Teologia

domingo, 13 de abril de 2014

O APÓSTOLO PAULO CONTESTA PLATÃO NA QUESTÃO DA RESSURREIÇÃO



Ricardo André

O apóstolo Paulo escreveu o seguinte sobre a ressurreição: “Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. (1 Coríntios 15:51-54; ver também 2 Co 5:1-10). Ao escrever isso, será que ele seguiu as ideias de Platão e de filósofos gregos, sobre a alma ser imortal, ou harmonizou-se com o ensino de Jesus e do restante das Sagradas Escrituras?

Platão ensina que “a natureza humana é tanto um componente material quanto espiritual. O componente material é o corpo, temporário e essencialmente mau; e o componente espiritual é a alma (psychê) ou a mente (nous), que é eterna e boa. O corpo humano é transitório e mortal enquanto a alma humana é permanente e imortal. Por ocasião da morte, a alma é leberada da prisão corporal onde esteve sepultada por um tempo. Historicamente o pensamento cristão popular tem sido profundamente influenciado por esse entendimento dualístico, antibíblico, da natureza humana” (BACCHIOCCHI, Samuele. Imortalidade ou Ressurreição? Uma abordagem bíblica sobre a natureza humana e o destino eterno, 1ª ed. UNAPRESS, 2007, p. 10).

Entretanto, em seus escritos Paulo nem ensina tal conceito, nem afirma fazê-lo. Ele não se preocupa com a imortalidade da psique ou do espírito como partes separadas e distintas, mas com a ressurreição de todo o conjunto do corpo de alma e espírito do homem em consequência da ressurreição de Cristo. O conceito de Paulo sobre o corpo na ressurreição não tem nada que ver com a ressurreição de corpos mortos da sepultura.

Sua concepção do corpo na ressurreição pode ser melhor expressa como transformação, recriação e reconstituição, pelo poder de Deus, da unidade do homem inteiro, da mesma pessoa, da personalidade, do organismo psicossomático, do verdadeiro indivíduo psicofísico. 

Portanto, a imortalidade não é uma posse inerente dos homens. Antes, é uma dádiva de Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. E os fiéis só receberão essa tão almejada imortalidade por ocasião da volta de Jesus.

“A ressurreição e trasladação de todos os crentes são claramente associadas pelas Escrituras ao tempo do retorno de Cristo, às vezes chamado de ‘último dia’ (Jo 6:39;, 40, 44, 54). Paulo explica que ‘assim como em Adão todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo. Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois os que são de Cristo, na sua vinda” (1 Co 15:22, 23; cf. Fp 3:20, 21; 1 Ts 4:16).

“Claramente, Paulo explica que tanto a ressurreição de todos os santos adormecidos quanto a trasladação de todos os crentes vivos acontecerão ao mesmo tempo, em conjunto com a vinda de Cristo: ‘Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor (1 Tessalonicenses 4:16-17)”. (Idem, p. 252).

Graças a Deus que a sepultura não é o fim para os que creem em Jesus. Paulo coloca isso de forma precisa quando escreveu que “Se é somente para esta vida que temos esperança em Cristo, dentre todos os homens somos os mais dignos de compaixão. (1 Coríntios 15:19). A grande verdade é que Jesus obteve vitória sobre a morte e a sepultura – os pontos de apoio de Satanás e seu reino de morte. Sua ressurreição anunciou a vitória sobre a morte e pavimentou o caminho para a ressurreição de todos os Seus seguidores.

A sepultura não pôde dete-Lo, e por isso ela não será capaz de nos prender. A ressurreição dEle assegura a nossa. Parte do consolo glorioso do evangelho é que algum dia o "último inimigo”, a morte, será completa e finalmente destruído (1 Co 15:26).

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