Ricardo
André
Hoje, quero meditar
sobre a história de um rei romano, a quem lhe foi mostrado de forma clara Jesus
e Seus ensinamentos, mas que O rejeitou. Queremos refletir sobre sua decisão e
a implicação dela. Deus tem importante lições para cada um de nós nessa
história. Esta narrativa foi registrada pelo evangelista Lucas no seu livro Atos 26.
O apóstolo Paulo
encontrava-se preso em Cesareia sob falsas acusações de que era um agitador e
de que representava uma ameaça ao Império Romano (At 25:8). A verdade, é que a
questão por trás de sua prisão não era que ele tivesse violado a lei judaica
nem profanado o templo; em vez disso, era a sua mensagem sobre a morte e
ressurreição de Jesus (At 25:19). Ali ele passou um período de dois anos na
prisão naquela cidade (At 24:27), mais precisamente no pretório de Herodes (At
23:35), a residência oficial do governador romano. Durante esse período, Paulo
teve várias audiências nas quais compareceu diante de dois governadores romanos
(Félix e Festo) e um rei (Agripa II).
Foi Félix quem manteve
Paulo na prisão, como estratégia política para ganhar o favor dos judeus. Após
esse período, Félix fora substituído por Póncio Festo no governo da Judeia.
Festo governou de 60 a 62 d.C. Após dois anos de aborrecível espera, Paulo
apelou para o novo governador, Festo, para ser interrogado em Roma. Paulo bem
sabia que apelar para César (a mais alta instância da justiça romana, que era o
próprio imperador) seria bem mais seguro do que ser trazido perante os
fanáticos judeus no Sinédrio em Jerusalém.
Sobre isso, Ellen G.
White escreveu: “O apóstolo sabia que não podia esperar justiça do povo que,
por seus crimes, estava atraindo a ira de Deus. Sabia que, como o profeta
Elias, estaria mais seguro entre os pagãos do que com os que haviam rejeitado a
luz do Céu e endurecido o coração contra o evangelho” (Atos dos Apóstolos, p. 430). Portanto, ele tinha plena consciência
de que não seria tratado com justiça em Jerusalém e que seria entregue aos
caprichos de seus inimigos. Festo concordou em atender o pedido de Paulo de
enviá-lo a Roma (At 25:12).
Foi neste contexto que
apareceu o rei Herodes Agripa II e sua irmã e esposa Berenice. O rei Agripa II
era bisneto de Herodes, o Grande, que havia tentado matar o menino Jesus e quem
matou muitos meninos na Judéia (Mt 2.1). O pai de Agripa era o rei Agripa I,
que decapitou o apóstolo Tiago e prendeu Pedro em uma tentativa de matá-lo
também (At 12.1-3). Rei Agripa I teve três filhos: Agripa II e suas duas irmãs,
a rainha Berenice, e Drusila, que se tornou a esposa de Félix. Eram judeus por
parte da mãe Mariamne, esposa de Herodes, o Grande. (Comentário Bíblico Adventista, p. 466). Eles fizeram um visita de
Estado a Festo para saudá-lo como novo governador. Por ser descendente de
judeus e com propensões pró-romanos tornou-se um conselheiro natural para
Festo.
Quando Festo relatou a
história de Paulo e como Félix o conservara na prisão, sem contudo conseguir
qualquer ofensa relevante, nem política nem criminal contra ele, o rei Agripa
ficou interessado. Gostaria de ouvir o prisioneiro pessoalmente. Ele disse: “Eu
também gostaria de ouvir esse homem” (At 25:22, NVI).
Festo fez arranjos para
uma audiência no dia seguinte, usando a ocasião para toda a pompa e ostentação
possível. Fez tudo o que pode para tornar a audiência imponente, estando ali
presentes altos oficiais e soldados armados.
Paulo compareceu
perante Agripa, acorrentado ao seu guarda, mas totalmente indiferente e sem
temor diante de todo o esplendor da corte. Estivera muito perto do
Rei do Universo para ficar amedrontado com isto. “E
agora Paulo, ainda algemado, achava-se diante do grupo reunido. Que contraste
era aqui apresentado! Agripa e Berenice possuíam poder e posição, e eram por
isto favorecidos pelo mundo. Mas eram destituídos dos traços de caráter que
Deus estima. Eram transgressores de Sua lei, corruptos de coração e de vida.
Sua conduta era aborrecida pelo Céu. O idoso prisioneiro, acorrentado a um
soldado, não tinha em seu aspecto coisa alguma que levasse o mundo a
prestar-lhe homenagem. Entretanto nesse homem, aparentemente sem amigos,
riqueza ou posição, preso por sua fé no Filho de Deus, o Céu todo estava
interessado. Os anjos eram seus assistentes. Caso se houvesse manifestado a
glória de um só desses resplandecentes (Ellen
G. White, Atos dos Apóstolos, p. 434). Quando Agripa lhe permitiu falar,
Paulo discorreu eloquentemente sobre sua conversão e as razões de sua fé.
Agripa sentiu o impulso
do Espírito Santo no coração. Seu relacionamento incestuoso com sua irmã
Berenice escandalizava tanto os judeus como os romanos. “Profundamente
impressionado, Agripa perdeu de vista por um momento o ambiente e a dignidade
de sua posição” (Ellen G. White, Atos
dos Apóstolos, p. 438). Paulo estivera diante dele apenas alguns minutos, e
agora pedia-lhe que se decidisse quanto à verdade acerca de Jesus. Ele fez este
direto e solene apelo: “Rei Agripa, crês nos profetas? Eu sei que sim” (Atos
26:27). Involuntariamente disse a Paulo: “Você acha que em tão pouco tempo pode
convencer-me a tornar-me cristão” (At 26:28, NVI). A persuasão era
poderosa. “Embora tenha sentido convicção profunda, talvez Agripa desejasse
passar a impressão, para os que se reuniram na câmara de audiência do
procurador, de que achava Paulo ingênuo por pensar que um prisioneiro seria
capaz de converter um rei dentro de tão pouco tempo, ou com uma explicação tão
breve” (Comentário Bíblico Adventista,
v. 6, p. 476).
O rei usou a tática da
procrastinação, querendo com isso dizer que um sermão de meia hora não era
tempo suficiente para que alguém se tornasse cristão. Pouco ou muito tempo,
fato é que Paulo apresentou para aquele rei evidências suficientes para
convencê-lo das verdades do evangelho de Jesus Cristo. Mas o coração endurecido
de Agripa o impediu de ver a luz salvadora da cruz de Cristo, e como muitos
outros, teve a oportunidade de decidir-se por Jesus, não entanto perdeu
completamente sua oportunidade. Ele ficou apena no “quase cristão”, um “quase
salvo”, adiando a mais importante e urgente decisão de sua vida. “Quase
cristão” significa estar perdido.
Há muitas pessoas que,
à semelhança do rei Agripa que conhecem os ensinos de Jesus, gostam da igreja,
gostam da Bíblia Sagrada, até colocam-na aberta sobre a mesa da sala, gostam
da música cristã, mas a sedução do mundo os arrasta. Há outros, que já foram
batizados, usufruíram da comunhão com Deus, e por algum motivo afastaram-se de
Deus, da Sua igreja, e hoje se encontram num lugar distante da paz, distante da
alegria, distante da vida abundante. Como é triste ver tantos amigos meus
afastados da igreja, ver tantos filhos de pais adventistas, criados na igreja,
hoje entregues aos prazeres mundanos, vencidos pela embriaguez, escravizados pelas
drogas, vivendo na imoralidade sexual! Oro para que encontrem novamente o
caminho do Senhor e decidam antes que seja tarde demais.
Agripa teve a chance de
ouvir o evangelho dos lábios de Paulo, e de aceitar o Deus verdadeiro que se
sacrificou para trazer a salvação ao homem conforme era predito nos profetas e
em Moisés (verso 22) e nada além
disto. No entanto, ele o rejeitou,
selando definitivamente seu destino eterno. Não há registro na Bíblia de que
teve uma outra oportunidade. Não há informações detalhadas sobre o fim de sua
vida, mas acredita-se que ele viveu até final do primeiro século. Provavelmente
morreu sem Cristo, perdido para sempre. A salvação do rei e de
todos os que estavam ali fora apresentada por Paulo e eles resistiram à verdade
e permanecem no erro para sua própria ruína. E nós, continuaremos a rejeitar o
conhecimento de Deus que nos move por meio da pregação de sua palavra?
Caro amigo leitor, é
uma tragédia de consequências eternas rejeitar o apelo para aceitar a salvação.
Examine seu coração hoje e, ao fazê-lo, lembre-se: “agora é o tempo favorável,
agora é o dia da salvação!” (2Co 6:2, NVI). Venha a Jesus, enquanto ainda há
tempo, e ajude os outros a fazer o mesmo. Tome, pois, a mão dEle e viva para
Ele hoje. Agora é o tempo! Hoje é o seu “dia da salvação”!
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