam ser discutidas aqui, mas o espaço é
limitado.
Um
Produto Do Século XIX?
Enquanto
os líderes mórmons dão limitada atenção à teologia do Livro de Mórmon, seus
próprios intelectuais têm tentado empregar a arqueologia americana para
atribuir ao livro a aparência de uma antigüidade genuína. Seus esforços têm
sido tão entusiastas que a Smithsonian Institution (seriíssima instituição
científica norte-americana) achou necessário fazer um pronunciamento afirmando
que o livro não tem valor arqueológico.
Tentativas dos mórmons em estabelecer seu Livro como uma produção antiga não tem tido grande peso diante do amontoado de evidências de que se trata realmente de uma peça de ficção do século XIX. Dois importantes estudos apoiam essa origem humana.
Tentativas dos mórmons em estabelecer seu Livro como uma produção antiga não tem tido grande peso diante do amontoado de evidências de que se trata realmente de uma peça de ficção do século XIX. Dois importantes estudos apoiam essa origem humana.
As
Próprias Descobertas de uma Autoridade Geral Mórmon
O
primeiro deles consiste de dois manuscritos escritos por volta de 1922 pela
Autoridade Geral Mórmon e apologista Brigham H. Roberts. É surpreendente saber
que este defensor da fé mórmon argumentava implacavelmente que Joseph Smith
teria sido, ele mesmo, o autor do Livro de Mórmon. A família de Roberts
tem agora permitido exames sérios destes dois manuscritos que têm estado em sua
posse desde sua morte em 1933. Eles têm sido publicados por intelectuais
mórmons num livro intitulado Studies of the Book of Mormon (University
of Illinois Press, 1985).
Roberts aborda quatro pontos principais num estudo de 375 páginas. Ele observa em seu primeiro manuscrito, “Book of Mormon Difficulties” (Dificuldades do Livro de Mórmon), que o relato do livro sobre os antigos Americanos está em conflito com o que é conhecido sobre eles a partir de recentes investigações científicas. O Livro de Mórmon os representa como pertencendo a uma cultura da Idade do Ferro, enquanto a arqueologia tem mostrado que eles haviam avançado apenas para a Idade da Pedra Polida quando da chegada do homem branco” (Studies, pp. 107-112).
A
situação, ele descobriu, complicou-se mais ainda pelo fato do Livro de
Mórmon declarar que os primeiros colonos chegaram ao Novo Mundo quando ele
era inabitado. Os jareditas vieram para aquela parte onde o homem nunca tinha
estado (Eter 2:5) e lutaram entre si até a sua extinção. Os Nefitas igualmente
vieram para uma terra escolhida entre todas as outras (2 Nefi 1:5-11). Já que a
chegada do último grupo é dita como tendo sido em mais ou menos 600 d.C.,
não haveria tempo suficiente para o desenvolvimento dos 169 ramos
conhecidos de linguagem no Novo Mundo, cada um deles com vários dialetos.
Roberts confessou não possuir quaisquer respostas para tantas
discrepâncias. “Os mais recentes comentaristas autorizados”, ele disse,
“deixa-nos, tanto quanto eu posso ver no momento, sem base para qualquer
apelação ou defesa—o novo conhecimento parece estar contra nós (Studies,
p. 143). Até hoje a Arqueologia atual não tem descoberto nada que
contrarie as colocações de Roberts.
Havendo mostrado que o livro está em desacordo com o conhecimento científico recente, Roberts apresenta em seu segundo manuscrito, “Um Estudo do Livro de Mórmon”, que o livro combina com o conhecimento comum, aquilo que comumente se acreditava, no começo do século dezenove, sobre os aborígenes americanos. Esta crença incluía muitas idéias erradas de que os índios seriam descendentes das Tribos Perdidas de Israel e que eles teriam desenvolvido, em algum momento no passado, um alto grau de civilização.
Este
conhecimento comum foi bem sintetizado, quase na forma de um livro de bolso,
num livro do Reverendo Ethan Smith. Este trabalho, View of the Hebrews (Uma
Visão sobre os Hebreus), estava impresso em sua segunda e ampliada edição
cinco anos antes do Livro de Mórmon ser publicado. Além disso, foi
publicado na mesma cidade pequena onde Oliver Cowdery vivia. Cowdery era um
primo de Joseph Smith Jr. e seu assistente na produção do Livro de Mórmon.
Numa
análise ao longo de aproximadamente 100 páginas, Roberts mostra que o livro de
Ethan Smith contém praticamente a “base do plano” do Livro de Mórmon (Studies,
p. 240; 151-242), indicando que Joseph Smith plagiara a história fictícia de
Ethan, não sendo, portanto, a revelação de um anjo.
Ambos os
livros apresentam os nativos da América como hebreus que vieram do Velho Mundo.
Os dois alegam ter havido uma parte desmembrada do grupo civilizado e que se
degenerou para uma condição selvagem. A porção selvagem teria
destruído completamente a única civilizada após longas e terríveis guerras.
Ambos os livros atribuem ao ramo civilizado uma cultura da Idade do Ferro. Os
dois representam estes colonizadores do Novo Mundo como outrora havendo tido um
Livro de Deus, uma compreensão do evangelho e a figura de um messias branco que
os havia visitado. Ambos consideram os Gentios Americanos como tendo sido
escolhidos por profecia para pregar o evangelho aos índios que eram remanescentes
dos antigos Hebreus Americanos. Roberts, causando preocupação a seus
próprios colegas mórmons, faz perguntas incômodas concernentes a este e outros
paralelos que ele encontrou: Pode tão numerosos e surpreendentes pontos de
semelhança e sugestivo contato ser mera coincidência? (Studies, p. 242).
Como seu
terceiro ponto principal, Roberts estabelece o fato (usando exclusivamente
fontes Mórmons) de que Joseph Smith tinha imaginação suficiente para ter
produzido o Livro de Mórmon. Ele descreve a criatividade de Smith como
sendo tão forte e variada quanto a de Shakespeare, e não deve ser dado a suas
histórias mais crédito do que o que pode ser dado ao literato inglês (Studies,
p. 244).
Roberts
fundamenta sua tese sobre a origem humana do Livro de Mórmon com uma
discussão de 115 páginas sobre erros resultantes da mente não-treinada, contudo
criativa, de Joseph Smith. Roberts aponta para a impossibilidade da jornada de
três dias de Lehi de Jerusalém até a costa do Mar Vermelho uma viagem de 170
milhas a pé, com mulheres e crianças junto. Ele cita seu desembarque na
América, a terra escolhida entre todas as outras, onde eles inexplicavelmente
encontraram animais domesticados—“vacas, bois, asnos, cavalos, cabras, cabras
monteses” (1 Nefi 18:25). Roberts encontra uma repetição amadorística do mesmo
enredo da história, mudando apenas os personagens. O Livro, ele chama a
atenção, tenta exceder os milagres da Bíblia e apresenta algumas incríveis
cenas de batalhas. Em um momento, 2060 adolescentes lutaram em guerras por um
período de mais de 4 a 5 anos sem que nenhum deles tenha sido morto (Alma
56-58). Isto levou Roberts a perguntar:
Tudo isto
é uma história coerente. . . ou trata-se de um conto maravilhoso de uma mente
imatura, inconsciente do quanto ele está exigindo da credulidade humana quando
pede que homens aceitem sua narrativa como uma história verídica? (Studies,
p. 283).
A questão
surge para não ter nenhuma resposta. Roberts também mostra que o típico do
reavivalismo da época de Smith são os desmaios e transes religiosos encontrados
repetidas vezes no Livro de Mórmon. Neste ponto o manuscrito de Roberts
cessa, mas não antes de nos tornar conscientes de como o Livro de Mórmon
depende da cultura e da forma de pensamento da época em que foi escrito no que
diz respeito ao conteúdo e estilo (Studies, p. 308).
A Bíblia Na Versão King James (Rei Tiago) Plagiada
Logo a
seguir, bem nos calcanhares da análise de Roberts, há um estudo de H. Michael
Marquardt, demonstrando, através de evidência muito forte, que a Bíblia na
versão do Rei Tiago (uma das traduções mais bem aceitas e usadas em inglês) foi
usada na composição do Livro de Mórmon.
Marquardt
mostra que a parte do Livro de Mórmon que supostamente teria sido
escrita durante o período do Velho Testamento é literalmente temperada com
frases e citações da tradução do Rei Tiago do Novo Testamento (ele lista
200 exemplos). Até as profecias que aparecem nesta parte apresentam as mesmas
palavras que são usadas no Novo Testamento da Bíblia. Eis alguns dos muitos
paralelos, indicando plágio: João Batista, por exemplo, é predito para vir e
preparar o caminho para Um que é mais poderoso do que eu (1 Nefi 10:8/Lucas
3:16), de quem não sou digno de desatar a correia dos sapatos (1 Nefi
10:8/João 1:27). Semelhantemente, haverá um rebanho e um Pastor (1 Nefi
22:25/João 10:16) e uma fé e um batismo (Mosíah 18:21/Efésios 4:5).
E mais, a
vida e o ministério de Alma no período do Velho Testamento do Livro de
Mórmon são virtualmente uma cópia da vida do apóstolo Paulo. Até as mesmas
expressões tipicamente paulinas são encontrados nos lábios de Alma: fé, esperança
e caridade (Alma 7:24/1 Coríntios 13:13), o poder de Cristo para a
salvação (Alma 15:6/Romanos 1:16), sem Deus no mundo (Alma 41:11/Efésios
2:12) etc.
Desarmonia
Bíblica
Os que
crêem no Livro de Mórmon têm tentado justificar tais anacronismos
dizendo que, em traduções, quando a frase era suficientemente parecida com uma
da Bíblia em inglês, Smith simplesmente empregou a frase bíblica familiar. Esta
explicação não se justifica, já que não são usadas apenas frases do Novo
Testamento, mas em muitos casos a interpretação neotestamentária da parte do Livro
de Mórmon dita como sendo do tempo do Velho Testamento é também adotada e,
ainda, aumentada.
Por
exemplo, além da interpretação do Novo Testamento colocando Melquisedeque como
um tipo de Cristo ter sido adotada, ainda foi aumentada, na porção do Velho
Testamento do Livro de Mórmon, para incluir uma ordem inteira de
sacerdotes depois da ordem de seu Filho , e uma explicação foi adicionada
sobre porque Melquisedeque foi chamado Rei de Justiça e Rei de Paz (Alma 12 e
13; cf. Heb. 7:2). Dessa forma, o material do Novo Testamento tem se tornado
parte integrante do texto do Livro de Mórmon. Os conceitos do Novo
Testamento, e não somente frases ocasionais, tem sido transportados para
dentro da parte do Livro de Mórmon correspondente ao Velho Testamento.
Como resultado, isso não é um caso de desdobramento gradual de doutrina
como encontramos na Bíblia. No Livro de Mórmon, o Cristianismo é
conhecido e maduro já desde a construção da Torre de Babel.
Mais
ainda, o Livro de Mórmon ocasionalmente comete erros graves em seu uso
do material bíblico. Na Bíblia, por exemplo, em Atos 3:22 Pedro faz uma
paráfrase das palavras ditas por Moisés em Deuteronômio 18:15, 18. Contudo, no Livro
de Mórmon, em 1 Nefi 22:20, as palavras de Pedro são equivocadamente
referidas como palavras literais de Moisés, parecendo indicar que alguém copiou
o trecho de Atos para a parte do Livro de Mórmon que dizem ter sido
escrita na época do Velho Testamento, em vez de copiar o trecho de
Deuteronômio. O provável copista, que não conhecia a Bíblia tão bem
quanto pensava e sem se preocupar em averiguar se os termos usados por Pedro
eram exatamente aqueles ditos por Moisés em Deuteronômio, acabou por
comprometer a chance que ele queria de fazer com que os leitores acreditassem
que aquela parte do Livro de Mórmon seria uma escritura original,
antiga, do tempo do Velho Testamento. Do mesmo jeito, as palavras de Malaquias
4:1, na Bíblia, aparecem em 1 Nefi 22:15, no Livro de Mórmon. Só que, de
acordo com os mórmons, 1 Nefi teria sido escrito numa época mais de cem anos
anterior . . . que Malaquias teria escrito seu livro bíblico, o que
aponta para mais um caso em que o escritor do Livro de Mórmon teria
copiado textos da Bíblia e que a data atribuída pelos mórmons a 1 Nefi não
pode ser verdadeira.
Na
segunda parte de seu estudo, Marquardt aponta outro material recente, o qual
foi usado no Livro de Mórmon. Uma variedade do patriotismo americano da
Nova Inglaterra e a manifestação anti-maçônica ocorrida próxima à casa de Smith
em 1827 são fatos contemporâneos que curiosamente parecem ter influenciado a
redação do Livro, embora os mórmons insistam em atribuir ao mesmo uma origem
antiga.
Mais
evidentes ainda são os eventos da própria vida de Smith incluídos em seu
trabalho. Martin Harris, uma testemunha do Livro de Mórmon, fez uma
visita a intelectuais na cidade de Nova Iorque para checar a habilidade de
tradução de Smith. Tal visita aparece no Livro de Mórmon como uma
predição, porém já foi provado que ela só foi realmente escrita no Livro depois
de Martin retornar de sua viagem. E Smith adicionou uma profecia sobre ele
mesmo como tendo sido chamado para ser o tradutor dos registros Mórmons (2 Nefi
3:11-15). Que o fácil é fazer profecias depois do evento já haver acontecido.
O Golpe
Final
Talvez
mais prejudicial de tudo seja a maneira como o Livro de Mórmon confunde
a Velha e a Nova Aliança. O livro enfatiza que antes da vinda de Cristo os
fiéis guardavam a lei de Moisés, mas também estabeleciam igrejas, ensinavam e
praticavam o batismo cristão e agiam de acordo com doutrinas e eventos do Novo
Testamento (2 Nefi 9:23 e Mosíah 18:17). Ora, é bíblica e historicamente comprovado
que o conceito de igreja foi trazido por Jesus, e só faz sentido com Ele, já
que a igreja é o corpo de Cristo e Ele é o Cabeça. As primeiras igrejas foram
fundadas pelos apóstolos, e isso não existia no Velho Testamento. O
desdobramento gradual dos temas teológicos tão evidentes na Bíblia estão
completamente ausentes no Livro de Mórmon. Na Bíblia a Velha Aliança é
tirada para estabelecer a Nova Aliança (Hebreus 10:9). O Livro de Mórmon
rompe esta ordem divina e mistura as alianças e suas ordenanças. O livro também
usa linguajar típico do reavivalismo protestante e idéias contemporâneas da
época de Smith. Tudo isso faz com que o Livro de Mórmon seja visto como
se fosse portador de uma mensagem mais simples e mais contextualizada do que a
Bíblia, mas somente para alguém que tem quase nenhum ou nenhum conhecimento das
Sagradas Escrituras de Deus.
Entretanto,
um exame cuidadoso deste Livro de Mórmon, cuja teologia tem sido, em
grande parte, negligenciada pela própria Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias, prova que realmente é uma peça de ficção sobre os primórdios da
América. Através dos textos tomados emprestados da Bíblia e do material
contemporâneo, e sua imitação do estilo de linguagem da Bíblia King
James, constituiu-se num poderoso atrativo para os sedentos de novidades em
religião daquele tempo. Uma avaliação cuidadosa, no entanto, mostra
claramente que não é, em nenhum sentido, uma revelação autêntica de
Deus.
É
CRISTÃO O MORMONISMO?
Esta
talvez pareça ser uma pergunta enigmática para muitos mórmons, bem como para
alguns cristãos. Os mórmons dirão que eles incluem a Bíblia na lista dos quatro
livros que reconhecem como Escrituras, que sua crença em Jesus Cristo é parte
central de sua fé, e que isto é indicado pelo seu nome oficial, A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Além
disso, muitos cristãos têm escutado o Coral do Tabernáculo Mórmon cantar hinos
cristãos, e ficam impressionados com a dedicação de muitos adeptos quanto às
suas regras morais e sua forte estrutura familiar. Não seria, então, por
isso, o mormonismo uma religião cristã?
Para
responder a esta pergunta de maneira correta e imparcial, precisamos comparar
cuidadosamente as doutrinas básicas da religião mórmon com as do cristianismo
bíblico, histórico. Para representar a posição mórmon nós temos recorrido aos
mais bem conhecidos escritos doutrinários do mormonismo, incluindo a
edição de 1988 do livro Princípios do Evangelho, cujos direitos autorais
estão em nome da Corporação do Presidente de a Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias. Faremos esta comparação em dez áreas
fundamentais de doutrina.
1. A Bíblia ensina, e os cristãos evangélicos têm
crido através dos tempos, que há um só Deus vivo e verdadeiro, e que além dEle
não há outros deuses (Deuteronômio 6:4; Isaías 43:10, 11; 44:6, 8; 45:21,
22; 46:9; Marcos 12:29-34).
Ao contrário, a Igreja Mórmon ensina que há muitos
deuses, e que os seres humanos podem vir a ser deuses e deusas no Reino
Celestial. Eles ensinam ainda que aqueles que alcançam a divindade teriam o que
eles chamam de “filhos espirituais” que adorariam e orariam a eles, assim como
nós adoramos e oramos a Deus Pai (o Livro de Abraão, 4:1-5:21 em A Pérola de
Grande Valor; Princípios do Evangelho, pp. 9, 11, 290).
2. A Bíblia ensina, e os cristãos evangélicos têm
crido através dos tempos, que Deus é espírito (João 4:24; 1 Timóteo 6:15, 16),
que não é um homem (Números 23:19; Oséias 11:9; Romanos 1:22, 23) e que
sempre (eternamente) existiu como Deus—onipotente, onipresente e onisciente
(Salmo 90:2; 139:7-10; Apocalipse 19:6; Malaquias 3:6).
Ao contrário, a Igreja Mórmon ensina que Deus Pai
foi um homem como nós, que progrediu até tornar-se um Deus e, mesmo nessa
condição , continua a possuir um corpo de carne e osso. (“O próprio Deus já foi
como nós somos agora — ele é um homem exaltado, entronizado em céus distantes!”
Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, compilado por Joseph Fielding Smith, pp.
336). Em Doutrina e Convênios (D&C) 130:22 é dito que “o Pai
tem um corpo de carne e ossos, tangível, como o do homem”; também a
citação famosa de Lorenzo Snow, “Como o homem é, Deus foi; como Deus é, o
homem poderá vir a ser” (Regras de Fé de James Talmage, p. 389). Para
completar, o mormonismo ensina que Deus tem um pai, um avô, e assim
sucessivamente (Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, p. 365).
3. A Bíblia ensina, e os cristãos evangélicos têm
crido através dos tempos, que Jesus é o único e verdadeiro Filho de Deus; Ele
tem sempre existido como Deus, e é co-eterno e co-igual com o Pai (João 1:1-14;
10:30; Colossenses 2:9). Ainda que nunca haja sido menos que Deus, no tempo
indicado pôs de lado a glória que compartilhava com o Pai (João 17:4, 5;
Filipenses 2:6-11) e foi feito “semelhante aos homens” para realizar a obra da
nossa salvação. Sua encarnação (não confundir com “reencarnação”)
se fez realidade quando foi sobrenaturalmente concebido pelo Espírito Santo e
nasceu de uma virgem, chamada Maria (Mateus 1:18-23; Lucas 1:34, 35), conforme
havia sido predito pelos profetas no Antigo Testamento (Isaías 7:14; 9:6;
Mateus 2:6; Miquéias 5:2).
Ao contrário, a Igreja Mórmon ensina que Jesus
Cristo é nosso irmão mais velho, e que progrediu até chegar a ser um deus,
havendo primeiro sido gerado como um “filho espiritual” por meio do Pai e de
uma mãe celestial, e depois concebido fisicamente pelo Pai e pela virgem Maria.
A doutrina mórmon afirma que Jesus e Lúcifer são irmãos (Princípios do
Evangelho, pp. 9, 15, 16, 54, 57).
4. A Bíblia ensina, e os cristãos evangélicos têm
crido através dos tempos, que o Espírito Santo é Deus e é onipresente (1 Reis
8:27; Salmo 139:7-10; Jeremias 23:24; Atos 5:3, 4).
Ao contrário, a Igreja Mórmon ensina que o Espírito
Santo é um espírito com forma de homem, que não pode estar em todas as
partes ao mesmo tempo, mas apenas a sua influência é presente em todo lugar (Princípios
do Evangelho, p. 34; Doutrinas de Salvação, Vol. 1, pp. 42-45, por
Joseph Fielding Smith).
5. A Bíblia ensina, e os cristãos evangélicos têm
crido através dos tempos, que o Pai, o Filho e o Espírito Santo não são
deuses separados, e sim Pessoas distintas de um só Deus Triúno. Em todo o Novo
Testamento o Filho e o Espírito Santo, bem como o Pai são identificados
separadamente como Deus, e agem como Deus (Filho: Marcos 2:5-12; João 20:28;
Filipenses 2:10, 11; Espírito Santo: Atos 5:3, 4; 2 Coríntios 3: 17, 18;
13:14); mas, ao mesmo tempo, a Bíblia ensina que existe um só Deus, e que os
três são manifestações distintas do mesmo e único Deus (veja novamente o ponto
no 1).
Ao contrário, a Igreja Mórmon ensina que o Pai, o
Filho e o Espírito Santo são três deuses separados (Ensinamentos do Profeta
Joseph Smith, pp. 361-362; Mormon Doctrine, pp. 576, 577).
6. A Bíblia ensina, e os cristãos evangélicos têm
crido através dos tempos, que a queda do homem foi um grande mal, e que através
disso o pecado entrou no mundo, pondo todos os seres humanos debaixo da
condenação e da morte. Assim, todos os seres humanos nascem com uma
natureza pecaminosa, e serão julgados pelos pecados que cometem,
individualmente (Ezequiel 18:1-20; Romanos 5:12-21).
Ao contrário, a Igreja Mórmon ensina que o pecado
de Adão era “um passo necessário no plano da vida e uma grande bênção
para toda a humanidade” (Princípios do Evangelho, p. 31; Doutrinas de
Salvação, Vol. 1, pp. 114, 11; Livro de Mórmon, 2 Néfi 2:25).
7. A Bíblia ensina, e os cristãos evangélicos têm
crido através dos tempos, que a obra redentora de Cristo é, antes de mais nada,
a solução provida por Deus para o problema do pecado da humanidade. Por
haver tomado os pecados pessoais de todos os homens — passado, presente e
futuro — em Seu próprio corpo na cruz (1Pedro 2:24), Cristo, como o prometido
Cordeiro de Deus sem mancha, cumpriu totalmente as exigências da Justiça
Divina, para que todos aqueles que pela fé O receberem possam ser perdoados,
restaurados à comunhão com Deus e desfrutar de vida eterna com Ele para todo
sempre (2 Coríntios 5:21; Apocalipse 21:1-4).
Ao contrário, a Igreja Mórmon ensina que a obra
redentora de Cristo apenas garante o que ela chama de “salvação
geral”,que consiste no fato das pessoas serem ressuscitadas — acontecendo para
todos, indiferente de terem aceito Jesus Cristo pela fé. Para eles, a obra
redentora não é suficiente em si mesma para dar a vida eterna. Em vez
disso, seria preciso acrescentar as nossas boas obras (Princípios do
Evangelho, pp. 69, 291-292; Regras de Fé, pp. 86, 88-89).
8. A Bíblia ensina, e os cristãos evangélicos têm
crido através dos tempos, que nós somos salvos do nosso pecado e morte
espiritual pela provisão graciosa de Deus de perdão e vida eterna. Não
podendo ser merecida nem conquistada pelas nossas obras (Efésios 2:8, 9). Os 10
Mandamentos nos foram dados para mostrar que somos incapazes e incompetentes
para cumprir os desígnios da perfeita e santa Justiça de Deus por nossos
próprios esforços, evidenciando nossa fraqueza e nos fazendo reconhecer que
somos inteiramente dependentes dEle (Romanos 3:20; 5:20; 7:7, 8; Gálatas 3:19).
Os sacrifícios do Antigo Testamento apontavam para a provisão graciosa do
“Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29; Hebreus 9:11-14;
10:1-14). Não podemos contribuir praticamente em nada para a nossa
salvação porque, sem Cristo, somos espiritualmente “mortos em nossos
pecados” (Efésios 2:1, 5); um novo coração , o qual deseja obedecer às leis de
Deus, é resultado concreto da salvação (entretanto, é correto que, sem
evidências de mudança na conduta, o testemunho de fé em Cristo do indivíduo
pode muito bem ser questionado; salvação pela graça somente através da fé
não significa que nós podemos viver como “nos der na cabeça” — Romanos
6:1).
Ao contrário, a Igreja Mórmon ensina que todo homem
receberá a salvação, referindo-se a ela como sendo nada mais que “uma conexão
inseparável do corpo e do espírito, propiciada pela expiação e
ressurreição do Salvador” (Princípios do Evangelho, p. 359). Mas,
para obter a salvação “máxima”, que eles chamam de exaltação e que
significaria “morar na presença de Deus”, a única possibilidade é se a pessoa
perseverar “em fidelidade, guardando todos os mandamentos do Senhor até o fim
de sua vida terrena” (Princípios do Evangelho, p. 292). As obras seriam
requisitos para se poder “morar na presença de Deus” (Terceira Regra de Fé;
Doutrinas de Salvação, Vol. 2, p. 5).
9. A Bíblia ensina, e os cristãos evangélicos têm
crido através dos tempos, que a Bíblia é a única, final e infalível Palavra de
Deus (2 Timóteo 3:16; Hebreus 1:1, 2; 2 Pedro 1:21) e que ela permanecerá para
sempre (1 Pedro 1:23-25). A preservação providencial, por parte de Deus,
do texto bíblico tem sido maravilhosamente confirmada pela Arqueologia e pela
História, a exemplo da descoberta dos Rolos do Mar Morto.
Ao contrário, a Igreja Mórmon ensina que a Bíblia
foi adulterada, tem perdido muitas de suas verdades e que não contém o
Evangelho em toda a sua plenitude (Doutrinas de Salvação, Vol. 3, pp.
190, 191; Livro de Mórmon,1 Néfi 13:26-29; Ensinamentos do Profeta
Joseph Smith, p. 12).
10. A Bíblia ensina, e os cristãos evangélicos têm
crido através dos tempos, que a Igreja verdadeira foi divinamente estabelecida
por Jesus e por isso nunca pôde, nem jamais poderá desaparecer da terra (Mateus
16:18; João 17:11; 1 Coríntios 3:11). Os cristãos genuínos admitem que têm
havido tempos de corrupção e apostasia dentro da Igreja, mas crêem também
que sempre tem existido, pela vontade de Deus, um remanescente de pessoas que guardam
e propagam os princípios fundamentais da verdadeira doutrina de Cristo contida
no Evangelho.
Ao contrário, a Igreja Mórmon ensina que houve uma
grande e total apostasia na igreja estabelecida por Jesus Cristo; este estado
de apostasia “ainda prevalece, exceto para aqueles que se voltarem para um
conhecimento do 'evangelho restaurado' pela Igreja Mórmon” (Mormon Doctrine,
p. 44; Princípios do Evangelho, pp. 100-101; Doutrinas de Salvação,
Vol. 3, pp. 269-275).
Conclusão:
Os pontos
que apareceram em itálico constituem o Evangelho normalmente crido por todos os
cristãos evangélicos através dos tempos, independentemente de rótulos
denominacionais. Por outro lado, algumas religiões, como o mormonismo,
pretendem passar-se por cristãs em suas crenças e práticas, mas dão mais
autoridade a outros escritos do que à Bíblia, ensinam doutrinas que contradizem
os ensinos bíblicos, e têm crenças completamente estranhas e contrárias aos
ensinos de Jesus. A maioria destas seitas se tem originado nos últimos 200 anos
(a Ciência Cristã, as Testemunhas de Jeová, os mórmons etc.), e estas, sim,
representam uma evidente apostasia.
Os
mórmons e os cristãos evangélicos têm em comum importantes termos bíblicos e
preceitos éticos. Contudo, os pontos já mencionados são alguns exemplos das
múltiplas diferenças fundamentais e inconciliáveis entre o cristianismo bíblico
e o mormonismo. Embora tais diferenças não nos impeçam de termos amizade
com mórmons, não podemos considerá-los irmãos em Cristo. A Bíblia nos
adverte especificamente sobre falsos profetas que ensinariam “um outro
evangelho”, centrado em “um outro Jesus” e testemunhado por “um outro espírito”
(2 Coríntios 11:4, 13-15; Gálatas 1:6-9). A Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias afirma que seu Livro de Mórmon é “um outro testamento de Jesus
Cristo”. Nós cremos que, na realidade, trata-se de um “testamento de um outro
Jesus”, e que o mormonismo não é cristão.
É dito que se alguém se diz mórmon (ou candidato a
tal), mas não aceita todos os dogmas básicos do mormonismo, tais como:
* Joseph Smith foi um profeta de Deus;
* O Livro de Mórmon é verdadeiro e divinamente
inspirado;
* Deus já foi um homem que progrediu até a
divindade através da obediência às leis e ordenanças da Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias;
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias;
* a Igreja Mórmon foi divinamente estabelecida,
então os demais mórmons rejeitariam sua reivindicação de ser um “santo dos
últimos dias”.
Um indivíduo não pode se dizer mórmon se
não crê cegamente nas estranhas doutrinas fundamentais que todos os
mórmons crêem. Da mesma maneira, se os “santos dos últimos dias” não
crêem nas verdades bíblicas essenciais defendidas por todos os cristãos
genuínos, como podem esperar que sejam aceitos como irmãos em Cristo?
Os Mórmons acreditam que os “outros” cristãos são
seguidores de doutrinas apóstatas. Por que, então, querem ser considerados
parte do corpo de Cristo? Há três possibilidades:
* Para dar conforto e legitimidade a eles mesmos,
pessoalmente, pelo fato de pertencerem a uma “religião legítima”.
* Para reforçar a aparência de uma religião
legítima, facilitando seu vasto proselitismo.
* Porque crêem que os mórmons são os únicos
cristãos verdadeiros.
Se os mórmons se julgam os únicos cristãos
verdadeiros, então não deveriam esforçar-se por passar-se como parte da Igreja
Cristã. Em lugar disso, deveriam proclamar abertamente a todo mundo que os
cristãos evangélicos são nada mais que apóstatas, e que os mórmons são os
únicos e verdadeiros cristãos. Na realidade, isto é o que eles ensinam
reservadamente (em particular), mas não abertamente.
Se os mórmons, especialmente sua liderança, têm
consciência destas verdades, por que pretendem ser entendidos como parte
integrante do que o mundo em geral considera como sendo a Igreja Cristã, quando
sabem que não o são? A lógica leva-nos a concluir que sua motivação
parece ser uma combinação das três possibilidades já mencionadas,
especialmente a segunda, que é converter mais e mais pessoas à seita do
mormonismo.
FONTE: http://www.azenilto.com
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