Teologia

sexta-feira, 29 de maio de 2020

NAS TEMPESTADES DA VIDA CRISTO ESTÁ NO BARCO

Ricardo André

Quero meditar num episódio dramático na vida de Jesus com Seus discípulos no barco, registrado em Marcos 4:35-41, nos ensina algumas lições relevantes que podem nos ajudar a enfrentarmos com serenidade e confiança as intempéries da vida.

Naquele dia, ao anoitecer, disse ele aos seus discípulos: "Vamos atravessar para o outro lado". Deixando a multidão, eles o levaram no barco, assim como estava. Outros barcos também o acompanhavam. Levantou-se um forte vendaval, e as ondas se lançavam sobre o barco, de forma que este foi se enchendo de água. Jesus estava na popa, dormindo com a cabeça sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e clamaram: "Mestre, não te importas que morramos?” Ele se levantou, repreendeu o vento e disse ao mar: "Aquiete-se! Acalme-se! " O vento se aquietou, e fez-se completa bonança. Então perguntou aos seus discípulos: "Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé?” Eles estavam apavorados e perguntavam uns aos outros: "Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (NVI).

Quantas vezes temos a sensação de que estamos sozinhos ao enfrentarmos uma luta ou um desfio em nossa vida? Dependendo do tamanho da adversidade, somos dominados pelo medo e pelo desespero, nossa fé é abalada e nos sentimos à deriva, à mercê dos ventos da tempestade da vida.

Nossos dramas humanos são inúmeros e diversos e, como sempre dizemos, enfrentá-los sozinhos sempre é mais difícil. A verdade é que todos nós queremos ajuda, alguém ao nosso lado para dividir os fardos. Por isso, precisamos nos lembrar sempre das palavras do apóstolo Paulo, em sua carta aos Romanos 8:39, de que nada pode nos separar do amor de Deus, pois o Senhor está sempre ao nosso lado.

As lições espirituais para nós

1) Os filhos de Deus enfrentam lutas e provações

Depois de um dia cheio de acontecimentos, Jesus e Seus discípulos embarcaram para atravessar o Mar da Galileia, com a intenção de ter alguns instantes de privacidade e descanso, mas foram surpreendidos no meio da noite por uma tempestade. Uma tormenta forte que levantava grandes ondas que alagavam o barco, enquanto os ventos açoitavam as velas. Temos aqui a primeira lição: mesmo que Jesus esteja no barco conosco, não estamos livres de passar por lutas. Podemos até perder o controle, coisas negativas podem invadir a embarcação da nossa vida, mas, ainda que passemos pelo vale da sombra da morte, lá Ele estará conosco, sofrendo, sentido nossos dores e atento às nossas necessidades.

Sobre isso, Ellen G. White escreveu: “Cristo sente as misérias de todo sofredor. Quando os espíritos maus arruínam o organismo humano, Cristo sente essa ruína. Quando a febre consome a corrente vital, Ele sente a agonia” (O Desejado de Todas as Nações, p. 823).

Mas o fato de Deus estar sempre conosco não quer dizer que Ele domine nossas ações, escolhas e sentimentos. Ao contrário, Deus quer nosso crescimento e amadurecimento. Uma criança pequena que está aprendendo a andar precisa da liberdade dos seus cuidadores para dar os primeiros passos sozinha. Pois é assim que o Senhor faz conosco. No episódio do barco, Jesus estava dormindo tranquilamente. Afinal, havia ali pescadores vividos e experientes, o Mestre confiava na capacidade daqueles homens e permitiu que eles enfrentassem aquela situação por si mesmos.

2) Cristo está sempre no barco da nossa vida para nos socorrer

Segundo o Dr. Mário Veloso, “os discípulos, experimentados pescadores, tinham enfrentado muitas tormentas, igualmente avassaladoras, neste lago quem nem sempre era inquieto. A princípio pensaram que fariam o mesmo como sempre tinham feito. Levariam o barco com segurança ao porto. Mas aquela tormenta era diferente. Empregaram suas energias até o ponto do esgotamento” (Mateus: Contado a História de Jesus Rei, p. 109 e 110).

Quando aqueles experientes pescadores, amedrontados, chegaram ao limite de suas forças, certos de que todos morreriam afogados, correram na direção de Jesus. E essa é a melhor de todas as lições que podemos extrair desta história: Jesus está no barco, aquele que acalma o mar, aquele que faz o vento aquietar-se, aquele que traz bonança para nossa vida, Ele sempre está no barco para nos socorrer, nunca estamos sozinhos.

No verso 38, os discípulos fizeram uma pergunta intrigante que, sem dúvida, milhões de cristãos fizeram em tempos de crise. "Mestre, não te importas que morramos?” (NVI). Quem nunca esteve em situação semelhante, em que o barco estava cheio de água, e você estava prestes a afundar e clamou: "Mestre, não te importas que morramos?” Evidentemente, é pela fé que temos a resposta. Ele se importa conosco. E a maior prova disso foi Sua morte na cruz do Calvário. Foi esse o propósito da cruz: salvar-nos de forma que não tenhamos que perecer (Jo 3:16; 10:10; 2Pe 3:9).

No versos 39 e 40, Marcos diz: “Ele se levantou, repreendeu o vento e disse ao mar: "Aquiete-se! Acalme-se! " O vento se aquietou, e fez-se completa bonança”. Então perguntou aos seus discípulos: "Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé?"

A única razão para temer a tempestade é você ficar remando o seu próprio barco, com foco na tempestade. Quanto mais você olha para as ondas e as nuvens escuras, quanto mais você escuta os trovões e vê os relâmpagos, mais temeroso fica o seu coração. Ellen White escreveu: A fé viva no Redentor serena o mar da vida, e Ele nos guardará do perigo pela maneira que sabe ser a melhor” (O Desejado de Todas as Nações, p. 336).

C. S. Lewis descreveu o grande desafio que a morte de sua esposa trouxe sobre sua fé em Deus: “Você nunca sabe quanto realmente crê em alguma coisa até que a verdade ou falsidade se torna uma questão de vida ou morte para você. É fácil dizer que você confia na resistência de determinada corda se a está usando apenas para amarrar uma caixa. Mas suponha que você tivesse que usar essa corda para atravessar um precipício. Você não procuraria descobrir quanto realmente confia nela?” (A Grief Observed, p. 22, 23).

Quando estamos exaustos, no limite da nossa capacidade e da nossa fé, Jesus pode prontamente nos socorrer. Basta apenas chama-Lo, basta apenas clamar pelo nome que está sobre todo nome, basta apenas invocar o nome que tem poder e autoridade, e Ele vai imediatamente nos socorrer, porque Ele sempre está no barco!

Diz-nos Ellen G. White: “Em meio de todas as nossas provações, temos um infalível Ajudador. Não nos deixa lutar sozinhos com a tentação, combater o mal, e ser afinal esmagados ao peso dos fardos e das dores. [...] Conheço as vossas lágrimas; também Eu chorei. Aqueles pesares demasiado profundos para serem desafogados em algum ouvido humano, Eu os conheço. Não penseis que estais perdidos e abandonados. Ainda que vossa dor não encontre eco em nenhum coração na Terra, olhai para Mim e vivei” (O Desejado de Todas as Nações, p. 483).

É sempre confortante saber que Jesus está ao nosso lado para acalmar a tempestade. Quantas vezes duvidamos e não compreendemos que Jesus está ali. Ficamos temerosos e desanimados sem saber que o Mestre está pronto para dar o brado contra as intempéries da vida e contra as tormentas que nos assolam a cada instantes, repreendendo-as e trazendo-nos novamente paz e tranquilidade.

Há um enorme poder na paz de Jesus Cristo; um poder que podemos clamar nas circunstâncias mais difíceis, quando somos acometidos pela ansiedade ou atormentados por preocupações.

De acordo com Paulo, “a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Filipenses 4:7). Há uma paz que ultrapassa todo e qualquer inteligência. Mas quando a mente não pode entender, nem o coração confiar. Podemos ir a Cristo e depor a Seus pés nossos temores, preocupações, ansiedades e tensões. Ele acalmará a tempestade de nossa vida.

Conclusão

Queridos irmãos, jovens e amigos, durante nossa existência aqui, existirão tempos de calmarias e tranquilidade, mas nunca poderemos escapar das tempestades. Todos nós iremos sofrer problemas, lutas e dificuldades! É mister que Cristo esteja no barco conosco, que tenhamos fé em Seu poder de acalmar e repreender as tormentas de nossa vida.

Ellen G. White escreveu: “Todos nós precisamos de um guia, que nos dirija através das muitas perplexidades da vida, assim como o marinheiro precisa de um piloto que guie a nau entre os bancos de areia ou nos rios cheios de recifes; e onde se encontrará semelhante guia? Apontamo-vos, prezados irmãos, a Bíblia” (Testemunhos Seletos, v. 2, p. 96).

Quando nos sentirmos frágeis, debilitados, impotentes, incapazes de continuar navegando “sobre as ondas desta vida”, Ele, em meio às nossas ansiedade, nos dirá “Eu não Me esqueci de ti”. Tenha fé em Deus!

Hoje, você pode fazer essa oração ao Senhor: Querido Deus e bom Pai que estás nos Céus, dirige a nau de minha vida e leva-a ao Porto Seguro!”


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