Ricardo
André
No evangelho de Lucas 24:13-35 encontramos um incidente
na vida de Cristo que sempre inspira o coração do crente. É a história
conhecida como “Os dois discípulos a caminho de Emaús”. Jerusalém tinha sido
palco de tristes e solenes acontecimentos: Jesus tinha sido preso na
quinta-feira; foi crucificado na sexta-feira; o sábado foi o mais triste que
tiveram desde que os apóstolos e seguidores de Jesus O conheceram. Naquele
sábado, Jesus não estava na Sinagoga porque estava no sepulcro.
No primeiro dia da
semana, domingo, correu a notícia da ressurreição do Mestre (Mc 16:10). Mas foi
tão cruel a crucificação de Cristo na sexta-feira que os judeus, temendo o
povo, inventaram tantos fake news
para confundir as autoridades e os outros (Mt 28:11-15). As fake news tinham conseguido embotar a
mente dos discípulos e amargurar os sentimentos das mulheres (Lc 24:37). A
morte de Cristo e Sua ressurreição trouxe discussões e até polêmica entre os
discípulos que, apavorados, criam e descriam em tudo o que diziam acerca de
Jesus, a ponto de Tomé que só creria se visse e colocasse a mão nas chagas de
Cristo (Jo 20:25).
Nesse mesmo domingo
memorável, dois discípulos de Jesus, que não faziam parte do grupo dos Doze,
caminhavam em direção a Emaús, pequena vila situada a 60 estádios, cerca de 12
km de Jerusalém (Comentário Bíblico
Adventista, v. 5, p. 973). De repente, enquanto Cleopas e seu companheiro,
cujo nome não é identificado, palmilhavam a estrada de Emaús, um estranho se
aproxima deles. Estavam tão absortos em sua melancolia, sem ânimo e sem
esperança por causa dos eventos do último fim de semana, que não se aperceberam
de que o estranho peregrino, que os alcançou no caminho, era o Mestre Jesus
Cristo, o Nazareno ressuscitado. Ficaram surpresos de que o estranho não
estivesse informado dos últimos acontecimentos. Fizeram uma descrição dos
eventos (Lc 24:21-24). Mas, para surpresa dos dois desalentados discípulos, o
Senhor começa através das Sagradas Escrituras a desvendar diante de seus olhos
estupefatos que a salvação não foi um acidente, foi um plano divino. Que a
estrada da cruz não era um desvio, mas sim uma grande estrada que nos leva à
Canaã Celestial. “Começando por Moisés”, Jesus “explicou-lhes o que constava a
respeito dele em todas as Escrituras” (Lucas 24:27, NVI).
Mas, por que Jesus não
Se revelou de imediato para aqueles desesperançosos discípulos? O Comentário Bíblico Adventista, v. 5, p.
974, sugere que, “caso o fizesse, os dois discípulos ficariam tão
entusiasmados que não conseguiriam apreciar as importantes verdades que Ele
estava prestes a transmitir, nem se lembrar bem dela. Era essencial que
compreendessem as profecias messiânicas do AT, junto com os acontecimentos
históricos e ritos sagrados que apontavam para Cristo. Somente isso poderia
lhes prover um alicerce sólido para a fé. Uma suposta fé em Jesus que não se
encontre embasada nos ensinos das Escrituras não é capaz de permanecer em pé
quando as tempestades aparecem [...]. Cristo dirigiu a atenção daqueles dois
homens para o cumprimento do AT nos eventos registrados no NT”.
Jesus
caminha sempre ao nosso lado
Enquanto percorreram
aqueles 12 km desde Jerusalém, a tristeza dos dois discípulos ia gradualmente
cedendo lugar à esperança à medida que Jesus lhes abria as Escrituras. Algumas
vezes, ao olhar atentamente para Ele, não podiam senão pensar como Suas
palavras soavam tão semelhantes àquelas que Jesus teria usado. Porém, não lhes
ocorreu que Ele mesmo estivesse caminhando ali ao seu lado.
A experiência dos dois
discípulos é um espelho da nossa vida. Todos, como eles, tem seus bons momentos
e seus momentos ruins. Todos passamos por experiências parecidas. Há ocasiões
em nossa vida que somos esmagados por uma grande tristeza causada pela perda de
um ente querido, pela dificuldade financeira, conflitos no lar, pelo
desemprego, etc. São nessas ocasiões que Jesus está mais perto do que pensamos.
Ele sabe quando andamos tristes, e deseja nos consolar.
Não são poucas as vezes
em que assumimos o lugar do discípulo sem nome e participamos daquela caminhada
ao lado de Cleopas, onde motivados por circunstâncias difíceis ou
acontecimentos tristes e inesperados que não conseguimos compreender ou
absorver, posicionamos nossas frustrações, desesperanças e decepções e as
lançamos contra Aquele que erroneamente
imaginamos morto, ou distante de nós, ou preso ao nosso passado, enquanto na
verdade Ele está vivo, bem perto, presente e caminhando conosco estrada fora,
ouvindo e assistindo com paciência, graça e amor nossos irracionais e
desajustados desabafos e justificativas, e através da Sua palavra exortando
nossa incredulidade, sem jamais nos descartar ou colocar-nos de lado, mas ao
contrário disso, sempre nos atraindo pelo desejo de com Ele estar, mesmo que
seja no declinar de um dia de caminhada difícil, que terminará, mais uma vez,
com Ele Se revelando a nós e curando nosso ferido coração, que em momento algum
deixou de arder.
Apesar das aparências
em contrário, Deus está sempre conosco. Mesmo nas circunstâncias mais escuras,
somos confortados por sua presença. Embora não possamos sentir Sua presença,
nosso desafio é manter isto em mente e apegar-nos a Ele em oração e pela fé nas
promessas de Sua Palavra.
A escritora cristão
Ellen G. White escreveu esse lindo pensamento: “Quando densas nuvens de trevas
parecem pairar sobre o espírito, é ocasião para fazer com que a fé viva penetre
as trevas e dissipe as nuvens” (Vida e
Ensinos, p. 125).
A fé a todo custo em
Deus nos capacita a orar: “Em meio a nenhuma esperança, devo ter esperança. A
fé faz leve cada fardo, alivia cada fadiga” (Profetas e Reis, p. 175).
Aqueles dois discípulos
haviam perdido a esperança e encontraram o Doador da esperança. Estavam
desanimados e encontraram a Fonte de energia. Estavam perdidos na estrada e
encontraram o Caminho. Estavam incrédulo, mas encontraram a verdade. Pesarosos,
choravam a morte de Jesus, em quem haviam centrado suas mais suspiradas
esperanças, e tiveram um encontro com a vida.
O
maravilhoso convite dos discípulos: “Fica conosco”
Era já a hora crepuscular,
quando chegaram a Emaús. Ao se aproximarem de casa, o precioso momento chegara.
O Senhor expressou o desejo de seguir adiante, mas eles Lhe dirigiram uma
súplica plena de significados: “Fique conosco, pois a noite já vem; o dia
já está quase findando” (Lucas 24:29, NVI). E entrou para ficar com
eles. Ele sempre fica quando pedimos.
Caro amigo leitor, há
muitas lições nesta narrativa bíblica. Comentando sobre esse convite feito
pelos dois discípulos para que Jesus ficasse aquela noite com eles, Ellen G.
White escreveu: “Houvessem os discípulos deixado de insistir no convite e não
teriam ficado sabendo que seu companheiro de viagem era o Senhor ressuscitado”
(O Desejado de Todas as Nações, p. 595).
“O motivo para insistir que Jesus permanecesse com eles era o desejo profundo
de receber mais das instruções preciosas que vinha lhes dando durante as
últimas horas. Somente os que têm fome e sede de uma compreensão mais profunda
das coisas de Deus podem esperar receber um amplo suprimento da luz celestial”
(Comentário Bíblico Adventista, v. 5, p.
976).
Nó podemos também,
hoje, convidar Jesus para ser nosso Hóspede, precisamos insistir com Deus e
caminhar ao lado dEle e ouvir a Sua mensagem e entender o que o Senhor nos
ensina: “Não estavam ardendo os nossos corações dentro de nós, enquanto ele nos
falava no caminho e nos expunha as Escrituras?" (Lucas 24:32, NVI), diziam
os dois apóstolos. Se formos demasiados indiferentes para pensar em Jesus, ou
pedir-Lhe que neles habite, Ele passa, e perdemos a oportunidade de viver uma
vida ditosa e cheia de alegrias.
Conclusão
Vivemos uma hora da
História carregada de ansiedades e incertezas. As trevas descem sobre a Terra.
Por causa de acontecimentos assustadores, a exemplo da pandemia do coronavírus
que está matando a cada dia milhares de pessoas ao redor do mundo e gerando uma crise econômica global, causando pavor nas pessoas. O medo talvez seja a maior
emoção na vida das pessoas. Elas temem a guerra, o crime, a poluição, as
doenças, a crise econômica e muitas outras coisas que ameaçam sua segurança e
sua própria vida. Muitas pessoas parecem agora dominadas pela psicose do medo.
Quão apropriado é repetirmos a súplica dos discípulos: Senhor, por favor, fica
conosco, faze-nos companhia, porque já é tarde e as densas trevas da noite nos
circundam.
Amigo, quer você que
Jesus fique com você para sempre e lhe encha o coração de alegria e felicidade?
Quer você desfrutar plenamente o gozo da experiência cristã, permitindo que
Jesus seja o Hóspede celestial em seu coração?
Que o Cristo Ressurreto
abençoe sua vida!
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