Teologia

quarta-feira, 6 de maio de 2020

A BESTA DE SETE CABEÇAS


Ranko Stefanovic*

Análise minuciosa de um dos mais difíceis capítulos da Bíblia

No ano passado [2013], a renúncia do papa Bento XVI e a eleição do seu sucessor, papa Francisco, ocuparam generosos espaços na mídia e na internet. As notícias publicadas despertaram entre os estudantes das Escrituras um renovado interesse na enigmática profecia de Apocalipse 17:9-11, resultando no surgimento de algumas inventivas propostas de interpretação.

Apocalipse 17 descreve uma besta com sete cabeças (v. 3). Subsequentemente, um anjo intérprete explica a João o revelador que essas cabeças representam sete reis consecutivos dos quais “cinco já caíram, um ainda existe, e o outro ainda não surgiu” (v. 10). Quando ele vier, permanecerá “durante pouco tempo”. Junto ao oitavo rei, a besta será levada à destruição (v. 11).

Durante as últimas décadas, alguns intérpretes adventistas têm associado essas sete cabeças ou reis aos sete papas sucessivos desde 1929 – ano em que o Tratado de Latrão reconheceu a cidade do Vaticano como um estado soberano independente. Durante algum tempo, João Paulo II, pontífice de 1978 a 2005, foi considerado o último papa. Entretanto, sua morte motivou uma reinterpretação dessa profecia. O fato de que Bento XVI tenha sido o sétimo papa eleito desde 1929 e seu pontificado tenha durado relativamente pouco tempo (cerca de oito anos) tem levado alguns a associá-lo ao sétimo rei. Assim, o recém-eleito papa Francisco é visto como o último papa no ofício, antes que chegue o fim.

De onde vieram tais ideias? Podemos afirmar que, infelizmente, elas não resultam de cuidadoso estudo do texto bíblico, mas de manchetes noticiosas passadas e atuais, que têm sido pervertidas em predições bíblicas sensacionalistas. Fatos históricos e textos bíblicos foram criativamente distorcidos a fim de que pudessem ser ajustados a uma preestabelecida interpretação, carente do apoio de qualquer evidência textual.

Na realidade, o ponto de vista de que a cura da ferida mortal papal ocorreu em 1929 é somente uma suposição, não um fato histórico. O fato de haver sido concedido ao papado um estado pequeno, soberano e independente, dificilmente pode ser visto como cumprimento dessa profecia, cujo escopo é de amplitude mundial, conforme descrito em Apocalipse 13:11-18. Embora o ano de 1929 possa ser marcado como o início da cura da ferida mortal, o fato de que tenham se passado 84 anos desde o Tratado de Latrão contradiz qualquer evidência que apoie a visão de que a ferida mortal papal tenha sido curada.

Além disso, a aplicação do “pouco tempo” (Ap 17:10) de governo do sétimo rei aos oito anos do papado de Bento XVI ignora o ainda menor período de pontificado do papa João Paulo I, falecido 34 dias depois de assumir o trono em 1978. Muitas outras inconsistências ajudam a concluir que essa adaptação da profecia bíblica é espúria e inconclusiva.

Portanto, convido você a se unir a mim em uma análise mais atenta e um esforço para descobrirmos o significado do que Deus tencionou com essa enigmática passagem.

A prostituta e a besta

Apocalipse 17 é composto de duas partes: 1) A visão (vs 1-6), na qual João o revelador observa uma mulher que é descrita como uma prostituta cavalgando a besta; e 2) a audição (vs 6-18), na qual o anjo intérprete explica a João o significado da visão da prostituta e a besta na qual ela está montada.

Durante a visão, João foi convidado a testemunhar o julgamento da grande prostituta que “está sentada sobre muitas águas”, enganando os habitantes da Terra (vs 1, 2). Essa mulher é subsequentemente identificada como “Babilônia, a grande: a mãe das prostitutas” (v. 5). Nas Escrituras hebraicas, o símbolo de uma prostituta se refere ao povo de Deus em apostasia (Is 1:21; Jr 3:1; Ez 16; 23; Os 3; 4). A descrição da prostituta em Apocalipse 17 mostra que ela representa uma entidade que no passado foi fiel a Deus, antes de se alinhar com o oponente do povo de Deus e Seu remanescente fiel no tempo do fim. Assim, Babilônia é um nome corporativo para uma entidade apóstata no tempo do fim.

É importante notar que, inicialmente, a prostituta é mencionada como sentada “sobre muitas águas” (v. 1). Entretanto, quando João realmente a vê, ela aparece “montada em uma besta vermelha”. Isso não devia causar surpresa, devido a uma característica literária que aparece regularmente no livro (ver Ap 5:5, 6). Portanto, as águas e a besta são dois símbolos que representam a mesma realidade. De acordo com Apocalipse 17:5, as águas sobre as quais a prostituta foi vista simbolizam os poderes civis, seculares e políticos do mundo. Jeremias 51:13 mostra que “muitas águas” se refere ao rio Eufrates. Assim como a antiga Babilônia dependia do rio Eufrates para sua existência, no tempo do fim, Babilônia espiritual também dependerá dos poderes civis, seculares e políticos do mundo para reforçar seus planos e propósitos.

Além disso, a besta permanece como símbolo de um poder ou sistema político. O fato de que a prostituta esteja sentada ou cavalgue sobre a besta mostra que esse sistema religioso terá controle sobre os poderes políticos mundiais no tempo do fim. Assim, a profecia mostra que, no tempo do fim, haverá uma união político-religiosa, quando os poderes políticos da Terra se unirão ao sistema religioso apostatado chamado Babilônia.

Três fases da besta

Na segunda parte do capítulo, João é descrito como estando grandemente surpreso ao ver a prostituta. Ele reconhece nela a mulher que havia fugido para o deserto a fim de escapar da perseguição do dragão durante o período profético dos 1.260 anos na Idade Média (Ap 12:13, 14). Em resposta ao assombro de João, o anjo intérprete promete descobrir o “mistério” da prostituta e da besta escarlate que a leva, bem como sua função no tempo do fim (Ap 17:7).

João descreve a besta como “era e já não é. Ela está para subir do Abismo” (V. 8). Essa identificação da besta remete ao título divino “que era, que é e que há de vir” (Ap. 4:8). Assim, essa identificação descreve a besta como uma paródia de Deus. Entretanto, essa fórmula tripartite também mostra que a besta tem passado através de três fases de existência. Por sua vez, isso liga a besta escarlate de Apocalipse 17 à besta do mar em Apocalipse 13 (Ap 13:1; 17:3).1

Primeira fase: a besta “era”. Em outras palavras, existiu no passado. O “era” dessa fase se refere a suas atividades durante o período profético de 1.260 dias ou anos (Ap 13:5). O ano 538 a.D. marcou o início desse período profético, quando a igreja da Europa ocidental, liderada pelo papado romano, estabeleceu-se como poder eclesiástico e dominou o mundo ocidental ao longo da Idade Média. Em nosso tempo, caracterizado pela tolerância religiosa, tais afirmações podem ser consideradas dissonantes e incorretas; mas a realidade presente não pode apagar os fatos históricos.

Em seguida, a besta chegou à fase “não é” de sua existência, em 1798, quando em resultado dos eventos da Revolução Francesa ela foi mortalmente ferida (Ap 13:3). Isso significou o fim do poder político opressor da igreja. A besta desapareceu durante algum tempo do cenário do mundo; porém, sobreviveu.

Em terceiro lugar, com a cura da ferida mortal, a besta ressurgirá para a vida cheia de ira contra o povo fiel de Deus. Assim, a profecia nos mostra que o sistema político-religioso que dominou o mundo durante a Idade Média será revitalizado no tempo do fim e dominará o mundo à semelhança do que fez no passado. Essa restauração da besta encherá os habitantes do mundo com respeito e admiração (Ap 13:8; 17:8).

Portanto, Apocalipse 17 descreve claramente a besta do capítulo 13 no tempo em que sua ferida mortal tem sido curada. Sobre essa besta ressurgida, João vê a prostituta Babilônia do tempo do fim sentada. Assim, o sistema religioso do tempo do fim que desempenhará um papel-chave no conflito final é uma continuação do sistema político-religioso que injuriou e oprimiu o povo de Deus durante o período profético dos 1.260 anos na Idade Média.

O Apocalipse nos diz que a religião mais uma vez dominará e controlará a política, como aconteceu no passado, embora seja por pouco tempo. Entretanto, há uma notável diferença entre seu poder durante o período medieval e o tempo do fim. Enquanto a besta que surgiu do mar, representando a igreja medieval, era um poder político religioso, a besta escarlate ou vermelha é exclusivamente um poder político. Esses dois são distintos no tempo do fim.

Sete cabeças

Isso nos leva ao nosso texto-chave de Apocalipse 17:9-11: “Aqui se requer mente sábia. As sete cabeças são sete montanhas sobre as quais está sentada a mulher. São também sete reis. Cinco já caíram, um ainda existe, e o outro ainda não surgiu; mas, quando surgir, deverá permanecer durante pouco tempo. A besta que era, e agora não é, é o oitavo rei. É um dos sete, e caminha para a perdição.”

O texto abre com um chamado à sabedoria (“mente sábia”) como pré-requisito para compreender o significado das cabeças da besta. A sabedoria requerida por João nesse texto é a mesma sabedoria mencionada em conexão com o número da besta (Ap 13:18). Essa sabedoria se refere ao discernimento espiritual que somente pode ser comunicado pelo Espírito Santo, não por meio de brilhantismo mental ou habilidade intelectual (Tg 1:5). Somente através dessa sabedoria divinamente comunicada o fiel será capaz de discernir o verdadeiro caráter do poder satânico nesse tempo do fim.

Avançando em nosso estudo, podemos ver que a besta tem sete cabeças como o dragão vermelho (Satanás) de Apocalipse 12:3. A existência da besta permanece inseparável de suas sete cabeças. Ao longo da História, a besta somente tem governado e sido ativa através das atividades de suas cabeças. Quando uma delas recebe um golpe mortal, toda a besta morre (cf Ap 13:12-14). Isso nos leva à necessidade de analisar mais atentamente o que essas cabeças representam.

“As sete cabeças são sete montanhas sobre as quais está sentada a mulher” (Ap 17:9). Encontramos aqui um novo símbolo adicionado. Primeiramente, somos informados de que a mulher está sentada “sobre muitas águas” (v. 1); então, sobre “uma besta vermelha” (v. 3). Agora, o anjo explica que ela realmente está sentada sobre sete montanhas. As águas, a besta e as colinas são diferentes símbolos dos poderes políticos, seculares e civis (cf. v. 15), os quais proverão apoio popular para Babilônia, como sistema religioso apostatado no tempo do fim. Devemos ter em mente que o Apocalipse não trata com personalidades individuais, sejam elas do passado ou presente, mas de sistemas e poderes do mundo – políticos ou religiosos.

A palavra grega oros significa “montanha”, não “colina”, como alguns tradutores sugerem, a fim de mostrar que a cidade de Roma, situada sobre sete colinas, é aqui identificada. Porém, desde que as sete montanhas em Apocalipse 17 são contínuas, elas não podem ser interpretadas literalmente. No Antigo Testamento, montanhas frequentemente representam poderes ou impérios mundiais (Jr 51:25; Ez 35:2-5; Dn 2:35). Por exemplo, o reino de Judá no Antigo Testamento é frequentemente referido como Monte Sião (Sl 48:1-3; Is 29:8).

O anjo não se refere a montanhas literais, considerando que imediatamente ele explica a João que essas sete montanhas realmente representam “sete reis” (Ap 17:9, 10). Porém, isso não pode ser interpretado como reis individuais, pelo menos por três razões. Primeira, já estabelecemos que o Apocalipse não trata com personalidades individuais, mas com sistemas. Segunda, esses sete reis são igualados a sete montanhas – símbolo de reinos ou impérios. Terceira razão, no Antigo Testamento, “reis” é outra expressão para reinos ou impérios (Dn 2:37-39; 7:17).

Impérios sucessivos

Tendo como base a evidência bíblica, a interpretação que faz maior sentido é aquela segundo a qual as sete montanhas, sobre as quais a Babilônia prostituta está sentada, significam os sete impérios sucessivos que dominaram o mundo ao longo da História e por meio dos quais Satanás trabalhou em oposição a Deus.2 Esses impérios tinham traços comuns de controle político-religioso e coerção, utilizados para causar dano ao povo de Deus e persegui-lo.

Como o anjo explica a João da perspectiva de seu tempo, cinco desses reinos caíram, um existe e o sétimo somente apareceria no futuro. Conforme anteriormente mencionado, esse texto tem gerado muitas interpretações especulativas, principalmente por causa da falha dos intérpretes em notar que o significado desses reinos sucessivos foi explicado a João no contexto de seu próprio tempo, não do nosso. Em nenhum lugar do texto é indicado que João tenha sido transportado a outro tempo. O anjo simplesmente explica o que ele já tinha visto anteriormente na visão.

Portanto, a chave para decodificar o significado dessas sete cabeças está no sexto reino, que é descrito como “existe”. Isso se refere ao tempo de João. Esse apóstolo viveu no tempo da sexta cabeça – o Império Romano.

Os cinco que já haviam caído foram impérios que governaram o mundo e causaram prejuízo ao povo de Deus, antes do tempo de João: 1) O Egito foi o poder que escravizou e oprimiu Israel, buscando destruí-lo; 2) A Assíria destruiu e dispersou as dez tribos de Israel; 3) Babilônia destruiu Jerusalém e exilou Judá; 4) A Pérsia quase aniquilou os judeus no tempo de Ester; 5) A Grécia oprimiu e tentou destruir os judeus por meio de Antíoco Epifânio. O sétimo reino que ainda não havia chegado se refere ao papado medieval que, da perspectiva do tempo de João, se manifestaria no futuro, depois da queda do Império Romano.

Posteriormente, o anjo explicou a besta vermelha ou escarlate como parte da fase do oitavo reino, o poder mundial que deve surgir no tempo do fim. Porém, é uma das sete cabeças previamente notadas. Embora essa oitava cabeça seja uma das sete anteriores, é considerada um novo poder. Qual dos sete? Muito provavelmente a sétima cabeça, que foi mortalmente ferida, mas reviveu depois que a ferida foi curada.

Esse sétimo poder reaparecerá como a oitava cabeça no tempo do fim e exercerá a mesma autoridade exercida durante a Idade Média. Durante o tempo da oitava cabeça, a besta escarlate carrega a prostituta Babilônia. Vivemos agora no tempo da sétima cabeça, pois a oitava ainda não adquiriu seu poder. Entretanto, ela aparecerá no cenário mundial no tempo do fim e imporá seu governo aos habitantes da Terra.

“Pouco tempo”

Interpretações errôneas prevalecentes da frase: “deverá permanecer durante pouco tempo” têm dito que o oitavo papa governará pouco tempo. O termo adjetival grego para a expressão temporal “pouco tempo” aqui utilizada é oligon, que significa “um tempo curto” ou “pouco tempo”. Essa palavra é diferente de micron usada no Apocalipse para indicar brevidade de tempo (Ap 6:11; 20:3). Em contraste, oligon não indica extensão de tempo, mas é usada no sentido qualitativo. Por exemplo, Apocalipse 12:12 estabelece que, tendo sido expulso do Céu, Satanás compreendeu que tinha apenas “pouco tempo” [oligon kairon]. Esse “pouco tempo” não se refere à extensão de tempo, pois milhares de anos já são transcorridos desde a expulsão de Satanás do Céu. Essa é outra forma de dizer que o tempo de Satanás é limitado, igual à pessoa sentenciada à morte que compreende lhe restar apenas “pouco tempo”, apesar do fato de que a execução possa demorar muitos anos.
Esse mesmo significado para a palavra oligon também é encontrado em Apocalipse 17:10. Portanto, que o sétimo poder deve permanecer “durante pouco tempo” não significa extensão do tempo, curto período de existência, mas é uma forma diferente de dizer que a existência desse poder é determinada por Deus e que ele terá seu fim, à semelhança do caso de Satanás em Apocalipse 12:12. O sétimo poder receberia uma ferida mortal: um evento que aconteceu na Revolução Francesa em 1798.

Advertência

Essa breve análise mostra que as sete cabeças sucessivas da besta de Apocalipse 17 representam sete reinos ou impérios que existiram na História, em vez de reis individuais. Cinco existiram antes do tempo de João, o sexto foi Roma (de acordo com o tempo de João) e o sétimo foi o papado medieval que viria no futuro, da perspectiva do tempo de João. Essa compreensão tem como base a análise cuidadosa do texto, alicerçada sobre princípios de interpretação bíblica. A ideia de que as sete cabeças se referem a indivíduos, representados pelos sete papas desde 1929, não está de acordo com o texto. Essa interpretação é especulativa e sobreposta ao texto bíblico.

O Apocalipse adverte contra acrescentar ou remover palavras da profecia do livro (Ap 22:18, 19). O livro de Apocalipse é a Palavra de Deus dada por meio de Cristo (Ap 1:2). Falsificar profecias do Apocalipse gera consequências de longo alcance – perdição eterna. Àqueles que acrescentarem palavras às profecias do livro Deus acrescentará as pragas ali descritas. Essa falsificação tem que ver com distorcer e interpretar erroneamente as profecias apocalípticas, com o propósito de adaptá-las aos propósitos de alguém. Também está relacionada à imposição de ideias e pontos de vista especulativos não atestados pelo texto.

No trato com as profecias do Apocalipse, devemos deixar que a Bíblia interprete a si mesma. Devemos ser cuidadosos para não especular além do que a profecia nos revela. Toda interpretação fundamentada em notícias da mídia ou eventos atuais com o propósito de causar sensacionalismo popular é especulativa e subjetiva. Essas interpretações nunca resultam em fortalecimento da fé nas profecias. Na verdade, enfraquecem a confiança nelas. Apropriadamente entendidas, as profecias do Apocalipse têm objetivos práticos: ensinar-nos como viver hoje e nos preparar para o futuro. Uma compreensão correta da profecia também nos inspirará e motivará a fim de alcançar outras pessoas com a mensagem do evangelho.

Referências:

1. Para se ter uma visão diferente, ver Ekkhardt Mueller, “The Best of Revelation 17: A Suggestion”, Journal of Seminary 10. Nº 1 (2007), p. 38-40.

2. William Johnsson, “The Saints’ EndTime Victory Over the Forces of Evil”, em Symnposium on Revelation – Book 2, Daniel and Revelation Committee Series 7 (Silver Spring, MD: Biblical Research Institute, 1992), p. 17.

*Ranko Stefanovic, é professor no Seminário Teológico da Universidade Andrews

FONTE: Revista Ministério, MAR-ABR 2014, p. 24-27.






Nenhum comentário:

Postar um comentário