Teologia

domingo, 20 de abril de 2014

“ELE NÃO ESTÁ AQUI, PORQUE JÁ RESSUSCITOU”




Ricardo André

Queremos no dia da ressurreição, lembrar deste que é um dos mais memoráveis eventos da história da humanidade, e que autentica nossa fé. A ressurreição de Jesus Cristo foi o marco do cristianismo, e a maior vitória do povo de Deus.

Jesus morreu naquela fatídica sexta-feira, e descansou durante as horas sagradas do sábado. Durante todo aquele dia, os santos anjos e os povos de todo o Universo não caído estavam com sua atenção presa, aguardando os acontecimentos. Viram o Criador deles ser colocados na sepultura e, calados, observavam como Satanás e seus anjos estavam reunidos ao redor da tumba. 

Sobre isso, Ellen G. White escreveu: “Hostes de anjos maus se achavam reunidos em torno daquele lugar. Houvesse sido possível, e o príncipe das trevas, com seu exército de apóstatas, teria mantido para sempre fechado o túmulo que guardava o Filho de Deus. Uma hoste celestial, porém, circundava o sepulcro. Anjos magníficos em poder o guardavam, esperando o momento de saudar o Príncipe da Vida” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 749).

De repente, de madrugada, raios brilhantes de luz cortaram a escuridão da noite e iluminaram extraordinariamente a sepultura. Aproximou-se o magnífico anjo Gabriel, o mais poderoso de todos, com sua face resplandecendo e com suas vestes como de luz, branca como a neve.

A terra tremeu e os soldados que vigiavam o túmulo de Jesus, à mando de Pilatos, caíram impotentes no chão. Viram o extraordinário anjo aproximar-se da sepultura, rompe o selo romano e rolar com imensa facilidade a grande pedra que a fechava. Eles viram Jesus ressurreto. Logo depois Jesus foi embora e a luz desapareceu.

Por um caminho, quando ainda era escuro, caminhava Maria Madalena, esmagada ao peso de uma grande dor. Dirigia-se ao jardim, à tumba de José de Arimatéia onde, envolto em lençóis, descansava sem vida o corpo de Jesus.

Maria Madalena amava a Jesus com todas as fibras de seu ser. Nele havia concentrado todas as suas esperanças. Todavia, dolorosa realidade! Aquele a quem tanto amava havia sido crucificado às mãos dos intolerantes e maus. E agora, sem alegrias e sem esperanças, caminhava sentida em direção ao sepulcro de Jesus. Lá chegou poucos instantes depois de Gabriel ter chamado Jesus e dos soldados terem partido para Jerusalém. Viu que a pedra tinha sido rolada e que a sepultura estava vazia. Que decepção! Abrindo de par em par as comportas de sua dor, Maria Madalena chorou amargamente. 

Não tardou muito, porém, para que as lágrimas de Maria Madalena se transformassem em expressões de alegria. O anjo lhe apareceu, e disse: “Por que buscais entre os mortos ao que vive? Ele não está aqui, mas ressuscitou” (Lucas 24:5-6). Estas palavras encheram-lhe o coração de alegria sem-par e sentiu-se jubilosa e radiante. Eis a grande declaração de validação do cristianismo: ELE NÃO ESTÁ AQUI! RESSUSCITOU! Espiritualmente e até mesmo historicamente falando essa é, sem sobra de dúvidas, a frase de maior impacto entre todos os tempos.

Quão melancólico seria o cristianismo se o último capítulo da agitada biografia de Jesus fosse a tumba de Arimatéia! Mas, graças a Deus, a tumba está vazia. Isso não foi uma utopia, mas a maior realidade da história humana. Jesus ressuscitou e está conosco para todo o sempre. “Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco”, relata João (João 20:19). Mais tarde, apareceu para centenas de pessoas. Seu túmulo está vazio, enquanto os de outros fundadores de religião continuam ocupados. Quando um super-herói dos quadrinhos, ou do cinema volta a vida, isso é obviamente uma ficção; mas Jesus realmente ressuscitou. Sua vitória sobre a morte foi total. A morte seria o fim, se Cristo não fosse o começo.

Mesmo assim, o mundo em geral não se ocupa com essa ressurreição. Algumas pessoas questionam: “Mas será que Jesus ressuscitou mesmo?” O pesquisador americano Josh McDowell era uma delas. Ela achava que tudo não passava de uma armação dos cristãos da época. Resolveu pesquisar para desmascarar a “maior fraude da História”. Resultado: cavou, cavou, e acabou curvando-se diante da evidência. O livro “Evidências da Ressurreição de Cristo” relata os fatos que descobriu e dá seu testemunho de fé.

Leon Tolstói escreveu seu grande e criativo romance Guerra e Paz sobre diversas famílias aristocráticas russas durante o tempo da guerra de Napoleão contra a Rússia, no início do século XIX. A história, em si, os personagens, sua vida, eram ficção. Ele criou tudo.

Agora, imagine Tolstói insistindo que essas pessoas, de fato, eram reais e que realmente haviam vivido e feito como ele havia escrito. Suponha também que as autoridades lhe ordenassem parar de dizer ao povo que seus personagens eram reais, caso contrário ele seria preso e até morto. A menos que fosse louco, Tolstói pararia, você acha? Por que morrer insistindo em divulgar uma história que ele havia criado e sabia ser mentirosa?

A questão que podemos fazer é: Alguém morreria por uma mentira? Seguramente, ninguém morre por uma mentira, sabendo que é uma mentira.

De certo modo, este é o dilema dos críticos da ressurreição de Jesus: por que os escritores da Bíblia haveriam de criar a história de que Jesus havia ressuscitado se isso não houvesse acontecido? Não é porque eles haveriam de ficar ricos, populares ou bem-sucedidos promovendo essa história; ao contrário, eles enfrentavam ostracismo, perseguição, tortura, prisão e, em alguns casos, a morte. Por que passar por tudo isso com uma história criada propositalmente? Os apóstolos foram testemunhas da ressurreição de Cristo e morreram por esta convicção – isto valida este evento histórico.

Talvez não haja outro fato na História que Satanás tenha procurado negar, deturpar ou encobrir com tanto intensidade como a ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Ninguém – nem mesmo os maiores céticos – nega que Cristo foi um bom homem que morreu crucificado. Muitos, porém – mesmo alguns dos que afirmam ser cristãos – têm negado a ressurreição de Cristo.

A verdade, porém, é que Cristo ressuscitou. “Ele não está aqui, mas ressuscitou”, foi a mensagem do anjo a Maria. Mas qual é o significado para nós a ressurreição de Jesus dentre os mortos?

O que a Ressurreição de Cristo significa para Nós?

A ressurreição de Jesus é a garantia de vida eterna. Para os seres humanos, a vida depois da morte depende da ressurreição de Cristo dentre os mortos. Sua morte tornou possível nossa reconciliação com Deus (2 Co 5:19). Sua ressurreição assegura nossa salvação eterna. Paulo ensinou que “seremos salvos pela Sua vida” (Rm 5:10). “Se Cristo não ressuscitou”, disse mais Paulo, “é vã nossa pregação e vã a vossa fé... e ainda permaneceis nos vossos pecados” (1 Co 15:14-17).

Se um seguidor de Cristo testifica, pode-se considerar como contaminado pela paixão envolvida, mas quando o testemunho é de um ex-adversário, merece consideração porque é atribuída maior consistência. Por isso, para asseverar que Cristo de fato ressuscitou, Paulo, perseguidor do cristianismo logo no seu início, recebe ainda maior credibilidade. Ele afirma categoricamente que Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo Ele “as primícias dos que dormem” (1Co 15:20), e, assim como por Adão herdamos a morte, por Cristo herdamos a vivificação (v. 22), o que ocorrerá instantaneamente, de forma milagrosa (v. 52).

Neste capítulo 15 de I Coríntios, Paulo destaca um ponto: nossa esperança de ressurreição fundamenta-se na ressurreição de Cristo. Sendo humanos, não temos imortalidade natural (I Tm 6:15 e 16). A morte é um sono inconsciente (Jo 11:11; I Ts 4:13), não uma subida ou descida para outra existência. Deus é o Senhor da vida; a morte, então, é o inimigo (I Co 15:26) contra o qual nós, seres humanos sozinhos, não temos qualquer esperança de vencer. No fim, se a morte for vencida, tudo pelo que vivemos termina na sepultura. Paulo diz que sem a ressurreição, nossa fé “vã”. Ela é vã, ou vazia, porque somente na ressurreição de Cristo podemos encontrar a esperança que temos. Sem essa esperança, nossa vida termina aqui, e termina eternamente. A vida de Cristo não terminou numa tumba, e a grande promessa que temos não terminará também.

Sobre esse texto de Paulo, o teólogo batista, norte-americano escreveu: “Se Cristo não ressuscitou dos mortos, o longo curso dos atos redentores de Deus para salvar Seu povo termina numa rua sem saída, numa tumba. Se a ressurreição de Cristo não é uma realidade, então não temos nenhuma segurança de que Deus é o Deus vivo, pois a morte tem a última palavra. A fé é fútil porque o objeto dessa fé não vindicou a Si mesmo como o Senhor da vida. Se Cristo está, de fato, morto, a fé cristã, então, está encarcerada numa tumba juntamente com a suprema e mais elevada autorrevelação de Deus em Cristo” (Teologia do Novo Testamento, Editora Hagnos, p. 318)

Por outro lado, Cristo ressuscitou, venceu a morte, e podemos, pela fé, nos tornar participantes da mesma vitória. Os louvores ao Cordeiro entoados no Apocalipse estão sempre associados à sua obra redentiva e sua ressurreição. “E eles cantavam um cântico novo: "Tu és digno de receber o livro e de abrir os seus selos, pois foste morto, e com teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação” (Apocalipse 5:9, NVI).

A ressurreição de Jesus garante que “mortos ressuscitarão incorruptíveis” e que aqueles que estiverem vivos serão “transformados” e que o mortal será revestido da imortalidade na segunda vinda de Cristo (I Coríntios 15:3-5; 51-55). Ele pagou a penalidade pelo nosso pecado – que é a própria morte. Tudo o que temos agora é um sono temporário; o castigo final, a punição eterna que o pecado traz já foi resolvido na cruz. Os redimidos, vivos ou falecidos, estão simplesmente esperando pela consumação do que Cristo fez por eles. Nossa ressurreição para a vida eterna é a consumação final. Graças a Deus por tão consoladora certeza!


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