Maçonaria:
Tensões e Perguntas
Por
J. Scott Horrell
A
maçonaria constitui um enigma para o povo evangélico. Sendo a maior sociedade
secreta do mundo, com cerca de seis milhões de membros atualmente, a maçonaria
tem uma longa história entrelaçada com o protestantismo – especialmente na
Grã-Bretanha, na Europa, nos Estados Unidos (com 4 milhões de membros) e no
Brasil [1]. Ao mesmo tempo, a fraternidade orgulha-se de contar com membros das
elites do mundo, seja no passado [2] ou no presente: desde Voltaire, Mozart,
Garibaldi e Goethe, até vários nobres da Europa - incluindo o rei da Suécia e a
Rainha Elizabete II (Grande Patronesa da Loja Britânica) - além de catorze
presidentes dos Estados Unidos (Johnson, Ford, Reagan etc.). George Washington,
o primeiro presidente dos Estados Unidos, era um Grão-Mestre maçom, sendo
considerado um dos adeptos mais fiéis de todas as treze colônias de sua época.
Não é por acaso que a cédula do dólar americano, que tem o retrato de
Washington, traz a pirâmide, o esquadro, a águia e outros símbolos maçônicos
junto com as palavras NOVUS ORDO SECLORUM (sic., "nova ordem dos
séculos") [3]. O fato de que milhares de pastores e leigos evangélicos ao
redor do mundo fazem parte das lojas maçônicas, e de que projetos filantrópicos
de grande porte são administrados por eles [4] sugere que essa sociedade só
oferece o bem, e até promulga valores e ensinos cristãos.
Por
outro lado, conforme alguns estudiosos sustentam, a maçonaria, apesar de se
autodenominar não-religiosa, divulga uma filosofia essencialmente anti-cristã.
Subjacente à irmandade e aos esforços de caridade, existe um programa não
manifesto advogando uma religião sincretista, negando a pessoa divina e a obra
salvífica de Jesus Cristo, e mantendo elos sinistros com o ocultismo. A
maçonaria foi rejeitada como antitética à fé cristã pelos católicos romanos [5]
e pelas Igrejas Ortodoxas Oriental e Russa [6]. Mais recentemente, várias
denominações protestantes estão reavaliando o envolvimento de seus membros na
sociedade maçônica, chegando a conclusões surpreendentes:
A
nosso ver, a obediência total a Cristo impede a adesão a qualquer organização,
tal como o movimento maçônico, que parece requerer uma fidelidade integral a si
mesma... Exige-se do iniciado que ele se entregue à maçonaria assim como o
cristão deve entregar-se somente a Cristo. (A Igreja da Escócia, 1965) [7]
[Este]
relatório indica várias razões fundamentais para se questionar a
compatibilidade da maçonaria com o cristianismo. (A Igreja da Inglaterra, 1985)
[8]
Mesmo
na interpretação mais generosa das evidências, permanecem sérias questões para
os cristãos acerca da maçonaria... Existe um grande perigo de o cristão que se
torna maçom acabar comprometendo sua fé cristã ou sua fidelidade a Cristo,
talvez sem perceber o que está fazendo. Conseqüentemente, nossa orientação ao povo
metodista é que os metodistas não devem se tornar maçons. (A Igreja Metodista
Britânica, 1985) [9]
Sentimos
que existe um grande perigo de que o cristão maçom acabe comprometendo sua
fidelidade a Jesus, talvez sem perceber o que está fazendo... a conclusão
evidente a que chegamos em nossa pesquisa é que há uma incompatibilidade
inerente entre a maçonaria e a fé cristã. (As Uniões Batistas da Escócia,
Grã-Bretanha e Irlanda, 1987) [10]
Enquanto
várias denominações da América do Norte já renunciaram a maçonaria [11] a maior
igreja evangélica dos Estados Unidos, a Convenção Batista do Sul - que possui
um alto índice de membros maçônicos – está em processo de pesquisa sobre essa
questão, e sabe-se que teme que os resultados possam dividir a denominação.
Fundadas ou não, tais preocupações das denominações tradicionais devem alertar
o cristão, inclusive o cristão maçom, para o fato de que talvez existam
elementos básicos da loja maçônica que são questionáveis. A maçonaria,
portanto, levanta tensões e perguntas que nem sempre se resolvem facilmente.
No
Congresso Maçônico Internacional de 1899, afirmou-se que a fraternidade assumiu
o lugar central em todos os movimentos revolucionários do mundo no século XIX
[12], inclusive no Brasil. Na maior parte da América Latina, conforme se vê nas
histórias de Simon Bolívar, Carlos Alvear, San Martin e Francisco Miranda, a
maçonaria e as sociedades semi-maçônicas forneciam as estruturas clandestinas
para planejar e financiar as lutas revolucionárias pela independência.[13] Na história
brasileira, apesar de ambigüidades sobre quando a verdadeira maçonaria começou,
por volta de 1800 havia várias organizações com inspiração maçônica - como as
Inconfidências Mineira, Carioca e Baiana - as quais contribuíram grandemente
para a autonomia nacional. Mais tarde, com o domínio da maçonaria inglesa (ou
Maçonaria Azul, advogando o monarquismo parlamentar) sobre a francesa (ou
Maçonaria Vermelha, defendendo a democracia),[14] o próprio Imperador D. Pedro
I foi iniciado e, logo, proclamado o Grão-Mestre da loja Grande Oriente do
Brasil, em 1822. [15] Conforme o historiador maçônico Manoel Gomes (33°), tanto
a libertação do Brasil do domínio português quanto a passagem da monarquia para
a república "foram movimentos idealizados, preparados e tornados
realidade" pelas lojas da maçonaria.[16] Entre seus membros ilustres, ele
inclui Tiradentes, Castro Alves, Rui Barbosa, Marechal Deodoro da Fonseca,
Marechal Floriano Peixoto, Duque de Caxias, Campos Sales e Padre Diogo Feijó. É
interessante notar que, apesar da proibição papal, vários padres, bispos e
cônegos faziam parte da maçonaria brasileira antiga, aparentemente como veículo
de suas convicções políticas.[17]
O
elo evangélico aparece mais tarde. Com sua filosofia de religião aberta (sendo,
conforme certos estudiosos, anti-católica), a maçonaria brasileira facilitou,
em alguns casos, a entrada de missionários evangélicos no país. Às vezes, a
loja maçônica até os protegia da oposição da Igreja Católica.[18] Outras vezes,
pelo menos no nível individual, a fraternidade maçônica ajudou a financiar a
construção dos templos evangélicos. Por estas e outras razões, a maçonaria goza
de alta aceitação em meio a certas denominações protestantes do Brasil,
contando até com defensores entre os pastores nacionais.[19] O testemunho
sincero do Pr. José Motta reflete uma experiência que não é incomum. Sendo
convidado para requerer seu ingresso na maçonaria, o jovem pastor batista foi
visitado por um respeitado advogado cristão:
...
ele foi me dizendo que também era maçom e que muito se orgulhava de sê-Ia, pois
não via inconveniência para nós, crentes em Jesus; pelo contrário, as coisas se
tornam mais fáceis para a penetração na sociedade como maçons e a nossa
influência como crentes se torna mais acentuada e respeitada... [No dia em que
o PI. Motta, com 23 anos, declarou que queria entrar para a maçonaria:] Vi-me
cercado por homens da alta sociedade, dentre eles médicos, generais de
Exército, aposentados, professores, advogados e outros... Foram momentos
agradáveis.
...
Agora eu sou maçom. Inicia-se, assim, uma nova etapa na minha vida. Dediquei-me
aos trabalhos. Fazia algumas palestras e nessas fazia menção da Bíblia...
Louvado seja Deus! A nossa casa era o centro dos encontros. Visitas não
faltavam. Famílias e maçons e outros amigos, inclusive de freiras, eram as
constantes visitas. Na Loja, pela dedicação na área de assistência social e na
educação de adultos, fui galgando os degraus... Sentia-me útil e sabia que, em
tudo isso, Deus estava me projetando para o futuro, preparando-me para a Sua
Obra.[20]
Tipicamente,
os argumentos de maçons evangélicos são que a maçonaria: (1) é uma fraternidade
benemérita e não-religiosa; (2) gera respeito para a presença evangélica entre
pessoas de alto gabarito; e (3) abre caminho para servir a Deus na sociedade em
geral.
Nem
todos os evangélicos no Brasil manifestam o mesmo entusiasmo. Algumas
denominações são explícita ou implicitamente anti-maçônicas. Em 1903, a Igreja
Presbiteriana Independente formou-se sob a liderança de Eduardo Carlos Pereira,
separando-se da Igreja Presbiteriana Sinodal (Presbiteriana do Brasil)
principalmente devido à questão da loja. A Igreja Luterana Concórdia também se
destaca por ser contra a maçonaria. De modo menos agressivo, a Igreja Batista
Pioneira continua distinguindo-se' dentro da Convenção Batista Brasileira, em
parte devido a essa causa. Com poucas exceções, as denominações teologicamente
mais conservadoras fundamentalistas, holiness (Metodista Livre e Wesleyana) e
pentecostais (Assembléia de Deus; Igreja Quadrangular, com exceções) -
posicionam-se contra a maçonaria, enquanto as igreja evangélicas tradicionais
permitem que seus membros afiliem-se às lojas.[21]
Hoje,
apesar de ter uma história marcada pela fragmentação, o conjunto das ordens
maçônicas do Brasil é uma das grandes potências mundiais da sociedade,
consistindo na maior dos países latinos (europeus e americanos), com cerca de
150.000 membros.[22] O novo Palácio Maçônico de Brasília do Grande Oriente do
Brasil - a ordem maçônica mais numerosa do país, possuindo por volta de 100.000
membros - foi inaugurado em dezembro de 1992. A cerimônia foi assistida por um
grupo de maçons que incluía 120 parlamentares federais e Maurício Corrêa
(Ministro da Justiça), o qual, por sua vez, representou o Presidente da
República Itamar Franco (Fernando Collor também é maçom).[23] No ano 2000, a
Conferência Internacional dos Grandes Soberanos Comendadores acontecerá no
Brasil e, conforme a entrevista de AnoZero com Venâncio Igrejas, o Soberano
Grande Comendador do Supremo Conselho do Grau 33, "muitos acreditam que o
Brasil será um dos países que sediará o advento de uma nova Consciência no
século XXI".[24] Através das Ordens DeMolay e Arco-Íris, dedicadas aos
jovens, a influência da maçonaria no Brasil, ao contrário de em outras partes
do mundo, parece cada vez mais forte.
Certamente,
a presença maçônica está deixando sua marca nas igrejas evangélicas do país. O
poder dos maçons na organização de certas denominações é tão marcante que, às
vezes, na expressão frustrada de um líder nacional, "parece que há uma
hierarquia [maçônica] por trás da hierarquia [denominacional]". Fundados
ou não, existem boatos entre jovens pastores de que, sem ser maçom, não se
consegue subir nas estruturas eclesiásticas. Portanto, a questão da maçonaria
na igreja evangélica é importante e urgente, acarretando consequências para o
futuro que nem todos querem reconhecer - posicionando-se seja a favor ou
contra.
Esta
prolongada introdução leva-nos ao propósito do artigo: analisar a compatibilidade
entre a filosofia maçônica e as afirmações centrais da fé evangélica. Não
procuraremos julgar a irmandade maçônica em si, nem negar que há indivíduos nas
lojas os quais desconhecem ou discordam dos ensinos em geral proferidos dentro
das ordens. Responderemos às seguintes perguntas:
1.
É possível ter um conhecimento definido sobre a filosofia maçônica?
2.
A maçonaria é uma religião?
3.
Qual é o lugar que a Bíblia ocupa?
4.
Quem é o Deus da maçonaria?
5.
Qual é o lugar de Jesus Cristo?
6.
Como alguém é salvo?
7.
Existem vínculos entre a maçonaria e as religiões ocultas? Na conclusão,
faremos observações sobre o relacionamento entre o evangelismo e a maçonaria no
Brasil.
1.
É Possível Ter um Conhecimento Definido Sobre a Filosofia Maçônica?
Basicamente,
os maçons apresentam três alegações defendendo sua posição de que o não-maçom
não sabe seus ensinos. Em primeiro lugar, como a confraria é uma sociedade
secreta histórica e geograficamente variada em suas formas, o não-maçom
simplesmente não tem acesso ao conhecimento claro de seus rituais, símbolos e
ensinos. Em segundo lugar, existe uma grande quantidade de livros que se
projetam como representantes da verdadeira maçonaria, quando, de fato, em geral
não são aceitos pelas lojas, ofuscando assim qualquer imagem distinta pelo
público. Finalmente, de acordo com o escritor maçom Alphonse Cerza, não existe
uma autoridade final na maçonaria: "Os anti-maçons têm dificuldades em
entender que a maçonaria não possui uma 'voz oficial', e que a liberdade de
pensamento e expressão é um dos princípios essenciais da Ordem". [25]
Admitindo
que a maçonaria não exalta um livro ou líder como autoridade absoluta e
universal, ainda assim ninguém negaria que as ordens e lojas reconhecem
autoridades - o que é comprovado pelo fato de que 90% da maçonaria mundial
pertence ao Rito Escocês Antigo e Aceito, com seus Supremos Conselhos do 33°
Grau. Na verdade, existem várias autoridades: (1) os Landmarks (25 fundamentos
absolutos);[26] (2) a Constituição e os regulamentos gerais das ordens,
determinados pelos Supremos Conselhos; (3) o Ritual em si - especialmente o da
Loja Azul (os três passos básicos de todos os Mestres-Maçons de qualquer rito
ou ordem);[27] (4) o Supremo Grande Comendador da Ordem e o Grão-Mestre da
loja; e (5) um fato patentemente comprovado mediante extensas pesquisas, há
livros reconhecidos e usados no mundo inteiro. Por ordem de preferência nos
Estados Unidos, as três obras mais empregadas são: Coil's Masonic Encyclopedia
(Enciclopédia Maçônica de Coil"); The Builders ("Os
Construtores"), de Joseph Fort Newton; e Mackey's Revised Encyclopedia of
Freemasonry ("Enciclopédia Revisada de Maçonaria de Mackey").[28]
No
Brasil, é surpreendente o número de bibliotecas e livrarias (de volumes novos e
usados) - especialmente espíritas - que estão repletas de literatura maçônica,
incluindo as obras "secretas" da Editora Maçônica. Encontram-se
acessíveis ao pesquisador não-maçom dezenas de livros escritos por autoridades
maçônicas brasileiras, tais como Jorge Adoum (o Mago Jefa), Nicola Aslan (33°),
Joaquim Gervásio de Figueiredo (33°), Manoel Gomes (33°), Rizzardo da Camino
(33°) e Zilmar de Paula Barros (33°) - além de muitos outros autores traduzidos
em língua portuguesa.[29] Embora os maçons neguem a autoridade absoluta de
qualquer um desses indivíduos, não se pode deixar de admitir que a maior parte
de seus escritos é representativa da prática e do ensino da maçonaria
brasileira (reconhecendo algumas diferenças entre as ordens). Com os
documentários e as obras públicas sobre a sociedade, além dos vários livros
evangélicos de ex-líderes maçônicos que asseveram expor os segredos da
sociedade, existem boas bases para a pesquisa.[30] Tudo isso refuta o argumento
de que somente os maçons possuem acesso à sua filosofia.
2.
A Maçonaria É uma Religião?
Uma
das imagens mais divulgadas pela Loja é a de que a maçonaria não possui dogmas
ou credos, sendo que apóia toda religião civil e deixa o indivíduo maçom livre
para ter suas próprias convicções de fé. Nas palavras de Venâncio Igrejas, a
voz mais autorizada do Brasil: "Nos templos não discutimos política e
religião".[31] A Ordem rejeita categoricamente o ateísmo e diz que apóia a
religião da cultura dentro da qual funciona, pretendendo apenas o melhoramento
do caráter e da moral de seus membros. Sobre essa diversidade religiosa, Nicola
Aslan (33°), em seu Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia,
comenta:
A
respeito da religião da Maçonaria, as opiniões são muito divididas entre os
Maçons e elas dependem, em grande parte, das tendências religiosas e
filosóficas que norteiam as obediências e os ritos maçônicos.
Assim,
a Maçonaria anglo-saxônica, em grande parte protestante, é considerada
profundamente religiosa e teísta, como o Rito de York... Julga-se geralmente a
Maçonaria francesa como racionalista, porque, através do Rito Moderno, permite
a iniciação a pessoas sem crença definida, considerando que as opiniões
religiosas são questões de foro íntimo, enquanto o Rito Escocês Antigo e
Aceito, embora exija a crença em Deus do candidato, é denominado deísta...32
Aslan
está parcialmente correto. A religiosidade da loja local depende de vários
fatores. Muitas vezes, especialmente nos graus mais baixos, a religião aparece
apenas como um elemento periférico da função da loja. Outras vezes, a ênfase
teológica (implícita ou explícita) pode variar desde o panteísmo e o ocultismo
até um teísmo ecumênico e semi-cristão - por exemplo, no sul dos Estados
Unidos. Com certa freqüência, os anti-maçons ignoram a diversidade dos ritos e
formas práticas das lojas nesse sentido.
Por
outro lado, a palavra religião tem uma definição geral que os defensores da
maçonaria não podem ignorar. Na obra The Encyclopedia of Philosophy
("Enciclopédia de Filosofia"), encontramos a descrição de nove marcas
da religião: (1) a crença num ser ou seres sobrenaturais; (2) a distinção entre
objetos sagrados e profanos; (3) atos rituais orientados para esses objetos;
(4) um código moral com sanção divina; (5) sentimentos religiosos despertados
por objetos ou rituais sagrados e relacionados, em teoria, com um deus ou
deuses; (6) a oração; (7) uma cosmovisão que engloba o lugar do indivíduo no
mundo; (8) a organização da vida ao redor dessa cosmovisão; (9) um grupo social
que é unificado pelas características acima.[33] Conforme Ankerberg e Weldon
claramente documentam, a maçonaria caracteriza-se por cada uma dessas
qualificações.[34] Por isso, a grande maioria dos líderes admite que a
maçonaria é, na verdade, uma religião:
A
maçonaria pode afirmar corretamente chamar-se uma instituição religiosa... Veja
seus antigos landmarks, suas cerimônias sublimes, seus profundos símbolos e
alegorias - todos inculcando uma doutrina religiosa, ordenando uma observância
religiosa e a verdade religiosa, e quem pode negar que ela é eminentemente uma
instituição religiosa?.. Abrimos e fechamos nossas lojas com uma oração;
invocamos a bênção do Altíssimo sobre todos nossos trabalhos; exigimos de
nossos neófitos uma profissão de fé confiante na existência e no cuidado
providencial de Deus. (Mackey) [35]
Rizzardo
da Camino, no Dicionário Maçônico, declara abertamente: "A Maçonaria é uma
Religião, no sentido estrito do vocábulo, isto é, na 'Harmonização' da criatura
ao Criador. É a Religião [sic.] Maior e Universal".[36] Joaquim Gervásio
de Figueiredo, no Dicionário de Maçonaria, define a irmandade da seguinte
maneira:
Maçonaria:
"É um sistema sacramental que, como todo sacramento, tem um aspecto
externo, visível, consistente em seu cerimonial, doutrinas e símbolos, e outro
aspecto interno, mental e espiritual, oculto sob as cerimônias, doutrinas e
símbolos, e acessível só ao maçom que haja aprendido a usar sua imaginação
espiritual e seja capaz de apreciar a realidade velada pelo símbolo
externo". [37]
Existem
dezenas de declarações paralelas.[38] Conquanto haja divergências (uma face
pública, outra interna), grande parte da literatura maçônica sem dúvida no
Brasil - sustenta abertamente a natureza religiosa da fraternidade. No Brasil,
o fato de se descobrirem, em livrarias e bibliotecas, obras sobre a maçonaria
junto com livros acerca de esoterismo, ocultismo e religião comprova o consenso
público nessa questão. De fato, em quase todos seus escritos, a maçonaria
apresenta-se como a essência da religião.[39]
3.
Qual é o Lugar Que a Bíblia Ocupa na Maçonaria?
Às
vezes, os cristãos maçons destacam que a maçonaria especulativa foi iniciada
por dois pastores e, assim, é essencialmente cristã em seus fundamentos. Pelo
menos, não contradiz nada do que o cristianismo promulga. Na revista maçônica
New Age, Winston Watts (32°) expõe a procura da verdade, afirmando que,
"na maior parte, nossa busca está centrada na Bíblia Sagrada, a fonte
principal de nosso conhecimento".[40] Em virtualmente todos os dicionários
maçônicos, a Bíblia - "o Livro da Lei"é exaltada como "um dos
grandes Luzeiros da Maçonaria",[41] um elemento importantíssimo dos móveis
da loja ocidental, sobre o qual todo cristão iniciado faz seu juramento. Em
parte, é com base em certas figuras bíblicas - por exemplo, São João Batista, São
João Evangelista, João Marcos e o artífice Hirãm-Abitt (ou Hirão Abi, 1 Rs
7.13-14; 2 Cr 2.13-14) - que a maçonaria desenvolveu suas mitologias e rituais.
Em
toda a literatura maçônica (Ritos York e Escocês), entretanto, dificilmente se
descobre qualquer afirmação acerca da única inspiração verbal ou da autoridade
soberana das Escrituras. Sem exceção, os autores fazem questão de insistir que
a Bíblia é apenas um livro sagrado, usado como metáfora da vontade divina e da
lei natural. Na Coils Masonic Encyclopedia, a obra mais autorizada nos Estados
Unidos, lemos: "A opinião maçônica prevalecente é de que a Bíblia
constitui apenas um símbolo da vontade, lei ou revelação divina, e não que seu
conteúdo é lei divina, inspirada ou revelada".[42]
Naturalmente,
sendo um símbolo, a Bíblia precisa de interpretação. Zilmar de Paula Barros, em
A Maçonaria e O Livro Sagrado, declara que, "com a morte física de Jesus,
perdeu-se a PALAVRA. E, entre as múltiplas finalidades. da Maçonaria, está
buscar a 'palavra perdida...', ou seja TRAZER A HUMANIDADE A VERDADEIRA
INTERPRETAÇAO DA MENSAGEM EVANGÉLICA DE JESUS![43] Martin Wagner, um perito em
maçonaria, observa o seguinte: "Todos os maçons eminentes afirmam que
existe um véu sobre as Escrituras, o qual, quando removido, as torna claramente
concordes com os ensinamentos maçônicos, e em harmonia essencial com outros
livros [sagrados]".[44] Logo, a filosofia maçônica constitui o par de
óculos através do qual tudo é filtrado.
Apesar
da ênfase na Bíblia Sagrada, os livros esotéricos freqüentemente recebem mais
atenção. Em suas instruções sobre os três primeiros graus (Loja Azul) no
Brasil, Nicola Aslan explica:
A
Bíblia e a Cabala fornecem o mais poderoso contingente para o enriquecimento do
simbolismo maçônico, e o Ocultismo, abrangendo o conjunto dos sistemas
filosóficos e das artes misteriosas derivadas dos conhecimentos dos antigos,
deu também abundante contribuição.[45]
Quase
sempre, a verdadeira sabedoria (antiga) é descoberta no misterioso e oculto,
seguindo o gnosis, a iluminação, a numerologia e, especialmente, a cabala
(misticismo judaico).[46] Diante da mistura de religiões sincretistas que
predominam na literatura maçônica, a Bíblia fica subjugada a interpretações
diversas por meios místicos e alegóricos. Por outro lado, ninguém defende uma
interpretação objetiva e histórico-gramatical. A Bíblia é aproveitada por sua
ética e como símbolo divino, sem encorajar qualquer interpretação doutrinária
de seu conteúdo. De fato, muitas seitas consideradas heréticas são mais fiéis ao
significado do texto bíblico do que os escritos maçônicos.
4.
Quem É o Deus da Maçonaria?
O
Deus maçônico é denominado o Grande Arquiteto do Universo (G.A.D.U.) - o Ser
Supremo, Criador ou Força Cósmica da existência e preservação. O Landmark 19
proclama: "A negação da crença do G.A.D.U. é impedimento absoluto e
insuperável para a iniciação".[47] Propositadamente, a definição é ambígua
o bastante para englobar todos os conceitos de Deus sustentados pelas religiões
- não apenas as teístas (judaica, cristã e islâmica), mas também as dualistas
(taoísta, zoroastriana) e as panteístas (gnóstica, espírita, hindu e budista).
Sem dúvida, no início da história da maçonaria especulativa, as pressuposições
eram mais teístas, como continuam sendo para os cristãos que se envolvem na
loja. Ironicamente, foram os reverendos anglicanos James Anderson e John
Desagulliers, elaboradores da primeira Constituições (1723), que abriram a
maçonaria para todas as crenças e descristianizaram a linguagem maçônica,
procurando uma estrutura teológica mais universal.[48] Entretanto, a nível
popular, dentro das culturas "cristãs" - cada vez menos, porém - o
Grande Arquiteto do Universo continua a ser cultuado como um Ser soberano,
inteligente, moral e, em certo sentido, pessoal. Assim como o antigo
liberalismo do século passado, a maçonaria proclama "a paternidade do Pai
e a fraternidade ao homem". Semelhantemente, também, a essência da
religião define-se mais pela ética do que por qualquer crença em afirmações
doutrinárias.[49] Logicamente, tais afirmações já pressupõem uma cosmovisão e
uma teologia geral que se encontram expressas em muitos escritos, como no
Dicionário de Gervásio de Figueiredo:
Não
obstante a imensa diversidade de seus cultos externos, todas as religiões
apresentam uma base comum em seus internos princípios morais, filosóficos e
místicos. Com efeito, o estudo comparativo das religiões demonstra serem
idênticos os seus ensinamentos fundamentais sobre a Divindade, o homem, o
universo, a vida futura, porém adaptados à época e ao povo a que se
destinaram... Seus imortais fundadores foram todos Mensageiros da Verdade
única, que deram à humanidade seu evangelho de União e Fraternidade, para que
através do Amor as almas se religuem entre si e ao Supremo. Todos eles foram
unânimes em proclamar a Paternidade de Deus e a Fraternidade dos homens. Tal
foi, em essência, a mensagem de Vyâsa, Hermes, Trismegisto, Zarathustra, Orfeu,
Krishna, Moisés, Pitágoras, Platão, Cristo, Maomet e outros. [50]
O
conceito de Deus nos escritos da maçonaria é uma mistura de tudo, de
gnosticismo, druidismo, luciferianismo, hinduísmo, taoísmo, zoroastrismo,
iluminismo, cristianismo liberal e Nova Era. Mackey declara: "A religião
da maçonaria é cosmopolita, universal... 'Esteja certo', diz Godfrey Higgins,
'de que Deus está igualmente presente com o piedoso hindu no templo, o judeu na
sinagoga, o muçulmano na mesquita e o cristão na igreja'".[51] Contudo,
por trás do pluralismo, existe uma crença fundamental, articulada por Aslan:
...é
absolutamente necessário fazer abstração de todo fanatismo como de todo
preconceito religioso ou anti-religioso, posto que estas veneráveis tradições
são os "ecos" dos velhos dados da antiga ciência dos Iniciadores, tão
intimamente ligada, então, às Religiões que é quase impossível separá-las de
sua Mãe.[52]
Ou
seja, todas as religiões são representações das antigas e primitivas verdades,
destiladas no ensino da maçonaria, que é, em última instância, a Mãe de todas
as religiões. Deus, o G.A.D.U., é o Deus buscado e manifestado por todas as
religiões. Infelizmente, tal representação - popular no romantismo otimista dos
séculos XVIII e XIX - ignora um fato muito patente: seu conceito de Deus
determina sua ética. É impossível unificar as definições mais variadas de Deus
em torno de uma ética fraternalista: o pacifismo social do hindu, a ética
vindicativa do muçulmano e o amor autosacrificial ativo do cristão encontram-se
diretamente relacionados com contraditórios conceitos de Deus.
Talvez
uma das acusações mais fortes contra a loja seja a seguinte: no grau do Real
Arco do Rito de York, quando o maçom supostamente encontra a Arca da Aliança
perdida nas ruínas do templo salomônico, descobre-se o verdadeiro nome de Deus
como sendo JABULOM. Tal nome, segundo o próprio H. W. Coil, é uma associação de
lahweh (o Jeová do Antigo Testamento), Ba'al ou Bel (o deus cananita) e Om
(Osiris, o deus-sol do Egito)[53] - o que um autor chama de
"Não-Santíssima Trindade".[54] Outros observam que, no Rito Escocês,
no 17° Grau dos Conselhos de Cavaleiros do Oriente e Ocidente, há também a
"palavra sagrada" Abadom; este nome divino na maçonaria é o nome do
rei ( ou anjo) do abismo, em Apocalipse 9.11.[55]
Embora
a maçonaria encoraje um pluralismo da conceituação de Deus, conforme vários
autores afirmam, há cada vez menos lugar para o Deus tripessoal da Bíblia. A
idéia do Logos e da Trindade é vista de uma forma gnóstica e alegórica,
distante da Confissão de Nicéia, como vemos na exposição do 4º Grau por Jorge
Adoum [56]. Embora nem todos o façam, alguns eruditos maçônicos, tais como
Albert Pike [57], presunçosamente atacam o cristianismo clássico com os
argumentos comuns do século XIX, alegando um politeísmo que formou o judaísmo
antigo, a base pagã do trinitarismo, e pregando um deísmo otimista
característico daquela época. Num novo documentário, Robert A. Morey, um autor
bastante objetivo, declara o seguinte:
Centenas
de livros maçônicos que atacam o cristianismo e ensinam abertamente o paganismo
são publicados, apoiados e recomendados por altos oficiais, lojas estaduais e
conselhos supremos. É-nos dito que isso é adequado, porque a Ordem deve ser
universal em seu apelo, e cada maçom pode interpretar a palavra
"Deus" e os símbolos da confraria da maneira como quiser.
Entretanto,
quando um cristão maçom procura oferecer uma interpretação cristã dos rituais e
símbolos da confraria, ele é proibido de assim o fazer!... Para cada escritor
maçom que diz que a maçonaria não é uma religião, há cinco escritores maçons
afirmando que é uma religião pagã... todos eles concordam que o cristianismo
está errado e que seus ensinamentos não devem ser permitidos na loja...
Se
a maçonaria continuar na direção em que parece estar indo, então os cristãos
maçons devem abandonar a Ordem, porque ela vem se tornando uma religião pagã,
ocultista, hostil ao cristianismo.[58]
Concluímos
que, embora alguns indivíduos e até certas lojas locais sustentem uma definição
da divindade mais próxima do cristianismo histórico, a grande maioria ignora ou
rejeita a perspectiva bíblica de Deus. Dificilmente se pode negar que, nas
águas turvas do ritual e do símbolo maçônicos, há implicações sinistras sobre o
entendimento de Deus para o cristão verdadeiro.
5.
Qual É o Lugar de Jesus Cristo?
Diante
de um conceito ambíguo e unitariano de Deus, seria correto esperar pouco sobre
o Redentor. Ao buscarmos informações acerca de Jesus Cristo nos dicionários e
enciclopédias maçônicos - Coil, Mackey, Macoy, Gervásio de Figueiredo, Rizzardo
da Camino, Aslan - descobrimos uma ausência quase total de dados a esse
respeito. Quando se procuram referências sobre Jesus Cristo, a cruz ou outros
ensinos especificamente cristãos nas próprias citações bíblicas dos rituais e
cerimônias maçônicos, percebe-se logo que todas foram omitidas - tiradas do
meio dos trechos (e. g. At 4.11; 2 Ts 3.6, 12; 1 Pe 2.4-8, onde a pedra angular
é o verdadeiro maçom).[59] Embora as reuniões maçônicas incluam a oração, é
absolutamente proibido orar no nome de Jesus. Eles até mesmo modificaram o
calendário baseado no advento de Cristo, aceito no mundo inteiro, para um
sistema irreligioso: "Os maçons, ao fixar datas em seus documentos
oficiais", diz Mackey, "nunca fazem uso da época comum ou era vulgar,
mas têm uma que lhes é peculiar..."[60] Paradoxalmente, em alguns casos,
os mesmos dicionários que omitem Jesus Cristo contêm artigos substanciais sobre
dezenas de outros religiosos antigos e modernos - Jonas, Ezequiel, Orfeu,
Pitágoras, Zoroastro, Emmanuel Swedenborg, Annie Besant, Helena Blavatsky etc.
Isso sugere, no mínimo, a irrelevância de Jesus Cristo na filosofia maçônica.
Em
alguns 'aspectos, a maçonaria evidencia implicações ainda mais preocupantes:
por um lado, a divindade de Cristo é negada e, por outro, a divinização do
homem é afirmada. Rizzardo da Camino define Cristo da seguinte maneira: "É
a denominação de um 'estado de alma' que se encontra na parte espiritual do ser
humano. Jesus atingiu esse 'grau' na Cruz e por isso foi denominado de Jesus o
Cristo. É erro dizer-se 'Jesus'... Cada cristão pode ter em si o
Cristo..."[61] Se as evidências acima forem conclusivas de que Deus
normalmente é conceituado em categorias deístas, ocultas e panteístas, então é
impossível que Jesus Cristo seja o Filho unigênito de Deus. Ele se torna apenas
"um grande mestre de moralidade" ou protótipo de divinização - algo
corroborado por vários dos principais autores maçons.[62] Entretanto, apesar
das múltiplas negações da divindade de Jesus Cristo, os cristãos maçons
ressalvam que tais não passam de diferenças de convicções religiosas, todas
permitidas sob o teto maçônico; assim, uma posição é igual à outra.
Uma
história recente toca nesse ponto. O Venerável Mestre James Shaw (33°) era um
orador experiente da cerimônia do Cavaleiro Rosa-Cruz (18° grau do Rito
Escocês), que é praticada toda quinta-feira da Semana Santa. Conforme havia
feito muitas vezes, mas agora como um cristão recém-convertido - estando todos
vestidos em mantos pretos e encapuzados – ele começou a conduzir o ritual:
"Encontramo-nos neste dia para comemorar a morte de nosso 'Sapientíssimo e
Perfeito Mestre', não como inspirado ou divino, pois isto não compete a nós
decidir, mas como pelo menos o maior dos apóstolos da humanidade". A mesa
em forma de cruz, sobre a qual há rosas vermelhas, é o lugar onde o mestre
dirige a ceia maçônica, com vinho e pão: "Comei e dai de comer a quem tem
fome... Bebei e dai de beber a quem tem sede". Depois de apagar todas as
velas do candelabro, com exceção de uma, o mestre anuncia a morte do
"Sapientíssimo e Perfeito Mestre" - "Ele está morto! Lamentai,
pranteai e chorai, pois ele se foi" e apaga a última vela, tudo terminando
em escuridão.[63] Embora Shaw tivesse conduzido esse mesmo ritual diversas
vezes, nesta ocasião ele estava tremendo e com náusea, reconhecendo o significado
cristológico do que fazia: "Tínhamos dramatizado e comemorado a extinção
da vida de Jesus, sem mencionar sequer uma vez seu nome... Eu havia acabado de
chamar Jesus de 'um apóstolo da humanidade' que não era inspirado nem
divino". Logo depois, Shaw renunciou à loja.[64] Sua conclusão foi que o
sentido anticristão não representava apenas uma facção maçônica ocultista
declarada, mas certos rituais e ensinos básicos da maçonaria são
deliberadamente antagonistas à fé cristã.
6.
Como Alguém É Salvo na Maçonaria?
Quando
o iniciado (chamado profano) participa do primeiro grau de Aprendiz-Maçom,
confessa-se que ele (vendado, nesse momento) vivia nas trevas e estava cego,
mas, agora, deseja entrar à verdadeira luz da maçonaria.[65] Não há nenhuma
exceção para o cristão. Enquanto a irmandade não articula publicamente um
caminho de salvação, existem pressuposições inegáveis - vistas desde o primeiro
rito até o sepultamento de cada maçom. A perspectiva soteriológica da maçonaria
é percebida através de quatro conceitos, os quais orientam toda sua prática:
(a) a natureza do homem; (b) a aceitação de Deus; (c) a vida vindoura; e (d) o
proselitismo evangélico.
a.
A natureza do homem. O cristianismo clássico confessa a verdade irônica de que
o ser humano, sendo criado na imagem de Deus, é ontologicamente superior e
separado das outras criaturas terrestres. Ao mesmo tempo, porém, ele é
espiritualmente rebelde e corrupto, afastado de Deus e morto em suas
transgressões - ou seja, ele é moralmente o pior ser terrestre. Apesar de suas
muitas instruções moralistas, a maçonaria é marcada por uma ausência total dos
conceitos de pecado e arrependimento (nem possui tais palavras em seus
dicionários). Em vez de estar separado do G.A.D.U., o homem é visto como apenas
imperfeito e não-iluminado, algo simbolizado na Pedra Bruta (cubo polígono) do
Aprendiz, que nos graus seguintes é burilada e polida: "Símbolo da Idade
Primitiva e, portanto, do homem em estado natural e sem instrução, a Pedra
Bruta é a imagem da alma do profano antes de ser instruído nos mistérios
maçônicos".[66] O profano, ou não-maçom, não está derradeiramente perdido,
mas encontra-se apenas mais longe de Deus do que a elite fraternal da
maçonaria, que possui a responsabilidade de construir "o Templo da Humanidade".
A loja é o meio através do qual os homens podem melhorar a si mesmos e procuram
"levantar templos à Virtude e cavar masmorras ao vício".[67] Assim, a
maçonaria pressupõe essencialmente a natureza boa de cada ser humano, mas esta
natureza precisa de um despertamento e de uma iluminação por meio da filosofia
da fraternidade.[68] Obviamente, não há necessidade e nem motivo para a
propiciação de pecados mediante a morte de Jesus Cristo na cruz.
b.
A aceitação de Deus. "A maçonaria", afirma J. S. M. Ward,
"ensina que cada homem, por si mesmo, pode desenvolver seu próprio
conceito de Deus e, assim, alcançar a salvação".[69] Sem dúvida, a
maçonaria promulga a idéia de que, através de seus próprios esforços, o homem é
aperfeiçoado e torna-se digno perante o G.A.D.U. A regeneração, ou conversão, é
essencialmente um processo da alma humana.
A
doutrina da regeneração foi ensinada, nos Antigos Mistérios, por símbolos: não
é, porém, o dogma teológico da regeneração peculiar à Igreja Cristã, mas o
dogma filosófico de uma mudança da morte para a vida, isto é, um novo
nascimento para a existência imortal... É esta a doutrina ensinada nos
Mistérios maçônicos, e muito especialmente no simbolismo do Terceiro Grau
[ressurreição de Hirãm-Abif]. Não precisamos dizer que o Maçom se acha
regenerado pelo fato de ter sido iniciado, mas tão-somente que foi doutrinado
na filosofia da regeneração, ou na do renascimento de todas as coisas - da luz
surgindo das trevas, da vida nascendo da morte, da vida eterna em substituição
da vida transitória.[70]
Rizzardo
da Camino acrescenta: "A finalidade precípua da Maçonaria é o ato
regenerativo. A reconstrução do ser humano, da Natureza, do Cosmos, são os
ideais maçônicos".[71] Se alguns expositores da maçonaria falam de uma
salvação realizada por uma progressão que envolve o auto-aperfeiçoamento e boas
obras, outros, como Albert Pike, avançam mais um passo, já visto anteriormente:
"Em cada ser humano, o Divino e o Humano estão entrelaçados", e
"a maçonaria é a subjugação do Humano pelo Divino que está no
homem".[72] Como Pike, Gervásio de Figueiredo pressupõe a divindade inata
de cada homem: "Deus é a alma de tudo... Deus e o mundo são apenas
um".[73] Diante das múltiplas afirmações maçônicas sobre a natureza da
salvação, muitos autores concluem que a soteriologia maçônica é antiética à fé
evangélica, conforme articulado pelo escritor maçônico E. A. Coil:
O
fato de a diferença fundamental entre os princípios incorporados nos credos
históricos da cristandade e aqueles de nossas ordens secretas modernas não ter
sido claramente refletida é indicado pela evidência de que muitos
comprometem-se com ambos. Há maçons que, nas igrejas, aderem à doutrina de que
"somos considerados justos perante Deus apenas pelo mérito de nosso Senhor
e Salvador Jesus Cristo, pela fé, e não por nossas próprias obras e
merecimentos", e entusiasticamente juntam-se ao coro dos hinos nos quais
essa idéia é expressa. Então, em suas reuniões maçônicas, exatamente com o
mesmo entusiasmo, eles assentem à seguinte declaração: "Embora nossos pensamentos,
palavras e ações possam ser ocultos dos olhos dos homens, ainda assim aquele
Olho-Que-Tudo-Vê, a quem o sol, a lua e as estrelas obedecem... penetra nos
recantos mais íntimos do coração humano, e nos recompensará de acordo com
nossos méritos". Uma criança pequena, assim que se chame sua atenção para
o assunto, deve ser capaz de perceber que é impossível harmonizar a frase do
credo aqui citada com a declaração extraída da admoestação de uma de nossas
maiores e mais eficazes ordens secretas, e encontrada, na totalidade, nas
liturgias de todas, ou quase todas, as outras... Uma dessas afirmações exclui a
outra. Os homens não podem coerentemente anuir a ambas.[74]
Na
maçonaria, a salvação do homem é alcançada sem Jesus Cristo. O ser humano
alcançará a perfeição e a aprovação divina através de seus próprios esforços
moralistas, senão por sua própria divinização.
c.
A vida vindoura. O Landmark n° 20 declara que, de cada maçom, “é exigida a
crença de uma vida futura”.[75] A imortalidade da alma é uma das doutrinas mais
importantes da confraria. Por isso, tendo obtido a permissão da família, os
maçons exigem o controle exclusivo sobre o último rito do irmão falecido.
Embora os rituais fúnebres variem, todos declaram que o maçom, por sua pureza
de conduta e vida de serviço, recebe a aceitação na Loja Celestial onde o
G.A.D.U. preside.[76] Visto na literatura maçônica, o conceito da imortalidade
da alma aproxima-se mais da hierarquia espiritual do espiritismo brasileiro,
consistindo num sincretismo de elementos religiosos.[77] Procuramos em vão
qualquer referência ao inferno ou à separação de Deus devido ao pecado, e mesmo
sobre o juízo final, ou seja, as doutrinas bíblicas que estabelecem a estrutura
do evangelho de Jesus Cristo.[78] Cada vez mais, fica auto-evidente que a
participação do cristão numa irmandade assim é uma negação implícita de tais
verdades.
d.
O proselitismo evangélico. A perspectiva da maçonaria sobre o cristão também é
importante a esse respeito. Elogiando o hinduísmo como uma religião que não
busca seguidores, Mackey destaca a regra de toda ordem: “Em termos absolutos, a
maçonaria é rigorosamente contra todo proselitismo”.[79] Admitindo sua própria
religiosidade, a maçonaria proíbe o evangélico de falar sobre Cristo na loja.
Em Maçonaria: Contra ou a favor?, o Pr. J.J. Soares narra que em “certa ocasião
perguntou a um ilustre pastor, que na época era venerável [mestre], se ele
conhecia algum maçom que tivesse aceitado o evangelho, não teve surpresa com a
resposta: 'nenhum’.”[80] Inversamente, por mais rara que seja, qualquer forma
de “cristianização” conservadora da maçonaria - vista, por exemplo, em A
Maçonaria e o Cristianismo, de Jorge Buarque Lyra (1953) - é, na melhor das
hipótese, tolerada, sendo geralmente denegrida e refutada pelas
autoridades.[81]
7.
Existem Vínculos Entre a Maçonaria e as Religiões Ocultas?
A
maioria dos maçons ridicularizaria a acusação de que a fraternidade esconde
elementos das religiões ocultas. Eles dizem que os símbolos encontram-se
abertos a interpretações diversas e, na verdade, não importa se alguns querem
interpretá-los de uma forma mística. Contudo, John Ankerberg, autor de cinco
documentários sobre a maçonaria, observa:
A
maioria dos maçons que participam dos rituais não compreende seu sentido
oculto. Caso sigam a maçonaria apenas como uma participação irrefletida nos
rituais, para eles talvez seja verdade que a sociedade não é ocultista. Tais
maçons desconhecem o significado misterioso de muitos dos símbolos e rituais
maçônicos, e escolheram não abordar a questão. Mas isso não se aplica a todos
os maçons. Há outros que realmente buscam o sentido oculto.[82]
Em
The Brotherhood (“A Irmandade”), Knight nota que os adeptos maçons quase sempre
mostram atração pelo oculto, procurando “o significado real” existente por trás
das ambigüidades dos ritos: “Tais pessoas são gradualmente aceitas no santuário
interior da irmandade”.[83] Como o alcance do relacionamento entre a maçonaria
e o oculto é vasto, limitaremos as observações a três áreas: os juramentos, a
ilusão e a simbologia pagã.
a.
Os juramentos. Cada maçom jura ser leal à fraternidade acima de qualquer outro
grupo (incluindo a igreja), mediante votos extremamente fortes. Prometendo
solenemente não divulgar os segredos da maçonaria - nem os crimes de outros
maçons (exceto o homicídio e a traição) - o iniciado jura o seguinte, sobre o Livro
Sagrado (a Bíblia, Alcorão ou Vedas etc.):
Eu
...juro e prometo, de minha livre vontade, pela minha honra e pela minha fé, em
presença do Supremo Arquiteto do Universo, que é Deus, e perante sta assembléia
de maçons, solene e sinceramente, nunca revelar qualquer dos mistérios da
maçonaria que me vão ser confiados... Se violar este juramento seja-me
arrancada a língua, o pescoço cortado e meu corpo enterrado nas águas do mar,
onde o nuxo e renuxo me mergulhem em perpétuo esquecimento, sendo declarado sacrílego
para com Deus e desonrado com os homens. Assim seja.[84]
Outros
juramentos maçônicos são semelhantes, cada um exigindo fidelidade absoluta à
Ordem - muitas vezes com votos de sangue. O juramento do 33° Grau no Templo em
Washington, D.C., por exemplo, é selado bebendo vinho de um crânio humano, e um
indivíduo vestido como se fosse um esqueleto abraça cada participante no
momento do voto fatal.[85] Enquanto certos juramentos na cultura geral parecem
lícitos diante da lei, biblicamente o cristão é proibido de jurar sem
necessidade (Lv 5.4-6; Mt 5.33-37), muito menos quando isso envolve votos
bizarros e sanguinolentos, invocando a morte - os quais caracterizam a
maçonaria e todo o ocultismo. Nisso, quase todas as fraternidades secretas e
seitas ocultas seguem o padrão da maçonaria.[86]
b.
A ilusão. Os escritores mais eminentes da confraria admitem que a elite
maçônica ilude os maçons dos níveis inferiores, deixando que eles creiam no que
desejam. As verdades mais sublimes permanecem ocultas dos neófitos, sendo que
os mais avançados mantêm as chaves do “conhecimento real”. Segundo Martin L.
Wagner:
A
maçonaria esconde ciosamente seus segredos, e intencionalmente desorienta os
intérpretes presunçosos. Parte dos símbolos é exposta ao iniciado, mas ele é deliberadamente
enganado por interpretações falsas... Os segredos reais permanecem ocultos e...
esses se encontram tão profundamente encobertos para o maçom quanto para
qualquer outra pessoa, a menos que tenha estudado a ciência do simbolismo em
geral, e do simbolismo maçônico em particular... A venda real nunca é
completamente removida dos olhos de uma imensa maioria dos membros da
confraria. Eles nunca são levados à verdadeira luz da maçonaria... Eles
enxergam as vestimentas, mas não aquilo 'que os trajes ocultam.[87]
O
fato de as autoridades admitirem o engano dos iniciados deve levantar suspeitas
em duas áreas críticas. (1) A ética da organização maçônica é questionada. Por
trás dos "bons homens", há uma estrutura clandestina de poder e
manipulação. Existem vários livros argumentando que uma fraternidade secreta na
civilização geral acaba pervertendo a justiça e minando a democracia; há sempre
uma hierarquia oculta que defende seus próprios interesses.[88] Quando o juiz,
o advogado, o policial e os criminosos são todos maçons, o veredicto será muito
diferente do que no caso de um criminoso comum. Da mesma forma, numa
denominação, quando existe uma hierarquia maçônica secreta, a unidade, a
honestidade e a transparência do Corpo de Cristo são sacrificadas por
manipulações políticas, segredos e jogos de poder - algo que alguns afirmam
marca várias denominações evangélicas brasileiras. (2) O mesmo fato da ilusão
dos maçons inferiores levanta, também, uma suspeita sobre a validade da
interpretação cristã que os evangélicos maçons fazem dos ritos. Parece mais um
entendimento que é tolerado com o propósito de penetrar na igreja e, assim,
controlá-la. Os dados já apresentados indicam que a maçonaria, de fato, não
possui nenhum interesse no evangelho do cristianismo clássico.
c.
A simbologia pagã. Por natureza, os símbolos sempre significam algo, ou nem
seriam usados. Não são elementos vazios ou arbitrários. Na melhor das
hipóteses, é algo ingênuo o cristão maçom dizer que os milhares de símbolos da
Ordem são meramente relativos à fé do indivíduo, podendo ser tanto bíblicos
quanto pagãos.
Há
mais duas considerações importantes nessa questão. Primeiro, não existe uma
teoria conclusiva sobre as origens históricas da maçonaria. Segundo Morey, foi
a maçonaria francesa que desenvolveu as idéias esotéricas popularizadas por
Albert Pike, a saber, de que a maçonaria foi iniciada nas religiões antigas e
ocultas. Hoje, “nove em cada dez livros repetem essencialmente Pike”, o qual,
por sua vez, plagiou as idéias de Abbe Robin, Alexander Lenoir, Eliphas Levi e
Godfrey Higgins:
Será
em vão procurar quaisquer referências aos mistérios ou divindades pagãs na
maçonaria antiga. Não pudemos encontrar uma única menção às artes ocultas, tais
como a magia ou a astrologia. Ninguém alegava ser um druida ou um feiticeiro. O
primeiro escritor que tentou associar os mistérios pagãos à maçonaria foi Abbe
Robin, em 1780. Ele afirmava que a maçonaria era a guardiã atual dos mistérios
antigos.[89]
Enquanto
os rituais de hoje derivam de um processo evolutivo,[90] os eruditos geralmente
concordam que Pike e Mackey são os arquitetos da maçonaria atual, seguidos por
H. W. Coil, Newton, Duncan, Clausen, Waite, Mellor et. a!. Assim, as raízes
históricas não vêm diretamente das religiões pagãs; o ocultismo, em parte, foi
imposto à fraternidade.
Por
outro lado, discordar de que a maçonaria originou-se diretamente das religiões
pagãs não significa negar que os símbolos maçônicos encerram um significado
ocultista. As questões principais não são tanto históricas, mas filosóficas: de
onde vêm os símbolos maçônicos usados hoje? E, ainda mais importante, quais são
as interpretações normativas desses símbolos dentro da confraria? Os limites do
presente trabalho exigem um resumo desse tópico, que é ao mesmo tempo abrangente
e fundamental. Há uma crescente dominância das interpretações explicitamente
ocultas acerca dos símbolos da maçonaria. Albert Pike e Manly P. Hall eram
conhecidos como cabalistas e luciferianos,[91] e sua influência é notável nos
graus mais altos da maçonaria. Pike declarou que "a cabala é a chave das
ciências ocultas" e “todas as associações maçônicas devem a ela [a cabala]
seus símbolos e seus segredos”.[92] Junto com a cabala, a maçonaria bebe
livremente das fontes da filosofia hermética, do rosicrucianismo, das religiões
orientais e da Nova Era. O mais condecorado maçom do mundo, H. V. B. Voorhis,
autor de vinte e seis livros, declara que existe um nível da maçonaria - “mais
profundo do que a membresia geral compreende” - chamado de maçonaria oculta.[93]
O Soberano Grande Comendador Henry C. Clausen promulga “a verdadeira Nova Era”
com “nosso altar no Oriente” e a “divindade em todas as coisas”.[94] No Brasil,
quase não há exceção à simbologia oculta, existindo centenas de livros que
defendem as interpretações cabalistas, alquimistas, gnósticas, teosofistas e
espíritas dos ritos e símbolos da maçonaria.[95] Já observamos os nomes
atribuídos a Deus (JABULOM, Abadom), a missa maçônica da Semana Santa e certos
ritos e juramentos, com suas implicações pagãs. Símbolos como a estrela
invertida (pentalfa, sinal comum do satanismo), a serpente, a pirâmide com o
olho esquerdo, crânios humanos, o bafomet (cabra de Mendes, deus do Egito) etc.
dificilmente são neutros, e muito menos cristãos.[96] Infelizmente, justamente
por serem símbolos ocultos, é impossível provar por completo seu significado
absoluto sem que se profira outra interpretação.
Com
a União Batista da Escócia, concluímos: “Certamente, todo o complexo de idéias
inerentes à maçonaria traz semelhanças precisas com o ocultismo, estando em
nítido contraste com a pureza e a simplicidade do evangelho, e seria
inconsistente com o 'caminhar na luz' do cristão”.[97] Provavelmente, segundo
Ankerberg,[98] com o novo misticismo mundial (e sem dúvida no Brasil), a
fraternidade e o ocultismo estarão cada vez mais servindo um ao outro - os
maçons sendo levados às artes negras, e os ocultistas infiltrando-se e
dominando a maçonaria.
CONCLUSÃO
Baseado
em sua extensa pesquisa, Stephen Knight - que não é nem cristão, nem maçom -
observa o seguinte: "A maçonaria está extremamente preocupada em ter - ou
parecer que tem - boas relações com todas as igrejas cristãs".[99] Ele
prossegue dizendo que, dentro da igreja, o poder maçônico é tão forte que
"a igreja... não ousa ofender ou provocar milhares de leigos influentes e,
muitas vezes, financeiramente abastados, investigando as implicações religiosas
da maçonaria.[100]
Notamos
as evidências de que: (1) é possível obter um conhecimento adequado da
filosofia e das cerimônias da maçonaria; (2) a fraternidade é, em todos os
elementos básicos da definição, religiosa por natureza; (3) o uso da Bíblia é
meramente simbólico, sendo os ensinos reinterpretados conforme qualquer
filosofia que o maçom quiser; (4) o vago conceito do G.A.D.U. maçônico é
compatível com toda religião; (5) há uma omissão quase absoluta de referências
sobre Jesus Cristo, mas não de vários outros líderes religiosos; (6) o homem,
bom em si mesmo, torna-se aceitável por sua própria justiça diante do G.A.D.U.;
e (7) há elos cada vez mais fortes com o ocultismo, os quais, de fato, saturam
os ritos e símbolos maçônicos. Portanto, fica autoevidente que a religião
maçônica é ambígua, mas não vazia. E é justamente essa ambigüidade, assim como
as religiões sincretistas do Egito, de Caná, da Babilônia da antiga cultura
grega e do Império Romano - sempre vistas na Bíblia como falsas e diabólicas -
que torna a maçonaria totalmente incompatível com a fé cristã.
Mas
o enigma continua. Como cristãos, e até mesmo pastores evangélicos, podem
pertencer à loja? Por um lado, "é impossível... manchar os caráteres de
tantos maçons ilustres com a adoração ao diabo".[101] Há indivíduos bons
na irmandade. E nem todas as lojas e ordens funcionam com a mesma ênfase em
seus ensinos religiosos e filosóficos. Por outro lado, uma vez dentro da
confraria, é difícil sair. Diante de poderosos membros da sociedade, o cristão
maçom faz juramentos solenes de segredos. Pode-se dizer, também, que o cristão
geralmente permanece nos graus inferiores, muitas vezes mantendo uma ignorância
intencional para aproveitar as ligações privilegiadas.[102] Sem dúvida, muitos
cristãos maçons justificam-se com razões sentimentais por se sentirem bem e
aceitos na irmandade elite, não fazendo nenhuma reflexão religiosa. Como há
outros cristãos na Ordem, ele se engana, evitando as inescapáveis implicações
dos ritos, palestras e escritos dos mais adeptos, e explica-se dizendo que, de
uma forma ou de outra, está servindo a Deus. Visto de uma maneira mais crítica,
ele adora 11m deus falso, cala seu testemunho de Cristo, aceita o fato de que o
homem pode salvar a si mesmo, contribui com mensalidades e taxas para cada grau
e, assim, colabora tacitamente para a perdição dos outros maçons que precisam
da verdadeira luz.
Alva
J. McClain, fundador do Grace Theological Seminary, apresenta quatro
explicações para o fato de o chamado cristão permanecer na Maçonaria.[103] (1)
Ele não entende de que consiste o cristianismo bíblico; para ele, é apenas uma
religião sincretista e liberal. (2) Ele não compreende o que é a maçonaria,
desconhecendo a filosofia religiosa da confraria (pois há uma extraordinária
ignorância dentro do movimento). (3) Alguns cristãos continuam se relacionando
com a maçonaria, apesar de entenderem o que é o cristianismo e o que é a
maçonaria. Estes ficam sem desculpa, especialmente se forem pastores - caso
idêntico ao dos sacerdotes que esconderam seus deuses abomináveis no Templo
sagrado em Jerusalém, na visão de Ezequiel 8. E (4) alguns dos chamados
cristãos dentro da maçonaria já são apóstatas da verdadeira fé. Apesar de
diferenças teológicas, concluímos junto com o catolicismo, as ortodoxias grega
e russa e as declarações de muitas denominações evangélicas, que o cristianismo
e a maçonaria são, de fato, mutuamente exclusivos.
Profira-se
mais uma palavra. Diante do crescimento do ocultismo no Brasil, as igrejas
precisam fazer as difíceis perguntas sobre a compatibilidade da maçonaria com a
fé bíblica. Os leigos, ao pastor; o pastor, aos leigos. A igreja, diante da
denominação; a denominação, perante as igrejas. Como os herdeiros das doutrinas
da reforma - sola fide, sola gratia, sola scriptura - podem continuar como as
únicas tradições cristãs que não confrontam a filosofia maçônica? É hora de
pedir coragem aos evangélicos dentro das lojas para que se desvinculem da
maçonaria (2 Co 6.14-17), e isto, com a graça e o testemunho honesto da
verdadeira Luz, Caminho e Vida. Ressalvamos que, da perspectiva humana, há
indivíduos bons e obras sociais admiráveis na maçonaria. Entretanto, que a
estrutura religiosa e filosófica da maçonaria é contrária aos princípios
fundamentais da fé cristã, isso é impossível negar.
Sobre
o autor: Scott Horrell é norte-americano e foi, durante muitos anos,
missionário no Brasil. Formado em Literatura Inglesa, ele aprimorou seus
conhecimentos teológicos na comunidade evangélica L’Abri, na Suíça, a qual era
dirigida por Francis Schaeffer. Mais tarde, faria o Mestrado em Teologia no
Dallas Theological Seminary, nos EUA, antes de ir para Porto Alegre como
missionário. Voltaria, então, para Dallas, onde obteria seu título de Doutor em
Teologia. De volta ao Brasil, estabeleceu-se em São Paulo, e foi coordenador da
Graduação da Faculdade Teológica Batista. Atualmente, é professor do
Departamento de Teologia Sistemática do Dallas Theological Seminary.
Publicado
originalmente em VOX SCRIPTURAE 3:1 (março de 1993), p.73-100
NOTAS
[1]Mark S. Hoffmann, ed., The World Almanac and Book
of Facls, 1992 (Nova Iorque: World AlmanaclPharos, 1991) 549-562; HerbertJ.
Rissler, “Freemasonry”, New 20lh-Cenlury Encyclopedia of Religious Knowledge,
ed. J. D. Douglas (2a ed., Grand Rapids: Baker, 1991) 341-342. Bobby J. Demott,
Freemasonry in American Culture and Society (Lanham, MD: Univ. Press
of America, 1986) 289-291, alista 25 grupos afiliados direta ou indiretamente à
maçonaria nos Estados Unidos, com um total de 5.444.906 membros. Os dados
indicam que a membresia maçônica está decrescendo rapidamente, tanto no nível
norte-americano (30% desde 1959) quanto no âmbito internacional (mas não no
Brasil) - veja Robert A. Morey, The Origins and Teaching of Freemasomy
(Southbridge, MA: Crowne, 1990) 122-123.
[2]Conquanto
exista uma pluralidade de origens da maçonaria, especialmente através das
guildas (confrarias) dos pedreiros, a partir da Idade Média, em geral
reconhece-se que a “maçonaria antiga e aceita” - a forma especulaliva
(filosófica) ou simbólica - começou num pub em Londres, no ano de 1717. Quanto
à maçonaria logo se tornar o centro da intelectualidade liberal inglesa e
européia, veja Margaret C. Jacob, "Freemasonry and the Utopian
Impulse", em Millenarism and Messianism in English Literature and Thought
16501800. Clark Library
Leclures 1981-1982, ed. Richard H. Popkin (Leiden: E. J. Brill, 1988) 126-148. Quanto
a ser uma irmandade exclusiva, o princípio universal (Landmark) n° 18 diz:
"Uma mulher, um aleijado ou um escravo não podem ingressar na
Fraternidade", em Consliluição, Regulamenlo Geral, Código Penal [ele.]
(Rio de Janeiro: Grande Loja do Estado do Rio de Janeiro, s. d.) 39.
[3]Alguns
afirmam que as ruas principais do centro de Washington, D.C., foram planejadas
com a forma dos símbolos maçônicos: o esquadro, o compasso, a régua e o
pentagrama. Cf J. Edward
Decker, The Question of Freemasonry (Lafayette, LA: Huntington House, 1992), c/
mapa, 31-37.
[4]Demott, Freemasonry in American Culture, 38. Os
maçons dos Estados Unidos gastam cerca de 2 milhões de dólares por dia em
atividades filantrópicas (1984). Os membros pagam mensalidades e tarifas
pesadas por cada grau.
[5]Na
bula In eminenti (1738), o Papa Clemente XII proibiu os católicos de se
afiliarem à maçonaria, um antagonismo que continua até hoje, tendo sido
repetido por no mínimo mais oito papas. Recentemeute, quando parecia que a
Igreja estava se tornando cada vez mais aberta para a maçonaria, a posição
tradicional foi reafirmada por João Paulo lI, em meio à descoberta da loja P-2
de Monte Cado, em 1981. Royal
L. Peck, "The Pope Uses Masonic Scandal to Stiffen Traditional
Stance", Christianity Today 25:12 (26 de junho de 1981) 38-39. Veja
Boaventura Kloppenburg, A maçonaria no Brasil. Orientação para Os Católicos
(Rio de Janeiro: Vozes, 1956) 266-282; Josef Stimpfle, "Freimaurerei
un" katholische Kirche: nach Veroeffentlichungdes neuen
Kirchenrechts", Communio 13 (março de 1984) 166-174; e J. A. F. Benimelli,
G. Caprile e V. Alberton, Maçonaria e Igreja Católica, trad. por V. Alberton
(2a ed., São Paulo: Paulinas, 1983).
[6]Veja J. W. Acker, Strange Altars: A Scriptural
Appraisal of the Lodge (St. Loul9: Concordia, 1959) 31, 60. A
Igreja Ortodoxa Russa declara: "Todo cristão católico ortodOXI') [que
adere à maçonaria]... perde todos os direitos, honras e privilégios de sua
membroHln e de seu ofício na igreja". (60) A Ortodoxia Grega condenou a
maçonaria em 1;9:U, insistindo que é um sistema reminiscente das religiões
ocultistas pagãs. PoliticamOl1ll', II sociedade foi proibida na União
Soviética, Polônia, Hungria, Espanha, Portugal! ChlulI, Indonésia e na
República Árabe Unida, cf Rissler, "Freemasonry", 341. Hoje, o Irtl
li fi ítnico lugar no mundo onde a maçonaria é banida, segundo Venâncio
Igrejas, O Gt'l\lIlh_ Comendador do Brasil, em "Maçonaria não casa com
ditadura", Ano Zero 2:18 (OU!, 111' 1992) 43.
[7]Citado em The Baptist Union of Scotland, Baptists
and Freemasonry (Baptist Church House, 1987; rep. Issaquah,
W A: Free the Masons, s. d.) 10.
[8]Grupo
de trabalho estabelecido pelo Comitê Permanente do Sínodo Geral da Igreja da
Inglaterra, Freemasonry and Christianity: Are They Compatible? (Londres: Church
House, 1987) 40.
[9]Relatório
do Comitê de Fé e Ordem da Igreja Metodista Britânica, Freemasonry and
Methodism, apresentado e adotado pela Assembléia Geral da Igreja Metodista
Britânica no dia 3 de julho de 1985, 21-22; citado por John Ankerberg e John
Weldon, The Secret Teachings of the Masonic Lodge: A Christian Perspective
(Chicago: Moody, 1990) 270. Historicamente, os Wesleys se posicionaram contra a
maçonaria.
[10]Baptists
and Freemasonry, 7-8.
[11]A
Igreja PresbiterianaOrtodoxa (1942), Comitê para Sociedades Secretas, Christ or
the Lodge? A Report on Masonry (Filadélfia: Great Commission, 1942); a Igreja
Batista Regular (1962), cf Robert T. Ketcham, The Christian and the Lodge (Des
Plaines, IL: Batista Regular, 1962); a Igreja Luterana "Missouri
Synod" (1964), cf L. James Rongstad, How to Respond to... the Lodge (St.
Louis: Concordia, 1977); a Igreja Cristã Reformada (1974) e a Igreja
Presbiteriana da América (PCA, 1987). A Igreja Presbiteriana da Escócia está
estudando o assunto (1992). Rissler, "Freemasonry", 341, inclui,
também, os quacres, os irmãos, os menonitas, os nazarenos e os adventistas como
grupos que proíbem seus membros de serem maçons - apesar de haver alguns casos
no Brasil.
[12]Robert C. Broderick, ed., The Catholic
Encyclopedia (ed. rev., Nashville: Thomas Nelson, 1987), "Masonry, also
Freemasonry", 375.
[13]"Manoel
Gomes (33°), A Maçonaria l1a História do Brasil (2a ed., Rio de Janeiro: Aurora,
c. 1976) 14. Também Ricardo M. Gonçalves, "A influência da maçonaria nns
independências latino-americanas", em A Revolução Francesa e seu impacto
na América Latina, org. Osvaldo Coggiola (São Paulo: Nova Stella/EDUSP, 1990)
195-209.
[14]A
franco-maçonaria (da França), marcada por hostilidades contra a igreja o li
aristocracia, e significativamente mais raciona lista e/ou oculto-pagã em sua
interpretação dll maçonaria, passou para a Itália, a Espanha e a América
Latina. A maçonaria inglesa continuava mais associada às igrejas protestantes e
à nobreza, disseminando-se mais para a Escandinávia e para a América do Norte.
Posteriormente, houve sínteses de idéias conjuntando o conservadorismo político
inglês e o misticismo francês.
[15]Quatro
meses depois, ao declarar a independência, D. Pedro I, suspeitando haver um
perigo político com a Maçonaria Vermelha, ordenou que as lojas fossem fechadas.
Há várias histórias brasileiras maçônicas, tanto a favor quanto contra essa
sociedade. Além do Gomes, Maçonaria na História do Brasil, veja Nicola Aslan,
História Geral da Maçonaria (Rio de Janeiro: Aurora, 1979); A. Tenório
Cava1cante,A Maçonaria e a Grandeza do Brasil (Rio de Janeiro: Aurora, 1955);
José Castellani,Os maçons que fizeram a história do Brasil (2ª ed, São Paulo:
Gazeta Maçônica, 1991); João Cesa, Maçonaria e Politica (Fortaleza,Jurídica,
1956); e Kloppenburg, Maçonaria no Brasil, 13-30.
[16]Citando
o resumo de Univaldo Corrêa, "Apresentação", em Gomes, Maçonaria na
História do Brasil, 7.
[17]Ibid.,
143-148, onde são alistados mais de 40 freis, padres, bispos e cônegos que eram
maçons; Samuel Nogueira Filho, Maçonaria, religião e simbolismo (São Paulo:
Traço, 1984) 84-101, registra centenas de católicos (principalmente
brasileiros) como maçons, incluindo os papas Benedito XIV (1742-1758) e Pio IX
(que se tornou inimigo da Ordem), cardeais, arcebispos etc. - tudo isso com uma
documentação escassa e, em parte, refutado por Kloppenburg, Maçonaria 110
Brasil, 264-266.
[l8]Veja
David Gueiros Vieira, O Protestantismo, a Maçonaria e a Questão Religiosa no
Brasil (Brasília: Ed. da Univ. de Brasília, 1980), esp. 374-377 (com uma
bibliografia extensiva); Lothar C. Hoch, ed., "Protestantismo, Liberalismo
e Maçonaria no Brasil no Século XIX", Estudos Teológicos 27:3 (1987)
195-279; Jean Pierre Bastian, ed., "Liberalismo, masoneria y
protestantismo en America Latina en el siglo XIX", Cristianismo y Sociedad
25:2 (1987) 9-108; e Jorge Buarque Lyra (30°), A Maçonaria e o Cristianismo
(3" ed., Rio de Janeiro: Tupi, 1953) 290-292.
[19]
A obra principal acerca dessa questão é o livro do Pr. Jorge Buarque Lyra,
Maçonaria e o Cristianismo - veja as cartas introdutórias do Pr. Gnldino
Moreirn, "Uma Obra Primorosa", 9-34, e do Pr. Arnald() Cristinnni.
"Terceiro Prefácio",53-64. Veja também Zilmar de Paula Barros, A
Maçonaria e o Livro Sagrado (2ª ed., Rio de Janeiro, Tupi, 1953) 290-292
[20]José
Moita dos Reis Pessoa. As memórias [ou As Reminiscências] do Pr. Motta:
Autobiografia (São Paulo: do autor, 1991) 36-39.
[21]Paulo
Florêncio e Silva, em seu livro Maçonaria: Contra ou a favor? A Bíblia responde
(Vitória, ES: do autor, c. 1987), documenta experiências e opiniões de líderes
batistas, presbiterianos e anglicanos (com muitas abstenções) sobre a
maçonaria, concluindo que "no pensamento batista [CBB] há muita confusão,
mas ainda predomina em maioriu incomparável o número daqueles que julgam a
maçonaria como religião e por isso mesmo como anátema" (48); entre os
Presbiterianos do Brasil e os anglicanos, "parece não existir qualquer
preocupação quanto ao ser ou não ser maçom" (50). Obras evangélicas
brasileiras contra a maçonaria incluem: Eduardo Carlos Pereira, A Maçonaria e a
Igreja Cristã (4" ed., São Paulo: Pendão Real, s. d.); Haroldo Reimer,
Maçonaria. A resposta de uma carta(Ourinhos. SP: Ed. Cristãs, s. d.); Natanael
Rinaldi, "Quem disse que um cristão pode ser' maçom?" (São Paulo: do
autor e do Instituto Cristão de Pesquisas, s. d.).
[22]Estatísticas
sobre o número total de maçons no Brasil são difíceis. Kloppenburg, Maçonaria
no Brasil, 5, estimou em 1956 cerca de 150.000 membros, um número reafirmado
por Alberton, em 1983 - Benimelli, Maçonaria e Igreja Católica, 19.
[23]Marcus
Achiles, o'A maçonaria no poder", Manchete 2:124 (19 de dez. de 1992) 95;
e "Presidente maçom", Ano Zero 2:18 (ou!. de 1992) 51.
[24]"Maçonaria
não casa com ditadura",Ano Zero 2:18 (ou!. de 1992) 45.
[25]Alphonse Cerza, Let There Be Light: A Study in
Anti-Masomy (Silver Springs, MD: Masonic Servic Assoc., 1983) 1.
[26]
0 termo landmark (marco) é usado pela literatura maçônica em português.
[27]K1oppenburg,
Maçonaria no Brasil, 7, usa a Constituição do Grande Oriente do Brasil como uma
de suas fontes principais. Existem muitas obras detalhando os rituais e as
explicações normativas, tais como William Morgan, lllustrations of Masonry: By
One of the Fraternity Who Has Devoted Thirty Years to the Subject (1827; nova
ed., Chicago: Charles T, Power, 1886); esse autor foi seqüestrado e morto,
provavelmente por suas revelações. Vojll também Jonathan Blanchard, Scottish Rite Masonry lllustrated: The
Complete Ritual of the Ancient and Accepted Scottish Rite, Profusely
lllustrated by a SOl'ereign Grand CommmUhl1' (Chicago: Ezra A. Cook,
1915/1922), 2 vols.
[28]Ankerberg,
Secret Teachings, 16-17. Calculando mais de 100.000 obras de literatura
maçônica, ele documenta sua pesquisa com base em todas as lojas estaduais dos
Hslmlo. Unidos (que
consistem em 213 da população maçônica mundial). Henry Wilson Coil, (Coil’s
Masonic Encyclopedia (Richmond, V A: Macoy, 1961); Joseph Fort Newton, The
Builders: A Story and Study of Freemasonry (Richmond: Macoy, 1951); AJbert
Gallatin Mackey, Mackey' Revised Encyclopedia of Freemasonry, ed. Robert I.
Cleggs, 3 vols. (Ia ed., 1878; 2a ed., 1898; ed. rcv. Richmond: Macoy, 1966).
Outros livros de importância fundamental são: Malcolm C. Duncan, Duncans
Masonic Ritual and Monitor (Chicago: Charles T. Power, 1974); AJbert Pike,
MoraIs and Dogma of the Ancient and Accepted Scottish Rite of Freemasonry
(1" ed., 1871; Charleston, NC: Supreme Council of the Thirty-Third Degree,
1950); Robert Macoy, A Dictionmy of Freemasomy: A Compendium of Masonic
History, Symbolism, Rituals, Literature, and Myth (nova ed., Nova lorque: Bell,
1989); e Alec Mellor, Dicionnaire de Ia Franc-Maçonnerie et des Francs-Maçons
(Paris: Pierre Belfond, 1971).
[29]
Além dos livros já mencionados, veja as diversas obras de Jorge Adoum
detalhando os graus da Ordem Maçônica Escocesa, publicadas pela Editora
Pensamento (São Paulo); Nicola Aslan (33°), Factos da Maçonaria Brasileira (Rio
de Janeiro: Aurora, s. d.); Aslan, Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria
e Simbologia, 4 vols. (São Cristóvão, RJ: Aurora, 1974,1976); Joaquim Gervásio
de Figueiredo (33°), Dicionário de Maçonaria (São Paulo: Pensamento, 1989), da
Biblioteca Maçônica; Rizzardo da Camino (33°), Dicionário Maçônico (Rio de
Janeiro: Aurora, 1990); Rizzardo, introdução à Maçonaria, 3 vols. (Rio de
Janeiro: Aurora, s. d.); etc. O fato de que, na década de 50, Kloppenburg, em A
Maçonaria no Brasil, 7-9, conseguiu mais de 30 dentre as principais obras da
maçonaria demonstra que os ensinos dessa sociedade encontram-se acessíveis para
quem quiser. O presente autor reuniu cerca de 150 obras sobre a maçonaria.
[30] Veja Jack Harris, ex-Venerável Mestre,
Freemasomy: The invisible Cult in Our Midst (Towson, MD: do autor, 1983);
William Schnoebelen (ex-32°), Masonry: Beyond the Light (Chino, CA: Chick,
1991); James D. Shaw, (ex-33°), e Tom C. McKenney, The Deadly Deceplion
(Lafayette, LA: Huntington House, 1988); "Freemasonry: From Darkness to
Light?" documentário em video (Estados Unidos: Jeremiah Films, 1991).
[31]"Maçonaria",
em Ano Zero, 43. Ele continua: "... a Maçonaria nunca foi contra a Igreja,
tendo em seu seio muitos irmãos católicos, inclusive eu".
[32]Aslan,
Grande Dicionário, "Religião da Maçonaria", 4:951.
[33]William Alston, "Religion", Encyclopedia
of Philosophy, ed. Paul Edwards (Nova Iorque: Collier/Macmillan, 1972), em
Ankerberg, Secret Teachings, 37-38, 286.
[34]Ankerberg, Secret Teachings, 37-38.
[35]Mackey's Revised Encyclopedia, 2:847. Em
"Creed, A Mason's, Mackey (2" ed.), 192, destaca três artigos do
credo maçonico: a fé em Deus Criador; a vida eterna, da qual esta existência é
somente preparatória; e a ressurreição.
[36]Rizzardo
da Camino, Dicionário Maçônico, "Religião",514.
[37]Gervásio
de Figueiredo, Dicionário, "Maçonaria",231, citando W. L. Wilmshurst,
The Meaning of Masonry (Nova Iorque: BelI, 1980) 21.
[38]Nogueira
Filho, Maçonaria, Religião e Simbolismo, 27: "Tanto a Maçonaria como a
Religião são constituídas de duas partes, uma esotérica e outra exotérica, ou
melhor, uma Iniciática, ou secreta, e outra profana, pública ou externa. Não se
admirem, mas, Ineialmente, Maçonaria e Religião eram uma e a mesma coisa".
[39]Macoy,
Dictionary of Freemasonry, 324: "As idéias de Deus, retribuição, uma vida
futura - estes grandes fatos da religião - não são propriedade de qualquer
seita ou partido: constituem o fundamento de todos os credos. A religião, já
dissemos, é eterno e imutável". Veja Kloppenburg, Maçonaria no Brasil,
153-197, cap. 7, "Os Princípios do Liberalismo Religioso na Maçonaria
Brasileira".
[40]Winston W. Watts (32°), "Seek, and ye shall
find", Neli' Age Magazine 85:9 (set. De 1977) 53-54. Todas
as seitas e religiões sub-cristãs fazem o mesmo.
[41]Nogueira
Filho, Maçonaria, Religião e Simbolismo, 32; Mackey (2a ed.) 114.
[42]Coil's
Masonic Encyclopedia, 520. Veja Mackey (2a ed.) 114; e R. Swinburne Clymer,
Antiga Maçonaria Mistica Oriental. Ensinos, Regras, Leis e Atuais Costumes da
Ordem (São Paulo: Pensamento, 1988) 98-99.
[43]Paula
Barros, Livro Sagrado, 109. Ênfase do autor. O livro mais famoso de Barros,
membro emérito do Supremo Conselho, é Painéis (Rio de Janeiro: Casa Publicadora
Batista [JUERP], 1954).
[44]Martin L. Wagner, Freemasonry: An interpretation
(s. ed, s. d.), citado em Ankerberg, Secret Teachings, 97, 294.
[45]
Nicola Aslan, Comentários ao Ritual do Aprendiz-Maçam, Vade-Mécwn Iniciático
(Rio de Janeiro: Ed. Maçônica, 1990) 27; e Paula Barros, Livro Sagrado, 92-94.
[46]
Alguns cabalistas rejeitam as formas maçônicas e "cristianizadas" da
arte mística. Cf Scholem, Kabbalah (2a ed., Nova Iorque: MeridianlPenguin,
1978), 197-200; e Erich Bischoff, A Cabala: Uma Introdução ao Misticismo Judaico
e Sua Doutrina Secreta, trad. por Alvaro Cabral (Rio de Janeiro: Campos, 1992).
[47]
Constituição, Regulamento Geral, 39.
[48]Desagulliers,
admite-se hoje, provavelmente foi o idealizador por trás do autor Anderson.
Desagulliers não era ativo como pastor. Depois de uma vida de erudição e
popularidade, ele morreu insano. Há histórias contraditórias quanto a Anderson
ter se tornado, ou não, deísta e unitariano.
[49] Veja E. A. Cail, The Relalionship of lhe Liberal
Churches and the Fraternal Orders (Filadélfia: David McKay. 1925).
[50]
Gervásio de Figueiredo, Dicionário, "Religião", 388; veja
"Deus", 125-126, onde ele concorda com Pitágoras e Cícero que
"Deus é a alma de todos os corpos e o espírito do Universo”. Também Aslan,
Grande Dicionário, 1:322.
[51]Mackey
(2ª ed.), 315.
[52]
Aslan, Ritual do Aprendiz-Maçom, 219.
[53]"Coils Masonic Encyclopedia, 516.
[54]"Schnoebelen, Beyond lhe Lighl, 53-59. Veja
Stephen Knight, The Brolherhood: The Explosive Exposé of the Secret World of
the Freemasons (Londres: GrenadalPanther, 1983), 243; Acker, Slrange Altars,
32; Ankerberg, Secrel Teachings, 119-125; e Êx 20.7; Gn 41.45, 50, 1Rs 16.32ss.
[55]Gervásio
de Figueiredo, em Dicionário, "Abbadon", 14, e "Appolyon",
46, mostra-se claro (1) em sua dt:finição dos nomes e (2) ao afirmar que estas
palavras são sagradas nos ritos 17º o 46° (Rito de Mênfis) maçônicos.
Schnoebelen, Beyond lhe Light, 59-62.
[56]Jorge
Adoum, Do Mestre Secreto [4° grau] e Seus Mistérios (São Paulo: Pensamento,
1973) 44-51, 68-79. Seu tratado sobre a Trindade como sendo um símbolo da
energia psicossomática trina conclui assim: "A palavra sagrada AUM [Om]
dos orientais tem as iniciais sagradas da Trindade. A palavra AMÉM dos
ocidentais encerra a mesma Trindade". Uma perspectiva evidentemente
gnóstica da Trindade é encontrada no ritual oficial do 32° Grau "The Royal
Secrct", Readings XXXII, (Rito Escocês, s. d.), 117-138.
[57]Pike,
Morais and Dogma, 206-209, 224-229, 552s., 574: "Eis A VERDADE.IRA
TRINDADE MAÇÔNICA; a ALMA UNIVERSAL; o PENSAMENTO na Alma, a PALAVRA, ou Pensamento
expresso; os TRÊS EM UM, de um Ecossais Trinitário" (575; ênfases do
autor).
[58]Morey, Origins and Teaching, 114-116.
[59] Mackey (2a ed.), 186-187, 271; Alva J. McClain,
Freemasonry and Christianity (Winonn Lake, IN: BMH Books, 1969) 22-23.
[60]
Mackey (2a ed.) 143. Itálico meu. No Brasil, esses calendários, inclusive os
dos ritos nacionais, são explicados em Aslan, Grande Dicionário, 1:195-197.
[61]
Rizzardo da Camino, Dicionário Maçônico, "Cristo", 179; cf Adoum, Do
Mestre Segredo, 44-51.
[62]
Pike, Morais and Dogma, 525. Não surpreende que Pike interprete a morte de
Jesus como um martírio para o evangelho de amor (310), e que, das 9 vezes em
que menciona Jesus (Zoroastro, 26 vezes), quase todas são interpretações
gnósticas e pagãs, sem nenhuma verdade bíblica sobre o Redentor. Veja também
Clymer, Antiga Maçonaria Mística Oriental, 94-95; e Henry Clausen (33°),
Practice and Procedure for the Scottish Rite (Washington D.C. : The Supreme
Council, 33° Grau, 1981) 75-77; etc.
[63] Shaw, Deadly Deception, 105-108; cf. Paula
Barros, Livro Sagrado, 86.
[64] Shaw, Deadly Deception, 106-108.
[65]
Os rituais da Loja Azul são divulgados e explicados em várias obras: Aslan,
Ritual do Aprendiz-Maçom, 1-348, cf. 66-69; Harris, Freemasonry, 31-55.
Enquanto as palavras do primeiro grau variam um pouco, a venda sobre os olhos
do candidato e a interpretação do rito são essencialmente iguais.
[66]
Aslan, Ritual do Aprendiz-Maçom, 164. Rizzardo da Camino, Dicionário Maçônico,
"Pedra Cúbica Piramidal", 470, diz: "O Cubo desdobrando-se
espontaneamente, simbolizando a crucifixão de todos os seus aspectos negativos".
[67]
Paula Barros, Livro Sagrado, 106.
[68]
Veja Ankcrberg, Secret Teachings, 139-154.
[69] J. S. M. Ward, Freemasonry: Its Aims and Ideais,
187, citado em Christ or the Lodge,18.
[70]
Aslan, Grande Dicionário, "Regeneração", 4:944, citando diretamente,
aprovação, Mackey (2" ed.), "Regeneration", 637.
[71]
Rizzardo da Camino, Dicionário Maçônico, "Regeneração", 512.
[72]
Pike, MoraIs and Dogma, 853-854 (itálicos meus).
[73]
Gervásio de Figueiredo, Dicionário, "Deus", 124.
[74] E. A. Coil, Relationship of the Liberal Churches
and the Fraternal Orders, 10-11. Como pastor unitariano,
ele defende que o antigo liberalismo (séc. XIX) e a maçonaria propõem o mesmo. Veja Baptists and
Freemasonry, 6; Ankerberg, Secret Teachings, 133-152; Christ or the Lodge?,
16-20; Ketcham, Chrislian and lhe Lodge, 5-12; McClain, Freemasonry and
Christianity, 27-29; Rongstad, How to Respond, 16-19; e Schnoebelen, Beyond lhe
Light, 75-88.
[75]
Constituição, Regulamento Geral, 39.
[76]
Veja John H. Hessey, Bruce H. McDonald e William F. Peltz, Masonic Burial
Service. Masonic Memorial
Service (Baltimore, MD: Harry S. Scott, 1960); Pike, MoraIs and Dogma, 855;
Harris, Freemasonry, 134-136; Rongstad, Christ or The Lodge, 17-19. Usurpando
textos bíblicos, freqüentemente cita-se Apocalipse 3.5: "O vencedor será
assim vestido de vestiduras brancas..." em Paula Barros, Livro Sagrado,
67.
[77]
Shaw, Deadly Deceplion, 114, afirma que as cerimônicas fúnebres são
essencialmente iguais às da ciência cristã.
[78]
Veja Ankerberg, Secrel Teachings, 153-160.
[79]
Mackey (2ª ed.), "Proselytism", 613, cf 162-163; e Rizzardo da
Camino, Dicionário Maçônico, "Proselitismo", 490-491: "Somente
os predestinados" entram e permanecem na Ordem.
[80]
Florêncio e Silva, Maçonaria: Contra ou a favor?, 48.
[81]
Veja as notas de rodapé 19 e 20; Mackey (2 "ed.), 162.163; e Gervásio de
Figueiredo Dicionário, onde, entre as 20 formas de maçonaria, ele define a
maçonaria evangélica assim: É a que tem por escopo propagar o Evangelho cristão
por meio de simbologia maçônica ou inversamente, as verdades maçônicas
revestidas de alegorias evangélicas (233).
[82] Ankerberg, Secret Teachings, 215.
[83] Knight, The Brotherhood, 243, a melhor pesquisa
secular sobre a maçonaria,
[84]
Ritual e Instruções do Aprendiz-Maçom do Rito Escocês Antigo e Aceito (São
Paulo: Grande Oriente de São Paulo, abril de 1984) 99.
[85] Shaw, Deadly Deception, 104.
[86] William J. Whalen, Handbook of Secret
Organizations (Milwaukee: Bruce, 1966) 2. Até cerca de 1900, a
igreja mórmon utilizou vários ritos da maçonaria, assim como ainda hoje o fazem
determinadas seitas satânicas. Veja o documentá rio em vídeo intitulado
“Freemasonry: From Oarkness to Light?", op. cit.; e David John Buerger,
"The Development of the Mormon Temple Endowment Ceremony", Dialogue:
A Journal of Mormon Thought 20 (dez. dc 1987) 33-76, que documenta a
participação de Joseph e Hyrum Smith na maçonaria. Young declarou: "Nós
temos a verdadeira maçonaria" (46).
[87]
Wagner, Freemasonry: An Interpretation, 142-143, citado em Ankerberg, Secret
Teaching,258-259. Veja também Manly P. Hall (33°), The Lost Keys of Freemasonry
or' The Secret of Hiram Abiff (Richmond, VA: Macoy, 1976) 69; e Pike, Morals
and Dogma, 819: “…[o iniciado] é deliberadamente enganado por interpretaçôes
falsas. A intenção não e que ele as entenda, mas sim que pense que as
compreende".
[88]Sobre
a perversão da democracia e da justiça pela maçonaria, veja Kloppenburg, A
Maçonaria no Brasil, 242-251; Nesta H. Webster, Secret Societies and Subversive
Movements, (ed. orig. 1924;
nova ed. s. loc., Christian Book Club of America, s. d.): e Paul Goodman,
Towards a Christian Republic: Antimasonry and the Great Transition in New
Egland, 1826-1836 (Oxford: Univ. of Oxford, 1988).
[89]
Morey, Origens and Teaching, 74. Morey ignora em grande parte a maçonaria
francês e o cabalismo, que certamente influenciaram o pensamento desde o começo
da maçonaria especulativa.
[90]
lbid., 75-77; "... mais de 3.000 diferentes graus maçônicos e 800 símbolos
maçônicos foram introduzidos em algum momento"(76).
[91] Pike, Morals and Dogma, 102, 321, 324, 859; Hall,
Lost Keys of Masonry, 48.
[92] Pike, Morals and Dogma, 626, 745, 859.
[93] H. V. B. Voorhis, Facts for Freemasons: A
Storehouse of Masonic Knowledge in Question and Answer Form (ed. rev.,
Richmond: Macoy, 1971) 6,227, citado em Ankerberg, Secret Teachings, 227.
[94]
Henry C. Clausen, Clausen's Commentaries on Morals and Dogma (Charleston, SC:
Conselho Supremo, 33° Grau, Jurisdição Meridional, 1976) 157-158, 172ss.
[95]
Além dos dicionários, veja: H. P. Blavatsky, As Origens do Ritual na Igreja e
na Maçonaria, trad. por Dulce do Amaral (São Paulo: Pensamento, 1991); Mario
Leal Bacelar (33°), Espiritualização da Maçonaria (2a ed., Rio de Janeiro:
Mandarino, s. d.), na Coleção Maçonaria Universal; R. A. Gilbert, ed.,
Maçonaria e Magia, trad. por Joaquim Palácios (São Paulo: Pensamento, 1990);
Isabel Cooper-Oakley, Maçonaria e Misticismo Medieval, trad. por Y. S. Toledo
(São Paulo: Pensamento, 1988); C. W. Leadbeater A vida oculta na maçonaria,
trad. por J. Gervásio de Figueiredo (São Paulo: Pensamento, 1988), Clymer,
Antiga Maçonaria mística oriental; Nogueira Filho, Maçonaria, Religião e
Simbolismo. Paula Barros, Maçonaria e o Livro Sagrado; etc.
[96]Decker,
Question of Freemasonry, 13-37, apesar de ser sensacionalista em sua
apresentação, detalha os significados pagãos de diversos símbolos maçônicos.
[97] Baptists and Freemasonry, 7; Ankerberg, Secret
Teachings, 224-230.
[98] Ankerberg, Secrel Teachings, 224-230.
[99] Knight, The Brotherhood, 244.
[100] Ibid., 242.
[101] Rosemary EIIen Guiley, Harpers Encyclopedia of
Mystical and Paranormal Experience (São Francisco: Harper/CoIlins, 1991),
“Freemasonry", 219.
[102]
Uma das ironias mais lastimáveis é que os mesmos líderes denominacionais que
recusam fraternidade e cooperação com outros irmãos evangélicos em Cristo vão à
loja maçônica e confraternizam com não-cristãos de todos os tipos.
Kloppenburg,A Maçonaria no Brasil, 259s., tem toda razão ao se arrepiar com as
histórias sobre os elos entre evangélicos e a loja contra o inimigo católico.
[103] McClain, Freemasonry and Christianity, 32.
FONTE: http://www.monergismo.com/textos/seitas_heresias/maconaria_scott.htm
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