Teologia

sábado, 18 de abril de 2020

O GOVERNADOR ROMANO QUE PERDEU SUA ÚLTIMA CHANCE


Ricardo André

O apóstolo Paulo havia sido preso em Jerusalém e enviado a Cesareia, onde ficava o centro do governo romano da Judeia, presidido por Félix. Um dia o governador e sua esposa Drusila (filha de Herodes Agripa I, neto de Herodes, o Grande e Mariamne) o mandaram chamar para ouvi-lo “a respeito da fé em Jesus Cristo” (At 24:25).

E assim Paulo compareceu diante de Marco Antônio Félix (seu nome completo). A partir dos autores romanos nós ficamos sabendo que Félix e seu irmão, Pallas, eram antigos escravos que alcançaram uma posição de influência no governo romano. Ele era um homem ambicioso, cruel e sensual. De acordo com o historiador Tácito, Félix era um mestre da crueldade e luxúria, que exerceu os poderes de um rei com o espírito de um escravo. O período em que governou a Judéia, 52-60 d.C., foi caracterizada por distúrbios graves e revoltas. Durante o seu reinado Félix crucificou milhares de pessoas e era completamente odiado pelos judeus. Félix faria qualquer coisa para acumular riqueza e poder. “Diz-se que ele encorajou o assassinato do sumo sacerdote judeu Jônatas. Reprimiu várias rebeliões dos judeus contra seu governante déspota” (Dicionário Bíblico Adventista, p. 498). A seu lado estava a bela judia Drusila, que se casara anteriormente com um gentio, o rei Azizus de Emesa, que, para agradá-la, havia se tornado judeu (Comentário Bíblico Adventista, v. 6, p. 458). Era uma estranha espécie de reunião particular, realmente uma oportunidade concedida por Deus para ele aprender de Jesus, se converter dos seus pecados e obter a salvação eterna.

A escritora cristã Ellen G. White destaca: “Tão violenta e cruel havia sido a conduta de Félix, que poucos haviam alguma vez ousado dar-lhe a entender que seu caráter e conduta não estavam isentos de faltas. Paulo, porém, não tinha temor do homem. Expôs claramente sua fé em Cristo, e as razões dessa fé [...]”. (Atos dos Apóstolos, p. 423).

O sermão de Paulo versou sobre três temas: justiça, domínio próprio e juízo vindouro. Ao ouvir Paulo pregar sobre a justiça, Félix deve ter pensado nos subornos que havia pago e recebido e em todas a s injustiças que cometera.

Félix e Drusila ainda não havia se recuperado de seu assombro quando Paulo abordou o tema do domínio próprio. Os dois empalideceram, ao sentir a consciência apontar-lhes o dedo, como a dizer: “Isso é para vocês!” Drusila devia estar pensando no marido que abandonara, e em sua união ilícita com Félix.

Com toda a persuasão possível, Paulo mostrou o verdadeiro significado do dever do homem em viver uma vida pura e sadia e as possibilidades para isso mediante a aceitação do grande sacrifício de Cristo. Paulo chegou então ao ponto culminante de seu sermão: o juízo vindouro. E afirmou ao orgulhoso casal que esta vida não é tudo. Que embora um homem possua ricas vestes, mulheres, vinhos, carruagens e residências elegantes, ele terá que parecer um dia perante o tribunal de Cristo.

Paulo fez com que Félix vislumbrasse esse tribunal, e, ao vê-lo. Félix tremeu, amedrontado. Que tremendo impacto causara essa pregação! “O governador, que negava justiça a Paulo, na esperança de ganhar um suborno por sua libertação, teve medo diante do pensamento de prestar contas por seus atos perante o juiz do Universo” (Comentário Bíblico Adventista, v. 6, p. 459). Infelizmente, porém, esse foi um sermão perdido, porque Félix tremeu, mas não se arrependeu. Antes, interrompeu o sermão de Paulo dizendo: “Basta, por enquanto! Pode sair. Quando achar conveniente, mandarei chamá-lo de novo" (At 24:25, NVI). E assim Paulo voltou para a cela e Félix, para sua vida de impiedade. Esta era sua oportunidade de ouro, mas – como milhões de poessoas ainda – ele sentia falta disso.

Sobre isso, Ellen G. White escreveu: “Havia sido permitido que um raio de luz do Céu brilhasse sobre Félix, quando Paulo arrazoou com ele a respeito da justiça, temperança e juízo vindouro. Esta foi a oportunidade que o Céu lhe enviara para que visse seus pecados e os abandonasse. Mas dissera ao mensageiro de Deus: "Por agora vai-te, e em tendo oportunidade te chamarei." Atos 24:25. Menosprezara a última oferta de misericórdia. Nunca mais deveria receber outro convite de Deus” (Atos dos Apóstolos, p. 427).

Félix: decisão selou seu destino eterno

Embora Félix tenha dito a Paulo que “em tendo oportunidade te chamarei” (At 24:25, ARC), ele nunca encontrou o tempo oportuno. A verdadeira tragédia de sua vida não foi adiar a decisão sobre o caso de Paulo, mas procrastinar o assunto mais importante de sua vida, a decisão a respeito de aceitar a Jesus Cristo. Rejeitou o convite do Espírito Santo para colocar em ordem sua vida pessoal e receber a vida eterna. É verdade que ele visitou Paulo várias vezes depois daquele dia e ouviu-o atentamente, mas nunca mais para “ouvi-lo sobre a fé em Cristo” (At 24:26). Seu motivo real era obter uma grande soma de dinheiro. Além de violento e adúltero, Félix era também um oportunista e avarento. Em vez de dar ouvidos a Paulo, tentou “usar” o apóstolo na esperança de extorquir algum dinheiro da igreja ou de obter o favor dos judeus. Porém, Paulo era muito nobre para condescender com a corrupção. Nada fizera de errado e não estava disposto a apelar a igreja para levantarem uma quantia em dinheiro para dar a Félix, a fim de obter sua liberdade. Ele sabia que estava no centro da vontade de Deus. Nenhuma “Comissão de Suborno” jamais se reunira por sua causa.

Qual foi o fim de Félix? Por causa de sua má conduta e severidade foi demitido do seu cargo, caindo em desgraça. Segundo Ellen G. White, ele “foi finalmente chamado a Roma, por causa de graves males feitos aos judeus. Antes de deixar Cesaréia em resposta a esse chamado, desejou "comprazer aos judeus" (Atos 24:27), deixando Paulo na prisão. Mas Félix não alcançou êxito em sua tentativa de readquirir a confiança dos judeus. Foi removido do cargo em desonra, e Pórcio Festo foi indicado para sucedê-lo, com sede em Cesaréia” (Ibdem).

Conforme o Dr. Mário Veloso, ao término de dois anos tentando sem sucesso obter dinheiro de Paulo, originou-se uma luta violenta entre judeus e gentios em Cesareia. Félix procurou apaziguá-los, mas a violência de suas ações causou grande derramamento de sangue entre os líderes dos judeus. Esse fato juntamente com uma acusação contra ele por suas relações fraudulentas com os salteadores, causaram a sua destituição” (Atos: Contando a História da Igreja Apostólica, p. 280). Privado de sua riqueza adquirida desonestamente, morreu na obscuridade, depois de se casar pela terceira vez. Foi um fim trágico para um homem que tomara uma decisão errada.

Félix foi uma vítima do amanhã. Dizer “amanhã” quando Deus diz “hoje” pode significar “adeus para sempre”.

O tempo oportuno é agora!

O apóstolo Paulo escrevendo à igreja de Corinto, declara: “[...] Digo-lhes que agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação!” (2Co 6:2, NVI). O Apóstolo Paulo enfatizou neste versículo a urgência de vir a Cristo para a salvação. Mas, milhões, hoje, estão ocupados demais, vivendo, divertindo-se ou simplesmente levando a vida de modo egoísta e indiferente, a ponto de se esquecerem da coisa mais importante, que é aceitar a Jesus como Senhor e Salvador. Agora, quero aproveitar a vida. Lá no fim, dizem eles, vão virar a página. Num tempo oportuno ouvirão sobre as verdades do evangelho e aceitarão a Jesus como seu Salvador. Porém, esse dia nunca chega. À semelhança do governador Félix, partem desta vida sem Deus, sem Cristo, sem esperança (Ef 2:12).

Caro amigo leitor, é uma tragédia de consequências eternas rejeitar o apelo para aceitar a salvação. Examine seu coração hoje e, ao fazê-lo, lembre-se: “agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação!” Venha a Jesus, enquanto ainda há tempo, e ajude os outros a fazer o mesmo. Tome, pois, a mão dele e viva para Ele hoje. Agora é o tempo! Hoje é o seu “dia da salvação”!





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