Teologia

sexta-feira, 3 de abril de 2020

O MILAGRE DO MACHADO QUE FLUTUOU – SÍMBOLO DA GRAÇA DE DEUS

Ricardo André

“Os discípulos dos profetas disseram a Eliseu: "Como vês, o lugar onde nos reunimos contigo é pequeno demais para nós. Por que não vamos ao rio Jordão? Lá cada um de nós poderá cortar um tronco para construirmos ali um lugar de reuniões". Eliseu disse: "Podem ir". Então um deles perguntou: "Não gostarias de ir com os teus servos? " "Sim", ele respondeu. E foi com eles. Foram ao Jordão e começaram a derrubar árvores. Quando um deles estava cortando um tronco, o ferro do machado caiu na água. E ele gritou: "Ah, meu senhor, era emprestado! " O homem de Deus perguntou: "Onde caiu?" Quando ele lhe mostrou o lugar, Eliseu cortou um galho e o jogou ali, fazendo o ferro flutuar, e disse: "Pegue-o". O homem esticou o braço e o pegou” (2 Reis 6:1-7).

Encontramos nesta porção das Escrituras Sagradas uma ilustração alegórica do que Deus fez por nós.

Era costume naquela época enviar rapazes a Escola dos Profetas, em Gilgal (Jericó), onde se tornavam professores e mensageiros de Deus. O profeta Eliseu, sempre que estava por perto, conversava e dava conselhos e orientações espirituais aos estudantes. Eles o estimavam e o respeitavam muito. Nota-se que este profeta de Deus aprece como guia e orientador em ocasiões em que a situação é difícil.

Naquele ano, cerca de 843 a. C., a escola dos Profetas estava em pleno desenvolvimento. Apesar das dificuldades, a escassez de alimentos, todos os dias chegavam novos alunos para a escola, até que ficou muito pequena para abrigar a todos. O que eles deveriam fazer? Um dos rapazes teve a ideia de que poderiam ampliar o prédio.

Os filhos dos profetas vão até ao rio Jordão, com o fim de cortar árvores para ampliar a escola. De repente algo muito desagradável aconteceu! Ao derrubar uma árvore, o machado de um deles caiu no rio e se afundou. Eles estavam diante de um sério problema. O machado era emprestado, as águas do Jordão não eram limpas e o ferro, de acordo com a lei da gravidade, tinha ido para o fundo do rio. E o machado emprestado diante daquela circunstância estava perdido.

O HOMEM É NADA DIVORCIADO DE DEUS

Para que serve o cabo separado do machado? Igualmente, de que serve um homem que não se agarra à mão de Deus e que se separa dEle voluntariamente? A Bíblia nos diz claramente: “À uma se fezeram inúteis” (Rm 3:12).

A Bíblia, portanto, afirma que aqueles levam a vida separados de Deus são inúteis. São inúteis os que acreditam que não precisam de Deus, os que acham que podem arranjar-se sozinhos.

Há muitos que preferem viver em “liberdade”. E essa falsa liberdade levam-nos a rejeitar o código moral dos Dez Mandamentos e da Bíblia como não práticos e irrealísticos. A falsa liberdade levam as pessoas a abandonarem os valores tradicionais, os valores éticos e religiosos. A sociedade hodierna é marcada pela cultura niilista, que segundo a qual não existem valores absolutos, universais e permanentes, as pessoas não têm vínculos duráveis com nada nem com ninguém , vivem só para si mesmas, buscando apenas os prazeres efêmeros, que, segundo a concepção niilista da vida, são os únicos que existem. Dela brotam e se multiplicam o consumismo e o hedonismo.

A Nova Era aparece com a esdrúxula ideia de que o ser humano pode ser o deus do seu próprio destino, porque existe uma ilimitada energia dentro do homem. O ser humano precisa descobrir o “Eu Superior” que dorme em seu interior. Se souber fazê-lo – afirmam os adeptos da Nova Era – não precisam mais de Deus apresentado pela Bíblia, já que Deus não passa de uma “Energia Superior”.

CONSEQUÊNCIAS DE SE VIVER SEPARADO DE DEUS

As consequências desta emancipação do homem são vistas no mundo nestes últimos anos. A emancipação do homem não produziu os frutos prometidos; e a não realização das promessas esperadas do desenvolvimento da ciência e da técnica, e do domínio sobre a natureza produziu:

O desencanto e um enorme vazio existencial. Frustrado e infeliz, o homem moderno busca compensações a esse vazio existencial na acumulações de bens materiais, no consumismo, e no hedonismo. Mas, homem se dá conta de que o acúmulo de bens e a satisfação desenfreada de desejos egoístas não trazem a felicidade almejada, não conseguem preencher o vácuo em sua vida. O homem pós-moderno vive correndo sem parar para consumir sempre mais, mas está sempre insatisfeito.

Novas servidões para o homem, tais como o dinheiro e os prazeres;

Pessoas solitárias e depressivas. Quando se pensa que nesses modernos tempos, onde a tecnologia nos coloca em contato com pessoas dos mais diversos lugares do globo terrestre, temos um diálogo mais frequente com tanta gente, amigas ou não e, de repente, vê-se que as pessoas estão cada vez mais solitárias, abandonadas a propósitos distantes que, na maioria das vezes, provocam decepções várias e até, à sucessão de profundas depressões. Fala-se com o mundo e não se dialoga com os mais próximos, inclusive os da própria família. As pessoas se sentem mais deprimidas, ocas, sem paz e felicidades;

Milhares de jovens recorrem as drogas tentando encontrar paz que a filosofia humanista, ateísta, materialista, que a Nova Era não pode oferecer;

A violência e criminalidade. E não falemos da violência, da criminalidade, das guerras e atentados terroristas que não cessam de assolar a humanidade.

Não podemos afastar Deus de nosso caminho, sem sofrer os maiores prejuízos. Bem declarou Paulo com respeito a essas pessoas “à uma se fizeram inúteis”. Esta é a verdadeira imagem da queda do homem. Assim como Adão deu ouvido e acreditou nas mentiras de Satanás, seu coração se fez “pesado” e se afundou, como o machado de um dos alunos da Escola dos Profetas, porém Adão se afundou na morte, no pecado; e daí em diante está perdido, é inútil, sem tranquilidade, sem paz e sem certeza da salvação eterna. Não somente Adão, mas também sua prole, inclusive nós.

A SOLUÇÃO (EF 2:4,5 e 8)

Tal como o machado no fundo do rio, só podia ser retirado dali mediante um milagre. Assim ocorre conosco. Mortos em nosso delitos, somos incapazes de nos livrarmos por nossos próprios recurso e tampouco ninguém pode fazê-lo por nós.

O milagre, Deus o realizou. Um pau, lançado pelo profeta Eliseu, fez flutuar o machado. Realmente era um milagre! Com força o rapaz pegou o machado em suas mãos. Estava feliz e com o coração cheio de gratidão a Deus, pois Ele soube que Deus não o desamparara naquele momento difícil.


A história do machado que flutuou nos faz lembrar de que Deus Se preocupa com qualquer problema que enfrentamos, seja ele grande ou pequeno. Ele pede que levemos a Ele tudo que nos deixa preocupados (1Pe 5:7). Ele cuidará disso da maneira que for melhor para nós.

A respeito disso Ellen G. White escreveu: “Exponham continuamente ao Senhor suas necessidades, alegrias, pesares, cuidados e temores. Não O podem sobrecarregar; não O podem fatigar. Aquele que conta os cabelos de sua cabeça, não é indiferente às necessidades de Seus filhos. [...] Coisa alguma é demasiado grande para Ele, pois sustém os mundos e rege o Universo. Nada do que de algum modo se relacione com nossa paz é tão insignificante que o não observe. Não há em nossa vida um capítulo demasiado obscuro que Ele não o possa ler; perplexidade alguma por demais intrincada que não a possa resolver. Nenhuma calamidade poderá sobrevir ao mais humilde de Seus filhos, ansiedade alguma lhe atormentar a alma, nenhuma alegria possuí-lo, nenhuma prece sincera escapar-lhe dos lábios, sem que seja observada por nosso Pai celeste, ou sem que Lhe atraia o imediato interesse” (Caminho a Cristo, p. 100).

Nesta experiência podemos perceber que “não há uma tristeza ou mágoa por parte de qualquer filho que fique aquém da grande compaixão do Pai, na hora da necessidade. O coração do Pai responde aos filhos dos homens e o Céu age em seu favor. Nenhum dia passou sem que o Senhor interviesse nos interesses daqueles que clamaram a Ele, suplicando em suas necessidades. O dia de milagres ainda não acabou. Pode não haver a presença de um Eliseu, mas Deus trabalha a Seu próprio modo em favor de Seus filhos, os que têm fé nEle” (Comentário Bíblico Adventista, vol. 2, p. 974).

Podemos perceber também nitidamente uma importante lição sobre a ilimitada graça de Deus para os pecadores. Somente a Cruz de Cristo nos tira do abismo ou do rio de pecados em que estamos afundados. No Calvário, Deus estende a Sua mão e nos “toma”, mesmo não merecendo e nos dá salvação. Isto é graça!

A graça é uma característica de Deus. É o poder que transforma uma pessoa que crê, de um arrependido pecador em uma nova criatura, e preenche nossas necessidades espirituais a cada dia. Como pessoas, não merecemos o perdão e a salvação, mas Deus instituiu um plano que nos permite receber a salvação.

A respeito disse Ellen G. White, escreveu: “Torne-se distinto e claro o assunto de que não é possível efetuar coisa alguma em nossa posição diante de Deus ou no dom de Deus para nós, por meio do mérito de seres criados. Se a fé e as obras adquirissem o dom da salvação para alguém, o Criador estaria em obrigação para com a criatura. Eis aqui uma oportunidade para a falsidade ser aceita como verdade. Se alguém pode merecer a salvação por alguma coisa que faça, encontra-se, então, na mesma posição que os católicos para fazer penitência por seus pecados. A salvação, nesse caso, consiste em parte numa dívida que pode ser quitada com o pagamento. Se o homem não pode, por qualquer de suas boas obras, merecerem a salvação, então ela tem de ser inteiramente pela graça recebida pelo homem como pecador, porque ele aceita a Jesus e crê nEle. A salvação é inteiramente um dom gratuito. A justificação pela fé está fora de controvérsia. E toda essa discussão estará terminada logo que seja estabelecida a questão de que os méritos do homem caído, em suas boas obras, jamais poderão obter a vida eterna para ele [...] A justificação é inteiramente de graça, não sendo obtida por nenhuma obra que o homem caído possa efetuar [...]” (Fé e Obras, p. 20).

A maior revelação da graça foi a morte de Jesus na cruz (Rm 5:8). Na cruz, Jesus demonstrou a natureza mortal do pecado. E ainda nos mostrou a imensidão do Seu amor. Ao invés de nos deixar sob a pena da morte, Ele assumiu essa culpa. Ele absorveu o nosso pecado, com toda a culpa e a condenação à morte – eterna separação do Pai.

A separação entre a humanidade e Deus, causada pelo pecado, foi tão série que levou Deus a impor o castigo do pecado sobre Si mesmo a fim de nos salvar do pecado, para nos reconciliar com Deus. Nunca devemos esquecer o que o apóstolo Paulo escreveu aos efésios que “Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões...” (Ef 5:18 e 19). O pecado é tão mau que a cruz foi necessária para nos salvar dele. A dívida que o mundo tinha diante de Deus por causa do pecado era tão grande que só o próprio Deus a poderia pagar.

Quão maravilhoso é saber que Deus é misericordioso e amoroso que não imputa a nós as nossas transgressões. O penetrante olhar de DEUS nos vê não só como nós somos, mas como por SUA GRAÇA nos podemos tornar ou ser. Em Davi, mentiroso e adúltero, Ele viu um coração justo, um coração que se arrepende. Em Maria Madalena, a prostituta, a quem o mundo não tinha senão desprezo e zombaria, Ele via uma mulher que se tornaria uma vencedora. Em Mateus, o desprezado coletor de impostos via um homem honesto. Em Pedro, o impulsivo, de língua incisiva, via um homem dominado e pregador convincente. Em Saulo, o zeloso perseguidor, via o mais poderoso evangelista do mundo. Em Tiago, filho do trovão, via um administrador e líder da Igreja. Em João, seu irmão na violência e no espírito, via aquele manso e suave discípulo que se fez muito amado.

O apóstolo Paulo afirmou: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisa antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Cor. 5:17). Quando cristo toma prisioneiro o coração humano, há em nós uma manifestação da nova vida. A graça de Deus (que é o poder para salvar do pecado (Tito 3:7), fez por nós o que nenhum outro elemento pode fazer.

CONCLUSÃO

Embora todos possamos falhar de vez em quando, existe esperança para qualquer pessoa que entristeça verdadeiramente por seus pecados. Deus espera obediência, mas prometeu perdão àqueles que se arrependem.

A Bíblia afirma: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. I Jo 1:9.

Davi reclamou essa promessa divina quando orou: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável” Sl 51:10. Similarmente, quando desejamos um coração puro e um espírito inabalável estamos habilitados a receber a graça de Deus e cantar o cântico de vitória: “Graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (I Cor. 15:57).

“Nós mesmos devemos tudo à livre graça de Deus. A graça do concerto é que prescreveu nossa adoção. A graça do Salvador efetua nossa redenção, regeneração e exaltação a co-herdeiros de Cristo” (Parábolas de Jesus, p. 250).

Por volta de 1750, John Newton era o comandante de um navio negreiro inglês. Ele saía da Inglaterra e ancorava na costa africana. Lá os chefes tribais entregavam aos europeus as “cargas” compostas de homens e mulheres, capturados nas invasões e nas guerras entre tribos. John Newton compravam-nos em troca de armas, munições, licor e tecidos. Ele transportou muitas cargas de escravos africanos trazidos à América no século XVIII.

Numa das suas viagens, o navio enfrentou uma tempestade que Newton ofereceu sua vida a Cristo, pensando que ia morrer. Após ter sobrevivido, ele converteu-se verdadeiramente ao Senhor Jesus; e começou a estudar para ser pastor. Nos últimos 43 anos de sua vida ele pregou o evangelho em Olney e em Londres.

Num pequeno cemitério, pertencente à Igreja de Olney, na Inglaterra, encontra-se uma tumba de granito que tem a seguinte inscrição: “John Newton, clérigo, antes um infiel e libertino, servo de traficantes de escravos na África, foi pela graça e riqueza de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, preservado, restaurado, perdoado e comissionado para pregar a fé que ele tinha lutado para destruir”.

Estas palavras foram escritas por John Newton mesmo um pouco antes de sua morte, como um testemunho verdadeiro de um homem que, depois de transformado pelo evangelho, tornou-se um dos grandes baluartes da verdade. Através de toda a sua vida John Newton ficava sempre maravilhado com a graça maravilhosa de Deus em sua vida.

O milagre do machado que flutuou é uma ilustração alegórica do milagre que Deus quer realizar em nós. É o símbolo da salvação que Deus nos oferece por meio de Sua graça.

Deus nos ama e se preocupa por nós não importa o que tenhamos feito ou deixado de fazer. Somos seus filhos e nos salvará, nos aceitará assim como estamos, cheios de pecados e culpas. A graça transbordou em John Newton e em Paulo, pode também transbordar em nossas vidas. Se nos apegarmos a Cristo com a mão da fé, Ele a tomará e nos levará em Seus braços de amor a um lugar seguro, e nos manterá junto a Si com um amor que nunca se murcha.

Caro amigo leitor, Deus que fazer milagres em nossa vida. Ele quer operar o milagre do Novo Nascimento em nós. Ele quer dá-nos uma vida nova. Ele quer nos reconciliar consigo por meio da Cruz de Cristo.

Se você se sente fraco, perdeu o entusiasmo pelas coisas espirituais, não tem prazer em vir a igreja e comungar com os outros irmãos... eu o convido a ir agora mesmo a Jesus, para dEle receber Sua graça, que é o poder para nos dar vida absoluta e repleta de alegria em Cristo (2 Ts 1:11 e 12).

Você gostaria de receber a redenção e a regeneração efetuada pela graça?





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