Teologia

quinta-feira, 7 de maio de 2020

PARA ONDE ESTAMOS INDO?


Ricardo André

Introdução

Imagine que você esteja viajando por um lugar em que nunca esteve. A essa altura você já devia ter chegado ao seu destino, mas as placas das ruas, os nomes das cidades e os pontos de referência não são os que você esperava encontrar. “Onde estou?”, você pergunta. “Estou no caminho certo?”

O mundo de hoje se encontra numa situação semelhante. O ser humano está em território desconhecido, ao passo que observa a sociedade deteriorar numa escala jamais vista. Com todos os avanços na ciência e tecnologia, era de se esperar que já estivéssemos num mundo melhor. Foi a partir do século XX que muitos acreditavam que “o velho ideal de uma fraternidade global tornou-se uma possibilidade viável”.

No entanto, não se chegou ao destino, “uma fraternidade global”. Os prometidos pontos de referência de segurança econômica, alimentação adequada, saúde melhor e uma vida feliz em família não são encontrados em lugar nenhum.

A humanidade hoje está perdida em território desconhecido, bem distante do rumo certo, longe da paz e segurança com que se sonhava na virada do século XX para o século XXI. Por isso, muitos hoje, estão pedindo orientações: Como nos encontramos nessa situação? Para onde o mundo está indo? Estamos nos últimos dias? Será que vai haver um “fim do mundo”, ou esta é simplesmente uma opinião de cristãos fanáticos que ficam nas esquinas pregando que “O fim está próximo”? Acredite ou não, de acordo com a Bíblia, sim, haverá um fim! Jesus Cristo predisse: “E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo como um testemunho à todas as nações, e então virá o fim” (Mateus 24:14). 

Estamos nos últimos dias?

Para descobrirmos onde estamos, precisamos determinar em que situações nos encontramos atualmente. Alguns dizem que estamos no limiar de uma nova ordem mundial; outros, que estamos à beira da destruição. A Bíblia, como um mapa rodoviário, ajuda-nos a saber exatamente onde estamos e para onde estamos indo.

As Sagradas Escrituras falam de coisas – situações e atitudes no mundo – que marcariam um período na história chamado de “últimos dias”. Elas descrevem esses dias nos seguintes termos:

“Saiba disto: nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis. Os homens serão egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, ímpios, sem amor pela família, irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio, cruéis, inimigos do bem, traidores, precipitados, soberbos, mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando o seu poder. Afaste-se também destes” (2 Timóteo 3:1-5, NVI).

O apóstolo Paulo pinta um quadro perfeito dos dias em que vivemos. Sob inspiração divina, ele prediz o que estaria acontecendo no ambiente social do mundo justamente antes da volta de Jesus. Ele cita pelo menos 20 itens diferentes que deveriam caracterizar o comportamento decadente de muitos no tempo do fim. Neste artigo vamos destacar apenas alguns.

Note que o apóstolo escreveu que “nos últimos dias sobrevirão tempos terríveis”. A frase “tempos terríveis”, é tradução do grego kairoi chalepos. A palavra chalepos significa literalmente “perigosos”, “opressivos” e “problemáticos” (Comentário Bíblico Adventista, v. 7, p. 358). Um comentarista da Bíblia diz que essa palavra refere-se a uma “tremenda investida de perversidade”. Portanto, embora tenha havido inquietações em períodos anteriores, os últimos dias seriam extraordinariamente cruéis, perigosos, problemáticos. Como diz Paulo: “Os perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados” (2 Tm 3:13, NVI). De fato, vivemos em dias perigosos, com indivíduos perigosos, com eventos perigosos! Ouvimos cada dia que passa, de eventos que chocam a humanidade.

Sinais que indicam os “últimos dias”

Analisemos alguns sinais, registrados em 2 Timóteo 3:1-5 e Lucas 21:11, 25, que indicam que estamos, deveras, nos últimos dias da história deste mundo.

1) Os homens serão... avarentos (gananciosos). (3:2).

O Brasil tem uma triste tradição de escândalos envolvendo políticos que realizam operações fraudulentas com o dinheiro público, buscando se beneficiar pessoalmente com isso. Mas, a corrupção não é uma exclusividade do Brasil, em todo o mundo as fraudes uma orgia de crimes contra a economia. São inúmeros os prejuízos causados pelas frades na Previdência Social, na área da saúde, nos recursos da educação, entre outras.

São recorrentes noticiários de escândalos de corrupção ativa e passiva através de oferecimento e recebimento de propinas, desvios de dinheiro e licitações fraudulentas, envolvendo principalmente governantes, servidores públicos e empresas

A corrupção praticada por muitos políticos, empresários, por servidores públicos e por cidadãos comuns no seu dia a dia, é fruto do sistema que valoriza o ter, e não o ser. Que estimula o individualismo, em vez da solidariedade. Enfim a corrupção é fruto do sistema que subverteu os valores morais da sociedade e busca sempre cada vez mais acumular bens materiais. Tudo pode ser vendido e comprado. A sociedade vive uma crise de valores.

2) Desobediente aos pais (3:2)

Desde o final do século XX as pessoas estão criando uma geração de crianças insolentes, briguentas e sem respeito para com os pais, professores e pessoas mais velhas. A rebeldia que começa em casa muitas vezes se manifesta na escola. Uma criança de 4 anos já são respondonas. Em sala de aula, os professores gastam mais tempo lidando com o comportamento da turma do que ensinando o conteúdo.

3) Sem amor pela família (3:3)

O apóstolo Paulo previu que nos nossos dias haveria uma acentuada deterioração na família – instituição em que, mais do que em qualquer outra, o amor natural devia prevalecer. Lamentavelmente, ouvimos falar quase que diariamente nos noticiários da imprensa de violência doméstica. Mulheres são espancadas e mortas pelos parceiros ou ex-parceiros, deixando inúmeras crianças órfãs. De acordo com o Mapa da Violência, elaborado a partir de dados do Ministério da Saúde, revela que o Brasil ocupa hoje a 5ª posição no ranking de feminicídio, em um grupo de 83 países. São 4,8 assassinatos para cada grupo de 100 mil mulheres. O número de estupros passa de 500 mil por ano em todo o país. No caso dos assassinatos, 55,3% foram cometidos no ambiente doméstico e 33,2% dos assassinos eram parceiros ou ex-parceiros das vítimas.

Ouvimos falar de filhos que matam seus pais; crianças são jogadas no lixo ou em rios, espancadas até a morte. Outras, vítimas de violência sexual por familiares de confiança ou pessoas próximas da família. No Brasil, entre 2011 e 2017, o Disque 100, canal de denúncias oficial do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH), registrou 203.275 denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes. No mesmo período, o Ministério da Saúde recebeu 141.160 notificações da mesma violência.

“Sem amor pela família”. Estas palavras chamaram minha atenção ao escrever essas linhas, porque me fizeram lembrar do jovem Alexandre Nardone, na cidade de São Paulo, que assassinou sua própria filha Isabella Nardone, de 5 anos, jogando-a do 6º andar do apartamento onde moravam, no Edifício London, no dia 29 de março de 2008. Esse crime chocou o país. O pior de tudo foi seu álibi, procurando convencer o país e a polícia de que sua filha tinha sido assassinada por uma outra pessoa desconhecida que teria entrado no apartamento e praticado o crime. Quase que diariamente ouvimos falar de pais que matam os filhos e de filhos que assassinam seus pais. “Sem afeição natural”, que realidade a de nossos dias!

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, um a cada três casamentos termina em divórcio. Esse elevado índice de divórcio, os maus tratos aos idosos e os abortos também são evidências de que muitos mostram completa falta de afeições humanas normais.

4) Cruéis, inimigos do bem (3:3)

As pessoas assassinas estão matando outras sem precisarem de muitos motivos. Mata-se por motivos fúteis, irrelevantes ou banais. São moradores em situação de rua queimados por “brincadeira”, brigas entre vizinhos, discussões no trânsito e desentendimentos familiares que resultam em morte. Um enorme número de adolescentes em conflito com alei aceitam com entusiasmo a ideias de estourar os miolos de outro ser humano, sem mais nem menos. A vida perdeu o valor.

O crime e a violência são um fenômeno mundial. Além disso, os crimes hoje, são mais violentos. A generalizada ondas de crimes e a crescente população carcerária do mundo mostram que milhões de pessoas têm intenções criminosas e pouca vontade de mudar. Muitos chegam até acreditar que o crime compensa. Assim, o mundo mudou – para pior. Indubitavelmente, ficou mais perigoso.

5) Perplexidade das nações pelo bramido do mar (Lc 21:25)

Olhando aos nossos dias, Jesus ainda predisse: “[...]Na terra, as nações se verão em angústia e perplexidade com o bramido e a agitação do mar”.

Num domingo do dia 26 de dezembro de 2004, ocorreu um grande terremoto de magnitude de 9,1, bem abaixo da superfície do Oceano Índico, perto da costa noroeste da ilha de Sumatra, que produziu uma gigantesca onda de 10 metros de altura, chamada de tsunami, que atingiu 14 países do sul da Ásia, que matou 203 mil pessoas da região e turistas de vários países do mundo. Cidades inteiras foram arrasadas pelas águas do oceano. Foi uma tragédia sem precedente que chocou o mundo.

Em 11 de março de 2011, ocorreu um outro violento terremoto de 9 graus de magnitude, dessa feita no Japão, que provocou um tsunami e a catástrofe nuclear na central de Fukushima, uma tragédia que deixou quase 20.000 mortos ou desaparecidos. Além disso, mais 3.600 pessoas, em sua maioria de Fukushima, faleceram em consequência da catástrofe, por doenças ou suicídio.

Esses tristes episódios dão sentido a antiga profecia de Jesus que prediz um tempo de aflição, desespero mundial devido ao “bramido e a agitação do mar”. Portanto, o mar também virou um cenário de novos horrores.

5) Haverá... epidemias terríveis (Lc 21:11)

No Seu Sermão escatológico Jesus previu: “E haverá em muitos lugares enormes terremotos, epidemias horríveis e devastadora falta de alimentos. Então sucederão eventos terríveis e surgirão poderosos fenômenos celestes” (Lc 21:11, VKJ).

Note que um dos sinais do fim da história deste mundo é a aparição de epidemias horríveis, isto é, novas doenças capazes de dizimar milhares de pessoas. O Senhor Jesus, quando falava sobre os sinais que antecederão o fim, aos discípulos, afirmou que doenças estariam presentes.

Quem ouvia falar da AIDS há 40 anos? Hoje é a maior epidemia do século XXI? Desde o seu início, mais de 70 milhões de seres humanos adquiriram a infecção e cerca de 35 milhões morreram em decorrência dela. Hoje em dia, cerca de 37 milhões de indivíduos no mundo vivem com o HIV. Destas, 22 milhões estão em tratamento, e outros milhões vivem com medo dela.

Atualmente, o mundo está em pavoroso com o surgimento de mais uma doença que está se propagando rapidamente pelo mundo inteiro: Covid-19. Por conta disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou no dia 11 de março, pandemia de Covid-19, doença causada justamente pelo novo coronovírus. Milhares de pessoas já morreram no mundo e outros milhões estão infectadas pelo vírus. Enquanto escrevíamos estas linhas, a Organização Mundial da Saúde (OMS), registrava 3.588.773 casos de COVID-19 (71.463 novos em relação ao dia anterior) e 247.503 mortes (4.102 novas em relação ao dia anterior) até 6 de maio de 2020.

Em vários países do mundo, inclusive no Brasil, eventos que envolvem juntar muitas pessoas foram suspensas, escolas e universidades com aulas suspensas, igrejas fechadas, da mesma forma, as sessões de cinemas e teatros foram canceladas, como medidas preventivas para evitar a disseminação dessa doença que é letal.

A rápida disseminação da doença está derrubando a economia global. Ela tem levado pânico aos mercados financeiros, refletido em quedas consideráveis consecutivas nas bolsas de valores. No Brasil, apenas na semana útil de 9 a 13 de março, o mecanismo de paralisação do pregão – o chamado circuit breaker – foi acionado múltiplas vezes, após passar quase três anos sem ativação. Ao redor do globo, economistas e organizações internacionais alertam para riscos de forte desaceleração da economia – ou até de recessão global.

Mas, além da bolsa de valores, há outros setores da economia que sentem os primeiros impactos do surto da doença. E isso vale para atividades produtivas. As primeiras áreas que sentem o impacto da disseminação do coronavírus são as que envolvem diretamente viagens. Companhias aéreas têm reduzido o número de voos e registrado quedas nas receitas. O turismo e a hotelaria também têm sofrido com a queda no movimento.

Boa parte dos países onde a covid-19 se disseminou com mais força optaram por ações de isolamento, e até quarentena. As pessoas têm sido orientadas a ficar em casa e evitar aglomerações.

Conclusão

Caro amigo leitor, esses sinais e outros que não mencionamos aqui apontam para o fim da história deste mundo. Eles evidenciam a iminência da volta de Jesus. Veja o que diz a Bíblia a respeito: “Ora, ao começarem estas coisas a suceder, exultai e erguei a vossa cabeça; porque a vossa redenção se aproxima.” Lucas 21:28. Jesus ainda afirmou: “Quando ouvirem falar de guerras e rebeliões, não tenham medo. É necessário que primeiro aconteçam essas coisas, mas o fim não virá imediatamente" (Lc 21:9, NVI).

Nesses textos Jesus indicou duas coisas que devemos fazer quando o mundo cai ao nosso redor: 1) Não tenha medo. As guerras, as agitações sociais e as epidemias podem suscitar o medo. Tudo o que puder ser abalado será. Mas você que está firmado na rocha dos milênios não precisa ficar aterrorizado. 2) Fique de cabeça erguida. Quando o mundo desaba, a maioria, condicionada pela ansiedade e medo, só consegue olhar para baixo. Porém, Jesus disse que devemos olhar para cima. Quanto pior for o cenário na Terra, mais brilhante será a visão do céu. Por isso, neste momento em que os sinais encontram a realidade, levantem a cabeça, Sua redenção se aproxima.

Sob inspiração divina, a irmã Ellen G. White escreveu: “A vinda do Senhor está mais próxima do que quando aceitamos a fé. O grande conflito aproxima-se de seu fim. Toda notícia de calamidade em mar ou terra é um testemunho de que o fim de todas as coisas está próximo. Guerras e rumores de guerras declaram-no. Haverá um só cristão cuja pulsação não se acelere ao prever os acontecimentos que se iniciam perante nós?

“O Senhor vem. Ouvimos os passos de um Deus que Se aproxima, ao vir Ele punir o mundo por sua iniquidade. Temos que preparar-Lhe o caminho mediante o desempenho de nossa parte em preparar um povo para esse grande dia” (Evangelismo, p. 219).

A propagação do evangelho é o que Jesus está aguardando da parte de todos que creem nEle para que Ele possa vir nos buscar: “E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim” (Mt 24:14, NVI).

Jesus deve estar voltando dentro em breve para levar-nos para o lar. Preparemo-nos!



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