Ricardo
André
Onde estamos na história
da Terra? Seria possível demarcar com estacas exatamente o trajeto que iremos
seguir? É verdade que não sabemos nem o dia nem a hora do fim da história da
humanidade, mas podemos analisar um pouco a cronologia divina e saber, nestes
dias, o que o Senhor Jesus tem revelado para nós, Seus filhos nos últimos dias
da História. Então, onde estamos na cronologia divina? O livro do Apocalipse é
aquele que nos ajuda a compreender essa cronologia. No capítulo 6, o vidente de
Patmos descreve uma profecia do desdobramento do dramático conflito entre os
dois grandes princípios antagônicos e seu glorioso clímax. Neste capítulo ele
descreve as cenas que em visão lhe foram reveladas.
O profeta viu o desfile
de quatro cavalos misteriosos: Um branco, e o que cavalgava portava um arco,
tendo sobre a cabeça uma coroa. Outro vermelho, tendo o seu cavaleiro “poder
para tirar a paz da Terra”. Ainda outro, preto, “e o que sobre ele estava assentado
tinha uma balança em sua mão”. O quarto cavalo era amarelo “e o que estava
assentado sobre ele tinha por nome morte”, e recebeu “poder para matar a quarta
parte da Terra” (Ap 6:1-8).
Que significam esses
cavalos com seus misteriosos cavaleiros? Muitos intérpretes da Bíblia têm
considerado os quatros cavaleiros do Apocalipse como portadores dos juízos
divinos. Existem até filmes descrevendo esses misteriosos personagens como
cavaleiros vingadores trazendo desgraças e tragédias sobre os seres humanos.
Seriam os furacões,
terremotos e cataclismos, castigos divinos que os cavaleiros trazem? Existe base
bíblica para semelhante especulação?
O livro do Apocalipse
não pode ser tratado amadoristicamente. Não pode ser usado com leviandade ou
fanatismos racional. Precisa ser estudado com base teológica e projeção
histórica.
Estudando dessa
maneira, perceberemos que os cavaleiros do Apocalipse simbolizam os vários
períodos pelos quais passaria a Igreja de Deus, em relação com sua fidelidade à
Palavra de Deus. Essa profecia, portanto, é parte da visão dos setes selos.
O profeta João vê um
misterioso livro escrito por dentro e por fora selado com sete selos e ninguém
era capaz de abrir os selos, a não ser Jesus. Mas Ap 5:9, 10 lemos que Jesus foi qualificado como digno de tomar o
livro e abrir os selos. Ele assim o fez, abrindo o primeiro selo na presença de
milhões de anjos da Corte celestial, aguardando o desenlance entre Cristo e
Satanás, entre o bem e o mal.
O
Primeiro Selo
“E,
havendo o Cordeiro aberto um dos selos, olhei, e ouvi um dos quatro animais,
que dizia como em voz de trovão: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo branco; e
o que estava assentado sobre ele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e
saiu vitorioso, e para vencer” (Apocalipse 6:1-2)
A abertura do 1º selo
que menciona seres viventes – que eram querubins – e um cavalo branco
representando a pureza do evangelho na era apostólica. Cristo é o cavaleiro. O
primeiro cavalo, de cor branca, é uma alusão aos triunfos da igreja apostólica,
no período de 34 a 100 d.C. A igreja cristã era pura na doutrina, porque foi
conduzida diretamente por Cristo. Todo o mundo conhecido por ocasião do martírio
de Paulo, em 68 d. C., chegou a conhecer o evangelho. O cavaleiro saiu
vitorioso e para vencer: vitorioso porque a vitória já foi consumada por Cristo
na Cruz, e para vencer, isto é, para novas conquistas para Deus. O arco e a coroa simbolizaram o triunfo do evangelho no primeiro século da era
cristã. Este selo abrange o período da história da Igreja Cristã que se alonga
desde o ano 31 a. D. até o fim do primeiro século.
O
Segundo Selo
“E, havendo aberto o
segundo selo, ouvi o segundo animal, dizendo: Vem, e vê. E saiu outro cavalo,
vermelho; e ao que estava assentado sobre ele foi dado que tirasse a paz da
terra, e que se matassem uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada” (Apocalipse
6:3-4).
Obviamente que se o
cavalo branco simboliza o evangelho puro que caracterizou a Igreja nos dias dos
apóstolos, o vermelho indica que esta pureza seria maculada.
Vermelho é a cor do
sangue, e por esse motivo o cavalo vermelho deve representar a época de
perseguições estremas que igreja atravessou durante os três primeiros séculos,
sob as mãos dos imperadores romanos. O Cristianismo passou a viver um período
de perplexidade e angústia. Milhões morreram quando o Império Romano tentou
varrer o cristianismo da face da terra. A perseguição contra cristãos foi
seguida de muitas mortes, porém, por causa do sangue de muitos mártires, o
cristianismo crescia a cada dia.
Os cristãos primitivos
não tinham liberdade como nós temos, hoje, de ir à igreja prestar culto a Deus.
Ser cristão, era um crime punido com a
morte. Milhares de fiéis foram então mortos nas arenas, nas catacumbas, nas
estradas e nas prisões pelo Mestre Jesus. O cavalo vermelho representa a Igreja
de 100 a 313 a. D.
O
Terceiro Selo
Descrevendo a abertura
do 3º selo o profeta escreveu: “E, havendo aberto o terceiro selo, ouvi dizer
o terceiro animal: Vem, e vê. E olhei, e eis um cavalo preto e o que sobre ele
estava assentado tinha uma balança em sua mão. E ouvi uma voz no meio dos
quatro animais, que dizia: Uma medida de trigo por um dinheiro, e três medidas
de cevada por um dinheiro; e não danifiques o azeite e o vinho” (Apocalipse
6:5-6).
Cavalo preto. A cor
oposta do branco. Aponta para um período de grandes trevas e corrupção
espiritual, que culmina com o estabelecimento do papado em 538. Foi o tempo em
que se firmaram na Igreja os mais obscuros enganos, em que a Igreja se une ao
poder civil e é elevada à categoria de religião oficial do estado, com a “conversão”
do imperador romano Constantino. O cristianismo tornou-se popular e multidões
adentraram a Igreja e ostentavam agora o nome de cristãos, mas continuavam
pagãos em muitas crenças e práticas.
Mas o cristianismo já
não era mais puro. Não era mais branco. Era tão corrupto que foi representado
por um cavalo preto. As doutrinas pagãs tomaram o lugar das doutrinas
verdadeiras e puras da igreja primitiva. Foi durante esse período que a igreja
começou a dominar o Estado ou o governo (313 a 538 dC). A partir daí, não eram
mais os pagãos que perseguiam os cristãos. Eram os cristãos que passaram a
perseguir os pagãos.
A balança é o símbolo
da justiça. A utilização desse símbolo demonstra que a Igreja e o Estado
estariam unidos para exercer a autoridade judicial. Isso foi verdade entre os
imperadores romanos desde Constantino até Justiniano, quando ele entregou a
mesma autoridade judicial ao bispo de Roma.
Nesta visão, João viu
uma balança na mão do cavaleiro. “Uma medida de trigo por um denário; e três
medidas de cevada por um denário”. Deus havia ordenado que o pão da vida devia
ser de graça. Mas agora estava sendo vendido. Neste período, a religião
tornou-se um negócio.
O trigo representa a
pura verdade do evangelho de Cristo; enquanto a cevada, representa as tradições
e erros que penetraram na igreja. Em razão de sua escassez, o trigo era vendido
por valor maior do que a cevada. Três medidas de cevada eram vendidas pelo
mesmo preço de uma medida de trigo.
E até hoje, este estado
de coisas perdura no chamado cristianismo nominal. Aquele que apresenta ao
mundo, evidentemente, mais “cevada” do que “trigo”; ou seja, mais erros
tradicionais do que verdades fundamentais.
Nas Escrituras
Sagradas, o azeite é símbolo do Espírito Santo, enquanto o vinho representa o
sangue de Cristo. A expressão: “Não danifiques o azeite e o vinho” reclama que
não se pode invocar o nome de Cristo e do Espírito Santo, quando se prega o
erro e a “tradição dos homens” em lugar da verdade de Deus. O cavalo preto
representa o começo da Idade Média.
O
Quarto Selo
“E, havendo aberto o
quarto selo, ouvi a voz do quarto animal, que dizia: Vem, e vê. E olhei, e eis
um cavalo amarelo, e o que estava assentado sobre ele tinha por nome Morte; e o
inferno o seguia; e foi-lhes dado poder para matar a quarta parte da terra, com
espada, e com fome, e com peste, e com as feras da terra” (Apocalipse 6:7-8).
A cor do quarto cavalo
era amarela, a cor pálida da morte. É a igreja da Idade Média. A fome
espiritual resultou em morte espiritual. A Igreja se afastou tanto do amor e
humildade de Jesus, que deixou de ser Sua Igreja. Cristãos apóstatas perseguiam
os cristãos fiéis.
O cavalo amarelo
representa a perseguição e morte de milhares de vítimas durante o sóbrio período
medieval.. A Igreja romana ordenava a perseguição aos “hereges” e efetivada
pelo poder civil.
No período do quarto
selo, que foi de 538 a 1517 dC, foi dado ao cavaleiro que monta o cavalo
amarelo, ou tem as rédeas da igreja em suas mãos, o nome de “Morte”. Esta é uma
prova real da carnificina que foi a Inquisição. O papado efetuou uma grande
chacina e levou multidões à sepultura. Inferno, ou “hades”, designa o lugar dos
mortos ou sepultura.
O
Quinto Selo
“E, havendo aberto o
quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da
palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz,
dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o
nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um compridas
vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que
também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de
ser mortos como eles foram” (Apocalipse 6:9-11).
Com o quarto selo
termina a visão dos quatros cavalos. Agora penetramos em assuntos que não
teriam escopo universal no futuro. Os versículos 6-11 descreve “almas debaixo
do altar”, ou aqueles que estão sendo sacrificados por causa da Palavra de
Deus. Foi nessa época que se iniciou a Reforma Protestante e também a
Contrarreforma. Homens como John Huss e Jerônimo em Praga, Wycliffe na
Inglaterra, e Lutero na Alemanha. A Palavra de Deus foi traduzida e foi
demonstrado como havia sido adulterado desde os dias apostólicos. A luz do
evangelho começou a dissipar gradualmente as trevas do erro, permitindo a
muitos compreender que aqueles “hereges”, ceifados pela Inquisição, foram
homens e mulheres nobres e que seus motivos eram retos e verdadeiros.
O
Sexto Selo
“E, havendo aberto o
sexto selo, olhei, e eis que houve um grande tremor de terra; e o sol tornou-se
negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue; E as estrelas do céu
caíram sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes,
abalada por um vento forte. E o céu retirou-se como um livro que se enrola; e
todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares. E os reis da terra, e
os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e todo o
livre, se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas; E diziam aos
montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está
assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; Porque é vindo o grande dia da
sua ira; e quem poderá subsistir?” (Apocalipse 6:12-17).
João visualiza a
abertura do sexto selo, onde estão descritos os sinais da iminente volta de
Jesus. A linguagem que antes era simbólica passa a ser literal. O sexto selo se
estende até o fim da História, quando todos os sistemas de governo deste mundo
serão substituídos pelo reino eterno de nosso Deus.
Este selo descreve
alguns sinais que com eloquência anunciam a aproximação do grande evento, a
segunda Vinda de Cristo, ponto culminante do plano da redenção.
Grande terremoto. Ocorreu
em Lisboa, capital de Portugal, em 1º de novembro de 1755, o maior terremoto de
toda a história. A maior parte da cidade foi destruída em apenas 6 minutos.
Abalou outras cidades da Europa e da África. Em poucos minutos morreram cerca
de 60 mil pessoas.
O Escurecimento do Sol.
O
dia escuro ocorreu no dia 19 de Maio de 1780, no Estado de Connecticut.
Na noite seguinte ao
dia escuro, a Lua se mostrou vermelha como sangue.
A Queda das Estrelas. A
chuva de meteoros de 13 de novembro de 1833. Abrangeu 18.650. 000 Km². O
fenômeno durou de 5 a 6 horas. A
América do Norte recebeu o maior impacto deste chuveiro de estrelas.
Todos esses eventos
estão no passado. Estamos entre os versos 13 e 14 de Apocalipse 6. Vivemos no
cronograma profético o período correspondente ao sexto selo. Em breve o sétimo
selo será aberto e o legítimo Governador e Rei da raça humana virá para
galardoar os justos e erradicar para sempre o império da impiedade.
Conclusão
Quando o Senhor abrir o
7º selo haverá silêncio no Céu (Ap 8:1). Por quê? Porque todos os anjos virão
com Jesus. O Céu ficará vazio (Mt 25:31). Será um período de uma semana ou sete
dias, justamente antes da volta de Jesus. No versículo 14 de Ap 6, temos a
descrição dos eventos finais da história da Terra. Todos os sinais já estarão
no passado. No momento que o céu se recolher como um livro, no momento que o
Senhor tiver a Terra em Suas mãos, naquele momento o Filho de Deus apontará nas
nuvens dos céus. Será o evento final da História do mundo.
Caro amigo leitor, estamos
nós preparados para a volta de Jesus? Podemos ver que estamos vivendo nos
últimos dias da história da Terra. Tudo indica pela cronologia divina que nos
resta pouco tempo. Virá o dia em que as ilhas e montes serão movidos de seus lugares,
o dia em que os reis da Terra sucumbirão sob seus tronos, esconder-se-ão de
diante do Rei do Universo. Agora é o tempo de buscar o Senhor. Agora é o tempo
para despertar do sono (Rm 13:11).
Onde estamos? A
resposta da Bíblia é clara e incisiva. Estamos vivendo nos derradeiros dias da
história da humanidade, nos dias que precedem a volta de nosso Jesus à Terra.
Referências:
MAXWELL, C. Mervyn. Uma
Nova Era Segundo as Profecias do Apocalipse. 3ª ed. Tatuí, São Paulo, CPB, 2002.
GONZALEZ, Vilmar
Emílio. Comentário sobre os Livros de DANIEL e APOCALIPSE. 3ª Ed. Salvador, BA,
Gráfica Monte Sinai, 1998.
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