Teologia

segunda-feira, 2 de junho de 2014

ONDE ESTAMOS NA CRONOLOGIA DIVINA?




Ricardo André

Onde estamos na história da Terra? Seria possível demarcar com estacas exatamente o trajeto que iremos seguir? É verdade que não sabemos nem o dia nem a hora do fim da história da humanidade, mas podemos analisar um pouco a cronologia divina e saber, nestes dias, o que o Senhor Jesus tem revelado para nós, Seus filhos nos últimos dias da História. Então, onde estamos na cronologia divina? O livro do Apocalipse é aquele que nos ajuda a compreender essa cronologia. No capítulo 6, o vidente de Patmos descreve uma profecia do desdobramento do dramático conflito entre os dois grandes princípios antagônicos e seu glorioso clímax. Neste capítulo ele descreve as cenas que em visão lhe foram reveladas.

O profeta viu o desfile de quatro cavalos misteriosos: Um branco, e o que cavalgava portava um arco, tendo sobre a cabeça uma coroa. Outro vermelho, tendo o seu cavaleiro “poder para tirar a paz da Terra”. Ainda outro, preto, “e o que sobre ele estava assentado tinha uma balança em sua mão”. O quarto cavalo era amarelo “e o que estava assentado sobre ele tinha por nome morte”, e recebeu “poder para matar a quarta parte da Terra” (Ap 6:1-8).



Que significam esses cavalos com seus misteriosos cavaleiros? Muitos intérpretes da Bíblia têm considerado os quatros cavaleiros do Apocalipse como portadores dos juízos divinos. Existem até filmes descrevendo esses misteriosos personagens como cavaleiros vingadores trazendo desgraças e tragédias sobre os seres humanos.

Seriam os furacões, terremotos e cataclismos, castigos divinos que os cavaleiros trazem? Existe base bíblica para semelhante especulação?

O livro do Apocalipse não pode ser tratado amadoristicamente. Não pode ser usado com leviandade ou fanatismos racional. Precisa ser estudado com base teológica e projeção histórica.

Estudando dessa maneira, perceberemos que os cavaleiros do Apocalipse simbolizam os vários períodos pelos quais passaria a Igreja de Deus, em relação com sua fidelidade à Palavra de Deus. Essa profecia, portanto, é parte da visão dos setes selos.

O profeta João vê um misterioso livro escrito por dentro e por fora selado com sete selos e ninguém era capaz de abrir os selos, a não ser Jesus. Mas Ap 5:9, 10 lemos que Jesus foi qualificado como digno de tomar o livro e abrir os selos. Ele assim o fez, abrindo o primeiro selo na presença de milhões de anjos da Corte celestial, aguardando o desenlance entre Cristo e Satanás, entre o bem e o mal.

O Primeiro Selo

“E, havendo o Cordeiro aberto um dos selos, olhei, e ouvi um dos quatro animais, que dizia como em voz de trovão: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo branco; e o que estava assentado sobre ele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e saiu vitorioso, e para vencer” (Apocalipse 6:1-2)


 A abertura do 1º selo que menciona seres viventes – que eram querubins – e um cavalo branco representando a pureza do evangelho na era apostólica. Cristo é o cavaleiro. O primeiro cavalo, de cor branca, é uma alusão aos triunfos da igreja apostólica, no período de 34 a 100 d.C. A igreja cristã era pura na doutrina, porque foi conduzida diretamente por Cristo. Todo o mundo conhecido por ocasião do martírio de Paulo, em 68 d. C., chegou a conhecer o evangelho. O cavaleiro saiu vitorioso e para vencer: vitorioso porque a vitória já foi consumada por Cristo na Cruz, e para vencer, isto é, para novas conquistas para Deus. O arco e a coroa simbolizaram o triunfo do evangelho no primeiro século da era cristã. Este selo abrange o período da história da Igreja Cristã que se alonga desde o ano 31 a. D. até o fim do primeiro século.

O Segundo Selo

“E, havendo aberto o segundo selo, ouvi o segundo animal, dizendo: Vem, e vê. E saiu outro cavalo, vermelho; e ao que estava assentado sobre ele foi dado que tirasse a paz da terra, e que se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada” (Apocalipse 6:3-4).



Obviamente que se o cavalo branco simboliza o evangelho puro que caracterizou a Igreja nos dias dos apóstolos, o vermelho indica que esta pureza seria maculada.

Vermelho é a cor do sangue, e por esse motivo o cavalo vermelho deve representar a época de perseguições estremas que igreja atravessou durante os três primeiros séculos, sob as mãos dos imperadores romanos. O Cristianismo passou a viver um período de perplexidade e angústia. Milhões morreram quando o Império Romano tentou varrer o cristianismo da face da terra. A perseguição contra cristãos foi seguida de muitas mortes, porém, por causa do sangue de muitos mártires, o cristianismo crescia a cada dia.

Os cristãos primitivos não tinham liberdade como nós temos, hoje, de ir à igreja prestar culto a Deus. Ser cristão,  era um crime punido com a morte. Milhares de fiéis foram então mortos nas arenas, nas catacumbas, nas estradas e nas prisões pelo Mestre Jesus. O cavalo vermelho representa a Igreja de 100 a 313 a. D.

O Terceiro Selo

Descrevendo a abertura do 3º selo o profeta escreveu: “E, havendo aberto o terceiro selo, ouvi dizer o terceiro animal: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo preto e o que sobre ele estava assentado tinha uma balança em sua mão. E ouvi uma voz no meio dos quatro animais, que dizia: Uma medida de trigo por um dinheiro, e três medidas de cevada por um dinheiro; e não danifiques o azeite e o vinho” (Apocalipse 6:5-6).



Cavalo preto. A cor oposta do branco. Aponta para um período de grandes trevas e corrupção espiritual, que culmina com o estabelecimento do papado em 538. Foi o tempo em que se firmaram na Igreja os mais obscuros enganos, em que a Igreja se une ao poder civil e é elevada à categoria de religião oficial do estado, com a “conversão” do imperador romano Constantino. O cristianismo tornou-se popular e multidões adentraram a Igreja e ostentavam agora o nome de cristãos, mas continuavam pagãos em muitas crenças e práticas.

Mas o cristianismo já não era mais puro. Não era mais branco. Era tão corrupto que foi representado por um cavalo preto. As doutrinas pagãs tomaram o lugar das doutrinas verdadeiras e puras da igreja primitiva. Foi durante esse período que a igreja começou a dominar o Estado ou o governo (313 a 538 dC). A partir daí, não eram mais os pagãos que perseguiam os cristãos. Eram os cristãos que passaram a perseguir os pagãos.
A balança é o símbolo da justiça. A utilização desse símbolo demonstra que a Igreja e o Estado estariam unidos para exercer a autoridade judicial. Isso foi verdade entre os imperadores romanos desde Constantino até Justiniano, quando ele entregou a mesma autoridade judicial ao bispo de Roma.

Nesta visão, João viu uma balança na mão do cavaleiro. “Uma medida de trigo por um denário; e três medidas de cevada por um denário”. Deus havia ordenado que o pão da vida devia ser de graça. Mas agora estava sendo vendido. Neste período, a religião tornou-se um negócio.

O trigo representa a pura verdade do evangelho de Cristo; enquanto a cevada, representa as tradições e erros que penetraram na igreja. Em razão de sua escassez, o trigo era vendido por valor maior do que a cevada. Três medidas de cevada eram vendidas pelo mesmo preço de uma medida de trigo.

E até hoje, este estado de coisas perdura no chamado cristianismo nominal. Aquele que apresenta ao mundo, evidentemente, mais “cevada” do que “trigo”; ou seja, mais erros tradicionais do que verdades fundamentais.

Nas Escrituras Sagradas, o azeite é símbolo do Espírito Santo, enquanto o vinho representa o sangue de Cristo. A expressão: “Não danifiques o azeite e o vinho” reclama que não se pode invocar o nome de Cristo e do Espírito Santo, quando se prega o erro e a “tradição dos homens” em lugar da verdade de Deus. O cavalo preto representa o começo da Idade Média.

O Quarto Selo

“E, havendo aberto o quarto selo, ouvi a voz do quarto animal, que dizia: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que estava assentado sobre ele tinha por nome Morte; e o inferno o seguia; e foi-lhes dado poder para matar a quarta parte da terra, com espada, e com fome, e com peste, e com as feras da terra” (Apocalipse 6:7-8).



A cor do quarto cavalo era amarela, a cor pálida da morte. É a igreja da Idade Média. A fome espiritual resultou em morte espiritual. A Igreja se afastou tanto do amor e humildade de Jesus, que deixou de ser Sua Igreja. Cristãos apóstatas perseguiam os cristãos fiéis.

O cavalo amarelo representa a perseguição e morte de milhares de vítimas durante o sóbrio período medieval.. A Igreja romana ordenava a perseguição aos “hereges” e efetivada pelo poder civil.

No período do quarto selo, que foi de 538 a 1517 dC, foi dado ao cavaleiro que monta o cavalo amarelo, ou tem as rédeas da igreja em suas mãos, o nome de “Morte”. Esta é uma prova real da carnificina que foi a Inquisição. O papado efetuou uma grande chacina e levou multidões à sepultura. Inferno, ou “hades”, designa o lugar dos mortos ou sepultura.

O Quinto Selo

“E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram” (Apocalipse 6:9-11).



Com o quarto selo termina a visão dos quatros cavalos. Agora penetramos em assuntos que não teriam escopo universal no futuro. Os versículos 6-11 descreve “almas debaixo do altar”, ou aqueles que estão sendo sacrificados por causa da Palavra de Deus. Foi nessa época que se iniciou a Reforma Protestante e também a Contrarreforma. Homens como John Huss e Jerônimo em Praga, Wycliffe na Inglaterra, e Lutero na Alemanha. A Palavra de Deus foi traduzida e foi demonstrado como havia sido adulterado desde os dias apostólicos. A luz do evangelho começou a dissipar gradualmente as trevas do erro, permitindo a muitos compreender que aqueles “hereges”, ceifados pela Inquisição, foram homens e mulheres nobres e que seus motivos eram retos e verdadeiros.

O Sexto Selo

“E, havendo aberto o sexto selo, olhei, e eis que houve um grande tremor de terra; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue; E as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte. E o céu retirou-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares. E os reis da terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e todo o livre, se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas; E diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; Porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir?” (Apocalipse 6:12-17).



João visualiza a abertura do sexto selo, onde estão descritos os sinais da iminente volta de Jesus. A linguagem que antes era simbólica passa a ser literal. O sexto selo se estende até o fim da História, quando todos os sistemas de governo deste mundo serão substituídos pelo reino eterno de nosso Deus.

Este selo descreve alguns sinais que com eloquência anunciam a aproximação do grande evento, a segunda Vinda de Cristo, ponto culminante do plano da redenção.

Grande terremoto. Ocorreu em Lisboa, capital de Portugal, em 1º de novembro de 1755, o maior terremoto de toda a história. A maior parte da cidade foi destruída em apenas 6 minutos. Abalou outras cidades da Europa e da África. Em poucos minutos morreram cerca de 60 mil pessoas.
O Escurecimento do Sol. O dia escuro ocorreu no dia 19 de Maio de 1780, no Estado de Connecticut.

Na noite seguinte ao dia escuro, a Lua se mostrou vermelha como sangue.
A Queda das Estrelas. A chuva de meteoros de 13 de novembro de 1833. Abrangeu 18.650. 000 Km². O fenômeno durou de 5 a 6 horas. A América do Norte recebeu o maior impacto deste chuveiro de estrelas.

Todos esses eventos estão no passado. Estamos entre os versos 13 e 14 de Apocalipse 6. Vivemos no cronograma profético o período correspondente ao sexto selo. Em breve o sétimo selo será aberto e o legítimo Governador e Rei da raça humana virá para galardoar os justos e erradicar para sempre o império da impiedade.

Conclusão



Quando o Senhor abrir o 7º selo haverá silêncio no Céu (Ap 8:1). Por quê? Porque todos os anjos virão com Jesus. O Céu ficará vazio (Mt 25:31). Será um período de uma semana ou sete dias, justamente antes da volta de Jesus. No versículo 14 de Ap 6, temos a descrição dos eventos finais da história da Terra. Todos os sinais já estarão no passado. No momento que o céu se recolher como um livro, no momento que o Senhor tiver a Terra em Suas mãos, naquele momento o Filho de Deus apontará nas nuvens dos céus. Será o evento final da História do mundo.

Caro amigo leitor, estamos nós preparados para a volta de Jesus? Podemos ver que estamos vivendo nos últimos dias da história da Terra. Tudo indica pela cronologia divina que nos resta pouco tempo. Virá o dia em que as ilhas e montes serão movidos de seus lugares, o dia em que os reis da Terra sucumbirão sob seus tronos, esconder-se-ão de diante do Rei do Universo. Agora é o tempo de buscar o Senhor. Agora é o tempo para despertar do sono (Rm 13:11).

Onde estamos? A resposta da Bíblia é clara e incisiva. Estamos vivendo nos derradeiros dias da história da humanidade, nos dias que precedem a volta de nosso Jesus à Terra.

Referências:

MAXWELL, C. Mervyn. Uma Nova Era Segundo as Profecias do Apocalipse. 3ª ed. Tatuí, São Paulo, CPB, 2002.

GONZALEZ, Vilmar Emílio. Comentário sobre os Livros de DANIEL e APOCALIPSE. 3ª Ed. Salvador, BA, Gráfica Monte Sinai, 1998.







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