Francy
Durán
A tecnologia
revolucionou o mundo de tal forma que diminuiu significativamente no homem a
demanda de tempo e energia para alcançar seus objetivos. Poderia se concluir
que a vida está mais fácil, com mais tempo para se descansar e menos estressante.
No entanto, embora pareça paradoxal, hoje em dia o homem parece estar mais
ocupado, e sofre mais estresse do que os seus antepassados. Tem sido sugerido
que a falta de tempo para fazer tarefas diárias ou semanais é o maior
contribuinte para o stress. Este por sua vez, afeta a saúde física e mental do
indivíduo.
Segundo o Dr. Paul
Rosch, especialista em Ciências Médicas, “O estresse está fazendo terríveis
estragos em nível de saúde e na economia. É um dos principais contribuintes
para doenças cardíacas, câncer, insuficiência respiratória, lúpus e outras
doenças fatais “.1 De acordo com a Associação Médica Americana, o stress é um
fator que contribui em mais de 75 por cento das doenças que hoje afetam o ser
humano. E a Organização Mundial de Saúde concluiu que o estresse é o maior
problema de saúde na américa do norte.2
Antes de haver
relaxantes químicos e antibióticos, a principal prescrição médica para o
estresse era o descanso e o relaxamento. No entanto, muito antes de os médicos
reconhecerem os benefícios do descanso, o Deus Todo-Poderoso estabeleceu o
descanso como um elemento restaurador das dimensões física, emocional e
espiritual do ser humano.
Ao criar o homem, Deus
separou o sétimo dia, o sábado, como um dia de comunhão, descanso e adoração.
No livro de Gênesis, Deus instituiu o sétimo dia, o sábado, como um dia
especial reservado para uso sagrado. A Bíblia diz: “Assim, pois, foram acabados
os céus e a terra e todo o seu exército. E, havendo Deus terminado no dia
sétimo a sua obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha
feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de
toda a obra que, como Criador, fizera.” (Gênesis 2:1-3).
A instituição divina do
sétimo dia como dia de repouso destaca três verdades fundamentais para os
homens de hoje. A primeira verdade é que Deus, ao concluir sua criação,
descansou. O sábado, ou “descanso” não significa não fazer nada, mas sim, mudar
as atividades de outros dias para entrar em uma atitude de adoração à Deus
dirigindo a alma para coisas celestiais.3 O Senhor descansou, ou seja, parou
suas atividades criativas para entrar em comunhão com suas criaturas.
Ao descansar, Deus
queria estabelecer a importância do descanso para a humanidade, como também
reservar um tempo para entrar em comunhão íntima com o homem. Adão e Eva
passaram seu primeiro dia em comunhão com Deus, indicando com isto a primazia
da conexão divino-humana. Ezequiel 20:12 confirma essa verdade quando diz:
“Também lhes dei os meus sábados, para servirem de sinal entre mim e eles, para
que soubessem que eu sou o SENHOR que os santifica”. E em Êxodo 31:16-17, Deus
reitera ao seu povo a importância do sétimo dia como uma aliança eterna. “Pelo
que os filhos de Israel guardarão o sábado, celebrando-o por aliança perpétua
nas suas gerações. Entre mim e os filhos de Israel é sinal para sempre; porque,
em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, e, ao sétimo dia, descansou, e
tomou alento.”
Este texto apresenta
duas razões adicionais para a continuidade perpétua do repouso sabático. Em
primeiro lugar, afirma que o Senhor é o Criador, que fez “os céus e a terra”. O
sábado, nos conduz a reconhecer a Deus como nosso Criador, e, portanto, nosso
mantenedor. A observância do sábado promove a ideia de dependência que o homem
tem de Deus, e aprofunda no coração humano o anseio pela presença divina. Por
isso, o profeta Isaías fala da observância do sábado, em termos de “deleite”
(Isaías 58:13). O sábado é um deleite, pois reflete a presença divina, a qual
satisfaz o desejo mais profundo da alma. No sétimo dia, a alma fecha suas
avenidas para os velhos problemas da vida e dirige seus ouvidos à voz doce,
calma e serena de Jesus. Quando o homem faz uma parada em suas atividades
seculares, e toma tempo para orientar a sua alma em harmonia com seu Criador,
se produz um equilíbrio saudável em sua vida, restaurando de uma forma
essencial sua ligação vertical com o céu. Ao experimentar a presença única de
Cristo no sábado, a mente é preenchida de alegria, paz e desacanso.4
A segunda razão para a
perpetuidade do sábado, como dia de repouso, é o benefício que este proporciona
aos homens. A Bíblia diz que no sétimo dia Deus descansou. Em outras palavras,
no primeiro sábado no Jardim do Éden, Deus experimentou um descanso emocional.5
Ou seja, Deus experimentou uma satisfação emocional ao “descansar”, porque isto
facilitou a comunhão humano-divina.
Nephesh é a palavra
hebraica usada para descrever a ação divina de soprar o sopro da vida no homem,
pelo qual este se tornou um ser vivente (Gênesis 2:7). Ela abarca o homem em
sua totalidade, tanto as suas dimensões física, mental como espiritual. Deus
instituiu o sábado para facilitar o repouso do ser em sua totalidade. Quando o
homem observa o sábado, tem uma audiência com seu Criador, que lhe proporciona
alento de vida, tanto para a parte física, mental como espiritual. É por isso
que o apóstolo Paulo em Hebreus 4:9, 10 diz: “Portanto, resta um repouso para o
povo de Deus. Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo
descansou de suas obras, como Deus das suas.”
A segunda verdade
fundamental é que Deus abençoou o sétimo dia ou sábado. A bênção do sábado é
baseada no fato de que Cristo é o centro, do sábado. Ele disse: “O sábado foi
estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; de sorte
que o Filho do Homem é senhor também do sábado. (Marcos 2:27-28).
Esta passagem evidencia
duas verdades:
1. O sábado é um
presente de amor de Deus para a humanidade. Em outras palavras, foi instituído
para o benefício de toda a humanidade.
2. A segunda verdade é
a respeito de Cristo. Ele é o Senhor ou o centro, do sábado. Portanto, a pessoa
que observa o sábado, que entra em comunhão com seu Criador, é o beneficiário
da bênção divina conferida no sétimo dia.6
A terceira verdade é
que Deus santificou o sábado. A santificação do sétimo dia aponta para a ação
divina de reservar esse dia para expressar sua santa presença entre o seu povo
no seu dia santo.7 Além disso, a santidade do sétimo dia aponta para Deus como
o agente santificador. Em Êxodo 31:13 Deus diz a seu povo para que guardem seu
sábado “para que saibais que eu sou o SENHOR, que vos santifica’. O sábado
torna possível que um Deus santo e um povo santo comunguem juntos em um dia
santo.
Portanto, nas
Escrituras não há uma exigência ritual para a observância do sábado, porque ele
foi instituído para conectar harmoniosamente a alma com o divino. O sábado é um
convite ao indivíduo para restaurar a sua harmonia espiritual com o Criador.8
O sábado é um palácio
no tempo, que desce do céu a cada semana e oferece um convite para nos conectar
com o Deus do universo, um convite para fugir do estresse e se refugiar em
Cristo que nos convida, dizendo: “Vinde a mim todos os que estão cansados e
sobrecarregados, e eu vos aliviarei “(Mateus 11:28).
O sábado, como dia de
descanso, é tão importante para a humanidade que o Senhor o codificou nos Dez
Mandamentos em Êxodo 20. E sabendo que o homem iria esquecer ou ignorar o
Criador e o seu memorial da criação, Ele ordena a todos os crentes, dizendo:
“Lembra-te do dia de sábado para santificá-lo …” (Êxodo 20:8). Este é um
chamado, não aos judeus, porque eles nunca esqueceram o sábado, mas para todo
cristão que aceitou o Evangelho, e professa amar a Jesus. “Lembra-te do dia de
sábado para santificá-lo …”.
REFERÊNCIAS
2. Ibíd.
4. Samuel Bacchiocchi,
Divine Rest for Human Restlessness (1988): p. 220.
5. Richard Davidson,
Transforming by Entering His Rest, p. 8.
6. Gerhard E. Hasel,
Covenant in Blood (1982), p. 88.
7. Ibíd.
FONTE: Texto de autoria
de Francy Durán, publicado na revista El
Centinela de Setembro/2011. Crédito da tradução: Blog Sétimo Dia https://setimodia.wordpress.com/
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