Ricardo
André
O apóstolo Paulo havia
sido preso em Jerusalém e enviado a Cesareia, onde ficava o centro do governo
romano da Judeia, presidido por Félix. Um dia o governador e sua esposa Drusila
(filha de Herodes Agripa I, neto de Herodes, o Grande e Mariamne) o mandaram
chamar para ouvi-lo “a respeito da fé em Jesus Cristo” (At 24:25).
E assim Paulo
compareceu diante de Marco Antônio Félix (seu nome completo). A partir dos
autores romanos nós ficamos sabendo que Félix e seu irmão, Pallas, eram antigos
escravos que alcançaram uma posição de influência no governo romano. Ele era um
homem ambicioso, cruel e sensual. De acordo com o historiador Tácito, Félix era
um mestre da crueldade e luxúria, que exerceu os poderes de um rei com o espírito
de um escravo. O período em que governou a Judéia, 52-60 d.C., foi caracterizada
por distúrbios graves e revoltas. Durante o seu reinado Félix crucificou
milhares de pessoas e era completamente odiado pelos judeus. Félix faria
qualquer coisa para acumular riqueza e poder. “Diz-se que ele encorajou o
assassinato do sumo sacerdote judeu Jônatas. Reprimiu várias rebeliões dos
judeus contra seu governante déspota” (Dicionário
Bíblico Adventista, p. 498). A seu lado estava a bela judia Drusila, que se
casara anteriormente com um gentio, o rei Azizus de Emesa, que, para agradá-la,
havia se tornado judeu (Comentário Bíblico
Adventista, v. 6, p. 458). Era uma estranha espécie de reunião particular,
realmente uma oportunidade concedida por Deus para ele aprender de Jesus, se
converter dos seus pecados e obter a salvação eterna.
A escritora cristã
Ellen G. White destaca: “Tão violenta e cruel havia sido a conduta de Félix,
que poucos haviam alguma vez ousado dar-lhe a entender que seu caráter e
conduta não estavam isentos de faltas. Paulo, porém, não tinha temor do homem.
Expôs claramente sua fé em Cristo, e as razões dessa fé [...]”. (Atos dos Apóstolos, p. 423).
O sermão de Paulo
versou sobre três temas: justiça, domínio próprio e juízo vindouro. Ao ouvir
Paulo pregar sobre a justiça, Félix deve ter pensado nos subornos que havia
pago e recebido e em todas a s injustiças que cometera.
Félix e Drusila ainda
não havia se recuperado de seu assombro quando Paulo abordou o tema do domínio
próprio. Os dois empalideceram, ao sentir a consciência apontar-lhes o dedo,
como a dizer: “Isso é para vocês!” Drusila devia estar pensando no marido que
abandonara, e em sua união ilícita com Félix.
Com toda a persuasão
possível, Paulo mostrou o verdadeiro significado do dever do homem em viver uma
vida pura e sadia e as possibilidades para isso mediante a aceitação do grande
sacrifício de Cristo. Paulo chegou então ao ponto culminante de seu sermão: o
juízo vindouro. E afirmou ao orgulhoso casal que esta vida não é tudo. Que
embora um homem possua ricas vestes, mulheres, vinhos, carruagens e residências
elegantes, ele terá que parecer um dia perante o tribunal de Cristo.
Paulo fez com que Félix
vislumbrasse esse tribunal, e, ao vê-lo. Félix tremeu, amedrontado. Que
tremendo impacto causara essa pregação! “O governador, que negava justiça a
Paulo, na esperança de ganhar um suborno por sua libertação, teve medo diante
do pensamento de prestar contas por seus atos perante o juiz do Universo” (Comentário Bíblico Adventista, v. 6, p. 459).
Infelizmente, porém, esse foi um sermão perdido, porque Félix tremeu, mas não
se arrependeu. Antes, interrompeu o sermão de Paulo dizendo: “Basta,
por enquanto! Pode sair. Quando achar conveniente, mandarei chamá-lo de
novo" (At 24:25, NVI). E assim Paulo voltou para a cela e Félix,
para sua vida de impiedade. Esta era sua oportunidade de ouro, mas – como
milhões de poessoas ainda – ele sentia falta disso.
Sobre isso, Ellen G.
White escreveu: “Havia sido permitido que um raio de luz do Céu brilhasse sobre
Félix, quando Paulo arrazoou com ele a respeito da justiça, temperança e juízo
vindouro. Esta foi a oportunidade que o Céu lhe enviara para que visse seus
pecados e os abandonasse. Mas dissera ao mensageiro de Deus: "Por agora
vai-te, e em tendo oportunidade te chamarei." Atos 24:25. Menosprezara a
última oferta de misericórdia. Nunca mais deveria receber outro convite de Deus”
(Atos dos Apóstolos, p. 427).
Félix:
decisão selou seu destino eterno
Embora Félix tenha dito
a Paulo que “em tendo oportunidade te chamarei” (At 24:25, ARC), ele nunca
encontrou o tempo oportuno. A verdadeira tragédia de sua vida não foi adiar a
decisão sobre o caso de Paulo, mas procrastinar o assunto mais importante de
sua vida, a decisão a respeito de aceitar a Jesus Cristo. Rejeitou o convite do
Espírito Santo para colocar em ordem sua vida pessoal e receber a vida eterna.
É verdade que ele visitou Paulo várias vezes depois daquele dia e ouviu-o
atentamente, mas nunca mais para “ouvi-lo sobre a fé em Cristo” (At 24:26). Seu
motivo real era obter uma grande soma de dinheiro. Além de violento e adúltero,
Félix era também um oportunista e avarento. Em vez de dar ouvidos a Paulo,
tentou “usar” o apóstolo na esperança de extorquir algum dinheiro da igreja ou
de obter o favor dos judeus. Porém, Paulo era muito nobre para condescender com
a corrupção. Nada fizera de errado e não estava disposto a apelar a igreja para
levantarem uma quantia em dinheiro para dar a Félix, a fim de obter sua
liberdade. Ele sabia que estava no centro da vontade de Deus. Nenhuma “Comissão
de Suborno” jamais se reunira por sua causa.
Qual foi o fim de
Félix? Por causa de sua má conduta e severidade foi demitido do seu cargo,
caindo em desgraça. Segundo Ellen G. White, ele “foi finalmente chamado a Roma,
por causa de graves males feitos aos judeus. Antes de deixar Cesaréia em
resposta a esse chamado, desejou "comprazer aos judeus" (Atos 24:27),
deixando Paulo na prisão. Mas Félix não alcançou êxito em sua tentativa de
readquirir a confiança dos judeus. Foi removido do cargo em desonra, e Pórcio
Festo foi indicado para sucedê-lo, com sede em Cesaréia” (Ibdem).
Conforme o Dr. Mário Veloso,
ao término de dois anos tentando sem sucesso obter dinheiro de Paulo, originou-se
uma luta violenta entre judeus e gentios em Cesareia. Félix procurou
apaziguá-los, mas a violência de suas ações causou grande derramamento de
sangue entre os líderes dos judeus. Esse fato juntamente com uma acusação contra
ele por suas relações fraudulentas com os salteadores, causaram a sua destituição”
(Atos: Contando a História da Igreja
Apostólica, p. 280). Privado de sua riqueza adquirida desonestamente,
morreu na obscuridade, depois de se casar pela terceira vez. Foi um fim trágico
para um homem que tomara uma decisão errada.
Félix foi uma vítima do
amanhã. Dizer “amanhã” quando Deus diz “hoje” pode significar “adeus para
sempre”.
O
tempo oportuno é agora!
O apóstolo Paulo
escrevendo à igreja de Corinto, declara: “[...] Digo-lhes que agora é o tempo favorável,
agora é o dia da salvação!” (2Co 6:2, NVI). O Apóstolo Paulo enfatizou
neste versículo a urgência de vir a Cristo para a salvação. Mas, milhões, hoje,
estão ocupados demais, vivendo, divertindo-se ou simplesmente levando a vida de
modo egoísta e indiferente, a ponto de se esquecerem da coisa mais importante,
que é aceitar a Jesus como Senhor e Salvador. Agora, quero aproveitar a vida.
Lá no fim, dizem eles, vão virar a página. Num tempo oportuno ouvirão sobre as
verdades do evangelho e aceitarão a Jesus como seu Salvador. Porém, esse dia
nunca chega. À semelhança do governador Félix, partem desta vida sem Deus, sem
Cristo, sem esperança (Ef 2:12).
Caro amigo leitor, é
uma tragédia de consequências eternas rejeitar o apelo para aceitar a salvação.
Examine seu coração hoje e, ao fazê-lo, lembre-se: “agora é o tempo favorável,
agora é o dia da salvação!” Venha a Jesus, enquanto ainda há tempo, e ajude os
outros a fazer o mesmo. Tome, pois, a mão dele e viva para Ele hoje. Agora é o
tempo! Hoje é o seu “dia da salvação”!
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