Alfonso
Valenzuela
Michael e Jennifer
realizaram o casamento tão esperado e planejado e viram-no desenrolar-se como
um lindo sonho. Cada detalhe era perfeito e cuidadosamente planejado.
Michael pensou em tudo
o que ocorrera durante os últimos dois anos e meio. Estava convicto de que
foram os anos mais maravilhosos de sua vida. E Jennifer sentia-se a mulher mais
feliz do mundo. Estar com Michael e saber que agora ficariam juntos para sempre
produzia-lhe profunda emoção.
Michael e Jennifer
estavam experimentando o sentimento especial daqueles que acreditam ter
encontrado sua “alma gêmea”. Sentiam que seus sonhos haviam-se realizado e que
suas necessidades seriam atendidas.
Quase todo ser humano
deseja estabelecer um lar com uma pessoa que seja sua “outra metade”; alguém
que compartilhe uma amizade íntima e experiências de vida que não podem ser
divididas com mais ninguém. Eles acreditam que, nesse sentido, estarão
plenamente realizados.
O
primeiro casal
O registro bíblico
indica que Deus criou os seres humanos com um desejo inato por um companheiro
com quem estabelecer um lar. Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só”, e
fez-lhe uma “auxiliadora” (Gênesis 2:18). Somente depois disso Adão tornou-se
um ser completo.
Muitas pessoas têm
dificuldades de encontrar sua “auxiliadora” ou “auxiliador”. Freqüentemente
acham alguém que não é um auxílio, mas um obstáculo, e acabam sentindo que é
melhor viver sozinho do que em má companhia.
Por
que os casamentos fracassam
Muitos falham em
encontrar uma “auxiliadora” ou “auxiliador” porque ignoram um ou mais passos
necessários para um namoro bem-sucedido. Aqueles que não obtêm sucesso no
namoro, provavelmente terão um casamento fracassado. Os casais que têm
dificuldades de relacionamento na fase do namoro diminuem as probabilidades de
um casamento bem-sucedido. Eles começam com o pé errado e tropeçam durante todo
o caminho. (Ver “Características de um namoro feliz”).
Deste
dia em diante
Em pé diante do pastor,
Michael e Jennifer prometeram um ao outro “viverem juntos conforme os
mandamentos de Deus no santo estado do matrimônio (…) para amar, honrar e
confortar… na doença e na saúde, na prosperidade e na adversidade (…) e
renunciando a todas(os) as/os outras/outros, conservando-se somente um para o
outro enquanto ambos viverem”. Ambos responderam firmemente: “Sim!”
Durante a cerimônia, o
pastor citou as palavras de Tertuliano que têm inspirado casais através dos
séculos:
“Quão belo é o
casamento de dois cristãos que são um em esperança, em desejo, em estilo de
vida, na religião que praticam. Nada os divide, quer na carne quer no espírito.
Eles oram juntos, adoram a Deus juntos, jejuam juntos, instruem-se uns aos
outros, encorajam-se uns aos outros, fortalecem-se uns aos outros. Lado a lado
vão à casa de Deus e participam dos banquetes divinos; juntos enfrentam
dificuldades e perseguições e compartilham consolação. Não guardam segredos um
do outro; nunca evitam a companhia um do outro; nunca deixam triste o coração
um do outro. Eles visitam o doente e ajudam o necessitado. Cantam salmos e
hinos uns para os outros, sempre procurando louvar ao Senhor. Cristo Se
regozija em ouvi-los e vê-los. Para esses Ele concede Sua paz.” (Citado por
William J. McRae, Biblioteca Sacra, 1987).
Quando o pai de
Jennifer a deu em casamento, sentiu um nó na garganta. Sua mãe achou que ia
desmaiar quando viu sua filhinha deixar o lar para sempre. Que dilema difícil
enfrentam os pais — sofrem quando os filhos se casam, e sofrem se seus filhos
nunca se casam. Mas esse sofrimento não se compara à agonia de vê-los
fracassarem no casamento.
O que estava reservado
para Michael e Jennifer em sua nova vida de casados? Será que esses jovens
marinheiros, ao serem arremessados no oceano da vida num pequeno barco chamado
casamento, estariam preparados para as surpresas que os esperavam além do
horizonte? Será que sobreviveriam às tempestades ou seriam destruídos pela
fúria dos problemas encontrados na travessia? Eles estavam decididos a vencer,
quaisquer que fossem os obstáculos. Oh, como eles queriam ser felizes! Porém,
as estatísticas, as chances, estavam contra eles.
Contra
todas as probabilidades
As estatísticas de
divórcio são alarmantes. De cada dois casamentos realizados atualmente nos
Estados Unidos, um termina em divórcio ao longo dos sete primeiros anos. Será
que Michael e Jennifer fracassariam no casamento? De acordo com J. Carl Laney,
em seu livro The Divorce Myth [O Mito do Divórcio], o Departamento de
Recenseamento dos Estados Unidos relatou que em 1920 havia um divórcio para
cada sete casamentos; em 1940 havia um para cada seis; em 1960, um para cada
quatro; e em 1977, um para cada dois. Entre 1967 e 1977, o índice de divórcios
duplicou-se. Na década de 1980, o divórcio constituía 53 por cento do número
total de casamentos. Nessa proporção, diz Laney, logo haverá um divórcio para
cada casamento. (Ver ao lado: “Razões erradas para se casar”)
O
casamento é ainda o tipo de relacionamento preferido
Com tais estatísticas,
quem pretende casar-se? Bem, quase todo o mundo! Uma grande porcentagem da
população subirá, um dia, ao altar. Estima-se que 96 por cento de homens e
mulheres se casam. Dentre aqueles que se divorciam, a metade se casará
novamente. Devido aos benefícios associados ao matrimônio, a humanidade está
completamente voltada para a idéia do casamento. Apesar da dor vivida por
aqueles que se divorciam, o casamento continua sendo o tipo de relacionamento
preferido pela maioria de homens e mulheres. Na sociedade contemporânea, esse
relacionamento ainda provê, entre outras vantagens, a oportunidade de
satisfazer a necessidade que se sente de amizade íntima e segurança. (Ver
quadro: “Benefícios do casamento”).
A despeito das
vantagens oferecidas pela vida de casados, os casamentos modernos parecem não
atingir os objetivos esperados. Em seu livro Mirages of Marriage [Miragens do
Casamento], William Lederer e Don Jackson afirmam que apenas 10 a 15 por cento
das pessoas casadas desfrutam um relacionamento feliz. No começo de sua vida de
casados, muitos descobrem que o casamento não é exatamente o que esperavam ou
buscavam na vida.
Muitos casamentos mudam
de Romeu e Julieta para Romeu versus Julieta; de “dois em um” para “dois em
tudo”. Parece que depois da lua-de-mel, o mel desaparece e o casal é deixado
com o peso da lua. Em sua obra Intimate Life Styles [Estilos de Vida Intima], o
sociólogo Mervyn Cadwallader declara o seguinte sobre os casamentos
contemporâneos: “A verdade que observo é que os casamentos contemporâneos são
uma instituição despedaçada. Eles expulsam a afeição voluntária e o amor, que
deve ser desinteressadamente dado e recebido com alegria. Lindos romances são
transformados em casamentos maçantes e, posteriormente, em relacionamento
corrosivo e destrutivo. Esse romance que um dia foi lindo reduz-se a nada mais
que uma obrigação e contrato amargos.”
Aquilo que poderia ter
sido uma grande benção é transformado numa terrível maldição. Como consequência,
muitos casamentos terminam em divórcio.
Um
espinho na carne?
O casamento não é
fácil. Não é apenas trabalhoso encontrar nosso(a) “auxiliador(a)”, mas é
difícil ajustar-se à vida com essa pessoa. O apóstolo Paulo sugere que os
casados terão “angústia na carne” (I Coríntios 7:28). Essa angústia começa cedo
no casamento, muitas vezes durante a lua-de-mel, e é causada pelo período
normal de adaptação. É nesse momento que duas mentes procuram concordar em tudo
e descobrem que não somente é difícil, mas literalmente impossível fazê-lo.
Para muitos, a
lua-de-mel termina rápido. A brandura que é tão importante num casamento feliz
começa a minguar drasticamente. Desde o momento da primeira discórdia, que pode
acontecer tão logo termine a cerimônia matrimonial ou após alguns dias de vida
em comum, o casal descobre que “o amor é cego, mas o casamento logo abre seus
olhos”.
Romeu e Julieta vão
para a lua-de-mel e, em poucos dias, Romeu se volta contra Julieta e seu lar
torna-se um campo de batalha. É uma guerra sem vencedores; apenas perdedores.
(Ver ao lado: “Os problemas mais comuns do casamento”).
O
casamento pode ser feliz
É possível desfrutar um
casamento duradouro e feliz se ambos os cônjuges desejarem sinceramente isso e
fizerem todo esforço para alcançá-lo. Embora a maioria dos casamentos passe por
fases críticas, as dificuldades podem ser superadas.
O que torna um
casamento feliz? Que fatores determinam seu sucesso? Numa pesquisa que realizei
com 100 casais, descobri que os seguintes fatores são vitais. Eles estão
alistados em ordem de importância.
Comunicação clara e constante entre os
cônjuges. O Dr. Norman Wright considera que a comunicação é a chave de um
casamento feliz.
Amor mútuo e expressões de afeição não
somente em palavras, mas também através de atos. Isso inclui acariciar, beijar,
abraçar, dar as mãos, e dizer “eu te amo”. Os casais necessitam continuar a
fazer as mesmas coisas que faziam quando namoravam.
Religião no lar. Permitir que Cristo seja o
centro, e tudo o mais se seguirá. As práticas religiosas incluem leitura da Bíblia,
culto familiar, freqüência à igreja e oração.
Respeito e compreensão mútuos entre os
cônjuges. Isso significa ter consciência dos fardos e responsabilidades que
cada um carrega e ajudarem-se mutuamente tanto quanto possível.
Atenção à situação financeira do casal.
Isso inclui atingir o maior grau possível de solvência no planejamento e
execução do orçamento familiar.
Tomar tempo para o casal. Ainda que o
trabalho e as responsabilidades domésticas sejam importantes, não há desculpas
para não se gastar tempo em estarem juntos, fortalecendo o relacionamento
matrimonial.
Compartilhar momentos de recreação e
diversão saudáveis. Aproveitar juntos a vida.
Para se chegar a um
casamento feliz, o casal deve estar convencido de que pode consegui-lo. A não
ser pela morte de um cônjuge, não existe nenhuma dificuldade que não possa ser
resolvida numa relação de casamento cristão. Os casais deveriam identificar os
problemas pelos quais estão passando, chegar a um acordo sobre como
resolvê-los, e então se esforçarem decisivamente em solucioná-los. Ferir e
fugir é para covardes; ausentar-se é para desertores; “dar as costas” é a marca
dos ingratos; abandono é a saída dos mal-agradecidos; “não há nada que se possa
fazer” é a expressão do ignorante. Não há situação que não seja solucionada
quando marido e mulher se comprometem com o sucesso de seu casamento e se unem
para lutar juntos. Em casos complexos, a orientação de um conselheiro
matrimonial cristão experiente será de valiosa ajuda. E Deus sempre está disponível
para ajudar. (Ver ao lado: “Como ter um casamento feliz”).
O que aconteceu com
Michael e Jennifer? Eles tomaram a decisão de ser felizes juntos e conseguiram.
Eles dizem que a chave de seu sucesso é passar muito tempo juntos. Eles tiveram
uma terrível briga poucos dias após o casamento. Michael decidiu abandonar o
lar. E quando estava indo embora, Jennifer correu até o carro e disse: “Se você
está me abandonando, eu vou junto com você!” Michael deu uma gargalhada e a
abraçou. Desde então eles têm aprendido a se amarem mutuamente, “não importando
as circunstâncias”.
Alfonso
Valenzuela (D. Min. e Ph.D. pelo Seminário Teológico de
Fuller) é terapeuta familiar e leciona estudos do casamento e da família no
Seminário Teológico da Universidade de Andrews, Berrien Springs, Michigan,
E.U.A. Este artigo foi baseado em seu livro Casados pero contentos. Ele é
também autor dos livros Juventud enamorada, Como fortalecer la família, Padres
de éxito, e Casados y enamorados. Seu e-mail é: vale@andrews.edu
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