Ricardo André
Queremos no dia da ressurreição,
lembrar deste que é um dos mais memoráveis eventos da história da humanidade, e
que autentica nossa fé. A ressurreição de Jesus Cristo foi o marco do
cristianismo, e a maior vitória do povo de Deus.
Jesus morreu naquela fatídica
sexta-feira, e descansou durante as horas sagradas do sábado. Durante todo
aquele dia, os santos anjos e os povos de todo o Universo não caído estavam com
sua atenção presa, aguardando os acontecimentos. Viram o Criador deles ser
colocados na sepultura e, calados, observavam como Satanás e seus anjos estavam
reunidos ao redor da tumba.
Sobre isso, Ellen G. White escreveu: “Hostes
de anjos maus se achavam reunidos em torno daquele lugar. Houvesse sido
possível, e o príncipe das trevas, com seu exército de apóstatas, teria mantido
para sempre fechado o túmulo que guardava o Filho de Deus. Uma hoste celestial,
porém, circundava o sepulcro. Anjos magníficos em poder o guardavam, esperando
o momento de saudar o Príncipe da Vida” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as
Nações, p. 749).
De repente, de madrugada, raios
brilhantes de luz cortaram a escuridão da noite e iluminaram
extraordinariamente a sepultura. Aproximou-se o magnífico anjo Gabriel, o mais
poderoso de todos, com sua face resplandecendo e com suas vestes como de luz,
branca como a neve.
A terra tremeu e os soldados que
vigiavam o túmulo de Jesus, à mando de Pilatos, caíram impotentes no chão.
Viram o extraordinário anjo aproximar-se da sepultura, rompe o selo romano e
rolar com imensa facilidade a grande pedra que a fechava. Eles viram Jesus
ressurreto. Logo depois Jesus foi embora e a luz desapareceu.
Por um caminho, quando ainda era
escuro, caminhava Maria Madalena, esmagada ao peso de uma grande dor.
Dirigia-se ao jardim, à tumba de José de Arimatéia onde, envolto em lençóis,
descansava sem vida o corpo de Jesus.
Maria Madalena amava a Jesus com
todas as fibras de seu ser. Nele havia concentrado todas as suas esperanças.
Todavia, dolorosa realidade! Aquele a quem tanto amava havia sido crucificado
às mãos dos intolerantes e maus. E agora, sem alegrias e sem esperanças,
caminhava sentida em direção ao sepulcro de Jesus. Lá chegou poucos instantes
depois de Gabriel ter chamado Jesus e dos soldados terem partido para
Jerusalém. Viu que a pedra tinha sido rolada e que a sepultura estava vazia.
Que decepção! Abrindo de par em par as comportas de sua dor, Maria Madalena
chorou amargamente.
Não tardou muito, porém, para que as
lágrimas de Maria Madalena se transformassem em expressões de alegria. O anjo
lhe apareceu, e disse: “Por que buscais entre os mortos ao que vive?
Ele não está aqui, mas ressuscitou” (Lucas 24:5-6). Estas palavras
encheram-lhe o coração de alegria sem-par e sentiu-se jubilosa e radiante. Eis
a grande declaração de validação do cristianismo: ELE NÃO ESTÁ AQUI!
RESSUSCITOU! Espiritualmente e até mesmo historicamente falando essa é, sem
sobra de dúvidas, a frase de maior impacto entre todos os tempos.
Quão melancólico seria o cristianismo
se o último capítulo da agitada biografia de Jesus fosse a tumba de Arimatéia!
Mas, graças a Deus, a tumba está vazia. Isso não foi uma utopia, mas a
maior realidade da história humana. Jesus ressuscitou e está conosco para todo
o sempre. “Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e
cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado,
chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco”, relata
João (João 20:19). Mais tarde, apareceu para centenas de pessoas.
Seu túmulo está vazio, enquanto os de outros fundadores de religião continuam
ocupados. Quando um super-herói dos quadrinhos, ou do cinema volta a vida, isso
é obviamente uma ficção; mas Jesus realmente ressuscitou. Sua vitória sobre a
morte foi total. A morte seria o fim, se Cristo não fosse o começo.
Mesmo assim, o mundo em geral não se
ocupa com essa ressurreição. Algumas pessoas questionam: “Mas será que Jesus
ressuscitou mesmo?” O pesquisador americano Josh McDowell era uma delas. Ela
achava que tudo não passava de uma armação dos cristãos da época. Resolveu
pesquisar para desmascarar a “maior fraude da História”. Resultado: cavou,
cavou, e acabou curvando-se diante da evidência. O livro “Evidências da
Ressurreição de Cristo” relata os fatos que descobriu e dá seu
testemunho de fé.
Leon Tolstói escreveu seu grande e
criativo romance Guerra e Paz sobre diversas famílias
aristocráticas russas durante o tempo da guerra de Napoleão contra a Rússia, no
início do século XIX. A história, em si, os personagens, sua vida, eram ficção.
Ele criou tudo.
Agora, imagine Tolstói insistindo que
essas pessoas, de fato, eram reais e que realmente haviam vivido e feito como
ele havia escrito. Suponha também que as autoridades lhe ordenassem parar de
dizer ao povo que seus personagens eram reais, caso contrário ele seria preso e
até morto. A menos que fosse louco, Tolstói pararia, você acha? Por que morrer
insistindo em divulgar uma história que ele havia criado e sabia ser mentirosa?
A questão que podemos fazer é: Alguém
morreria por uma mentira? Seguramente, ninguém morre por uma mentira, sabendo
que é uma mentira.
De certo modo, este é o dilema dos
críticos da ressurreição de Jesus: por que os escritores da Bíblia haveriam de
criar a história de que Jesus havia ressuscitado se isso não houvesse
acontecido? Não é porque eles haveriam de ficar ricos, populares ou
bem-sucedidos promovendo essa história; ao contrário, eles enfrentavam
ostracismo, perseguição, tortura, prisão e, em alguns casos, a morte. Por que
passar por tudo isso com uma história criada propositalmente? Os apóstolos
foram testemunhas da ressurreição de Cristo e morreram por esta convicção –
isto valida este evento histórico.
Talvez não haja outro fato na
História que Satanás tenha procurado negar, deturpar ou encobrir com tanto
intensidade como a ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Ninguém – nem
mesmo os maiores céticos – nega que Cristo foi um bom homem que morreu
crucificado. Muitos, porém – mesmo alguns dos que afirmam ser cristãos – têm
negado a ressurreição de Cristo.
A verdade, porém, é que Cristo
ressuscitou. “Ele não está aqui, mas ressuscitou”, foi
a mensagem do anjo a Maria. Mas qual é o significado para nós a ressurreição de
Jesus dentre os mortos?
O que a Ressurreição de Cristo
significa para Nós?
A ressurreição de Jesus é a garantia
de vida eterna. Para os seres humanos, a vida depois da morte depende da
ressurreição de Cristo dentre os mortos. Sua morte tornou possível nossa
reconciliação com Deus (2 Co 5:19). Sua ressurreição assegura nossa
salvação eterna. Paulo ensinou que “seremos salvos pela Sua vida” (Rm
5:10). “Se Cristo não ressuscitou”, disse mais Paulo, “é vã
nossa pregação e vã a vossa fé... e ainda permaneceis nos vossos pecados” (1 Co
15:14-17).
Se um seguidor de Cristo testifica,
pode-se considerar como contaminado pela paixão envolvida, mas quando o
testemunho é de um ex-adversário, merece consideração porque é atribuída maior
consistência. Por isso, para asseverar que Cristo de fato ressuscitou, Paulo,
perseguidor do cristianismo logo no seu início, recebe ainda maior
credibilidade. Ele afirma categoricamente que Cristo ressuscitou dentre os
mortos, sendo Ele “as primícias dos que dormem” (1Co 15:20), e, assim como por
Adão herdamos a morte, por Cristo herdamos a vivificação (v. 22), o que
ocorrerá instantaneamente, de forma milagrosa (v. 52).
Neste capítulo 15 de I Coríntios,
Paulo destaca um ponto: nossa esperança de ressurreição fundamenta-se na
ressurreição de Cristo. Sendo humanos, não temos imortalidade natural (I Tm
6:15 e 16). A morte é um sono inconsciente (Jo 11:11; I Ts 4:13), não uma
subida ou descida para outra existência. Deus é o Senhor da vida; a morte,
então, é o inimigo (I Co 15:26) contra o qual nós, seres humanos sozinhos, não
temos qualquer esperança de vencer. No fim, se a morte for vencida, tudo pelo
que vivemos termina na sepultura. Paulo diz que sem a ressurreição, nossa fé
“vã”. Ela é vã, ou vazia, porque somente na ressurreição de Cristo podemos
encontrar a esperança que temos. Sem essa esperança, nossa vida termina aqui, e
termina eternamente. A vida de Cristo não terminou numa tumba, e a grande
promessa que temos não terminará também.
Sobre esse texto de Paulo, o teólogo
batista, norte-americano escreveu: “Se Cristo não ressuscitou dos mortos, o
longo curso dos atos redentores de Deus para salvar Seu povo termina numa rua
sem saída, numa tumba. Se a ressurreição de Cristo não é uma realidade, então
não temos nenhuma segurança de que Deus é o Deus vivo, pois a morte tem a
última palavra. A fé é fútil porque o objeto dessa fé não vindicou a Si mesmo
como o Senhor da vida. Se Cristo está, de fato, morto, a fé cristã, então, está
encarcerada numa tumba juntamente com a suprema e mais elevada autorrevelação
de Deus em Cristo” (Teologia do Novo
Testamento, Editora Hagnos, p. 318)
Por outro lado, Cristo ressuscitou,
venceu a morte, e podemos, pela fé, nos tornar participantes da mesma vitória. Os
louvores ao Cordeiro entoados no Apocalipse estão sempre associados à sua obra
redentiva e sua ressurreição. “E eles cantavam um cântico novo: "Tu
és digno de receber o livro e de abrir os seus selos, pois foste morto, e com
teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação” (Apocalipse
5:9, NVI).
A ressurreição de Jesus garante que
“mortos ressuscitarão incorruptíveis” e que aqueles que estiverem vivos serão
“transformados” e que o mortal será revestido da imortalidade na segunda vinda
de Cristo (I Coríntios 15:3-5; 51-55). Ele pagou a penalidade pelo nosso pecado
– que é a própria morte. Tudo o que temos agora é um sono temporário; o castigo
final, a punição eterna que o pecado traz já foi resolvido na cruz. Os
redimidos, vivos ou falecidos, estão simplesmente esperando pela consumação do
que Cristo fez por eles. Nossa ressurreição para a vida eterna é a consumação
final. Graças a Deus por tão consoladora certeza!
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