Teologia

sexta-feira, 4 de abril de 2014

EXISTE VIDA APÓS A MORTE?



Ricardo André

Quando perdemos um de nossos entes queridos na morte sentimos um vazio e temos uma sensação de carência difíceis de serem igualados. Quão triste e desamparados nos sentimos então. A morte é a última é maior frustração humana que nos leva a buscar respostas satisfatórias a perguntas tão concretas como estas: O que acontece quando alguém morre? Há vida depois da morte? O que há além-túmulo? Para onde vão os que morrem? Poderemos algum dia usufluir novamente a companhia dos que agora estão mortos? Talvez, porém, a pergunta mais delicada e lógica seja: Onde encontrar as respostas verídicas?

Quase todas as religiões ensinam que a morte não é o fim de toda a existência. Os hindus e outros creem na reencarnação. No hinduísmo, o objetivo supremo é atingir a moksha, isto é, a autorrealização e libertação definitiva pela alma do ciclo de morte e renascimento. Quando se alcança a moksha, a alma se torna uma com Deus. Os espíritas creem que a pessoa pode se comunicar os mortos através de médiuns. Aos católicos se ensina que por ocasião da morte a maioria das pessoas tem de purgar seus pecados num purgatório antes de finalmente alcançar o Céu, mas que os maus incorrigíveis vão para um inferno de fogo, serão severamente punidos, sem qualquer esperança de alívio durante a eternidade. Conforme ensina o Catecismo da Igreja Católica: “As almas dos que  morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente, após a morte, aos infernos, onde sofrem as penas do inferno, ‘o fogo eterno’” (pág. 292). A maioria dos protestantes crê que os crentes fiéis, ao morrer, vão para o Céu e que os maus são atormentados num inferno, e muitos estão convencidos de que é isto que a Bíblia ensina. Alguns que passaram pela experiência de “morte temporária”, ou quase morte, estão convencidos de que na morte algo sobrevive ao corpo.

Embora as religiões variem em suas crenças específicas sobre a vida após a morte, a maioria delas tem uma coisa em comum – a crença na imortalidade da alma, ou seja, de que os mortos estão vivos.

Quem tem a Resposta segura?

Somente Jesus Cristo pode nos dá respostas seguras. No Apocalipse Ele se apresenta como “Aquele que vive; estive morto, mais eis que estou vivo pelos séculos dos séculos. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno” (Apocalipse 1:18). Ele sabe tudo. Sabe como criou a vida e o que acontece quando uma pessoa morre, e nos revelou nas Sagradas Escrituras (I Pd 1:10, 11). Segundo Ele, a Bíblia é a única fonte de verdade (Jo 17:17). Portanto, é a ela que temos que recorrer para buscar respostar verdadeiras para as questões sobre a morte.

Para compreendermos o mistério da morte, precisamos entender algo a respeito da vida e como ela começou.

A Alma – A Definição da Bíblia

Considere cuidadosamente o seguinte texto bíblico: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem passou a ser alma vivente” (Gênesis 2:7). A Bíblia aqui nos dá uma equação simples para compreender a natureza do homem: Corpo (pó da terra, os elementos químicos da terra) + Fôlego da vida (“espírito” de vida proveniente de Deus) = Uma alma vivente (um ser vivente).

Note, caro leitor, que a Bíblia não diz que temos uma alma independentemente do corpo, que sobrevive a morte do mesmo. A Revelação bíblica declara que somos uma alma como resultado da harmoniosa combinação do pó da terra com o fôlego de vida. Ser algo é muito diferente de ter algo. Ninguém negará que ser um cachorro é diferente de ter um cachorro! Igualmente, ser uma alma não é o mesmo que ter uma alma. Isso é confirmado pelo apóstolo Paulo, que escreveu: “Assim está escrito: o primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente” (I Co 15:45, A Bíblia de Jerusalém).
Em lugar algum a Bíblia se refere à alma como uma entidade imortal, capaz de viver independentemente do nosso corpo. Nem fala do espírito como uma entidade que possa existir à parte de nossa natureza física. Não fomos criados com partes independentes temporariamente interligados, mas com corpo, alma e espírito em um todo indivisível.

Portanto, a Bíblia não diz que temos uma alma, somos almas, com todas as nossas qualidades físicas e mentais (Dt 12:20; Lv 17:12; Pv 2:10).

Uma vez que a Bíblia diz que a alma humana é a própria pessoa, inclusive seu corpo carnal, devemos esperar que ela mencione a alma como sendo mortal. Por exemplo: “Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18:4). “E acontecerá que toda a alma que não escutar esse profeta será exterminada dentre o povo” (At 3:23).

A errônea crença na imortalidade da alma não se baseia em nenhuma declaração bíblica. Encontramos na Bíblia, cerca de 400 vezes a palavra “alma”, e aproximadamente 450 vezes a palavra espírito, mas nunca lhes é ligada a ideia de imortalidade da alma. A ideia de possuir o homem uma entidade espiritual que não morre é estranha as Escrituras.

Para onde vai o Espírito após a Morte do Corpo?

Segundo Eclesiastes 12:7, “e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu”. Esse espírito é o “fôlego de vida” (Gn 2:7; 7:22) que o homem recebe ao nascer, que ao morrer não poderá reter e retorna para Deus. Isso é confirmado pelo seguinte texto: “(...) se lhes tiras o fôlego, morrem, e voltam para o seu pó” (Salmos 104:29). Sim, o fôlego da vida (e não uma entidade consciente) é recolhido por Deus quando a pessoa morre. Na ressurreição, Deus soprará de novo o fôlego da vida nos mortos (Ez 37:9, 10).

Muitos cristãos que acreditam na imortalidade da alma fazem uso de Eclesiastes 12:7 para tentar provar que existe uma entidade consciente e imortal que deixa o corpo por ocasião da morte. Não podemos aceitar isto porque:

a) Se este espírito é uma entidade consciente quando volta a Deus, então também veio de Deus, pois alguma coisa só volta de onde veio. Aí já se terá que admitir a preexistência da alma consciente, isto é, todos nós já existimos antes de nascermos aqui na Terra. Ora, isto seria o maior absurdo.

b) Note bem: “para Deus”. Se o espírito que “volta para Deus” é uma entidade consciente então, sejam bons ou maus, vão fatalmente ‘para Deus’ quando morrem, isto é, terão todos os mesmos destino, com a salvação garantida.

c) “Se ele pusesse o seu coração contra o homem, e recolhesse para si o seu espírito e o seu fôlego, toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria para o pó” (Jó 34:14-15). Espírito e sopro (ou fôlego) são uma coisa só. Se isto fosse uma entidade real e consciente, então se localizaria no nariz do homem o que é absurdo (Gn 2:7; 7:22; Is 2:22).

d) Conta-nos a Bíblia que por ocasião do dilúvio expirou toda a carne, tanto de ave de gado e fera (...) tudo que tinha fôlego de espírito, de vida em suas narinas (...) morreu (Gn 7:21, 22). Se o fôlego de vida assoprado no homem lhe pôs dentro algo imortal e este fôlego saindo do corpo na morte significa a libertação de uma entidade imortal, então também os animais são imortais, uma vez que a Bíblia afirma que os animais recebem esse mesmo fôlego de vida (Ec 3:19). Que é inadmissível.

O que há depois da morte?

Ao romper-se a harmoniosa ligação entre o corpo e o espírito, os pensamentos cessam e o indivíduo entra num estado de inconsciência absoluta. Bastante esclarecedoras são as palavras de Salomão a esse respeito: "Para o que está entre os vivos há esperança; porque mais vale um cão vivo do que um leão morto. Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tão pouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol." "Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque no além para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma." (Eclesiastes 9:4-6 e 10). Relevantes também se mostram as palavras do Salmo 146:4: "Sai-lhes o espírito e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia perecem todos os seus desígnios". Jesus também encarou a morte dessa maneira, comparando-a com o sono. Certa ocasião, tendo falecido um amigo Seu, assim Se expressou: "Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo." João 11:11.

Por isso é impossível que os mortos apareçam aos vivos. A Bíblia declara que: a) Eles não podem voltar a sua casa (Jó 7:9, 10); b) não sofrem, nem desfrutam de nada (Ecles. 9:6); c) não podem aprender (Is 38:18, 19); d) não podem glorificar a Deus (Sl 115:17). E é lógico que assim seja, pois para todas essas coisas é necessária a CONSCIÊNCIA. Por esta razão as Sagradas Escrituras afirmam que os que dizem falar com os mortos estão participando de um engano satânico (Ap 16:13, 14; 18:23). Inclusive não se salvarão os que praticam a feitiçaria (Ap 22:15), nem os que consultam os mortos (Dt 18:10-14).

Enfim, o homem é como a luz elétrica. Só existe quando se une a lâmpada e a energia elétrica. Separados não há luz. Assim a consciência só existe quando se une o corpo (pó) e o espírito (fôlego de vida). Separados não há consciência. Quando um homem morre, Deus recolhe seu sopro e não há mais espírito consciente, andando por aí. 

Para onde vão os mortos?

De acordo com a Bíblia, a pessoa que morre vai para a sepultura e torna-se pó. Ao morrer Adão não passou para o domínio espiritual. Ao pronunciar a sentença sobre Adão após sua desobediência, Deus disse: “No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gênesis 3:19). Note, ao morrer Adão não passou para o domínio espiritual. Essa afirmação chocante nos diz que a morte  não é a separação do corpo e da alma, mas o término da vida , que traz como resultado o apodrecimento e a decomposição do corpo. Na morte Adão ficou novamente sem vida.

Jesus não foi ao Paraíso no dia que morreu, pois quando falou a Maria na manhã de domingo, Ele disse que ainda não havia subido ao Seu Pai (Jo 20:17).
Marta não acreditava que seu irmão Lázaro estava no Céu, pois disse que não esperava vê-lo até a ressurreição do último dia. Em nenhum lugar nas Escrituras, existe algum registro de conversa entre Jesus e Lázaro, entre Lázaro e suas irmãs, a respeito de onde ele esteve e o que havia visto, nem como os discípulos ou alguém na multidão que viu ser ressuscitado (Jo 11:17). Este é um forte argumento do silêncio, de que os mortos não vão a parte alguma e nada sabem.

Vida Eterna na Vinda de Cristo

Embora os mortos não tenham recebido sua recompensa após a morte, isto não significa que não haja esperança para eles. A Bíblia revela que o sono da morte não dura eternamente, ele será rompido pela voz de Jesus quando chamar os mortos para a vida eterna, no dia da ressurreição, por ocasião da Sua volta. Jesus disse: “Não fiquem admirados com isto, pois está chegando a hora em que todos os que estiverem nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão; os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados” (Jo 5:28, 29). Paulo ensinou a mesma verdade. Na segunda vinda de Cristo, os santos que descansam na sepultura serão ressuscitados e os santos vivos trasladados, e todos “seremos arrebatados [...] entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor” (I Tes 4:16, 17; cf. I Co 15:20-23). Podemos ver claramente porque os mortos não vão diretamente para o Céu ou para o inferno. Se esse fosse o caso, não haveria a necessidade do dia da ressurreição para receber a recompensa, pois ela já teria sido outorgada.

Como podemos ter certeza da ressurreição? Por que Jesus ressuscitou, podemos ter certeza absoluta de que seremos ressuscitados. Cristo já obtivera a vitória sobre a morte.

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