Teologia

segunda-feira, 4 de maio de 2020

AGRIPA II: O REI ROMANO “QUASE CRISTÃO”, PORÉM PERDIDO

Ricardo André

Hoje, quero meditar sobre a história de um rei romano, a quem lhe foi mostrado de forma clara Jesus e Seus ensinamentos, mas que O rejeitou. Queremos refletir sobre sua decisão e a implicação dela. Deus tem importante lições para cada um de nós nessa história. Esta narrativa foi registrada pelo evangelista Lucas no seu livro Atos 26.

O apóstolo Paulo encontrava-se preso em Cesareia sob falsas acusações de que era um agitador e de que representava uma ameaça ao Império Romano (At 25:8). A verdade, é que a questão por trás de sua prisão não era que ele tivesse violado a lei judaica nem profanado o templo; em vez disso, era a sua mensagem sobre a morte e ressurreição de Jesus (At 25:19). Ali ele passou um período de dois anos na prisão naquela cidade (At 24:27), mais precisamente no pretório de Herodes (At 23:35), a residência oficial do governador romano. Durante esse período, Paulo teve várias audiências nas quais compareceu diante de dois governadores romanos (Félix e Festo) e um rei (Agripa II).

Foi Félix quem manteve Paulo na prisão, como estratégia política para ganhar o favor dos judeus. Após esse período, Félix fora substituído por Póncio Festo no governo da Judeia. Festo governou de 60 a 62 d.C. Após dois anos de aborrecível espera, Paulo apelou para o novo governador, Festo, para ser interrogado em Roma. Paulo bem sabia que apelar para César (a mais alta instância da justiça romana, que era o próprio imperador) seria bem mais seguro do que ser trazido perante os fanáticos judeus no Sinédrio em Jerusalém.

Sobre isso, Ellen G. White escreveu: “O apóstolo sabia que não podia esperar justiça do povo que, por seus crimes, estava atraindo a ira de Deus. Sabia que, como o profeta Elias, estaria mais seguro entre os pagãos do que com os que haviam rejeitado a luz do Céu e endurecido o coração contra o evangelho” (Atos dos Apóstolos, p. 430). Portanto, ele tinha plena consciência de que não seria tratado com justiça em Jerusalém e que seria entregue aos caprichos de seus inimigos. Festo concordou em atender o pedido de Paulo de enviá-lo a Roma (At 25:12).

Foi neste contexto que apareceu o rei Herodes Agripa II e sua irmã e esposa Berenice. O rei Agripa II era bisneto de Herodes, o Grande, que havia tentado matar o menino Jesus e quem matou muitos meninos na Judéia (Mt 2.1). O pai de Agripa era o rei Agripa I, que decapitou o apóstolo Tiago e prendeu Pedro em uma tentativa de matá-lo também (At 12.1-3). Rei Agripa I teve três filhos: Agripa II e suas duas irmãs, a rainha Berenice, e Drusila, que se tornou a esposa de Félix. Eram judeus por parte da mãe Mariamne, esposa de Herodes, o Grande. (Comentário Bíblico Adventista, p. 466). Eles fizeram um visita de Estado a Festo para saudá-lo como novo governador. Por ser descendente de judeus e com propensões pró-romanos tornou-se um conselheiro natural para Festo.

Quando Festo relatou a história de Paulo e como Félix o conservara na prisão, sem contudo conseguir qualquer ofensa relevante, nem política nem criminal contra ele, o rei Agripa ficou interessado. Gostaria de ouvir o prisioneiro pessoalmente. Ele disse: “Eu também gostaria de ouvir esse homem” (At 25:22, NVI).

Festo fez arranjos para uma audiência no dia seguinte, usando a ocasião para toda a pompa e ostentação possível. Fez tudo o que pode para tornar a audiência imponente, estando ali presentes altos oficiais e soldados armados.

Paulo compareceu perante Agripa, acorrentado ao seu guarda, mas totalmente indiferente e sem temor diante de todo o esplendor da corte. Estivera muito perto do Rei do Universo para ficar amedrontado com isto.   “E agora Paulo, ainda algemado, achava-se diante do grupo reunido. Que contraste era aqui apresentado! Agripa e Berenice possuíam poder e posição, e eram por isto favorecidos pelo mundo. Mas eram destituídos dos traços de caráter que Deus estima. Eram transgressores de Sua lei, corruptos de coração e de vida. Sua conduta era aborrecida pelo Céu. O idoso prisioneiro, acorrentado a um soldado, não tinha em seu aspecto coisa alguma que levasse o mundo a prestar-lhe homenagem. Entretanto nesse homem, aparentemente sem amigos, riqueza ou posição, preso por sua fé no Filho de Deus, o Céu todo estava interessado. Os anjos eram seus assistentes. Caso se houvesse manifestado a glória de um só desses resplandecentes (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 434). Quando Agripa lhe permitiu falar, Paulo discorreu eloquentemente sobre sua conversão e as razões de sua fé.

Agripa sentiu o impulso do Espírito Santo no coração. Seu relacionamento incestuoso com sua irmã Berenice escandalizava tanto os judeus como os romanos. “Profundamente impressionado, Agripa perdeu de vista por um momento o ambiente e a dignidade de sua posição” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 438). Paulo estivera diante dele apenas alguns minutos, e agora pedia-lhe que se decidisse quanto à verdade acerca de Jesus. Ele fez este direto e solene apelo: “Rei Agripa, crês nos profetas? Eu sei que sim” (Atos 26:27). Involuntariamente disse a Paulo: “Você acha que em tão pouco tempo pode convencer-me a tornar-me cristão” (At 26:28, NVI). A persuasão era poderosa. “Embora tenha sentido convicção profunda, talvez Agripa desejasse passar a impressão, para os que se reuniram na câmara de audiência do procurador, de que achava Paulo ingênuo por pensar que um prisioneiro seria capaz de converter um rei dentro de tão pouco tempo, ou com uma explicação tão breve” (Comentário Bíblico Adventista, v. 6, p. 476).

O rei usou a tática da procrastinação, querendo com isso dizer que um sermão de meia hora não era tempo suficiente para que alguém se tornasse cristão. Pouco ou muito tempo, fato é que Paulo apresentou para aquele rei evidências suficientes para convencê-lo das verdades do evangelho de Jesus Cristo. Mas o coração endurecido de Agripa o impediu de ver a luz salvadora da cruz de Cristo, e como muitos outros, teve a oportunidade de decidir-se por Jesus, não entanto perdeu completamente sua oportunidade. Ele ficou apena no “quase cristão”, um “quase salvo”, adiando a mais importante e urgente decisão de sua vida. “Quase cristão” significa estar perdido.

Há muitas pessoas que, à semelhança do rei Agripa que conhecem os ensinos de Jesus, gostam da igreja, gostam da Bíblia Sagrada, até colocam-na aberta sobre a mesa da sala, gostam da música cristã, mas a sedução do mundo os arrasta. Há outros, que já foram batizados, usufruíram da comunhão com Deus, e por algum motivo afastaram-se de Deus, da Sua igreja, e hoje se encontram num lugar distante da paz, distante da alegria, distante da vida abundante. Como é triste ver tantos amigos meus afastados da igreja, ver tantos filhos de pais adventistas, criados na igreja, hoje entregues aos prazeres mundanos, vencidos pela embriaguez, escravizados pelas drogas, vivendo na imoralidade sexual! Oro para que encontrem novamente o caminho do Senhor e decidam antes que seja tarde demais.

Agripa teve a chance de ouvir o evangelho dos lábios de Paulo, e de aceitar o Deus verdadeiro que se sacrificou para trazer a salvação ao homem conforme era predito nos profetas e em Moisés (verso 22) e nada além disto.   No entanto, ele o rejeitou, selando definitivamente seu destino eterno. Não há registro na Bíblia de que teve uma outra oportunidade. Não há informações detalhadas sobre o fim de sua vida, mas acredita-se que ele viveu até final do primeiro século. Provavelmente morreu sem Cristo, perdido para sempre. A salvação do rei e de todos os que estavam ali fora apresentada por Paulo e eles resistiram à verdade e permanecem no erro para sua própria ruína. E nós, continuaremos a rejeitar o conhecimento de Deus que nos move por meio da pregação de sua palavra?

Caro amigo leitor, é uma tragédia de consequências eternas rejeitar o apelo para aceitar a salvação. Examine seu coração hoje e, ao fazê-lo, lembre-se: “agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação!” (2Co 6:2, NVI). Venha a Jesus, enquanto ainda há tempo, e ajude os outros a fazer o mesmo. Tome, pois, a mão dEle e viva para Ele hoje. Agora é o tempo! Hoje é o seu “dia da salvação”!

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